google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
O Flavio Gomes é o primeiro convidado para a semana do aniversário de dois anos do AUTOentusiastas. Veterano na internet é um dos blogueiros autoentusiastas (entre outras coisas) de maior sucesso. Gentilmente nos enviou um texto sobre sua paixão.


Eles fazem sorrir
Por Flavio Gomes

Não queira ter uma relação com seu carrão cheio de botões, reboque cromado para não puxar nada, flex powers, trios elétricos, fly by wire, e ABS igual à que eu tenho com os meus. Você vai perder.

Meus carros têm nome, eu converso com eles e entendo o que se passa no seu coração. Ninguém olha para você nesse esquife filmado com vidros escuros como o breu. Para mim, todos olham e acenam.

Se o seu carrão pifar no meio da rua, ou numa estrada no fim do mundo, ninguém vai parar para te ajudar. E se alguém se aproximar, você vai achar que é ladrão. Se um dos meus estancar no meio da avenida mais movimentada de São Paulo , vem um monte de gente para empurrar. E é o pai de um que teve um igual ao meu, o tio do outro que dirigia um táxi idêntico, a avó de um terceiro que ainda tem o seu guardado na garagem que só usa para ir à feira, e se eu não souber o que fazer para ele pegar de novo, alguém saberá.

Meu kit de sobrevivência nas ruas é barato. Um joguinho de ferramentas, desses que se compram em camelôs, com uma chave de fenda, um alicate, algumas chaves de boca. Um frasco com gasolina para jogar no carburador de vez em quando, um galão de água para refrescar o radiador. Oh, que coisa mais primitiva, dirá você.

OK. Tenha uma pane no seu carrão eletrônico para ver o que acontece. Nem tente abrir o capô. Você não sabe o que tem lá dentro. Cuidado, ele pode te engolir. Torça para o celular estar com o sinal pleno e chame um guincho, a seguradora, o papa. Sente e espere. Seu carrão só vai funcionar de novo quando conectarem um laptop nele. E prepare o talão de cheques.

Meus carros, não. Têm carburadores, distribuidores, diafragmas, bobinas e velas, tudo à vista. Sei quando o piripaque é na bomba de gasolina. Sei quando é sujeira da gasolina. Sei assoprar um giclê. Sei onde fica o giclê. Aliás, sei o que é giclê. Procure algo parecido na sua injeção eletrônica.

Seu carro é um emérito desconhecido, sem história ou currículo. Os meus têm 40 anos ou mais, já passaram por muita coisa nessa vida, e quando saíram de uma concessionária, décadas atrás, estacionaram na garagem de alguém em forma de sonho realizado. Carro fazia parte da família, antigamente.

Ah, mas o meu tem ar-condicionado, disqueteira e controle de tração, dirá você. Sim, mas você nunca terá o prazer de dirigir de vidros abertos e cotovelo para fora da janela, meu rádio toca as mesmas músicas, e não me faça rir com o seu controle de tração. Quantas vezes ele foi necessário?

Além do mais, existe um negócio chamado prazer. Prazer de ter algo que lhe é caro e precioso, mesmo que não valha muita coisa. Carros iguais ao seu todo mundo tem. Vejo aos milhares todos os dias, e nenhum deles tem a cara do dono. Os meus têm. E quando eles quebram, eu mesmo conserto. E eles me agradecem andando de novo, fazendo com que as pessoas sorriam quando passam, fazendo barulho e soltando fumaça.

Não há nada como um automóvel que faça alguém sorrir.


Nota: esse texto foi feito originalmente para a Revista Quatro Rodas Clássicos e cedido pelo autor para publicação no AUTOentusiastas.

Chamou a atenção a propaganda da Nissan, onde mostra o seu Livina lado a lado com Meriva e Idea em comparação direta, sem chavões do tipo "o volante mais redondo da categoria" e outras aberrações. Oferece um pacote aparentemente com melhor custo-benefício e chama os consumidores para testarem os carros e decidirem o embate. Apesar de ser um bom produto segundo o Bob, e de ter recebido algumas indicações de compra pela imprensa especializada, ainda vende bem menos do que seus concorrentes.

Já discutimos um bocado aqui no blog sobre preços dos carros, margens dos fabricantes e carga tributária. Tudo isso ainda é uma "caixa preta" para todos nós, então nos resta comparar o que nos é oferecido. Penso o seguinte: se a Nissan admite vender a Livina em pacote básico a R$ 43.900,00, com uma margem de lucro X, por que não a Grand Livina em versão similar e com margem semelhante? Num exercício comparativo, digamos que custasse por volta de R$ 49 mil reais. E por que a sugestão? Ora, em tempos de cintos de segurança para todos e cadeirinhas de bebê obrigatórias, uma família com dois filhos que resolvesse viajar levando mais dois amiguinhos dos filhos já se veria impossibilitada de fazê-lo dentro da lei com a esmagadora maioria dos modelos oferecidos no mercado.

A procura provavelmente seria grande, basta ver a quantidade de Kangoos e Berlingos com 3a. fileira de bancos adaptada que anda por aí. Na faixa de preço proposta, só encontramos o Doblò com um banco na 3a. fileira - 6 lugares - ou o Kangoo 7-lugares (esse, mosca branca, difícil de encontrar), ambos pequenos furgões nascidos para transporte de carga e adaptados para o transporte de passageiros. Com jeitão de carro de passeio, a faixa de preço começa por volta de R$ 60 mil com a veterana Zafira e acima disso com alguns modelos importados.

A Nissan oferece agora o Tiida sedã em pacote mais enxuto e com menor preço que a versão hatch, numa clara tentativa de abocanhar uma fatia dos sedãs pequenos mais equipados, com preços logo acima dos R$ 40 mil. A Grand Livina "básica" reinaria absoluta, ajudaria a consolidar o modelo como boa opção no mercado e alavancar também as vendas das versões mais bem equipadas e de maior margem de lucro. Enquanto isso, o mercado segue com os caixotinhos sobre rodas e as Zafiras seminovas.

AC
Caros leitores,

Neste mês de agosto estamos completando dois anos de blog. Foram dois anos de muito movimento e envolvimento dos colunistas do blog e dos leitores. Vocês também são parte integrante do AUTOentusiastas! Seus comentários valiosos, sejam apresentando bons contrapontos ou compartilhando experiências e conhecimento, ajudam a enriquecer nosso contato e assim multiplicar o autoentusiasmo. Muitos leitores se manifestam por e-mail falando sobre como o AUTOentusiastas é um estímulo para que eles mantenham sua paixão acesa. Essa troca é fantástica.

Ao longo do segundo ano tentamos nos aproximar mais da comunidade blogueira e das redes sociais como o Twitter e recentemente, o Facebook. O blog também convidou a todos os leitores da comunidade blogueira que enviassem os endereços de seus blogs sobre carros para serem listados na página inicial com a ideia de facilitar o contato e o relacionamento entre todos nós. Afinal sofremos todos da mesma paixão.

Quando o blog completou um ano de vida algumas personalidades do mundo automobilístico foram convidadas a falar sobre o seu autoentusiasmo. Alexander Gromow, Fabrício Samahá, Fernando Calmon, Jason Vogel, José Luiz VieiraJosé Resende Mahar contaram suas histórias em postagens exclusivas e espetaculares.

Neste segundo ano, para comemorar o aniversário, o AUTOentusiastas vai prestigiar a nossa comunidade com textos de blogueiros de destaque e exposição de fotos de dois fotógrafos autoentusiastas. Convidamos os blogueiros - em ordem alfabética - Fernando De Gennaro (De Gennaro Motors), Flavio Gomes (Blog do Flavio Gomes), Juliano "Kowalski" Barata (Blog do Mulsanne) e o  Renato Bellote (Garagem do Bellote) a escreverem sobre o seu autoentusiasmo. E convidamos os fotógrafos automobilísticos Fabio Aro e Leo Sposito a fazerem uma exposição de suas melhores fotos aqui no blog.

Além disso, aproveitamos a ocasião para melhorar a formatação da nossa página. Para facilitar a leitura aumentamos a largura da coluna central e o tamanho da fonte dos textos. Com isso esperamos deixar a sua leitura mais fácil e prazerosa.

Guiado por valores como paixão, qualidade, credibilidade, seriedade, diversidade e respeito aos leitores, o AUTOentusiastas pretende evoluir e se consolidar definitivamente como um dos melhores blogs sobre carros do Brasil.

E esperamos conseguir isso junto com vocês.

Um abraço dos colunistas do AUTOentusiastas.


A maioria dos entusiastas faz grande esforço para despertar em seus filhos o gosto pelo automóvel. Eu procuro evitar exagero, porque acredito que este tipo de coisa deve ser vocação e não algo imposto. Mas obviamente gostaria muito que um dos meus filhos seguisse meus passos.

Mas por enquanto parece que não acontecerá. A mais velha quer um VW New Beetle quando fizer 18 anos, e nem eu me oferecer em criar um lindo Fusca 1968 com um confiável e injetado motor de Kombi, freio a disco, som, teto de lona, e tudo mais, faz ela desistir desta idéia. Até fiz o impensável, e me ofereci a pintar o 68 como um Herbie, mas nada.

O João Pedro, por sua vez, tem apenas 5 anos ainda, e portanto ainda há esperança. O grande interesse da vida dele no momento são os "Bichos Bravos": leões, cobras, tubarões, águias, dinossauros carnívoros de todas as espécies, dragões, basiliscos, quimeras, e enfim...qualquer bicho que seja sedento de sangue. Carros, nem um interesse de passagem.

Mas outro dia, consegui usar isto a meu favor. Passeando com ele em uma exposição de carros antigos, notei que ele já estava ficando sem paciência, bem ao mesmo tempo em que chegávamos a um grupo de Pumas em exposição. Falei para ele que o nome do carro era Puma.

- Sabe o que é Puma, João?
- Não...
- É um leão do deserto, muito, mas muito bravo, sem juba, que é enorme e malvado.
- !!!!!! (cara de espanto, olhos arregalados) Nossa!
- E olha em cima do capô, no símbolo, a cara dele de boca aberta com os dentes para fora!

Foi o que bastou. O menino depois de ver todos os logos de Puma num raio de dois quilômetros, quis saber o que significavam os símbolos de todos os carros da exposição. Ficou feliz em ver a cobra e a cruz da alfa, o cavalo empinando e os chifres de veado no escudo da Porsche, a gravata borboleta da Chevrolet, e por aí vai. Passamos um tempo bem agradável vendo carros juntos, pela primeira vez.

Será que consegui despertar algo? Duvido, mas com certeza foi divertido!

MAO