google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

Foram dois dias inesquecíveis. Imagine pegar um 911 Carrera 4S na Porsche em Stuttgart e sair pelas autobahnen e pelas estradinhas secundárias da região do rio Mosel. Isso com mordomias como guia, ótimos restaurantes e hotéis já pré-escolhidos e contratados.

Isso é o que oferece a Porsche no seu site, através do Porsche Travel Club. A viagem é toda bem pensada, todos os mimos esperados estão presentes, como mala de viagem, bonés, crachás, gasolina, até garrafinhas de água mineral nos aguardavam no 911.


Tínhamos que chegar até 9:11am (muito engraçadinhos esses alemães), mas o grupo só partiu às 10:00, depois de um café da manhã de recepção e um briefing básico. O esquema era andar por pouco mais de 1 hora, parar pra necessidades eventuais e troca de pilotos, mais 1 hora e almoço. À tarde o mesmo se repetia.

Eram 2 grupos de 5, nos encontrávamos nos almoços e hotéis, mas seguíamos em 2 comboios. Configuração boa, sem esperas por algum atrasado por sinais fechados ou mesmo se perdendo por falta de contato visual. Como o guia fica passando instruções de tráfego à frente (quando ultrapassa alguém em estradinha de mão dupla), um grupo grande não teria agilidade para andar junto. Os grupos foram divididos meio ao acaso, aparentemente por faixa etária. Ficaram 3 casais (2 de alemães e 1 de americanos do Alaska) mais uma dupla de amigos alemães em um grupo e o nosso era composto por nós, 1 casal canadense e 4 amigos (colegas de trabalho) russos.


Pediam pra trazer só malas pequenas e moles, afinal é um carro esportivo sem muito espaço pra bagagem. Fomos com uma mala dessas permitidas como bagagem de mão em aviões e ela entrou perfeitamente no porta-malas dianteiro. Coube outra mochila grande em cima. O guia chegou a me perguntar se eu tinha um 911! Quem me dera...


Para nossa sorte, o carro que recebemos era o mais legal de todos: Targa. Enorme teto de vidro com a cortina interna recolhível, sensação de conversível sem perder rigidez e aumentar peso. Pros dias de chuva que pegamos, foi perfeito! E era o único com interior claro. Ah, todos eram Carrera 4 ou Carrera 4S com câmbio PDK de 7 marchas. Claro, pensando na segurança dos turistas (eles não sabem quem pode aparecer pra esses tours). 2 setups de esportividade: Sport e Sport Plus. Toque na tecla e o carro abaixa alguns centímetros, os comandos ficam mais duros, desce uma marcha e aumenta a faixa de giro de troca de marcha. O Plus, como explicou o guia de forma germânica, é... "plus". Tudo mais um pouco. Ele já avisa que a coluna sofre, 10 min de Sport pra ele já era demais. Vamos ver...

Tem ainda uma tela enorme GPS/multifunção no meio do painel (tem até informação do tráfego), walkie talkie em todos os carros para comunicação e estamos prontos! Comboio de 5 carros, o guia em uma enorme Cayenne S e os 911 seguindo atrás. Ah, aviso do guia: se desligar o controle eletrônico de tração/estabilidade e acontecer um acidente, eles tem como saber e o seguro não cobre!

Engraçada a maneira germânica de descrever o 911. "Eles tem uma mínima máxima de 290 km/h" (sinceramente não lembro o número exato que ele falou, se era pra 4 ou 4S). Mas esse papo de "mínima velocidade máxima que o fabricante garante" é muito alemão.


Logo que explicaram o básico dos carros a chuva apertou e foi a deixa pra largada. Todos nos carros ajustando controles, espelhos, bancos etc. Partimos direto pela autobahn para o noroeste. Com a chuva e o pouco tempo no carro, não foi exatamente uma experiência das melhores. Eu tinha checado os pneus e vi que não eram novos (o carro tinha 12.000 km). São largos e o guia não economizava na velocidade. Pra quem não sabe, quando chove, as autobahnen passam a ter limite de velocidade (130 km/h), indicado em luminosos ou nas placas. Pegamos trechos sem chuva, deu pra passar de 200 km/h fácil, brincar com o câmbio, GPS, ficar mais à vontade. Mas também deu pra ver que o carro não é à prova de aquaplanagem com aqueles pneus largos, estrada de concreto e chuva média. Nada que assuste, basta continuar tranquilo que a eletrônica e a tração nas 4 resolve tudo sem sustos. Muitas vezes o piso troca de asfalto pra concreto em uma ponte, em curva. Fiquei imaginando os riscos no rigoroso inverno alemão.

Minutos depois saímos da autoestrada pra começar a diversão. O câmbio, no modo manual, não deixa você fazer besteira (como acelerar e comandar troca pra baixo, não pra cima), mas não troca se você não mandar, fica rateando no corte de giros. Também não dá pra brincar de economia com ele, se você coloca em 7ª no modo manual e pisa fundo, ele baixa pra 3ª ou 4ª (mas depois é com você). Dava pra brincar com o câmbio "manual" ou apenas usar os setups de Sport ou Sport Plus. Como ainda chovia e que queria brincar no piso molhado, usei o câmbio em manual pra garantir que ele não trocaria no momento errado. Dá pra brincar bastante, o carro escapa de forma controlável (traseira primeiro) e depois nem precisa corrigir muito que a dianteira realinha. Maravilhas do 4x4. Não creio que os anjos da guarda eletrônicos tiveram que fazer algo. Nenhuma luz acendeu e não cheguei a abusar tanto assim, eu acho... Mas, QUE CARRO! Tudo o que me diziam e algo mais. O banco é menor e mais duro que o do Si (minha referência de uso diário), mas veste perfeitamente. O volante não é pequeno como o do Si, as borboletas são uma linda peça de alumínio que desliza pra frente e pra trás dentro do volante, não é destacado como em Ferraris (o volante no nosso carro, tinha detalhes de fibra de carbono). A alavanca de câmbio abusa do alumínio e é uma peça muito bonita (como nas borboletas, pra frente sobe marchas, pra trás, reduz). O clássico painel de 5 mostradores circulares com conta-giros ao centro é perfeito! Comportamento dinâmico totalmente previsível e o som... bom, eu nunca fui fã do boxer 6, preferia um bom V-8. Mas entre 2.000 e 3.000 rpm (início da brincadeira) e bem lá no alto, pelos 6.000 rpm, são acordes que não sairão tão cedo da minha mente. Claro, brinquei desnecessariamente com o câmbio pra ouvir a sinfonia de novo inúmeras vezes! E como é rápido esse câmbio com dupla embreagem! Tem que andar pra sentir, parece realmente que tem décadas de evolução germânica aplicada no produto. E é um carro totalmente usável no dia-a-dia, caso morasse naquele país.


Bom, voltando ao roteiro, nas cidades o respeito aos 50 km/h ou 30km/h (perto de escolas) é inegociável, mas nas estradinhas vale o bom senso, posso dizer que não andamos devagar. O guia indo à frente verificava se tudo estava livre pra diversão dos turistas que vinham atrás. Éramos o carro 1, o seguíamos à distância segura de uns 4/5 carros, mas sempre próximo. O comboio, mesmo na Alemanha, chama a atenção de quem vê passar. 2 Porsches juntos já chama os sorrisos, 5 merece fotos! Mas sempre tem um caboclo que não gosta que 5 carros passem meio rápidos por ele e reclama quando nos encontra no posto de gasolina mais à frente. Fora isso, não tivemos nenhum incidente nem acidente.


Entramos brevemente na França pro almoço. Os alemães sabem que não fazem perfumes nem comida como os franceses e almoçamos em um simpático restaurante na Alsácia. Bebidas alcoólicas obviamente proibidas no almoço pra quem quiser dirigir à tarde. Como os grupos se juntaram, são 10 Porsches estacionados. Quer dizer, 12, dois Cayman que não eram do grupo já estavam lá.

À tarde retornamos por estradinhas divertidas e temos a primeira mulher ao volante. A canadense, que seguia como carro nº 2, atende os insistentes pedidos do marido pra conduzir o 911. Os russos, que claramente estão ali pra farrear, não resistem a ultrapassá-la em alguns pontos onde está cautelosa demais. Não é proibido, só não pode ultrapassar o guia. Esses russos foram um capítulo à parte na viagem. Sempre que o guia perguntava como estávamos de combustível, era sempre 1/2 tanque pros casais e 1/4 pros amigos russos. O guia lembrou, pelo rádio, que os carros possuíam 7 marchas e que eles podiam desligar o setup Sport ou Sport Plus quando não havia motivo pra isso. Eles disseram que filmaram mais de 2 horas e tiraram 2.000 fotos. Como exemplo do exagero, TODOS os pratos eram documentados. Como eles diziam, ou estavam fotografando ou filmando. A máquina não parava nunca. Fotografaram até o momento (raro) em que usaram a 7ª marcha. Pelo que me lembro, a 30 km/h já estava em 3ª marcha se estivesse em condução tranquila na cidade. Bom, cada um se diverte como quer e o tour permitia as duas formas de condução.

Logo após o almoço, o comboio chamou a atenção de policiais franceses e acabamos tento uma escolta indesejada por uns 10 km. Todos são avisados pelo rádio e ficamos ainda mais restritos aos limites (nem sempre é fácil andar a 30 km/h ou 50 km/h nesses carros). Chegando perto da fronteira da Alemanha, ele nos deixou.


Depois do quase fiasco da condução feminina, minha esposa estava até relutante. Precisava defender a honra das meninas. Assumi a posição de fotógrafo/cinegrafista e ela aproveitou a perna final do dia. O tempo melhorou um pouco, deu pra abrir o teto e fazer ótimas imagens enquanto ela abria o sorriso a cada acelerada e troca de marcha. O canadense veio depois cumprimentá-la pois não conseguiu manter o mesmo ritmo dela, que manteve nossa perseguição próxima do guia... Ela achou que o guia começou a ficar preocupado demais com os russos e segurou um pouco o ritmo, queria mais! As estradas estavam bem piores, às vezes não dava nem pra usar os setups mais esportivos de suspensão que pulava demais. É, tem estradas ruins na Europa, sim!


Bom, chegamos novamente com chuva leve no acolhedor hotel para o pernoite. Jantar formal, terno e gravata! Tive que levar um só pra isso, achei alemão demais, mas... Pelo menos a comida valeu. Champagne e petiscos pra começar, o jantar teve uns 5 pratos diferentes, alguns combinando peixe e linguiça (?!) e um vinho diferente pra cada prato. Bom, muito bom mesmo! Tirando um ou outro russo que não respeitou o pedido de formalismo, o toque estranho foi o do americano do Alaska (do outro comboio). Terno, gravata e a mesma bota de caminhada que estava durante o dia (tipo essas Timberland). Vai entender... Bom, gastamos bastante inglês pra falar bem do nosso amado país, da Copa e das Olimpíadas que vem por aí, convidando a todos pra uma visita. Muito papo de carro e Fórmula 1 (e Ayrton Senna, claro) também.


No dia seguinte nos dirigimos ao vale do rio Mosel, que dava nome ao Tour. Lugar muito bonito com as culturas de uvas emoldurando o rio, mas estradas entediantes. Muito retas, sem graça e algum transito de domingueiros (outra praga mundial, pelo que concluímos nos papos). Acabou logo e voltamos ao interior com estradas divertidas. Tudo aquilo que vocês leram acima aconteceu de novo (oba!) e nos dirigimos ao castelo onde estava o restaurante onde almoçamos. É do cozinheiro mais famoso da Alemanha. Não necessariamente o melhor, é o mais famoso porque tem um programa na TV, mil produtos com seu nome etc. Pelo menos ele merece a fama. Apesar de alemão (palavras dos guias alemães), ele cozinha fantasticamente. De fato, um almoço inesquecível.

Nova rodada de autobahnen e marquei meu recorde pessoal de 247 km/h. Não curto muito velocidade final, mas impressiona como é fácil manter velocidades altas (180 km/h+) e como todos respeitam passando apenas pela esquerda e logo voltando para a direita. Uma autobahn é algo realmente alemão, as estradas são boas, claro, sem cruzamentos de nível ou curvas fechadas, mas normalmente são apenas 2 faixas. O comportamento do povo alemão é que permite que elas existam e sejam como são.


No caminho de volta, como era esperado, os russos estavam com pouco combustível. Paramos no posto em frente a Hockenheim pra abastecer. O autódromo tem uma linda arquitetura, visível a partir da estrada. (Na hora lembrei de Jacarepaguá, palco do meu primeiro track-day. Dá desgosto só de imaginar o que pode virar). O guia me disse que tem alguns programas do Porsche Driving Experience nesse autódromo e outros no safety center de Nürburgring. Eu tinha visto no site e fiquei com mais vontade ainda. Até treinamento offroad e de condução na neve/gelo eles tem. Eles sabem que fazem um hardware muito bom, mas sabem que o software, o condutor, tem que acompanhar. Todo fabricante sério de automóveis deveria ter esses programas. É muito mais que um test drive. Eu, particularmente, só me senti "em casa" com o carro depois de algumas horas, autobahnen e estradinhas secundárias, curvas de baixa, média e alta, com asfalto bom e ruim, usando a telona, o cruise control, computador de bordo, tudo!

E obviamente guardei ótimas memórias do carro. Se eu ganhar na loteria, mesmo podendo comprar algo mais caro, certamente visitarei primeiro a loja da Porsche. É marketing na melhor forma possível. Sinceramente não sei se Mercedes e BMW tem algo assim. Vou procurar saber...


Mas... o que é bom uma hora acaba. Devolvemos o carro com dor no coração. Ainda deu tempo de correr pro Porsche Museum e curtir um pouco do santuário que fizeram pra história da marca. Recomendo a todos. Não tivemos tempo pro Museu da Mercedes, nas redondezas, mas não cabia misturar tudo em uma viagem tão monomarca! Motivo pra voltar a Stuttgart!


Espero que tenham gostado do longo relato. É algo que pretendo repetir e recomendo a todos.

MM


Neste fim de semana, Gil de Ferran despediu-se da vida de piloto e correu pela última vez na sua carreira. Atual chefe e piloto de equipe da American Le Mans Series na categoria LMP1 com um Acura ARX-02a, Gil mostra que ainda está em alta.


Em homenagem ao seu primeiro empregador norte-americano, o famoso Jim Hall, Gil correu com o carro todo branco, que era a cor dos brilhantes Chaparral de Jim nos anos 60.


Gil fez seu nome na América pela Indycar nos anos 90, junto com outros brasileiros como André Ribeiro, Raul Boesel, Emerson Fittipaldi, Helinho Castroneves e Roberto 'Pupo' Moreno. Foi campeão da categoria em 2000 e 2001, e venceu a 500 Milhas de Indianápolis em 2003.

Na corrida deste fim de semana em Laguna Seca, Gil começou com o pé direito, conquistando a pole na qualificação, e terminou na melhor forma possível, vencendo a corrida de forma brilhante. Nada melhor poderia acontecer para ele, depois de tantos anos dedicados ao automobilismo.


Parabéns ao Gil, e obrigado por muitas vitórias para nós ao longo de todos esses anos.
Chevrolet Monte Carlo 1978, em uma exposição nos EUA, em 2007. Notem o bom-humor da placa colocada dentro do compartimento do motor.


Airbag, ABS, controle de estabilidade (ESP), brake-assist, cinto com pré-tensionador, airbag no cinto, GPS, limpador de pára-brisa automático, faróis que se acendem sozinhos, telefones integrados ao carro, bancos de ajuste elétrico com memória, aviso de mudança de faixa de rolamento, televisão, video games, DVD, motores flexíveis em combustível, alguns até com GLP (gás liquefeito de petróleo) além de etanol e gasolina, amortecedores com fluxo de óleo controlado por efeito magnético, capôs que se movem para suavizar o impacto de um pedestre atropelado.

Tudo isso e muito mais é encontrado nos carros modernos, até mesmo em vários feitos aqui, no Terceiro Mundo emergente.
Estamos, já há alguns anos, emergindo mesmo, de uma lagoa de pobreza automotiva, para imergir em um mar de confusão de siglas, sistemas, montes de fios, conectores e sensores e computadores e rotinas de funcionamento e de diagnóstico e mais e mais chatices que pouco dizem respeito ao prazer e satisfação no ato simples de dirigir um carro.
Quando nos deparamos com carros mais velhos que apresentam problema em algum desses sistemas, a vontade pessoal que tenho é de dar com uma marreta na cabeça de quem os idealizou. E colocar o carro com defeito dentro da sala de estar dessa pessoa, como naquela piada realista e comunista do bode.
Claro que não foi uma pessoa. Foi um comitê. Um insensível comitê, daqueles que consideram o carro como meio de transporte, pensando-o apenas como um gerador de receita para a empresa, e não como uma máquina com alma, "criada por glória e graça do espírito humano", como dizia um professor que tive.
Esse tipo de criatividade não pode levar a nada mais do que a banalização do automóvel, um assunto já tão comentado em vários textos no AUTOentusiastas, quando dissemos que os carros estão sendo tratados como eletrodomésticos. E pior, utensílios como aqueles video-cassetes ou mais modernamente, DVDs, celulares, ou outros aparelhos com centenas de funções que nunca são usadas.
Digam a verdade: quem pode ser tão limitado a ponto de precisar de verdade de um limpador de para-brisas que ligue sozinho? Se é que existe, esse tipo de pessoa não deveria nem mesmo ter CNH, concordam?
Me preocupo seriamente com esse problema da vida moderna, cheia de utilidades mais ou menos úteis, penduradas em nossos carros, nossas casas e em nós mesmos. Poucos param para pensar nisso tudo, apenas apreciam a mais recente novidade, e caem de cabeça nela, esquecendo que o excepcional de hoje pode ser a dor-de-cabeça de amanhã. Nem pensam que esses sistemas maravilhosos e moderníssimos são mesmo incríveis quando novos, mas que serão apenas sucata assim que os defeitos começarem.
E defeitos acontecem de verdade, aos montes, como podemos ver nas seções de cartas e reclamações em jornais e revistas daqui do Brasil e de fora também. Carros de todos os tipos, modelos e preços têm problemas, e não são poucos, e nem pouco importantes.
Pouco adianta pensar que carro é para ser comprado novo, e mantido enquanto estiver no período de garantia. Depois do primeiro dono, uma nova vida começa, e se não houver manutenção decente, em breve uma máquina excepcional pode ser apenas mais um carro abandonado. E a história se perde, se esvai.
Na verdade, a maior parte dos seres humanos é infantil, ou pelo menos, se infantiliza ao ver uma invenção chamativa. Quer sempre um brinquedo novo, por mais que já tenha vários. Se desespera por uma novidade, principalmente se ela for acoplada a um carro.
A loucura toma conta da mente das pessoas, quando uma novidade é colocada na frente delas, propagandeando um lançamento como sendo tudo que todos sempre quiseram.
Pensem bem, será que precisamos mesmo de todas essas coisas bacanas dentro de automóveis ? Pode ser bonito e até ter utilidade, mas será que são mesmo indispensáveis e fundamentais para o uso e funcionamento correto de um carro?
Na minha opinião, de forma alguma.
Mais fundamentais são peças relativas ao sistema dinâmico dos carros.
O melhor amortecedor e pneu deveriam por regra serem mais prioritários que o melhor rádio ou tecido de banco. Mas claro, pneu é apenas um negócio de borracha, redondo e preto, e não devemos nem pensar nele, como apregoava a pouco inteligente propaganda de um fabricante de pneus, anos atrás. Assim, pode até mesmo vir do outro lado do mundo, e não ter reposição no mercado, quem se importa?
De fato, posso parecer pessimista com tudo isso, mas está difícil ver ações sendo pensadas a favor do futuro do automóvel, da longa vida dos carros, de um futuro em que não será necessário jogar a máquina no lixo quando ela parar de funcionar, como já se faz com a maioria dos aparelhos eletrônicos.
Mas parece que estou sozinho nessa.

JJ

Tem gente que acha que o Porsche 356 era como um Puma: um carro esporte feito em cima de uma mecânica VW pouco modificada. Na verdade, apesar do esquema mecânico quase idêntico, os Porsches eram todos fabricados na Porsche, com peças exclusivas. Sim, nasceram como uma evolução do VW (que afinal de contas era um projeto recente da empresa), mas eram diferentes.

Como podemos ver na foto acima, de um motor dos primeiros 356: o cabeçote tinha as válvulas das pontas acionadas por um balancim diferente, e a válvula é inclinada para o centro do cilindro em um plano diferente da outra. Totalmente diferente dos VW da época, que também não tinha dois carburadores como o Porsche. A potência era praticamente o dobro da de um VW contemporâneo.

O 356 eventualmente evoluiria para ganhar o motor abaixo, o glorioso "Carrera". Um motor onde tudo vinha em dupla: 2 comandos de válvula para cada um dos dois cabeçotes, dois distribuidores, duas velas por cilindro, dois carburadores de corpo duplo e, no caso do Carrera 2, dois litros e 130 cv.

O ventilador de arrefecimento deste motor era tão forte que dizia-se que o Carrera 2 vinha com sua nuvem de poeira particular.

MAO