google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

Como nós, os consumidores, realmente ficamos importantes num mundo cada vez mais competitivo e de produtos cada vez mais caros e sofisticados! Em nosso nome muitos avanços tecnológicos são desenvolvidos, talvez na expectativa de atender a necessidades que nem nós mesmos sabemos que temos.

Vejam que interessante a nova manequim usada pela Porsche. A Susi, como ela é chamada, possui 26 sensores espalhados pelo corpinho de modelo para medir os efeitos causados pela turbulência do vento em altas velocidades nos modelos conversíveis da marca. Onze deles medem a velocidade do vento usando uma esfera aquecida por corrente elétrica. A velocidade é calculada através de uma correlação com a corrente elétrica necessária para manter a temperatura determinada. Os outros 15 sensores medem a turbulência do vento. Tudo isso em túnel de vento.

Antes da Susi os testes eram feitos com voluntários. Mas o problema é que alguns reportavam sensações diferentes para testes iguais porém feitos em dias diferentes. Aí não tem análise que chegue a uma conclusão objetiva. A Susi ainda está em desenvolvimento para ser usada em testes reais, em ambiente externo.

Apesar de a manequim se parecer com a famosa boneca Suzi (Susi é a abreviação de "System zur Untersuchung von Stromungsphanomenen irn Innenraum") -- duvido alguém conseguir falar isso, que significa algo como sistema de investigação de corrente de ar interior.

Ao ler essa notícia na The Panamera Magazine me lembrei de uma foto do Arnaldo em profunda realização dirigindo um MG TC 1949. Me perguntei se realmente precisamos de tanta sofisticação. Talvez um consumidor de Porsche, que precise gastar dezenas de milhares de dólares para se satisfazer e se mostrar, ache que sim.



Ainda não consigo entender. Faz muito tempo que tento, já conversei com muita gente, e nunca surge uma resposta. Por que os automaníacos são viciados em estado terminal pelos motores V-8?

Vejamos, pode ser por causa do passado. Grande parte dos carros que passaram por aqui no passado eram americanos equipados com V-8. Mas também passou por aqui o boxer VW, bem como os pequenos quatro-cilindros em linha da Renault e da Fiat. Ao longo dos anos, os V-8 foram desaparecendo, dando lugar aos mais baratos e mais econômicos motores. Voltaremos a isso depois.

Pode ser a potência dos motores, mas não faz muito sentido, já que os V-8 que conhecemos em grande maioria são ineficientes e com baixa potência específica. Existem motores mais potentes bem menores e mais eficientes, como os BMW e Porsche turbo, os motores italianos da Ferrari e Maserati. Se analisarmos com cuidado, até um motor diesel pode ser mais eficiente e com melhor aplicação.

Definitivamente não é pela tecnologia presente. A concepção não mudou muito em 40 anos, basicamente o que se precisa é um bloco de ferro enorme com oito buracos, um eixo comando de válvulas, algumas varetas e um carburador que pode sugar um passarinho pra dentro do motor sem dificuldades. Só mais recentemente que os V-8 americanos foram modernizados, mas com o mesmo princípio, e assim nasceu o LS7 GM, um dos melhores motores do mundo. Ford Cammers também. Os motores atuais da F-1 são V-8, mas pergunte pra qualquer entusiasta sobre V-8 de F-1 e a primeira coisa que ouvirá serão as letras D-F-V.

Talvez o som produzido por um motor desses, sua frequência de funcionamento e ordem harmônica inconfundíveis. Mas, calma lá, é um ronco como outro qualquer, característico como um Porsche boxer-6 ou um V-12 Ferrari. Não há como negar que um V-12 destes arrepia até a alma. E antes que já pensem que esqueci, Ferrari faz V-8 sim, há anos, e são maravilhosos, mas quase ninguém lembra de uma Ferrari por um V-8, certo? Os Bentley 6 ¾-litros são mais para o lado dos americanos, grandes mastodontes geradores de torque para virar o mundo pro outro lado.

Deve ser influência direta dos americanos com a questão do passado, pois é a cultura deles. É uma cópia de cultura, como quase tudo o que fazemos. De alguma forma, fomos infectados por eles. Não são os mais potentes, mas inegavelmente são potentes se bem preparados. Não são um primor de tecnologia, mas e daí? Não soam como um V-12 italiano que arrepia a alma, mas acordam os mortos e fazem as flores murcharem com seu ronco embaralho.

Ainda não sei o que é, talvez não precisemos de uma explicação, o que importa é que eles estão nas nossas vidas, e não nego que sou apaixonado por eles.

O post recente do Bob sobre o Chevette-Lotus me trouxe memórias variadas sobre o carrinho. Na verdade, mais do que memórias, me peguei pesquisando Chevettinhos a venda na web, um esporte que há tempos não praticava.

Foi aí que me deparei com isso:

http://www.webmotors.com.br/webmotors/carro/usado/chevrolet-chevette-1.6-sl-8v-gasolina-2p-manual/4061640/detalhe.wm

No início dos anos 90, fiz uma visita à oficina "Suspentécnica", aqui em SP, com vistas a melhorar o já excelente comportamento em curvas do meu Chevette 89 preto. Lá conheci o carro acima, do dono do estabelecimento.

Durante os anos 80 e início dos 90, essa conversão era relativamente popular. Hoje em dia sabemos que existe uma série de opções melhores (VW AP, V-6 de Blazer, até V-8 Chevrolet small-block), mas naquela época as coisas eram mais difíceis... E este carro é provavelmente o melhor do seu tipo.

Hoje fui a pé aqui perto, no bairro (Moema), fazer uma compra rápida e fiquei impressionado com o ruído do motor dos ônibus. Não só de escapamento, mas ruído mecânico. É impressionante como vivemos em meio a uma sinfonia de todo tipo de som alto.

O mesmo vale para os caminhões. Exceto alguns mais novos, como são barulhentos! Os caminhões de lixo precisam acelerar para acionar as pás rotativas de carga e o barulho é insuportável, especialmente à noite.

O que dizer dos turbodiesels que provocam o ruído de ar, amplificado de alguma forma, a cada troca de marcha, produzido pela válvula de prioridade?

Quando adolescente, eu fazia muito barulho com as bicicletas motorizadas e depois scooters, até que um dia vizinho de muro, um senhor americano, veio à rua e esbravejou: "Parem com esse barulho desnecessário!" Aquilo bateu fundo no garoto de 15 anos, foi uma grande lição que recebi. Barulho desnecessário: é isso mesmo!

Hoje, passados 51 anos, quando a minha audição deveria estar diminuída pelo efeito dos anos, está ocorrendo o oposto. Não dá mais para aguentar viver em meio a um mundo tão barulhento. Entre as fontes de ruído mais comuns nesta terra descoberta por Cabral, estão:

- volume elevado no áudio em qualquer tipo de festa, jantar ou reunião social, a ponto de tornar difícil conversar. Por que isso? Qual a graça?

- Só uma vez presenciei música em jantar cujo volume de som era adequado, a ponto de eu parabenizar o diretor de maior nível hierárquico naquele momento: lançamento do novo Vectra, em Brasília, outubro de 2005. O resto, todos, sem exceção, são um horror.

- veículos trafegando com os estéreos a pleno, o maior exemplo de imbecilidade misturada com incivilidade que existe. Adicionalmente, estacionar em algum lugar, como defronte a um boteco, abrir o hatch e o som. Dica: para isso adianta chamar a polícia, pois se trata de infração de trânsito. Só não adianta quando é som alto dentro de uma propriedade. Aí é coisa para o Psiu, mas a ação é retardada, não resolve o problema na hora.

- motocicletas com escapamento modificado para...fazer barulho. Tanto mecânica japonesa quanto americana, esta pior. Carros não ficam atrás, embora em número menor, mas há alguns em que proprietário devia pegar 10 anos de cadeia.

- ainda nas motos, os idiotas das 125 e 150-cm³ que ficam desligando a ignição em marcha para produzir estampidos pelo escapamento que mais parecem tiro de 32.

- Faz tempo que não volto do litoral num início de noite de domingo, mas há alguns anos, com a subida da Imigrantes carregada, o buzinaço nos túneis era enlouquecedor. Que turma de bobos-alegres!

- falar em voz alta nos ambientes. No recente funeral do João Gurgel fiquei chocado com o vozerio no saguão contíguo à câmara do velório, no Cemitério Morumby. Parecia festa. Ninguém estava nem aí para mostrar respeito e reverência ao falecido e à família.

- uma das maiores fontes de ruído no trânsito provinha dos Fuscas, que felizmente existem em número bem menor hoje. Não que o carrinho fosse barulhento de fábrica, o que acontecia é que 99,99% dos proprietários mandava remover o elemento de lã-de-vidro dos tubos duplos de escapamento e, não raro, dobravam-nos para cima. Como o som se propaga melhor na vertical do que na horizontal, o efeito para os ouvidos era perverso. Nesse ponto, ainda bem que sumiram.

BS