google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)


 
Dizer que gosto de ir ao encontro anual de carros antigos de Águas de Lindóia é chover no molhado, para abusar de um trocadilho batido, mas que foi fartamente reciclado falando de Lindóia 2012. Vou todo ano desde nem me lembro de quando (faz pelo menos 10 anos com certeza), e esta tradição já virou algo pelo que espero ansioso o ano inteiro. Mas o mais difícil é dizer o porquê.

Para quem nunca foi, vale explicar um pouco o tamanho da roubada. Primeiro, a cidade fica absurdamente cheia, a ponto de ficar impossível estacionar em lugar algum perto da praça do evento. A comida, se você não estiver hospedado em algum hotel, é sanduíche na praça. Banheiros públicos? Boa sorte se você precisar de algum... E para terminar, logo depois do almoço a praça fica tão cheia de gente que você começa a achar que está em um Shopping Center no sábado, uma das piores coisas que podem acontecer a um humano macho adulto.

Fotos: Kawasaki e autor
Kawasaki Vulcan 900 Classic

Hoje amanheceu chovendo. Dia cinza. Pelo jeito vai chover o dia todo. Ontem foi assim, choveu dia e noite, ora forte, ora garoa fna e fria. E a moto lá, parada – uma Vulcan 900 Classic – com os ferros gelados. E eu aqui, parado, afinzão de andar de moto.

Belo nome, Vulcan. Sugestivo. Força de um vulcão, ronco grosso de um vulcão, isso tudo despertado ao apertar um botão e virar um manete.

Antes de malhar essa chuva constante passei alguns dias passeando com ela. Isso mesmo, só passeando. Em São Paulo não dá mais para usar a moto como meio de transporte – não em sã consciência, não se você pretende manter seus ossos inteiros. Com a cabeça quente dos compromissos fica fácil darmos bobeira. O risco ficou acima do aceitável, uma pena. Portanto, deixei para sair com ela durante as noites e nas manhãs do longo feriado. Aí, sim, com ruas e avenidas vazias, passeei à vontade, curtindo a moto. 

Foto: autor


Como já falei diversas vezes aqui neste AE, não dá para avaliar totalmente um carro no evento de lançamento. É preciso mais tempo, mais vivência com o veículo, como acabou de acontecer com o J5 – sem "filmes" nos vidros de condução!

O J5 deixou uma impressão muito boa após 10 dias com ele. Com 3.500 km no hodômetro, o motor estava nitidamente melhor do que o do carro em que andei em Salvador, que tinha pouco mais de 100 quilômetros rodados, apesar de lá ser nível do mar e eu estar em São Paulo, a 800 metros de altitude. Andei com carro vazio e cheio e nada de sensação de motor litro-e-meio. Anda bem com baixo giro e requer pouca intervenção do câmbio quando se quer retomar velocidade de maneira normal. Reduzir, só quando se quer realmente fazê-lo mais rapidamente. E o comando de câmbio é perfeito no toque e no uso.

A suavidade de funcionamento do motor é outro ponto alto. Em marca-lenta a 800 rpm é absolutamente silencioso e macio, se não fosse o conta-giros teria-se dúvida se estava mesmo ligado (não é mérito, é obrigação de qualquer motor atual, com o avanço da tecnologia de projeto e manufatura).

Foto: autoservico.blogspot.com



Outro dia pensava em defeitos comuns nos carros que vicenciei enquanto trabalhei em oficinas de concessionárias, uma delas da qual fui sócio, no Rio, de 1967 a 1978. A lista é grande, mas alguns são mais significativos. Por exemplo, ferrugem. A incidência desse problema era alarmante, mesmo dentro do exígüo prazo de garantia de então, 1 ano e com limite baixo de quilometragem, tipo 30.000 km. Os representantes de assistência técnica das fábricas (chamados de "inspetores" na época) eram chamados com freqüência para avaliar e autorizar o reparo. Às vezes trocava-se a carroceria inteira em garantia, como ocorreu uma vez com um Karmann-Ghia 1600 1971.

A ferrugem aparecia nos mais diversos pontos, não havia um padrão. Hoje acabou, carroceria e pintura duram consideravelmente mais graças a chapas de mais qualidade e cuidado no processo de preparação da pintura e dela propriamente dita.

Outra praga era entrada de água. Hoje praticamente não existe mais. Uma fonte de problema disso era a guarnição dos vidros do pára-brisa e traseiro, que não vedava adequadamente, sendo preciso vedá-la com massa apropriada e em muitos casos, substituí-la. Com a chegada dos vidros colados, inaugurada no Brasil pelo Kadett em 1989, essa causa foi eliminada. Além dessa vantagem, o vidro, uma vez colado, passou a participar da resistência estrutural da carroceria. Uma brilhante solução realmente, tipo ovo de colombo.