google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

Em um Corvette C4?


Em um Cadillac Eldorado Brougham 57?



Na frente de um Blue Thunder Mustang (réplica 3/4 do P-51), tal qual um Rolls-Royce Merlin em escala?


Ryan Falconer pôs um em sua Suburban. O Belli queria pôr em um Ford Highboy. A gente pode imaginar uma dúzia de utilidades para um motor que pesa quase o mesmo que um Chevrolet V-8 de ferro fundido,e é  apenas um pouco maior. Até os pontos de montagem são os mesmos do Chevy small block. Mas eu sei onde eu colocaria um. Vejam a foto abaixo, do carro de um amigo:



Opala. Pois é, se o V-8 cabe tão bem, e o seis em linha original também cabe, o V-12 caberia perfeitamente também. Já sei o que EU faria...Na verdade, quem faria para mim é um certo Ogro do cerrado, mas isto é um mero detalhe.

E você, o que faria?

MAO

Quando estive em Monterey para os “Historics”, encontrei em Carmel um Dodge La Femme ano 1955 ou 1956 (não notei qual ano, pois os dois são muito parecidos). Carro estranho esse!




A intenção, a ideia, era simples e, em princípio, relativamente boa. A Divisão Dodge queria vender mais carros e, se já haviam fabricado carros feitos especificamente para homens, como o D-500 Sport, por que não fazer um carro dirigido especificamente às mulheres? Cor de rosa? Não, vamos fazer em roxo. Ah, melhor que isso, vamos fazer cor “orquídea”! Uma bolsa de couro macio? Por que não? Maquilagem? Claro que sim! Guarda-chuva? Boa ideia! E botinhas de salto alto para andar na chuva? Of course!


























Dá para ver o resultado de toda essa criatividade. Começando com um Crown Royal 2-portas Hardtop, já o modelo mais luxuoso da linha Dodge, o La Femme tem mais duas bolsas atrás do banco dianteiro para levar a tralha a mais – o guarda-chuva, a maquilagem etc. Tapetes em orquídea. Estofamento em cores de orquídea e ouro. Fórmula certa de sucesso.




Ou não. A produção para o ano de 1955 chegou a várias centenas de unidades, e ficou menor ainda no ano seguinte. A decisão de não continuar em 1957 foi talvez a única no programa inteiro que representou bom senso. E com isso o carro passou para a história, felizmente, tão esquecido como sem sentido.

RP





Jay Leno me irrita. Profundamente.

Tenho inveja dele, pelo que realiza no mundo do carro antigo. Inveja com respeito, com admiração. Não o conheço, mas gostaria. Se tiver chance, peço até um autógrafo.
O cara tem talento no trabalho que faz, como entrevistador e comediante, e na coleção de carros que não para de crescer. Já são 107, e esse número poderá estar errado já amanhã, pois há mais um chegando.
Sua garagem é grande, e mais do que isso, abriga uma equipe de profissionais para restaurar, consertar e manter seus carros.
Usa-os em eventos, aparece em encontros de carros antigos, em lançamentos de carros novos importantes, no SEMA show, uma atividade atrás da outra. A garagem se chama Big Dog, e o site é muito bem-feito, daqueles de esquecer das obrigações da vida quando se navega.

Muitas fotos de todos os carros, história, matérias de revista e outros meios de imprensa, entrevistas com autores de livros, fotos dos carros de leitores, em suma, maravilhoso.

Através desse site, compartilha como pode suas preciosidades, já que não é um museu aberto ao público. O ponto que mais me apraz em Leno é a variedade de seu acervo. Ele tem carros de todos os lugares, de todas as épocas, de todos os tipos, e sempre adicionando mais algum. Debaixo do teto de seus galpões, conta uma boa parte da história do automóvel, e não só junta coisas caras para mostrar que é milionário, já que todos já sabem disso.


Ele conhece o que tem, sabe muito de cada um deles, tem carros de milhões de dólares e carros de poucas dezenas. O que importa é o carro com alma, com história. Um entusiasta.
Lembro-me de um programa de televisão onde vi pela primeira vez essa garagem. Ele disse que escolheu o local bem perto da emissora de televisão onde trabalha, para poder fugir no horário de trabalho e ir lá dar uma olhada, uma mexida em alguma coisa. Meu tipo de entusiasmo, misturar trabalho e prazer. Bacana!
Com as montanhas de dinheiro que tem, poderia ser mais um reles consumidor de supercarros modernos, desses que os americanos chamam de "posers", só para aparecer. Mas não precisa, todo mundo o conhece. Ele escolheu um caminho mais difícil, dispendioso e transpirante, esse de formar uma coleção importantíssima por sua variedade.


Mesmo tendo uma equipe trabalhando para ele, também atua nos carros quando pode. Tem ideias de projetos, como o Oldsmobile Toronado com motor experimental da GM, e o Ecojet, com a mesma fábrica. Para isso tem a ajuda de Bob Lutz, amigo pessoal e também um entusiasta.

Se houvessem outras pessoas com a capacidade de comunicação que ele possui, e que se dispusessem a gastar uma boa parte de suas fortunas com um motivo tão nobre, a história do automóvel seria ainda mais preservada.

O interessante é que ele poderia muito bem pensar uma organização para expor seus carros e motos de uma forma onde pudesse faturar algum dinheiro com a exibição, como em um museu. Mas prefere que a garagem seja mesmo um lugar de trabalho e diversão, mantendo a tranquilidade da equipe.

Não sei em que ritmo a coleção cresce, mas apenas essa semana já chegou um carro novo nessa segunda,e vem outro na quarta.

Nada como gostar de carros e ter MUITO dinheiro.



JJ



Hoje em dia um carro de Fórmula 1 é uma grotesca caricatura. Ultra-avançado, incrivelmente veloz e eficiente mesmo após recorrentes tentativas de fazê-lo menos rápido por meio de regulamentação, é sem dúvida alguma uma máquina incrível, e um feito de engenharia notável. Mas a sua relevância como automóvel, e mesmo como máquina de competição está muito aquém do que poderia ser.

Outro dia tentei assistir uma corrida de F-1, depois de anos sem fazê-lo. Dormi profundamente, coisa que não fazia há muito tempo àquele horário do dia. E podíamos ficar aqui o dia inteiro colocando teorias sobre como melhorá-la (as minhas preferidas são uma "Formula Libre" e uma corrida de cabeça para baixo, onde os carros estariam presos ao "teto" por pressão aerodinâmica em pistas especialmente construídas para tal:; sim, eu tenho problemas), mas prefiro ao invés disso contar uma história do passado, sem nenhuma intenção maior a não ser apenas contá-la mesmo. As conclusões desta vez, deixo com vocês.

O carro sobre o qual falaremos é um Bugatti tipo 51, a máquina de Grand Prix (a F-1 do pré-guerra) de Ettore para o começo dos anos 30. Equipado com um oito em linha de 2,3 litros, duplo comando de válvulas no cabeçote (copiado de Miller) e um compressor mecânico tipo Rootes, era um belíssimo bólido azul que teve relativo sucesso, incluindo uma patriótica vitória no GP da França em 1931. Como qualquer Bugatti, antes de ser apenas uma obra de engenharia e um carro de competição, era uma expressão do profundo senso artístico e estilístico de Ettore, uma obra de arte em alumínio virolado e rodas fundidas junto com os tambores de freio. E em movimento, uma sinfonia de barulho, poder e velocidade que apaixonou todos os que tiveram a sorte de vê-los em ação a seu tempo.


O chassi 51133, sobre o qual falarei especificamente aqui, foi a montaria do famoso Louis Chiron (acima, com o carro) em 1931, e do futuro dono de restaurante nova-iorquino René Dreyfus, em 31 e 32. Parece que em algum ponto de do ano de 1931, Ettore deu o carro para Chiron (o que significa que Dreyfus correu com o carro do companheiro de equipe em 1932), e este, ao redor de 1933, acabou por vender o carro para Monsieur André Bith, de Paris, herdeiro de uma fortuna farmacêutica.

O que vocês tem que entender aqui é que um carro de GP em 1933 era perfeitamente usável nas ruas. Na verdade, muitas equipes ainda dirigiam o seu bólido pelas estradas européias, indo de pista em pista. Caminhões para transporte eram coisa rara e exótica, e os carros de competição ainda eram intimamente ligados com aqueles dirigidos nas ruas e estradas mundo afora. Quando não eram, como no caso dos Bugattis, exatamente os mesmos...

E assim o senhor Bith o fez; colocou paralaminhas em cima das rodas (cycle-fenders), pintou-o de preto e rodou feliz com seu Bugatti de Grand Prix, participando principalmente de competições amadoras, ralis e outros eventos, por muito tempo. Mas André era amigo de Jean Bugatti (filho de Ettore e pai do sensacional tipo 57), e um dia, em um encontro na cidade-luz com o velho amigo que passava por lá, viu algo que o deixou bobo: Jean veio com sua obra prima, o magnífico tipo 57 Atlantic (abaixo).

André Bith ficou louco; tinha que ter algo assim de qualquer forma. Contatou outro amigo, Andre Roland, que trabalhava na fábrica da Bugatti, e este o ajudou a concretizar seu plano maligno: fazer um Atlantic tendo como base o muito menor tipo 51 que já tinha e adorava. O carro foi entregue a empresa "Carrosserie Louis Dubos", em Paris, a 2 de abril de 1937, e ficou pronto em 20 de julho do mesmo ano. O resultado, que pode ser visto nas fotos abaixo (tiradas pelo amigo Belli em Peeble Beach este ano), foi simplesmente espetacular.


Reparem que o curvão do carro de competição, com seu acabamento em alumínio virolado, permanece dentro do cupê. O acabamento é sensacional, e a difícil releitura do longo Atlantic para o curto chassi do tipo 51 ficou perfeita. Reparem que o bocal do tanque de combustível está atrás do motorista, dentro do carro! Reparem também nas quatro saidas de escape, tal e qual o Atlantic.

Só podemos imaginar como deve ter sido rodar pela Paris dos anos 30 em sensacional carro de corrida vestido a rigor como foi o "Dubos Cupê". O carro pode não ter o maior espaço e sofisticação dos Atlantic de Jean Bugatti, mas provavelmente numa pista fechada, faria seu pedigree aparecer. Veloz, vocal e cacofônico até hoje; em 1937 devia ser algo de outro mundo.


Bith vendeu o carro quando a Segunda Guerra se aproximava, e ele desaparece dos registros por um tempo, até aparecer nos anos 50 em uma coleção americana, onde foi separado de seu chassi, e vendido em partes. Muitos anos depois, em 2003, a Nethercutt Colection consegue juntar as duas partes separadas, e montar o carro novamente, e o mostra em Peeble Beach daquele ano. Em sua restauração, recebeu uma ajuda inusitada: um certo senhor francês de 90 anos chamado Andre Bith.

Podem imaginar algo assim acontecendo em Peeble Beach em 2079? Pois é...

MAO