Foto: www.asme.org
Acho que todos concordam que o som é uma das coisas mais importantes na nossa vida. Todos temos sons guardados na memória que remontam aos nossos primeiros anos de consciência do mundo ao redor. É som que nos deixa em contato com o mundo quando não vemos ou avistamos alguma coisa, por exemplo, um barulho estranho na casa ou no carro.
Compartilho com o leitor alguns sons que marcaram nesses meus 71 anos, com os quais, estou certo muitos irão se identificar. Dado o tipo de blog que o AUTOentusiastas é, sons ligados ao automóvel, claro.
Um dos primeiros sons marcantes, ou o primeiro, foi de carro de corrida. Em 1946 a família se mudou de um apartamento em Copacabana para uma casa na Gávea. Eu tinha quatro anos. Em 1949, com em todos os anos, houve a corrida no Circuito da Gávea, o Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro, em março. Acho que foi a primeira corrida que assisti (houve Gáveas em 1947 e 1948, mas não lembro se as assisti). Nossa casa ficava numa transversal da rua Marquês de São Vicente e ficava a 100 metros dela, que era parte do circuito. Eu tinha 6 anos, completados em novembro.
Pois bem, o berro do motor do Maserati do italiano Luigi Villoresi, que hoje sei se tratar de um 4CLT San Remo, 8 cilindros em linha de 1.490 cm³ com dois compressores, quatro válvulas por cilindro, 290 cv, até hoje está indelével na minha memória, guardado junto com o odor do escapamento, que trazia do motor uma mistura queimada de gasolina, álcool e benzeno impregnada com o óleo lubrificante à base de óleo de rícino que era alucinante. Villoresi venceu, com Giuseppe Farina, Ferrari, em segundo.
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O Maserati 4CLT de Villoresi na curva da rua João Borges; note o calçamento de paralelepípedos e os trilhos do bonde (foto do meu irmão) |