
O BS escreveu a pouco tempo sobre o Celta da filha dele que foi aprovado sem fazer qualquer revisão.
Ao contrário dele, fiz pessoalmente uma revisão pesada no meu velhinho.
Não é que eu tivesse receio do carro não passar, mas saber qual o limite que seria possível obter com este carro.
A razão para este teste é que este carro fica muito aquém em tecnologia aos carros atuais em termos de emissões, e os números mostrariam o quanto o desgaste e a falta destas tecnologias fariam diferença.
O motor não conta nem com válvula EGR de recirculação de gases de escape, nem com o catalisador; sua injeção ainda é monoponto, e não possui sonda lambda e sequer o sensor de temperatura do ar. No lugar da sonda lambda, esta injeção possui um potenciômetro, que faz o ajuste da emissão de CO em marcha-lenta.
Agora, comparem os valores limites e os obtidos no Celta do BS contra os do meu velhinho.
Os valores de tolerância indicados em cada documento foram determinados na Portaria nº 147/SVMA-G/2009.
Meu limite de tolerância para emissão de CO é três vezes superior ao do Celta, mas o velhinho está emitindo apenas 50% a mais, e ainda dentro do parâmetro do Celta.
A diferença pesa na emissão corrigida de hidrocarbonetos (HCc), que é igual para ambos: 700 ppm vol.. Em marcha-lenta, meu velhinho emitiu na média quatro vezes mais que o Celta, mas aqui é onde a válvula EGR e o catalisador fazem seus milagres.
Mesmo assim, meu velhinho ficou abaixo da metade do limite tolerável.
No fator de diluição, foi apenas 30% maior no pior caso, abaixo ainda da metade do limite.
Em outras palavras, meu velhinho teria sido aprovado com folga mesmo usando limites para carros atuais. E, proporcionalmente, se saiu bem melhor que o Celta sete anos mais novo.
Isto mostra algo perturbador.
Como entusiasta e participante de outros grupos, tenho ouvido recorrentemente que alguns carros antigos, carburados ou já com injeção monoponto não conseguem passar na inspeção, quase sempre reprovados na emissão de CO.
Vejo também a preocupação daqueles que tem carros mais velhos com a reprovação, e a circulação de fórmulas mágicas, como adicionar 10 ou 15% de álcool no tanque de carros a gasolina para empobrecer a mistura e passar no teste.
Na minha opinião, isso já é distorção.
As injeções monoponto surgiram como uma alternativa de baixo custo na transição do carburador para as injeções multiponto. Elas eram muito semelhantes aos carburadores na forma de aspergir combustível no ar admitido pelo motor, e aproveitava muitos componentes, como os coletores de admissão. E compartilham com eles muitos dos seus defeitos.
Um destes defeitos é o problema do coletor úmido.
A baixa velocidade, o fluxo não tem condições de manter o combustível em suspensão, e este se deposita na forma líquida nas paredes dos dutos do coletor de admissão. Esse combustível líquido escorre para dentro da câmara, onde ele queima mal e não completamente, aumentando as emissões de poluentes do motor.
Para o motor não faz diferença se o combustível vem de um bico injetor ou de um carburador. Ele queima conforme as condições este combustível é fornecido.
Se para meu velho Kadett Ipanema é possível ter índices tão baixos de emissões, então não há razões para estes outros velhinhos serem reprovados.
Esses carros devem ter problemas de carburação ou ignição (algo natural com a idade e o uso do automóvel), carbonizações nos dutos do coletor de admissão ou nas válvulas, falta de peças adequadas ou de qualidade, modificações muito além das especificações originais, e/ou, principalmente, de mão de obra qualificada para o reparo e ajuste.
Hoje foi a "prova dos nove".
Se meu velhinho passou tão facilmente, qualquer outro passa.
Quem tem seu velhinho, que o respeite e o mantenha como deve que ele passa tranquilamente.
Quem não tem, respeite também. O velhinho do lado pode estar melhor que o seu novo.