google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)



O Brasil tem uma boa parte de seu movimento econômico baseado em automóveis. É uma indústria de grande porte, com muitas fábricas funcionando, e que entrega à Nação uma enorme riqueza, principalmente na forma de impostos. Há uma quantidade muito grande de pessoas, empresas e serviços que existem por causa do veículo automotor.

O País, porém, trata os carros como fonte de renda, apenas. Não há facilidades nem benefícios para que precisa ou apenas quer ter um carro particular, direito de quem pode e quer pagar por um. Não confunda o que está dito com facilidade para financiar um carro novo. Essa provém dos bancos, que vivem de vender dinheiro, assunto que prefiro não comentar. Ter um carro no Brasil significa ser afetado constantemente por dificuldades de todos os tipos, em sua quase totalidade atingindo o bolso.
Primeiro XK120 do Clark Gable, um de 1949, todo em alumínio. Mesma cor do meu 1952

E assim, seguindo sobre minhas aventuras juvenis com o Jaguar XK120 iniciada no post anterior, naquela manhã de 1972 me mandei com meu XK da oficina do japonês e toquei para casa, ainda não acreditando que tinha um carro. E que carro!

Porém, antes, se o caro leitor permitir, creio que seria bom contar um pouco da história do XK, já que certas personagens merecem apresentação. Serei breve, mas antes do antes, já que estamos aqui para contar histórias, e falando sobre quem merece as devidas apresentações, me recordei de uma tarde de quarta-feira em que o Luiz Pereira Bueno e eu fomos a Interlagos para guiar um BMW Glas e um Porsche 356 para uma matéria de uma revista.

O Roberto Manzini, dono de uma ótima escola de pilotagem, nos cedera a pista em seu horário de aulas práticas para que pudéssemos guiar os carros e tirar umas fotos. Bom, quando o Luizinho e eu chegamos ao box em que estavam os alunos, o Roberto parou tudo e correu para abraçar seu ídolo. Virou-se e, com aquela pinta e vozeirão de gladiador romano, fez a devida apresentação do Luiz à moçada. Disse que aquele sujeito ali – que aos olhos dos alunos não passava de um coroa baixinho, barrigudinho e um tanto calvo – era o melhor piloto brasileiro de todos os tempos, que era o único a quem pedira autógrafo, e passou a contar alguns dos feitos do modesto e calado Luizinho.

Parece carro japonês, mas veja o cavalinho na grade

Com a maioria dos carros que abusaram das linhas de caráter angulosas, esse Ferrari 308 GT Rainbow poderia fazer sucesso na década de 1980, alguns anos à frente de quando foi apresentado, 1976. Veio um pouco antes da hora, portanto. O Rainbow foi mostrado quando a Ferrari estava prestes a encerrar produção do Dino, lançado em 1968, um carro de linhas curvilíneas que se tornou um dos verdadeiros clássicos da história, tanto da Ferrari quanto da indústria como um todo.

Ao olharmos para o Rainbow (arco-íris), um outro carro  vem à memória imediatamente, e não sem motivo. O Fiat X1/9, também um desenho do Studio Bertone, lançado em 1972, sob o comando do mesmo estilista-chefe, o lendário Marcello Gandini.

Com para-choques de especificação americana. Terrível

Foto: Paulo Keller



A pedido de alguns leitores, conto minha história com um amigo de infância, o Jaguar XK120.

Naquele começo de noite a temperatura estava amena; nem calor nem frio. Era um domingo de 1972, portanto, 40 anos atrás, e a Honda 750 Four do meu tio estava passando uns dias em casa. Volta e meia ele a deixava lá, casa de sua irmã, para que seus sobrinhos passeassem com a moto. Só passear, sem acelerar, sem enrolar o cabo. “— Claro, tio! louco acelerar essa moto! Dá medo!”.

Eu tinha meus 16 anos, meu irmão é um pouco mais velho, e nenhum dos dois tinha medo de coisa nenhuma.

Pois nessa noite a morena Vi passara em casa à procura do meu irmão e para a minha sorte ele não estava e eu sim. Meus olhos de 16 anos latejaram diante dos tremendos “pulmões” da Vi, dois volumes redondos e macios só separados do mundo por uma leve camiseta branca de algodão. O cavalheirismo me obrigou a convidá-la para um passeio de moto. Uma moça não poderia vir à casa dos Keller e sair desapontada. Um dos dois teria que atender.