google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)


Eu tive uma S10 uma vez. Era na verdade uma Blazer, ano 1996, básica, com o motor de 2,2 litros e injeção monoponto, a gasolina.
Antes de andar mais para frente nesta história, tenho que dizer que fui criado dentro de Chevrolets, e ainda hoje, apesar de uma série de absurdos perpetrados pela marca ao longo dos anos, tenho um lugar bem no fundo do peito que ainda é completamente apaixonado pela marca. Não o suficiente para turvar meu julgamento, mas algo que permanece lá no fundo da cabeça, sempre querendo sair. Quando eu gosto de um Chevrolet, gosto de verdade.
Mas voltando àquela Blazer. Sabem aquela máxima de carro que bebe muito, mas pelo menos anda? Bem, a Blazer era lenta feito Kombi 1200 carregada de cimento, mas bebia feito um Landau enfurecido. Exatamente o contrário... E também era um carro enorme, mas sem espaço interno. Não fazia curvas bem, mas era dura e sacolejante feito um cabrito montês no cio. O motor era vibrador, não tinha força em baixa nem em alta, era áspero e renitente a qualquer dia e hora, quente ou frio. E tudo quebrava, tudo fazia barulho, e nada funcionava direito.


OK, estou exagerando nas cores aqui para efeito dramático, mas só um pouco: o fato é que a Blazer foi o pior carro que já tive. Simplesmente, depois dela nunca mais tive um Chevrolet zero-km. Sim, era ruim a ponto de traumatizar qualquer um. Não é de se estranhar então que toda vez que o assunto passa por S10, tenha calafrios de ojeriza.
Mas aí, semana passada, bons 14 anos depois, acabei por passar uns dias viajando com uma S10 cabine dupla novinha, com o novo motor de 2,4 litros flexível. Ao iniciar a viagem, lembrando-me daquele camburão vermelho Goya de 1996, me preparei para o pior. Parecia que ia ser uma viagem longa e sofrida.
Mas o fato é que tive uma enorme surpresa. Primeiro, o compromisso entre estabilidade e conforto deste carro é outra coisa completamente diferente do que me lembrava. Está muito bom realmente, a ponto até de entusiasmar. E o carro não pula mais, seu complexo de cabrito montês completamente curado. Não sei o que fizeram, mas funcionou perfeitamente. E o ruído interno está agora também bem baixo. Todos os comandos principais do motorista (direção, câmbio, pedais) estão infinitamente mais agradáveis, e parece que realmente alguém gastou muito tempo acertando eles, o que deveria ser regra em um carro que permanece tanto tempo em produção.

E depois há o motor. Este grande quatro-cilindros me deixou de boca aberta, pasmo. Esperava bem menos de algo que, afinal de contas, não parecia ser muito diferente do propulsor daquela minha Blazer. Ah, como estava enganado... O motor é, primeiro, suave, coisa que o 2,2 estava longe de ser. E é forte. Não forte como um seis em linha de um antigo BMW M5, mas, sim, forte como os grandes seis em linha Chevrolet do passado sempre foram. Forte no sentido de ter aquela inesgotável e deliciosa reserva de torque a qualquer rotação, algo que proporciona uma incrível sensação de ser empurrado pela mão de um gigante que pratica tai-chi-chuam: suave mas decidido. Quem nunca sentiu um murmurar de um seis em linha Chevrolet, ainda não aprendeu que existem muitas formas de prazer automobilístico além da força bruta. A S10 flex se move de uma forma assustadoramente próxima de meus velhos Opalas 4100. Como não gostar imediatamente disso?
O motor confere ao carro uma personalidade maravilhosa, que achava ter sido perdida para sempre num carro zero-km; aquela suave, macia, mas forte e agradável sensação de andar num Chevrolet antigo. Dos americanos da década de 50 e 60, ao Opala e ao Omega, todos os carros que tinham a gravatinha na frente tinham isso. Há algo naquela simplicidade mecânica, naquela agradável sensação de andar numa nuvem densa de torque, de suavidade, que toca fundo em minha alma. Linearidade aqui é o principal. O motor tem a mesma força e a mesma suavidade, sempre. No geral, o carro agrada muito, e me faz sentir em casa.


Mas há problemas na S10, lógico, e o principal aparece logo de cara: o carro é limitado a 150 km/h. Se essa velocidade fosse perto de sua máxima real, tudo bem; é menos pior um limitador entrar em ação quando estamos esgoelando um carro. Eu acho limitadores um saco, mas consigo conviver com eles, quando agem desta maneira. Mas não é o caso aqui. O carro chega muito fácil, e tranquilamente, a esta velocidade, e é uma enorme surpresa quando entra em ação, porque você não acha que está andando rápido. É daqueles carros que roda solto, e se você bobear, bate no limitador, mesmo em uma viagem tranqüila com a família. Era só o que faltava, como se não bastasse ter que olhar no velocímetro o tempo todo por causa dos radares, quando eles não existem ainda tenho que me preocupar com o limitador ridiculamente baixo do meu próprio carro? Não é melhor manter os olhos na estrada? Francamente...
Sei que 150 km/h é muito acima do limite de velocidade vigente nas estradas por aí, e não estou fazendo apologia à infração de regras de trânsito aqui. Mas deixemos as hipocrisias politicamente corretas do mundo moderno de lado; todo mundo pode imaginar como este limitador, embora teoricamente irrelevante, é extremamente irritante no mundo real. Irritante ao ponto de me impedir de comprar este carro. Tão simples quanto isso.



O acabamento interno é obviamente antiquado, tanto em desenho quanto em funcionalidade. A gente não tem como não se sentir de volta ao final dos anos 80 dentro dela, apesar dos tecidos e cores que tentam disfarçar este fato. Muita gente já desiste do carro só por isso; eu adorei o final dos anos 80, para mim aquilo é um oásis de um passado gostoso de lembrar, a cada CLÉC sonoro das travas de porta... O desenho externo da carroceria também não ajuda. Os plásticos pendurados nela recentemente nos fazem lembrar imediatamente do Sr Cabeça de Batata, aquele brinquedo imortalizado nos filmes da Pixar. Realmente, o resultado não é dos melhores, para ser bem generoso nos comentários...
Mas na verdade nada disso importa, é tudo bobagem, principalmente o design externo, que só é útil para impressionar seu círculo de amizades por uma semana. O que esta picape é, e ninguém ainda se deu conta disso, é simples: o último Chevrolet de verdade. Para muita gente, isso é uma grande desvantagem. Para outros, é algo sem importância alguma. Mas para mim... ah, faz um mundo de diferença.
Sabe, um velho Chevrolet não é algo que se gosta logo de cara, feito um BMW. Existe algo neles que se mostra apenas com grande familiaridade, com tempo mesmo, algumas vezes coisa de mais de uma geração, de pai para filho. Quando você aprende a gostar deles, eles se tornam tão aconchegantes e familiares quanto o colo de sua mãe, com a vantagem de poder usá-lo mesmo quando se pesa 150 kg.


Percebi isso quando, na mesma semana, estacionei a S10 na frente da eclética garagem do meu grande amigo Bill Egan. Os Egan, além de Jaguar, Porsche e Alfa-Romeo, tem uma bela seleção de Chevrolets, pelo menos um para cada década, de 1930 a 1960. Egan estava rearranjando os carros no galpão (um trabalho hercúleo quando se têm mais de 20 deles), e me pediu ajuda. Pela primeira vez, dirigi então a magnífica a picape "Martha Rocha" azul, 1956, que faz parte da coleção desde o ano passado.


Só manobrei, mas que coisa deliciosa era aquilo! Tudo que gostei na S10, mas exponencialmente mais claro, evidente! Que liso é aquele seis em linha Stovebolt, que precisa e macia é aquela alavanca de três marchas na coluna... Manobrar aquela velha picape com aquele incrivelmente bem acertado motor foi como deitar em um lençol de seda: liso, macio, suave, bom demais da conta. Egan não conseguia me tirar de dentro da caminhonete. Acho que foi a manobrada mais memorável de minha vida.
Você começa a entender o por quê dos americanos terem adotado as caminhonetes (picapes) como módulos de transporte pessoal; nas boas, largas e retas estradas de lá, nada há mais confortável que uma boa picape full-size, com um preguiçoso motorzão lá na frente. Tem um efeito calmante imediato.
Conversando com ele depois, sentados tomando uma Itaipava gelada bem no meio da garagem, ao inconfundível som de Alfas lentamente enferrujando, a conversa veio parar nesse papo de Chevrolet, sobre o que faz eles especiais. Egan obviamente tem uma posição privilegiada para falar disso. Diz ele:
"Primeiro tem a suavidade e a linearidade do motor. Você sente ela do 31 até o 55 (que é V-8), perfeitamente lisos, lineares, incansáveis. Depois tem o comportamento, apesar de ser um carro americano, eles são muito mais capazes do que aparentam; O Chevrolet parece lento para os não iniciados, mas anda forte, e confiante, com uma direção até que precisa perto de carros similares... E não há prazer maior no mundo do automóvel do que acelerar um Chevy, aquele crescer linear do motor, aquela troca de marchas lenta, precisa, prazerosa, e voltar a dar motor e ouvi-lo crescer de novo. É algo único, que nenhum outro carro faz igual, e só vivendo com eles é que se percebe. E mesmo assim, só depois de dirigir qualquer outra coisa e sentir falta daquilo que não sabe explicar entender o que é que o faz tão bom."
Me toquei que a maioria dos Chevys dele tem cambio de três marchas na coluna; para mim é outra coisa que todo Chevy devia ter. Ah, pena que a S10 tenha uma alavanca de cinco marchas no assoalho...
Mas hoje em dia nada mais disso importa. A S10 é velha e execrada pela imprensa e entusiastas, como uma notícia de ontem. A própria GM deve morrer de vergonha dela, e se houver outra para substituí-la, provavelmente será algo mais próximo a Toyota Hilux atual, a melhor e mais avançada picape de sua categoria desde o seu lançamento. Ou a nova Amarok da VW, que dizem ser ainda melhor, mais próxima de um Golf do que a um 18-310 Titan em comportamento.
Mas já temos picapes Toyota. Por que precisamos de outra, feita pela Chevrolet? Hoje em dia todos querem ser iguais, e não há mais espaço para diferenças. A Mercedes-Benz quer ser esportiva como uma BMW, e a Chevrolet tem que fazer Toyotas. Órfãos ficam pelo caminho, e nenhuma lágrima é derramada. No caminho da pasteurização do automóvel, só sobrevive quem consegue lançar modismos de aparência, e que possam ser conduzidos usando-se o mínimo possível do cérebro, todos iguaiszinhos em comportamento. Carros são apenas utensílios de moda, e algo velho é apenas isso: um sapato velho démodé.



A S10 vem da pior época da GM, o meio dos anos 80. Nunca foi um carro excelente, mas incrivelmente nesta versão, aqui no Brasil, retém um DNA que imaginava perdido para sempre. Onde mais se pode achar isso hoje em dia? Talvez num Corvette, mas este sempre foi um Chevrolet diferente do que falamos aqui, sendo quase uma marca em si só. Na Silverado americana? Não tenho como saber, mas desconfio que não, ao ver as resenhas da imprensa especializada americana, que adorou ela. Se esta imprensa gostou, não deve ser um Chevrolet de verdade: eles raramente entendem o que tentei explicar aqui. Poucos entendem, o que é uma grande pena; precisamos de gente mais sensível a este tipo de coisa, ao que não pode ser medido, ao que é difícil até de explicar, mas que são as mais sinceras e importantes das emoções. A perda da S10 é inevitável; não posso nem sugerir que possa ser diferente. Mas não acredito que o DNA dela precise sumir para sempre.
Não é preciso, mas vai acontecer, sem sombra de dúvida. Que assim seja. Eu tenho ganas de comprar a última das S10 2,4-litros, e sair da concessionária em direção ao horizonte, e a mil encontros com o maldito limitador de velocidade, ouvindo infinitas repetições daquele hino à desesperança, a valores perdidos e declínio de um mundo adorado, que é a música "American Pie" de Don Mclean:
A long long time ago
I can still remember how that music used to make me smile
And I knew if I had my chance
That I could make those people dance
And maybe they'd be happy for a while
But February made me shiver
With every paper I'd deliver
Bad news on the doorstep
I couldn't take one more step
I can't remember if I cried
When I read about his widowed bride
But something touched me deep inside
The day the music died

So, bye-bye, Miss American Pie
Drove my chevy to the levee
But the levee was dry
And them good old boys were drinkin' whiskey and rye
Singin' this'll be the day that I die
This'll be the day that I die
MAO

Desde que a Fiat anunciou a versão EL do Siena, com o objetivo de combater o então recém-chegado Prisma com motorização 1-litro, apostei que essa versão seria uma campeã de vendas. Fácil deduzir isso, já que com um preço sugerido de R$ 30.870,00, o carro oferece quase o mesmo pacote da versão ELX 1-litro mas custando R$ 3.700,00 a menos. A versão de entrada, Fire Flex, que usa carroceria da "geração" anterior, só deve atrair quem quer o menor preço possível, levando um carro sem opcionais e pobre em equipamentos de série. Se equipado com direção assistida, o preço do Fire Flex passa a R$ 29.846,00, apenas uns mil reais a menos que a versão aqui avaliada, que já conta com direção assistida como equipamento de série. O EL usa a carroceria atual (mas com faróis e grade do Palio 2008), e apesar do conjunto já revelar o peso dos anos, é belo se observado de certos ângulos e deve agradar mais que a versão anterior. E vem bem equipado para o segmento onde compete, oferecendo computador de bordo com várias funções, alerta de velocidade, direção assistida, espelhos de cortesia para motorista e passageiro, entre outros.

Optando pelo EL no lugar do ELX, você deixa de levar cintos de segurança laterais traseiros retráteis, comando interno de abertura de porta-malas e tampa do tanque de combustível, luz no porta-malas, faróis de neblina, porta-luvas superior e porta-óculos, rodas aro 14 com pneus série 65 e frisos cromados. Porém, adicionando o pacote que inclui ar-condicionado e vidros dianteiros com acionamento elétrico, que custa por volta de R$ 3.600,00 tanto no EL quanto no ELX, você ganha no EL os cintos traseiros com regulagem, o comando interno da mala e tanque e as rodas e pneus aro 14, diminuindo ainda mais a diferença de equipamentos. Ou seja, se você não faz questão dos frisos cromados (os laterais podem ser colocados na concessionária) e a "cara" mais nova, com faróis biparábola, vale a pena abrir mão do X e economizar mais de 3 mil reais.

O Siena já tem mais de 10 anos de mercado, as vendas da primeira versão foram baixas provavelmente por conta do design pouco atraente, mas a partir da segunda versão, a mais harmônica na minha avaliação, as vendas cresceram bastante e o sedã da linha Palio marcou seu espaço frente à concorrência. Teve diversas motorizações, 1 litro, 1,25 litro e 1,6 litro com versões de 8 e 16 válvulas, além de um 1,5-litro a álcool de vida curta, e hoje usa, além do Fire 1-litro, o 1,8 litro de origem GM e o Fire 1,4 litro, estes só com cabeçotes de 8 válvulas.

Recebeu diversas modificações na carroceria, mas ainda é basicamente o mesmo carro de 13 anos atrás, com todas as limitações do projeto original. Usa os tradicionais esquemas de suspensões McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, que funcionam corretamente, apesar da calibragem um pouco mais macia do que considero ideal. Caixa de câmbio com comando por cabos, de engates fáceis e razoavelmente precisa, mas com marchas muito curtas. Poderia usar 3ª, 4ª e 5ª marchas com as mesmas relações do Uno, um pouco mais longas.


O espaço interno é um pouco acanhado por conta do entre-eixos curto para os padrões atuais. (2.373 mm) Com os bancos dianteiros a meio curso, dois adultos de estatura média viajam bem atrás, um terceiro ocupante vai provocar uma certa intimidade forçada. Se o motorista for mais alto, vai raspar a cabeça no teto, e com o banco todo recuado só se consegue algum conforto atrás para crianças. Bancos macios, acabamento correto (observei algumas rebarbas nos puxadores de portas) com tecidos de bom gosto, apesar de mais escuros que o desejável. Quadro de instrumentos de fácil leitura, com velocímetro no meio, conta-giros à esquerda e de menor diâmetro, marcador analógico de temperatura e mostrador digital com marcador do tanque de combustível integrado à direita.

Como anda

Minha experiência anterior foi com um Siena Fire da primeira versão, com 55 cv. Em relação ao motor anterior, conhecido como Fiasa, o Fire se destacava pelo menor tamanho e peso, menor consumo e mais força em baixas rotações. Em carros com relação peso-potência menos favorável, qualquer forcinha a mais em baixa é bem vinda, mas no caso da primeira série do Fire o preço que se pagava era de um motor sem brilho em alta, que parecia sem vontade de subir de rotações a partir de 3.000 rpm. O atual conserva boa desenvoltura em baixa, ajudado pelo acelerador by wire que me pareceu dar uma ajuda, comandando mais abertura de borboleta do que nosso pé, e gosta de girar, entregando números de potência bem interessantes para um propulsor de apenas 1 litro. São 75 cv a 6.250 rpm e 9,9 m.kgf a 4.000 rpm (usando álcool), valor de potência de um carro 1,6-litro da década de 80.

Entendo que o comprador de um pacato sedã familiar não precisa de um automóvel que seja superlativo em comportamento dinâmico, já que o uso geral da grande maioria será predominantemente urbano e a baixas velocidades. De qualquer modo, subi e desci uma estradinha de serra que tem aqui perto de casa, com sequências de curvas alternando o lado e que permite velocidades um pouco mais altas, para sentir o comportamento do sedãzinho.


Subindo, senti que, como todo motor de baixa cilindrada, o ar-condicionado atrapalha sensivelmente o desempenho. Terceira marcha engatada, ele sofria para subir de giro e ganhar velocidade. Bastou o compressor desarmar que a coisa mudou de figura, foi subindo de rotações com certa galhardia, em se tratando de um motor de 1 litro em um carro de 1 tonelada. Deu para engatar a quarta e ir subindo a serrinha a 90 km/h. Em velocidades médias não vai pregar susto em ninguém, pois contorna bem as curvas. O motorista médio não deve ir além disso, mas precisa saber que em uma situação em que a velocidade diminua um pouco, uma redução de marcha se faz necessária para não deixar o motorzinho cair no vazio.
Na descida provoquei mais, entrei nas curvas bem mais rápido do que o normal e aí a calibragem macia começa a jogar contra. Não forcei tanto assim a ponto de fazer escândalo com os pneus, mas mesmo assim as mexidas de carroceria quando entrava nas curvas eram meio estranhas. Talvez falta de carga nos amortecedores. Se o carro falasse, seria ele avisando "olha, eu sou só um Siena 1000, você já está passando dos limites!". Freios mataram bem a velocidade, demonstrando potência de frenagem correta. Não tive oportunidade de forçar mais, a serra é curta, mas acredito que não entrem em fading (redução da ação por superaquecimento) com facilidade.
A concorrência
Acredito piamente que a maioria das pessoas não leve muito em conta o que leem por aí ou o que o parente que entende e gosta de automóveis diz quando arguído sobre qual carro comprar. Muito menos se o carro Y anda mais ou faz curvas melhor que o Z. Frente ao mercado, acho que o Siena está ficando para trás, pois temos modelos mais atualizados e que oferecem mais pelo mesmo dinheiro. O Logan é o melhor exemplo, apesar do design pouco inspirado. Mas o Siena é um carro que atende as necessidades da grande maioria, e entrega um pacote honesto, com desempenho bem aceitável, baixo consumo, bom acabamento e visual ainda atraente. E as vendas do modelo confirmam isso.
O que me atraiu nele: Respostas do motor Fire 1-litro, preço e equipamentos oferecidos quando equipado com o kit Celebration 3, design, baixo nível de ruído, maciez de comandos.

O que me incomodou nele: Espaço interno reduzido, falta de regulagem de altura do banco do motorista, rotação muito alta quando em rodovias a 110/120 km/h constantes.

Veredicto: Se você não mede mais do que 1,80 m, precisa de um porta-malas grande, vai usar o carro predominantemente em perímetro urbano e aprecia suavidade, o Siena EL é uma escolha acertada.




Semana passada meu pai ligou:
- Estou limpando a casa aqui. Encontrei um bloco B18 (Volvo PV 544). É seu? Posso jogar fora?
Eu lembrei daquele bloco, e do carro também.
Eu tinha 13 anos e um amigo do meu pai tinha um Volvo 544 de 1962. Cheio de corrosão. Andava, mas era para jogar no lixo. Posso comprar? -- perguntei. E o meu pai disse que sim! Colocamos o carro no jardim e eu brinquei um pouco com ele.
Depois de um tempo comecei a desmontar o carro, totalmente. Não lembro por que, mas acho que sonhei fazer algo com ele. O carro estava podre mesmo.
Na verdade nada foi feito, mas desmontar um carro inteiro foi uma boa escola para aprender como um carro é feito e como funciona, e às vezes meu pai me mostrava como e por que funcionava isso e aquilo.
Agora, uns 30 anos depois, ele encontrou o bloco do motor, e eu pensei: dá para fazer algo com um bloco velh? Ah, o barquinho que fica no lago, seria bom ter um peso maior na boia onde o barco fica preso.
Aqui na Suécia é normal prender os barcos a uma boia, presa ao fundo do lago com algo pesado. Agora tem gelo no lago. Será que dá para entrar no lago, de carro, com o bloco no porta-malas? Então é só fazer um buraco no gelo e o bloco está no lugar certo, bem fácil.
Mas, pode ser que o bloco pode sujar a água no lago? Meu pai fisse que o bloco estava totalmente nu, sem cárter, e seco, não poderia ter problema.
Eu já sabia que tinha mais de 20 centímetros de espessura de gelo no lago, e isso significa que dá para andar de carro por cima.
Só que havia nevado bastante, e fica meio dificil conduzir com uns 15 ou 20 centimetros de neve por cima do gelo. Mas eu consegui entrar no lago, e com boa velocidade, cheguei no ponto certo sem ficar parado.
Começamos a fazer um buracão com barras de ferro duro, deu bastante trabalho furar o gelo.
Mas, logo depois chegaram uns pescadores com uma broca para gelo, grande.
- Oi ! Podemos pegar a broca emprestada?
- Sim, sim, sem problema.
Os pescadores nos ajudaram, achando legal furar o gelo para um motor velho.
Tudo ficou muito mas fácil do que usando as barras de ferro. Dali a pouco o gelo se quebrou e o bloco afundou como o Titanic.
Espero que o bloco descanse em paz.
HJ

Foto estadao.com.br
Acabou de dar no "Jornal Hoje", da TV Globo, duas matérias sobre assuntos de trânsito. Um, acidente com vítima, passageiro foi atirado para fora do carro que capotara, com imagem de uma câmera de segurança.  Os âncoras Evaristo Costa e Sandra Annenberg só falaram no motorista bêbado, sem se darem conta de que o infeliz só morreu por estar solto dentro do carro.
O bêbado nesse caso significava alcoolemia, medida pelo etilômetro, de 0,7 ml por litro de ar expelido. Sabem o que isso significa? Que pelo Código de Trânsito Brasileiro, antes dessa idiota "lei seca", o sujeito estava com 133,3% mais de álcool na bufunfa que o limite de 0,3 ml/L.
Em outra reportagem na sequência, um cara no Paraná ziguezagueva adoidado na pista e, parado pela polícia, estava com 1 ml/L, ou seja, 233,3% mais que os 0,3 ml/L do Código.
Como eu venho dizendo, a lei apenas coincidiu com o início de uma fiscalização jamais exercida. Bastaria que existisse desde 22 de janeiro de 1998, dia em que o novo código entrou em vigor, e possivelmente dezenas de milhares de vidas teriam sido salvas.
E, de novo: até 0,3 ml/L de ar alveolar todos podem dirigir com segurança. Na Alemanha, onde se pode andar a 300 km/h numa Autobahn, o limite é marginalmente inferior, 0,25 ml/L. Nos Estados Unidos e Canadá o limite é ainda mais alto, 0,4 ml/L.
Quem diz que a lei seca salvou vidas não sabe o que está dizendo. Portanto, é burro.
BS

(Atualizado em 8/2/10 às 16h50)