google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Timo Salonen e Seppo Harjanne vencendo em Portugal, 1985


 "Life is a tale told by an idiot, full of sound and fury, signifying nothing." (A vida é uma estória contada por um idiota, cheia de som e fúria, significando nada)
William Shakespeare - Macbeth (Ato V, Cena V).

O assunto desse texto é dos que mais gosto. A julgar pelo entusiasmo dos comentários dos leitores toda vez que colocamos algo sobre ralis e principalmente sobre os carros do mítico Grupo B, a preferência não é só minha. Quem gosta de ralis dificilmente diz que existe alguma outra modalidade mais emocionante no esporte motorizado.

É uma história incrível, bela e trágica ao mesmo tempo, onde heróis foram forjados, outros pereceram e vários tiveram a confirmação que eram apenas seres humanos normais que tentaram enfrentar monstros. Não é possível colocar em poucas palavras algo que foi tão importante à época, e que gerou tantas mudanças no esporte, em poucas palavras. Profissionais altamente gabaritados com anos de experiência em ralis retrataram essa parte da história da modalidade, e as obras estão publicadas para quem quiser se aprofundar. Tentei então fazer uma descrição geral do que foi o Grupo B, e o que aconteceu para que fosse banido.

Na parte técnica dessa máquina que nos une, o automóvel, chegou-se a extremos que proporcionaram espetáculos inesquecíveis para quem viu de perto. Quem não viu, como eu, tem que se contentar com os filmes disponíveis e os artigos de revistas e alguns livros.

Introduzido em 1982, o regulamento técnico do Grupo B para o Campeonato Mundial de Rali, conforme foram definidos pela Fisa (Fédération Internationale du Sport Automobile – Federação Internacional do Esporte Automóvel), o então braço esportivo da FIA (Fédération Internationale de l'Automobile – Federação Internaconal do Automóvel), resultaram em carros muito rápidos e que se provaram perigosos, pelo nível de exigência imposto aos pilotos,  principalmente pela ausência de limite de potência. Competiram de 1983 a 1986. O Grupo B também era aplicável para provas em circuito, com diferenças de regulamento de acordo.

Já em 1979 a tração nas quatro rodas estava permitida pelos regulamentos de ralis, o que muitos dizem ser resultado de negociações do grupo Volkswagen para a marca Audi entrar no campeonato mundial. Seja quem for que fez as pressões necessárias, 1983 começava descortinando uma categoria que iria experimentar o gosto amargo de perder alguns personagens importantes.
Foto: autor


Num domingo, passava por uma avenida de São Paulo usada para passeio de bicicleta e me toquei que está sendo utilizada sinalização inadequada para os ciclistas pararem. Como no grupo há crianças e menores de 18 anos, e também outras pessoas sem habilitação para dirigir veículos automotores, é um mau começo para a entrada no mundo motorizado para todos.

Pode parecer implicância com a Companhia de Engenharia de Tráfego, que administra o trânsito na capital paulista, mas não é. Sinalização é um dos itens mais importantes, se não o mais,  num sistema de tráfego qualquer.

A placa "PARE" é a primeira na lista de placas de regulamentação, denominada justamente R-1. Junto com as placas de sentido de tráfego – R-3, R-4a/b, R-5a/b, R-24 a/b, R-25 a/b/c/d, R-26 e R-28 – não pode dar qualquer margem de interpretação. A "PARE" significa pare, analise a situação e prossiga, sem nenhuma outra indicação, como a semafórica.



Há uns vinte anos, um vendedor de uma empresa de equipamentos me disse algo que ainda ecoa na minha mente: "Em qualquer lugar ou em torno de qualquer coisa em que as pessoas se juntem, pode ter certeza que ali tem dinheiro. Lucrar ali é só uma questão de perceber como explorar o potencial da oportunidade."

Incrível a força dessa idéia, mesmo depois de tanto tempo. Até hoje estas palavras reverberam quando penso que empresas como Google e Facebook estão classificadas entre as mais valiosas do mundo, e altamente lucrativas, apenas oferecendo serviços gratuitos com o intuito de atrair e juntar pessoas.

Bem, com automóveis não poderia ser diferente. Com tantos carros nas ruas, a frota circulante vem sendo explorada cada vez mais, e das mais variadas formas.

São Paulo é uma cidade onde o automóvel é onipresente, e existe todo o tipo de exploração de serviços na cidade focados em captar algum dinheiro dos seus motoristas. E muitas vezes, sem opção, os motoristas acabam pagando sem pestanejar, mas não que isso seja exatamente agradável.

Aqui no AUTOentusiastas cansamos de nos referir à indústria da multa, ao rodízio arrecadatório, ao “Big Brother” dos radares que existem a cada esquina, à inspeção veicular tecnicamente falha, aos gulosos pedágios, entre tantas outras formas de exploração. Mas a questão não se resume às autoridades que captam dinheiro dos donos dos automóveis. É uma verdadeira corrida do ouro a ser garimpado no bolso dos motoristas.

 Foto: oglobo.oglobo.com/Fernando Quevedo

O Citroën C4 VTR de Diogo Monteiro Frota dos Santos, 24 anos: mais uma vida perdida por nada

Há alguns dias o AE recebeu e-mail de um senhor que se apresentou como coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro. A correspondência eletrônica trazia um texto que me sensibilizou. Depois de uma troca de e-mails que se seguiu, resolvi publicá-lo, com a devida autorização do autor. O título do texto, que usei como o deste post, fala de jovens, imaturidade e acidentes. Como faz tempo que me preocupa a perda de vidas humanas por motivo tão idiota como um acidente de automóvel, assino embaixo do que o coronel Milton diz.

Espero que seja de muita valia para os leitores e leitoras e seus filhos ou mesmo netos.

Bob Sharp
Editor


A morte previsível a 200 km/h e a imaturidade

Por Milton Corrêa da Costa*

Os mais jovens, que constituem preciosa mão de obra produtiva, deslumbrados pelos encantos da mocidade e da impulsividade natural da juventude, têm sido constantes vítimas da violência no trânsito brasileiro. O maior exemplo dessa incontrolável tragédia pode ser lembrada num gravíssimo acidente, ocorrido no Rio de Janeiro, tempos atrás, que chamou a atenção pela previsibilidade de uma tragédia anunciada, face à constante imprudência com que se comportava ao volante a própria vítima, que resultou morta na madrugada de um final de semana, na Zona Sul da cidade.

O estudante Diogo Monteiro Frota dos Santos, que acabara de completar 24 anos no dia anterior, dirigindo em alta velocidade durante a madrugada (era membro, no Orkut, da comunidade "JÁ ULTRAPASSEI OS 200 KM POR HORA!"), perdeu o controle da direção numa curva e bateu violentamente com o carro que conduzia contra o muro de um colégio existente numa importante via local (foto acima). Diogo fazia parte também da comunidade "MapaRadar", especializada em descobrir radares, além de ser seguidor do Twitter Lei Seca, que alerta motoristas para pontos de fiscalização da referida lei. Não há notícias, no entanto, de que Diogo tenha sido submetido a exame de embriaguez post-mortem.
        
A triste realidade, porém, é que há um  perigoso "coquetel mortífero" ceifando a vida de jovens motoristas, em boa parte dos acidentes de trânsito em rodovias e vias urbanas, principalmente nos finais de semana: pistas livres das madrugadas, excesso de velocidade, manobras arriscadas, uso de bebida alcoólica e energéticos, sono, cansaço. Constata-se que o jovem, ainda em processo de formação de personalidade, apresenta características próprias do estágio de auto-afirmação social:  impulsividade, desafio ao perigo e espírito competitivo exacerbado. Transportadas tais características para o volante de um carro isso confere ao jovem, em período de formação, a possibilidade de demonstração de poder que muitas vezes pode ser fatal.