google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): panamera
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Inegavelmente, o Porsche 911 é um dos carros mais desejados do mundo. Existe uma aura ao seu redor que é difícil de se igualar. Inovações tecnológicas são introduzidas constantemente com a experiência obtida nas pistas. São anos de aperfeiçoamento e desenvolvimento contínuo. O 911 é pura evolução. Ou seja, a Porsche não reinventa o carro a cada geração. Isso contribui para que seu desenho seja uma espécie de logomarca que é reconhecido por quase que qualquer pessoa, entusiasta ou não. O 911 é sempre o carro a ser batido pelos concorrentes. Um ícone atemporal.


O Panamera é o assunto do momento quando falamos de Porsche. É o primeiro quatro portas não-SUV da marca a entrar em produção, com apelo de desempenho de um 911 para a família.

Mas na verdade, não foi o primeiro Porsche quatro portas. Quer dizer, não no mundo dos carros customizados. Em 1967, o revendedor da marca no Texas chamado William Dick, contratou a empresa Troutman & Barnes (TB) para construir um 911 quatro portas. A TB era famosa na época pela região por desenvolverem carros de corrida de qualidade.
O carro foi para as mãos de Bill Harrah, grande nome no ramo dos hotéis e cassinos dos Estados Unidos, e um dos maiores colecionadores de carros do país, hoje com coleções expostas em diversos museus.

Se a Porsche quis abalar o mercado com essa novidade entrando em linha, chegaram tarde, pois já pensaram no que seria um Panamera quarenta anos antes. E, diga-se de passagem ao meu gosto, mais harmonioso. E não vamos esquecer que nos anos 80 a própria Porsche fez o conceito 989, que era um 911 esticado com mais duas portas, exatamente como foi o carro de Harrah de 1967.

Porsche 989 Concept - 1988

É, mais uma vez, as novidades não são tão novas assim.

Como diz a famosa música do quarteto escocês Nazareth que dá título a este post, a vida dos amantes da Porsche sempre teve espinhos. A empresa de Zuffenhausen continua testando os limites possíveis do amor de seus seguidores, mas sempre consegue escapar para tentar de novo.
Para que os menos versados na história da companhia, explica-se:

Na verdade, a Porsche, em seus primeiros anos de vida como fabricante, fazia uns carros que, à primeira vista, seriam dificílimos de vender.

Eram pequenos, estranhos, parecendo uma nave extraterrestre na qual foram adicionadas rodinhas para rodar no solo. Além disso, eram obviamente baseados no VW, mas custavam uma fortuna. Eram velozes em termos relativos (para motores de menos de 1,5 litro) mas em termos absolutos, lentos pelo preço que era cobrado por eles.

Por meio de um inteligente programa de competições, da fama do nome Porsche e da exclusividade advinda da pequena quantidade de carros produzidos, a empresa conseguiu um status invejável em pouco tempo. Quem tinha um Porsche acreditava fazer parte de um clube seleto, que entendia porque aquelas banheirinhas invertidas eram especiais. Acreditava ser um motorista melhor, por causa da notória propensão a sair de traseira subitamente. Acreditava dirigir um carro do futuro, pequeno, mas veloz , aerodinâmico e eficiente. Se imaginava diferente, e sabedor de segredos que os menos iniciados na arte de dirigir não conheciam.

Desta forma, desde cedo a espécie que hoje conhecemos com o nome geral de "Porschéfilo" começou a proliferar e diversificar. Abaixo segue o resultado do último estudo científico feito para classificá-los, já atualizado com as espécies mais recentes que apareceram no lançamento do Panamera. Classificados por ordem de nível de Porschefilia crônica, sendo 10 os mais doentes e 1 os mais "normais".

Nível 10:

Tipo inicial de Porschéfilo. Este indivíduo acredita que a Porsche traiu seus princípios quando lançou o 356A em 1955. Para ele, a terrível instabilidade dos Porsches era uma virtude, porque separava os homens das crianças, os pilotos dos meros motoristas. O 356A era muito melhor (com uma ajudinha de Zora), mas esse tipo de Porschéfilo doente achou que a Porsche ficou molenga, que fez o 356A benigno para americanos gordos e abandonou seus seguidores fiéis. Prova de que tudo é relativo nesse mundo.

A maioria desse tipo de Porschéfilo já morreu. Alguns poucos ainda podem ser vistos indo pra lá e prá cá em umas estranhas banheirinhas invertidas feitas em alumínio num celeiro no interior da Áustria, com pequenos motores de 1,1 litro e 40 cv, e ainda se acham superiores a tudo mais que existe. A maioria deles, obviamente se concentra na Inglaterra, ilha para onde foram banidos todos os realmente estranhos.

Nível 9:

Variação pequena em relação ao anterior; aceitou resignado o 356A e o B. Mas o C foi muito! Tinha até aquecedor (movido a gasolina) que funcionava, e era pesado demais e ágil de menos. Obviamente, uma traição aos princípios que fundaram aquela empresa!

Nível 8:

O mais famoso Porschéfilo nível 8 que se tem notícia foi o conhecidíssimo jornalista (e co-piloto de Moss na lendária Mille Miglia de 55) Denis "Jenks" Jenkinson. Jenks era famoso por acompanhar por anos o circo de F-1 a bordo de seu fiel 356 de 1955, e era um conhecido e devotado membro da irmandade Porschéfila. Mas tudo isso mudou quando o 911 foi lançado.

Jenks ficou chateadíssimo com o seis-cilindros lá atrás. Muito pesado, iria sacrificar o delicado e perfeito balanceamento do 356 no altar da maior potência. Ficou muito grande, gordo, pesado, un-Porsche.

Nosso amigo abandonou a irmandade: trocou o 55 por um Jaguar E-Type ("seis cilindros por seis cilindros, melhor 4,2 litros do que 2") e pasmem: se recusou, mesmo tendo acesso total a carros de imprensa da Porsche, a mesmo experimentar o 911!! Meu tipo de sujeito...

O irônico é que quando finalmente o experimentou, em 1967, adorou o carro. Não há lógica na paixão.

Nível 7:

A maioria dos nível 7 conheceu a Porsche já no 911, mas ainda era ligado às suas raízes do 356. Esses acharam que a Porsche morreu quando lançou, em 1976, o 924. Tudo bem, era feito de componentes VW como os 356, mas motor DIANTEIRO? E refrigerado a água? Inaceitável.

Quando veio o 928, então, com um V8 lá na frente, o nível 7 vendeu seu 911 e se mudou para o Tibet para aprender a controlar a raiva num mosteiro budista.

Nível 6 e 5:

Tolerou os refrigerados a água, mas não suportou o 911 Turbo ganhar a 5a. marcha em 1986.
Explica-se: esses doentes achavam que a esta época, o Turbo, que se mantinha inalterado desde 1978, era o exemplo da perfeição. Mexer nele era sacrilégio.

Esse tipo de entusiasta da marca usava o turbo como bandeira: a Porsche tentava substituir os 911 pelo 928, mas eles continuavam comprando o velho carro, que por seu comportamento assassino (turbo-lag abundante, sobresterço maligno) era como os primeiros Porsche, separadores de homens e moçoilas. Na verdade, o problema não foi só a quinta overdrive; em 86 deram uma civilizada geral no comportamento do carro. De novo, a Porsche fazia concessões a “pessoas normais”, segundo o nível 6.

O nível 5 é quase o mesmo. Esses se incomodaram, mas relevaram a ligeira civilização do Turbo, mas ficaram ofendidíssimos quando o carro foi descontinuado logo em seguida.

Nível 4:

Porsche 911 refrigerado a água. Precisa dizer mais?

Nível 3:

Aceitou o 911 refrigerado a água, achou o Boxster genial, mas não pode pactuar com uma perua Porsche de 325 toneladas, tração total e V8 dianteiro refrigerado a água, por mais rápida, veloz e ágil que ela fosse.

Nível 2:

Tinha relevado a Cayenne meio a contragosto, mas com o lançamento do Panamera decidiu que nada é mesmo sagrado, e voltou a achar que o último Porsche de verdade foi o último refrigerado a ar, o 911 Turbo de 1998.

O colunista que vos fala é acometido de Porschefilia crônica neste estágio. Quando acusam-no de purismo, ele aponta que é purista sim, mas num nível bem baixinho...

Nível 1:

Nivel de pessoa normal. O Bob Sharp é o mais conhecido representante. Para ele, não importa como são os Porsches, e sim o resultado. Se é Porsche, foi bem projetado, então ele gosta. Mesmo sem experimentá-los, dirigi-los só irá confirmar o que era esperado.

Lógica perfeita, mas um pouco pragmático demais para este que vos fala...

Quem nunca sentiu a dor de amar e ser traído?

MAO

Esta semana a turma que faz este blog discutiu bastante o Panamera. Acho que nestas conversas eu finalmente decidi minha opinião sobre ele.

Minha opinião sobre o Panamera é a mesma que tenho sobre o Cayenne: preferia que não existisse.

Não há dúvida que o Panamera, assim como o Cayenne, será um carro ótimo. Provavelmente será o melhor carro do seu tipo, como o é o Cayenne. E aí está a raiz do problema. Existem literalmente dúzias de peruas 4x4, altas, caras, com V8s superpotentes à venda hoje em dia. Mercedes, BMWs, Range Rovers, e até baratas Jeep SRT8 e Chevrolets SS.

Existem também um monte de sedãs esportivos: Maseratis, Mercedes, BMWs.

Mas só existe um Porsche 911. Não há mais nada como ele. Isto é que costumava fazer um Porsche especial: uma fórmula única e inimitável. Se a particular forma de cupê 2+2 com motor contraposto traseiro lhe toca como faz a mim, só existe um lugar onde consegui-lo: no subúrbio de Stuttgart chamado Zuffenhausen.

Não sou tão tradicionalista a ponto de achar que empresa morreu, ou que não significa mais nada, mas gostaria que ambos os carros nunca tivessem existido. Antes deles, se uma pessoa lhe dizia que tinha um Porsche, você sabia que era um tipo especial e diferente de pessoa que entendia uma longa e bonita tradição. Ao contrário do Ferrari, que sempre contou com jogadores de futebol deslumbrados entre seus donos, a Porsche apetecia a quem gostava de dirigir, e só a eles. Agora, "eu tenho um Porsche" não significa mais nada. Só que o cara tem algum dinheiro.

E o que me deixa mais triste, no caso do Panamera, é que a ideia é ótima. Não existe motivo para que um carro esporte não possa ter 4 lugares, 4 portas e portamalas. E não existe motivo para que um Porsche não possa ter 4 lugares, 4 portas e portamalas. Mas a ótima ideia pegou o caminho errado.

E por que? Vejam bem, a Porsche teve um bruta trabalhão para fazer a experiência de dirigir o Panamera ser digna de Porsche (ou seja, fosse como um 911). Teve um trabalho danado também para que o carro tivesse aparência de Porsche (ou seja, parecido a um 911). Então por que cargas d'água ela não fez ele SER um Porsche de uma vez????

Bastava colocar um motor contraposto lá atrás, ou mesmo em posição central-traseira. Caramba, era só alongar um 911, pelamordedeus!!!

Conseguiria um carro original e único como o 911, que agradaria os puristas e os não-entusiastas (que nem sabem onde fica o motor de qquer forma) duma vez só.

O Panamera me entristece não pelo que é, mas por tudo de grande que poderia ter sido.

MAO
Esse papo todo de Panamera que rola por aqui me lembrou de algo que escrevi algum tempo atrás:

http://www2.uol.com.br/bestcars/colunas/e125.htm

Não é a primeira vez que a Porsche quer fazer um carro para 4/5 pessoas. A primeira tentativa foi um 356 de entreeixos aumentado, ainda nos anos 50. Depois, iniciou o projeto que viria a se tornar o 911, imaginado inicialmente como um carro para 4 pessoas (de verdade, adultas, não crianças), mas que acabou sendo um 2+2. Finalmente houve o 989, explicado acima. O Panamera, então, tem que ser entendido como a realização de uma idéia que vem amadurecendo há praticamente 50 anos.

Ainda não consegui decidir minha opinião sobre ele. Como o Cayenne, obviamente deve ser um carro fantástico em análise puramente objetiva, mas não sei não. Ainda tenho dificuldade em aceitar Porsches refrigerados a água e gostava mesmo é do 356.

Call me old-fashioned, mas se pelo menos a empresa de Stuttgart-Zuffenhausen fizesse ainda somente carros esporte, como fez por 54 anos, e como ainda faz a Ferrari, eu talvez aceitasse a refrigeração líquida...

Mas, vamos esperar. O Panamera é diferente, e isso me atrai. Se a Porsche me emprestar um para experimentar, talvez mude de idéia!

MAO

Desde o começo do ano, a Porsche vem anunciando a produção de um sedã esportivo. Não muito tempo atrás, liberaram as imagens do Panamera.

O que deu na Porsche? Provavelmente a mesma coisa que deu quando lançaram o Cayenne. Não vou negar que o 911 é um lindo carro, mesmo que seu design seja o mesmo há 40 anos. Mas, assim como o Cayenne, o novo sedã é apenas um 911 que cresceu mais do que deveria e tiveram que mudar o nome.

Não é bonito, aliás é assustadoramente feio e desproporcional. O 911 mantém até hoje a beleza da sua forma, suas proporções são muito agradáveis e acredito que continuará assim por um bom tempo. Mas, como o Cayenne, deve ser mais uma fonte de dinheiro para a Porsche, o que por um lado é bom, assim podemos ter novos GT3 RS, GT2, Carreras GT e afins.

Em sã consciência, quem preferiria um Panamera a um Aston Martin Rapide ou um Maserati Quattroporte? Vai saber, gosto não se discute, não?