Com o término da categoria conhecida como FIA Grupo 5 e suas subdivisões no começo dos anos 1980, o Grupo C entrou como a categoria principal do Campeonato Mundial de
Endurance. Ao longo dos anos, passando por diversos nomes (Mundial de
Endurance, Mundial de
Esporte-Protótipo e Mundial de Carros
Esporte), o campeonato era uma das grandes
atrações do automobilismo mundial, dividindo público e atenção da
mídia com a Fórmula 1 e o Mundial de
Rali.
Ao meu ver, foram os anos mais marcantes do
Endurance mundial. Não estavam mais presentes o charme e
glamour das décadas passadas, mas tecnicamente foi uma era de grandes avanços. O campeonato era um verdadeiro
multimarcas, com equipes oficiais de fábricas do mundo todo.
Jaguares V-12,
Porsches flat-6 e Mercedes V-8 turboalimentados, os
Mazdas Wankel,
Toyotas,
Nissans e
Aston Martins, e os últimos anos representativos no automobilismo da
Lancia e da lendária equipe
Martini Racing. Nomes como
Jan Lammers, Martin
Brundle, Michael
Schumacher,
Hans J. Stuck,
Derek Bell,
Klaus Ludwig, Eddie Cheever, Henri Pescarolo,
Jochen Mass, Jean-Louis
Schlesser e nosso Raul
Boesel, campeão da temporada de 1987 pela equipe Jaguar.
Não eram meros carros de corrida, eram máquinas de alta precisão com monstruosos motores de 800, 900 e até 1.000
cv. Foram os últimos anos do verdadeiro efeito-asa e de velocidades superiores a 400 km/h. Disputas acirradas até a última curva após horas e horas de corrida não eram cenas raras, e raramente havia favoritos.
Mas, como em outras categorias, os avanços marcaram sua morte no começo dos anos 1990. As preocupações com segurança estavam cada dia mais imponentes, o que decretou seu fim, após anos de acidentes fatais envolvendo pilotos, mecânicos e oficiais de pista. Não era mais aceitável que tais carros atingissem tamanha velocidade. Juntamente com o Grupo B de
Rali, o fim do Grupo C marcou o fim da era da insanidade construtiva, da disputa de desenvolvimento por mais potência e maiores velocidades, e uma variedade de carros participantes com equivalentes chances de vitória. Uma triste perda, sem dúvida.
