google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Parece carro japonês, mas veja o cavalinho na grade

Com a maioria dos carros que abusaram das linhas de caráter angulosas, esse Ferrari 308 GT Rainbow poderia fazer sucesso na década de 1980, alguns anos à frente de quando foi apresentado, 1976. Veio um pouco antes da hora, portanto. O Rainbow foi mostrado quando a Ferrari estava prestes a encerrar produção do Dino, lançado em 1968, um carro de linhas curvilíneas que se tornou um dos verdadeiros clássicos da história, tanto da Ferrari quanto da indústria como um todo.

Ao olharmos para o Rainbow (arco-íris), um outro carro  vem à memória imediatamente, e não sem motivo. O Fiat X1/9, também um desenho do Studio Bertone, lançado em 1972, sob o comando do mesmo estilista-chefe, o lendário Marcello Gandini.

Com para-choques de especificação americana. Terrível

Foto: Paulo Keller



A pedido de alguns leitores, conto minha história com um amigo de infância, o Jaguar XK120.

Naquele começo de noite a temperatura estava amena; nem calor nem frio. Era um domingo de 1972, portanto, 40 anos atrás, e a Honda 750 Four do meu tio estava passando uns dias em casa. Volta e meia ele a deixava lá, casa de sua irmã, para que seus sobrinhos passeassem com a moto. Só passear, sem acelerar, sem enrolar o cabo. “— Claro, tio! louco acelerar essa moto! Dá medo!”.

Eu tinha meus 16 anos, meu irmão é um pouco mais velho, e nenhum dos dois tinha medo de coisa nenhuma.

Pois nessa noite a morena Vi passara em casa à procura do meu irmão e para a minha sorte ele não estava e eu sim. Meus olhos de 16 anos latejaram diante dos tremendos “pulmões” da Vi, dois volumes redondos e macios só separados do mundo por uma leve camiseta branca de algodão. O cavalheirismo me obrigou a convidá-la para um passeio de moto. Uma moça não poderia vir à casa dos Keller e sair desapontada. Um dos dois teria que atender.



Era 16 de junho de 2007. Há muito que eu fazia questão de assistir a "Subida de Montanha Internacional de Autos Clássicos e Esporte", organizada pelo Eduardo Pessoa de Melo através do Auto Union DKW Club do Brasil. Valia a pena acordar com as galinhas para encontrar velhos amigos e ver (e rever) automóveis antigos diversos, dos mais singelos aos mais sofisticados e exclusivos.

No caso, o evento se encontrava em sua 27ª edição e naquela época eu ainda escrevia para a saudosa revista Oficina Mecânica, editada pelo amigo Josias Silveira e pelo seu filho Guilherme (o Badu). Tudo funcionava em cima da hora: eu ligava para o Badu de madrugada e avisava " indo pro Pico do Jaraguá, quer umas fotos?".

O Badu, como bom amigo e com o orçamento da revista sempre apertado, sempre dava um jeito de encaixar o evento na revista, com um textinho que eu mandava junto com as fotos. Naquele dia, todo mundo só tinha olhos para o Maverick branco do Batistinha (que havia acabado de estabelecer o novo recorde de 2m33,17s), o malvado Dodge Charger R/T do Emílio Lozada ou o Opel GT do Rubens Duailibi.
Fotos: autor

"Aquele terreno cheio de carros velhos no meio da neve parecia a entrada do Paraíso"


Este post marca a chegada – uma grande chegada! – de mais um nome ao time do AUTOentusiastas: Josias Silveira. Ele é, sem nenhuma dúvida, um dos expoentes da imprensa automobilistica brasileira. Muitos leitores conhecem o trabalho dele comandando as revistas Duas Rodas e Oficina Mecânica, editadas a partir de 1974 e 1987, respectivamente, com quem, nesta última, tive o prazer de trabalhar (e aprender) de 1988 a 1992. Mais do que jornalista, porém, o Josias é o próprio autoentusiasta, em toda sua essência. Convidá-lo foi sugestão de um leitor, o Leister, depois que leu o post sobre o novo Clio, no qual conto a viagem de volta do Rio com o Josias e a Ana Flávia Furlan. Depois de falar no dia seguinte com ele, nos encontramos no evento da apresentação do Fusca à imprensa no dia 28 último, quando finalmente acertamos o ingresso dele no nosso time.
A estréia do Josias é com a reportagem/conto "Sorvete de Graxa", inédita na internet, bem como as fotos, que acabou dando origem ao livro homônimo, da Editora Europa (www.europanet.com.br), escrito pelo Josias. É uma história deliciosa, que tem a cara dele, e tenho certeza de que os leitores a apreciarão, bem como as outras que virão.
Bem-vindo ao AUTOentusiastas, amigo Josias!

Bob Sharp e a equipe de editores

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Sorvete de Graxa

Por Josias Silveira


O livro de autoria do Josias
Aquele terreno cheio de carros velhos no meio da neve parecia a entrada do Paraíso. Coisa de maluco. Ou de maluco por carros velhos. Apesar de gastar boa parte do meu tempo testando e analisando automóveis novinhos – quase sempre antes do lançamento – adoro um caco velho. Automóvel novo parece eletrodoméstico, e no Brasil tem sempre das mesmas cores (entre o prata e o preto) iguais ao do vizinho, prontos para serem perdidos no estacionamento do shopping... 

Já um carrinho bem usado tem personalidade, tem vontade própria, você precisa negociar e conversar com ele para ir longe. É único. Um monte de emoção aprisionado em peças velhas, esforçadas para continuar na luta. Ou na estrada.

Por isso, aquele dia cheio de neve no norte dos Estados Unidos tinha tudo para render bons momentos de graxa e felicidade. E meu velho Subaru, lá no Brasil, ia ganhar vida nova com as peças velhas catadas no estado de Michigan, em pleno rigor do inverno.