Era fim de tarde e lá vinha o Maserati Spyder amarelo, sozinho pela Reta dos Boxes. Capota arriada, ele passou até que rapidinho, algo acima dos 180 km/h. Passou por nós e nitidamente via-se o sorriso da bela loira de cabelos esvoaçantes que ia ao lado do piloto. E assim o Spyder seguiu para a freada do S do Senna. Seria agora que eu ia ver se o cara merecia o tocar carro ou não.
E aí escuto uma sucessão de reduções de marcha... uóóóhmm, uóóhumm, uóóhmmm!... reduções feitas com punta-taccos perfeitos!
Caraca!, pensei, enquanto dava um tapinha na própria boca, o Amaury Júnior pilota pacas, o baixinho de voz de trombone é craque!
Confesso que pouco antes, quando o vi todo atrapalhado se acomodando no esportivo, e também por tê-lo como uma figura meio caricata, achei que o apresentador não era do ramo automobilístico. Faltava-lhe intimidade com a máquina. Além do mais, outra coisa que me irritara é que estávamos no lançamento do então novo modelo, o primeiro após a intervenção da Ferrari na direção da fábrica, e esse sujeito falante e desinibido não estivera na coletiva dada pelos engenheiros italianos da Maserati nem nada, nem aí com a reverência que o carro merecia, nem aí com o carro, ele estava lá pelo glamour da coisa, pelo luxo, pela ostentação vaidosa – e essa é uma coisa que me dá uma embrulhada no estômago.