google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)


Hoje em dia um carro de Fórmula 1 é uma grotesca caricatura. Ultra-avançado, incrivelmente veloz e eficiente mesmo após recorrentes tentativas de fazê-lo menos rápido por meio de regulamentação, é sem dúvida alguma uma máquina incrível, e um feito de engenharia notável. Mas a sua relevância como automóvel, e mesmo como máquina de competição está muito aquém do que poderia ser.

Outro dia tentei assistir uma corrida de F-1, depois de anos sem fazê-lo. Dormi profundamente, coisa que não fazia há muito tempo àquele horário do dia. E podíamos ficar aqui o dia inteiro colocando teorias sobre como melhorá-la (as minhas preferidas são uma "Formula Libre" e uma corrida de cabeça para baixo, onde os carros estariam presos ao "teto" por pressão aerodinâmica em pistas especialmente construídas para tal:; sim, eu tenho problemas), mas prefiro ao invés disso contar uma história do passado, sem nenhuma intenção maior a não ser apenas contá-la mesmo. As conclusões desta vez, deixo com vocês.

O carro sobre o qual falaremos é um Bugatti tipo 51, a máquina de Grand Prix (a F-1 do pré-guerra) de Ettore para o começo dos anos 30. Equipado com um oito em linha de 2,3 litros, duplo comando de válvulas no cabeçote (copiado de Miller) e um compressor mecânico tipo Rootes, era um belíssimo bólido azul que teve relativo sucesso, incluindo uma patriótica vitória no GP da França em 1931. Como qualquer Bugatti, antes de ser apenas uma obra de engenharia e um carro de competição, era uma expressão do profundo senso artístico e estilístico de Ettore, uma obra de arte em alumínio virolado e rodas fundidas junto com os tambores de freio. E em movimento, uma sinfonia de barulho, poder e velocidade que apaixonou todos os que tiveram a sorte de vê-los em ação a seu tempo.


O chassi 51133, sobre o qual falarei especificamente aqui, foi a montaria do famoso Louis Chiron (acima, com o carro) em 1931, e do futuro dono de restaurante nova-iorquino René Dreyfus, em 31 e 32. Parece que em algum ponto de do ano de 1931, Ettore deu o carro para Chiron (o que significa que Dreyfus correu com o carro do companheiro de equipe em 1932), e este, ao redor de 1933, acabou por vender o carro para Monsieur André Bith, de Paris, herdeiro de uma fortuna farmacêutica.

O que vocês tem que entender aqui é que um carro de GP em 1933 era perfeitamente usável nas ruas. Na verdade, muitas equipes ainda dirigiam o seu bólido pelas estradas européias, indo de pista em pista. Caminhões para transporte eram coisa rara e exótica, e os carros de competição ainda eram intimamente ligados com aqueles dirigidos nas ruas e estradas mundo afora. Quando não eram, como no caso dos Bugattis, exatamente os mesmos...

E assim o senhor Bith o fez; colocou paralaminhas em cima das rodas (cycle-fenders), pintou-o de preto e rodou feliz com seu Bugatti de Grand Prix, participando principalmente de competições amadoras, ralis e outros eventos, por muito tempo. Mas André era amigo de Jean Bugatti (filho de Ettore e pai do sensacional tipo 57), e um dia, em um encontro na cidade-luz com o velho amigo que passava por lá, viu algo que o deixou bobo: Jean veio com sua obra prima, o magnífico tipo 57 Atlantic (abaixo).

André Bith ficou louco; tinha que ter algo assim de qualquer forma. Contatou outro amigo, Andre Roland, que trabalhava na fábrica da Bugatti, e este o ajudou a concretizar seu plano maligno: fazer um Atlantic tendo como base o muito menor tipo 51 que já tinha e adorava. O carro foi entregue a empresa "Carrosserie Louis Dubos", em Paris, a 2 de abril de 1937, e ficou pronto em 20 de julho do mesmo ano. O resultado, que pode ser visto nas fotos abaixo (tiradas pelo amigo Belli em Peeble Beach este ano), foi simplesmente espetacular.


Reparem que o curvão do carro de competição, com seu acabamento em alumínio virolado, permanece dentro do cupê. O acabamento é sensacional, e a difícil releitura do longo Atlantic para o curto chassi do tipo 51 ficou perfeita. Reparem que o bocal do tanque de combustível está atrás do motorista, dentro do carro! Reparem também nas quatro saidas de escape, tal e qual o Atlantic.

Só podemos imaginar como deve ter sido rodar pela Paris dos anos 30 em sensacional carro de corrida vestido a rigor como foi o "Dubos Cupê". O carro pode não ter o maior espaço e sofisticação dos Atlantic de Jean Bugatti, mas provavelmente numa pista fechada, faria seu pedigree aparecer. Veloz, vocal e cacofônico até hoje; em 1937 devia ser algo de outro mundo.


Bith vendeu o carro quando a Segunda Guerra se aproximava, e ele desaparece dos registros por um tempo, até aparecer nos anos 50 em uma coleção americana, onde foi separado de seu chassi, e vendido em partes. Muitos anos depois, em 2003, a Nethercutt Colection consegue juntar as duas partes separadas, e montar o carro novamente, e o mostra em Peeble Beach daquele ano. Em sua restauração, recebeu uma ajuda inusitada: um certo senhor francês de 90 anos chamado Andre Bith.

Podem imaginar algo assim acontecendo em Peeble Beach em 2079? Pois é...

MAO



 Um autoestrada alemã típica

Temor de velocidade em automóvel existe desde os primórdios, ainda no século 18. Até hoje continua igual, se não pior, e com uma agravante: a ânsia por faturamento de governos em todos os níveis de administração. É uma das maneiras mais fáceis de ganhar dinheiro, ainda mais com os equipamentos eletrônicos atuais. Tanto que arrecadação com multas está na previsão orçamentária de qualquer administração pública. Isso mesmo o que o leitor leu: está no orçamento o "faturamento" com multas de trânsito! É vergonhoso.
Um caso de extorsão foi com o Audi R8 foi Via Anhanguera, domingo 1/11, o dia da nossa avaliação a quatro mãos (que seria a cinco, depois de o Juvenal dirigir o R8 no dia seguinte). O MAO estava ao volante, eu no banco direito. Passamos por um radar,.que não vimos, à "estonteante velocidade" de 111 km/h, isso numa rodovia de pista dupla com separação por mureta, cuja espertalhona autoridade sobre ela resolveu que ali têm-se que andar a no máximo 100 km/h. Quase acabando a primeira década do século 21!!!
Pela regra, acima de 100 km/h a tolerância legal do equipamento (ditada pelo Inmetro) é 7%, portanto estar em excesso significa estar a pelo menos 108 km/h, velocidade verdadeira. Como estávamos a 111 km/h, 111 - 108 = 103 km/h: excesso! É assim que é feito.
Está na cara que o policial rodoviário (ou empregado da empresa de radar) que nos viu passar a -- novamente -- "estonteantes" 111 km/h -- quis nos prejudicar, agiu de má-fé. Sabem por quê? Enquanto estávamos parados no posto da polícia rodoviária passou uma Quantum, dessas bem velhas e lotadaças, com carga muito alta no teto e com a traseira praticamente arrastando no asfalto, de tão carregada. Isso, essa ameaça aos ocupantes e ao tráfego como um todo, pode. O Arnaldo chegou a gritar indignado, mas o policial ali por perto fez ouvido de mercador...
Tudo o que escrevi aí em cima é só preâmbulo para o que vou dizer agora.
Não tem da haver limite de velocidade nas estradas, a não ser quando elas atravessam povoados. O que deve haver, isto sim, é velocidade recomendada, exatamente como é feito nas autoestradas alemãs (foto no início). Dessa forma, a autoridade sobre a via está cumprindo sua importante missão de informar qual a velocidade de segurança.
Agora, o que poucos sabem é que na Alemanha andar acima da velocidade recomendada deixa o motorista sujeito a processo criminal se provocar algum acidente, independente de culpa, e que a seguradora poderá se recusar a saldar o sinistro.
Essa maneira de tratar o assunto velocidade tem o mérito de obrigar o motorista a ser responsável ao extremo, ao mesmo tempo em que as maiores velocidades acabarão por produzir motoristas melhores por força da necessidade.
É importante que esse patrulhamento de velocidade tenha fim. Um caso recente nos EUA mostra que os motoristas são bem mais concensiosos do que se imagina. Um determinanada estrada tinha limite de 75 milhas por hora (120 km/h). Multas eram frequentes, o pessoal andava entre 80 e 85 mph (128 e 134 km/h). Aí o limite subiu para 85 mph. O que aconteceu? As multas acabaram, pois a massa continuou a 85 mph e não a mais que isso, como se poderia supor num primeiro momento. Ou seja, apenas continuou no ritmo de antes.
Mas o faturamento da municipalidade caiu...

BS

Muitas maluquices são feitas todos os anos pelos fabricantes em forma de 'carros conceito' para apresentar ao público em salões e feiras mundo afora.

Não é de hoje que estes conceitos servem como forma de pesquisa e aceitação do público para novas propostas de design e tecnologias. Harley Earl foi talvez o mais fomoso e visionário, apresentando os Dream Cars da GM na década de 40 e 50.

Pela Chrysler Corporation, o nome do momento nos anos 60 era Elwood Engel, chefe de design. Em 1968 ele usou um curioso Charger modificado para verificar a aceitação do público em um conceito que na verdade a Ford já havia feito com o Thunderbird em 1962, que era uma forma de conversível aerodinâmico, com uma cobertura segundo a linha dos bancos até a traseira do carro, claramente eliminando o banco traseiro.


Mas Engel foi mais a fundo. O Charger modificado, então chamado de Topless Charger, ainda contava com um para-brisa bem menor, ao estilo dos Porsches 550 e Speedster. Gosto em design é muito pessoal, como vimos aqui nos últimos posts, então há quem deva gostar e quem deva odiar.


Como proposta, não deixa de ser muito interessante, ainda mais que foi feito internamente pela própria fábrica. O desempenho era respeitável, pois o carro tinha o motor de 440 pol³.


Em 1970, o Topless foi modificado e tornou-se o Super Charger, com novas modificações de carroceira que remetiam aos Superbird e aos Daytona, com o aplique de fibra na frente de carro. Uma curiosa e discreta asa traseira móvel foi instalada para ajudar na aerodinâmica do carro em velocidade. Desta vez, o responsável foi George Busti, designer da Dodge e da empresa Creative Customs.



Foram duas propostas muito interessantes mesmo, para a época só ficariam mais apropriados em uma capa de album dos Beach Boys.
Hoje vou falar de dois mundos, o do lado de cá, do consumidor que cria uma imagem a partir da propaganda e do que lê e vê nos meios de comunicação, e o do lado de lá, dos homens que trabalham nos bastidores para criar as imagens.

Muitos torceram o nariz quando foi anunciado que o Chevrolet Agile havia levado o prêmio de "Carro do Ano", promovido pela revista Autoesporte. E eu também fui um deles.

Pode parecer contraditório a quem, há poucos dias, questionava neste espaço se as críticas prévias, coincidentemente a esse produto, eram pertinentes, mas é justamente o que estou fazendo novamente agora: como pode um automóvel ser o "Carro do Ano", apenas semanas após seu lançamento? Como pode alguém eleger um produto como “a melhor ideia, o melhor projeto, que se transformou em objeto do desejo do consumidor brasileiro” entre seus pares ou perante outros lançamentos, se não houve tempo suficiente para avaliá-lo comparativamente com critério, neutralidade e isenção? É o elogio, a crítica favorável, antes de conhecer devidamente o carro, exatamente a mesma situação, do lado oposto! Igualmente descabida.

Essa questão obrigou-me a voltar um pouco na história dessa e outras premiações similares no mundo do automóvel.

Para mim, O "Carro do Ano" era O CARRO, ou seja, um destaque, seja por tecnologia, inovação, qualidades, ou tudo isso, muitas das vezes que eu estranhava a escolha de certos modelos, me perguntava como pode tal carro ser o "Carro do Ano" se ele não tem atributos suficientes? E quando não vendia lhufas? Ou até ter sucesso, mas efêmero? Ué, já pararam de fazer esse modelo? Não havia ele sido "do Ano" há pouco tempo? Por que outros produtos concorrentes no segmento ou de outros vendiam muito mais? Seguiam vendendo mais como que ignorando a premiação deste?

Pensando em retrospecto, na verdade eu estava analisando as coisas de forma cândida e lógica, imaginando que um júri usara de certo critério para chegar a um veredicto sobre um produto e o divulgava na mídia, como forma de servir aos potenciais compradores com informações a respeito de um automóvel que podia lhes ser desconhecido, seja por que o modelo era novo e o público comprador não tivera a oportunidade para tal. A imagem de "Carro do Ano" poderia bem ser um automóvel que o público simpatizara, por suas várias qualidades também, ou seja, esse júri entendia de automóvel e pessoas, de certa forma sabia ler seus anseios e desejos e lhe indicava o produto eleito, para ajudá-los na sua escolha para compra do próximo carro.


A origem do prêmio "Carro do Ano" data de 1966. Na verdade, esse título começou na Europa dois anos antes e reza a lenda que Mauro Salles, então à frente de marketing e comunicação da Willys-Overland do Brasil, inspirara-se neste prêmio europeu e recomendou que repetissem fórmula semelhante aqui ao jornalista José Alexandre Quintão, então proprietário da Efecê Editora, que editava as revistas Mecânica Popular, Autoesporte e Flair Play (primeiro título de revista masculina do País), para nomearem a picape Willys Rural. O júri? o conselho editorial da revista. Foi então que saiu o primeiro prêmio de "Carro do Ano" no país.


Três anos mais tarde, esse conselho editorial havia escolhido o Opala, mas houve uma reviravolta interna na Efecê e o prêmio acabou sendo concedido ao Ford Corcel. Na discussão acalorada sobre os critérios e a sua coerência, prevaleceu a ideia de que o Corcel teria uma família de veículos: quatro portas, cupê, perua, picape e van (estas duas últimas nunca seriam lançadas), enquanto o Opala era somente aquele modelo quatro-portas, sem visões futuras de novos membros da família -- até aquele momento, pois depois vieram o cupê e a Caravan. Pesou também o apelo do Ford, carro mais acessível que o Opala, lembrando que o prêmio imediatamente anterior fora para o Galaxie, do segmento de luxo e destinado para os mais abastados. A alternância seria benéfica, retirando uma possível e indesejável conotação de somente eleger carros da "elite".

Com o passar dos anos, a ideia de aprimorar os critérios de escolha, bem como o fórum de seleção, foram tomando corpo. No início dos anos 70, passaram a integrar o corpo de jurados jornalistas especializados do setor automobilístico de todo o Brasil e esse grupo seguiu participando sucessivamente das escolhas do "Carro do Ano" com algumas mudanças de membros até 1999, quando o jornalista responsável pela edição do prêmio da revista Autoesporte, já parte da Editora Globo, decidiu que era hora de reformulá-lo.

O grupo de escolha, que já não era exclusivamente dedicado a cadernos de automóveis, perdera mais de sua identidade automotiva, pois havia alguns profrissionais, considerados colaboradores da imprensa nacional de menor prestígio; todos estes foram convidados a se retirar do corpo de jurados. Em seu lugar, muitos jornalistas de diversas revistas da Editora Globo passaram a eleger o premiado.

Se a ideia de reformular o prêmio escolhendo novos jurados parecia adequada, o resultado final ficou pra lá de questionável. Onde é que haveria lógica em pedir a um repórter da seção política da revista Época para votar e eleger um "Carro do Ano"? Quem mediu ou avaliou suas habilidades ao volante, pilotagem, experiência, quilometragem etc.? Somente se seção política estivesse ligada a critérios políticos...

Os profissionais saídos da eleição de "Carro do Ano" formaram a Abiauto (Associação Brasileira da Imprensa Automotiva), que por sua vez não podendo usar da marca "Carro do Ano", pertencente à revista Autoesporte, criou o Prêmio Imprensa Automotiva. Se por um lado, manter o corpo de jurados igual a antigamente poderia parecer mais adequado que a nova fórmula da Autoesporte, dada a experiência de vários anos em avaliar automóveis, estes também deram suas escorregadas. O Chevrolet Prisma foi eleito o Melhor Carro Nacional e Carro Abiauto no ano de seu lançamento. Detalhe, a escolha foi feita antes mesmo de seu lançamento...

Ao serem questionados, alguns jornalistas se defenderam alegando que haviam rodado uns poucos km em unidades cedidas pela GM para sua avaliação prévia... e há mais eleições em publicações especializadas, algumas convidam leitores a votar por internet. Cada critério... A quem discordar, tente associar ao fato de um diário argentino que lançou votação pela internet, para escolher quem fora melhor, Maradona ou Pelé. Algum brasileiro, rato de internet descobriu, espalhou e, não só entupiram o servidor desse diário, como Pelé levou por larga margem, precisariam haver nascido seis vezes mais argentinos para equilibrar aquela votação.

E do lado dos fabricantes? Bem, dadas as regras de seleção ao automóvel do ano, alguns fabricantes passaram a empenhar-se mais do que outros em obter esse prêmio para os carros da casa, jogando o jogo da melhor forma possível ante as circunstâncias. Houve muitas ações, consideradas hoje um exagero, sempre em nome do famoso prêmio, como convidar jornalistas ao Salão de Frankfurt, ou de Detroit, ou ambos (Frankfurt é bienal). Não digo um ou dois, mas 30, 40 deles, todas as despesas pagas e conhecer de perto os melhores carros da marca patrocinadora da viagem, seu mais recentes lançamentos, as novas tecnologias.

Lembrando sempre que o Brasil, com poucas marcas até 1997, tinha menos lançamentos ainda, portanto atrair a atenção dos jurados que aqui era aqui e lá fora era o lugar onde se transpirava modernidade automotiva e, se determinada marca detinha produtos tão atraentes, seguramente os seus automóveis brasileiros "herdavam" isso em seu DNA. Mesmo quando o índice de carros tecnologicamente obsoletos beirava 100%.

Há também lançamentos que são cuidadosamente planejados para serem feitos poucas semanas antes da eleição, quando o efeito lançamento está mais '"fresco" na cabeça dos jornalistas que outros automóveis que chegaram alguns meses antes ao mercado, portanto menos presentes na memória de quem avalia carros diferentes, toda semana.

Curioso notar que ter o "Carro do Ano" na casa não necessariamente lhe rendia mais vendas, mas seguramente para os executivos das matrizes dos fabricantes, ou seja, dentro da organização, a premiação tinha significado de maior prestígio que no mercado. Como já dissera no início deste post, por anos acreditei que o prêmio quisesse dizer algo a respeito do produto e atributos e seria lógico afirmar que essa minha crença também fosse de parcela considerável de compradores de carros menos avisados.

E como é o prêmio de carro do ano na Europa? Convido-os a visitar o Wikipedia e colherem suas próprias observações. Sem prejulgar esta ou aquela publicação automobilística, nenhuma delas faz parte de minha seleção que considero topo de linha... O que dizer de alguns premiados... Houve também excessos, em 98 ou 99, não estou bem certo: um jornalista do corpo de jurados encontrou num modelo Ford Mondeo a etiqueta "Special for Press", mal-escondida e depois notou que a mesma etiqueta estava em todos os carros cedidos para avaliação deles. Naturalmente, passada certa discussão, os jurados decidiram retirar esse modelo da lista dos pré-selecionados a levar o prêmio, mas esse descuido da turma da Ford apenas tornou patente uma prática não exclusiva desse fabricante, tampouco exclusividade europeia.

No Brasil, os motores dos carros a serem cedidos à imprensa de alguns fabricantes eram selecionados após certificarem-se em dinamômetro que estavam com características de performance acima da média de produção, assim como os carros preparados a dedo, por turmas específicas em atender a imprensa...

Voltando ao prêmio da revista Autoesporte, em 2008 houve nova reformulação nos critérios, passando a integrar o corpo de jurados 27 profissionais da área. Alguns engenheiros da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva) e SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade) foram convidados a participar da escolha na categoria de melhores motores, tudo bastante claro e definido, agora transparece ndo mais isenção. No entanto, há ainda pontos questionáveis (leia) como, por exemplo, o regulamento diz er que o corpo de jurados pode votar no carro antes do lançamento, sendo a data-limite para inscrever os modelos participantes, 28 de outubro. Ora, isto não condiz com o segundo parágrafo do prêmio, “de premiar projetos que se transformaram em objetos do desejo do consumidor brasileiro”... Como, se o carro ainda não foi lançado? Os jurados têm uma incrível visão futura então...

A eleição do "Carro do Ano" tem muitos lados positivos: promove o produto automóvel, gera bons movimentos na mídia, agita os fabricantes a se esmerarem para trazer esse cobiçado prêmio para casa e vejo como positivo até a revisão de regulamentos, onde se nota intenção de trazer boas mudanças. Enfim, se toda a intenção de melhoria dos critérios fosse bem-sucedida do início até à conclusão da escolha, acredito que os méritos do "Carro do Ano" seriam melhor recebidos pelo público e o prêmio, com uma imagem de seriedade muito maior que a de hoje. Ainda há tempo.

Fontes: Wikipedia, sites automotivo.
Certas informações foram obtidas de um pequeno extrato do futuro livro de memórias do jornalista Luiz Carlos Secco.