
O câmbio era um Clark de três marchas, transplantado de um falecido Dodge Dart. Parece pouco, mas na verdade havia uma marcha sobrando: a primeira era curta demais, praticamente uma "crawler" para situações específicas. Alavanca na coluna, solução que um dia foi chamada de "universal", mas de raro emprego atualmente: em uso normal, ela (no feminino mesmo) saía da imobilidade em segunda marcha, devidamente utilizada até o limite de rotação. A terceira e última marcha era engatada com um rápido movimento para baixo, numa "patada" só.
Ela fazia parte da primeira fornada, modelo 1975 – não vou dizer quem era ela, deixo para o leitor ou leitora adivinhar, é fácil – com os sealed beam emoldurados pelo painel metálico dianteiro. Já estava com 30 anos nas costas, bem ao norte de seus melhores dias, mas o motor de seis cilindros em linha ainda apresentava alguma galhardia: cabeçote trabalhado, tuchos mecânicos, comandão 270º "de rua" e um coletor de escapamento artesanal, supostamente curvado a quente, preenchido com areia. A alimentação ficava por conta de 3 carburadores DFV, que babavam gasolina em coletores de admissão fabricados pelo já lendário Felipe Raad.