google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Hoje fiz a inspeção veicular do meu velhinho, e o resultado é esse aí em cima. Aprovado com distinção.
O BS escreveu a pouco tempo sobre o Celta da filha dele que foi aprovado sem fazer qualquer revisão.
Ao contrário dele, fiz pessoalmente uma revisão pesada no meu velhinho.
Não é que eu tivesse receio do carro não passar, mas saber qual o limite que seria possível obter com este carro.
A razão para este teste é que este carro fica muito aquém em tecnologia aos carros atuais em termos de emissões, e os números mostrariam o quanto o desgaste e a falta destas tecnologias fariam diferença.
O motor não conta nem com válvula EGR de recirculação de gases de escape, nem com o catalisador; sua injeção ainda é monoponto, e não possui sonda lambda e sequer o sensor de temperatura do ar. No lugar da sonda lambda, esta injeção possui um potenciômetro, que faz o ajuste da emissão de CO em marcha-lenta.
Agora, comparem os valores limites e os obtidos no Celta do BS contra os do meu velhinho.
Os valores de tolerância indicados em cada documento foram determinados na Portaria nº 147/SVMA-G/2009.
Meu limite de tolerância para emissão de CO é três vezes superior ao do Celta, mas o velhinho está emitindo apenas 50% a mais, e ainda dentro do parâmetro do Celta.
A diferença pesa na emissão corrigida de hidrocarbonetos (HCc), que é igual para ambos: 700 ppm vol.. Em marcha-lenta, meu velhinho emitiu na média quatro vezes mais que o Celta, mas aqui é onde a válvula EGR e o catalisador fazem seus milagres.
Mesmo assim, meu velhinho ficou abaixo da metade do limite tolerável.
No fator de diluição, foi apenas 30% maior no pior caso, abaixo ainda da metade do limite.
Em outras palavras, meu velhinho teria sido aprovado com folga mesmo usando limites para carros atuais. E, proporcionalmente, se saiu bem melhor que o Celta sete anos mais novo.
Isto mostra algo perturbador.
Como entusiasta e participante de outros grupos, tenho ouvido recorrentemente que alguns carros antigos, carburados ou já com injeção monoponto não conseguem passar na inspeção, quase sempre reprovados na emissão de CO.
Vejo também a preocupação daqueles que tem carros mais velhos com a reprovação, e a circulação de fórmulas mágicas, como adicionar 10 ou 15% de álcool no tanque de carros a gasolina para empobrecer a mistura e passar no teste.
Na minha opinião, isso já é distorção.
As injeções monoponto surgiram como uma alternativa de baixo custo na transição do carburador para as injeções multiponto. Elas eram muito semelhantes aos carburadores na forma de aspergir combustível no ar admitido pelo motor, e aproveitava muitos componentes, como os coletores de admissão. E compartilham com eles muitos dos seus defeitos.
Um destes defeitos é o problema do coletor úmido.
A baixa velocidade, o fluxo não tem condições de manter o combustível em suspensão, e este se deposita na forma líquida nas paredes dos dutos do coletor de admissão. Esse combustível líquido escorre para dentro da câmara, onde ele queima mal e não completamente, aumentando as emissões de poluentes do motor.
Para o motor não faz diferença se o combustível vem de um bico injetor ou de um carburador. Ele queima conforme as condições este combustível é fornecido.
Se para meu velho Kadett Ipanema é possível ter índices tão baixos de emissões, então não há razões para estes outros velhinhos serem reprovados.
Esses carros devem ter problemas de carburação ou ignição (algo natural com a idade e o uso do automóvel), carbonizações nos dutos do coletor de admissão ou nas válvulas, falta de peças adequadas ou de qualidade, modificações muito além das especificações originais, e/ou, principalmente, de mão de obra qualificada para o reparo e ajuste.
Hoje foi a "prova dos nove".
Se meu velhinho passou tão facilmente, qualquer outro passa.
Quem tem seu velhinho, que o respeite e o mantenha como deve que ele passa tranquilamente.
Quem não tem, respeite também. O velhinho do lado pode estar melhor que o seu novo.
Na área de desembarque do aeroporto do Congonhas, na capital paulisa., há algumas dessas placas de  sinalização de trânsito. A placa com um "E" preto e duas barras vermelhas que se cruzam, a R-6c siginfica "proibido parar e estacionar". Mas abaixo há um complemento, "Permitido embarque e desembarque". Tudo errado.
O Anexo I do Código de Trânsito Brasileiro definie estacionamento como a "imobilização de veículos por tempo superior ao necessário para embarque ou desembarque de passageiros". Bastaria à autoridade de trânsito, no caso a Companhia de Engenharia de Tráfgo, adotar a placa R-6a, que só tem uma  barra diagonal -- estacionamento proibido -- e estabelecer tempo máximo para embarque e desembarque, digamos, 3 minutos.
Agindo desssa forma, o Código estaria sendo cumprido -- não é favor, mas uma obrigação do órgão -- e a parada naquele ponto estaria regulamentada. Não era preciso conflito entre placa e dizeres.
Há uns meses apontei essa falha para um agente da CET (marronzinho) e ele me respondeu que "não adianta".
Agora, se um assunto simples como esse não consegue ser tratado como deve pela CET, o que se pode esperar da gestão do trânsito paulistano? Nada mais que o caos.
BS




Uma vez por semana, no dia do rodízio do meu carro, vou pro trabalho de carona com meu tio. Justamente nesse dia é rodízio do Opalão 6-cil -- um carro delicioso, cupê, zerado -- que ele usa pra ralar na cidade, então vamos no Uno Mille do empregado faz-tudo dele. Acontece que esse faz-tudo faz tudo diretinho, menos guiar, daí que logo me jogo no banco de trás e falo "Deus é grande" e boa.
Nessas o Uno chacoalha feito um carro-de-boi andando sobre escombros e, quando chego de volta, chego quebrado como se tivesse tomado uma coça de pauladas. Ainda não entendi como meu tio, que guia pracaramba, topa essa parada.
Daí que peguei um certo bode de Uno, coitado do Uno, carro que eu não guiava há mais de 15 anos.
Mas este fim de semana fui experimentar um Uno para o Rodolfo, o namorado da minha filha, e fomos até lá no Uno do pai dele. O Rodolfo, sangue italiano, guia muito bem. Suave e rápido, bem tranquilo. E não é que o Uno foi macio?
Voltei guiando o Uno. E não é que o Uno veio macio e andando direitinho? É um cabritinho, mas, ajeitando o bichinho, ele fica bem suportável.
Anos atrás fui com o Bob Sharp ao interior de São Paulo para um programa apetitoso: iríamos guiar duas recriações de Ferrari de corrida antigos. Um Testarossa 1958 e um GTO 1962. Ambos com mecânica original, motor V-12 -- o Testarossa com motor 3-litros de uns 300 cv e o GTO com motor 4-litros de uns 400 cv.
Pra mim, programa duplamente prazeroso, porque fora guiar esses carros eu iria de carona com o Bob, e gosto pracaramba de andar ao lado de quem sabe tocar direito a coisa, porque gosto de aprender e porque me dá satisfação ver que muitas coisas fazemos parecido. Tocada suave e consistente. Ritmo uniforme, constante. Nada de surpresas, nada de sustos, porque dirigir bem é prever e agir antecipadamente.
Fomos num Celta motor 1-litro, um carrinho que se bobear é ainda mais durinho que o Uno. O Bob foi e voltou guiando, e não é que fomos rápido pracaramba e maciozinho? Vapt-vupt, e a viagem de ida e volta não foi nada cansativa e cada curva foi um prazer.
Prefiro mil vezes viajar de Celta com o Bob que num "Mercedes Tudotudo" dirigido pelo empregado faz-tudo do meu tio.
Resumindo: o motorista é quase tudo num carro, e olhe lá se não tiro esse "quase" da frase.
Este ano, por conflito de agendas, não pude ir a Lindoia com o Bill Egan, como sempre faço. Sempre fazemos um bate-e-volta, saindo de madrugada de São Paulo, para chegar ainda antes das 7 da manhã na cidade, ótimo para acharmos lugar para parar, e com tempo para um café da manhã antes do evento.

Fui no sábado com o JJ e o PK, como já contei aqui, um passeio sensacional com dois velhos amigos também. O Egan foi no domingo. Mas o que não esperava era receber as fotos que ilustram este post: ele foi com o Chevrolet Bel Air 1957 azul! Adoro este carro, um seis-cilindros "stovebolt" com três marchas na coluna e quatro portas. Já andei nele certa vez, e sei que é capaz de manter velocidades "modernas" com o maior conforto. Mas uma hora dessas faço um post só sobre isso. Não é a intenção dar detalhes do carro aqui, o que quero agora é apenas falar sobre essas fotos.
As fotos me moveram profundamente, porque evocam o que há de mais fascinante nos automóveis. Uma madrugada de clima agradável, um dia claro, uma estrada vazia. Um capô longo e icônico apontando para o horizonte e para mil aventuras ainda desconhecidas, um para-brisa clássico emoldurando a paisagem. O asfalto liso passando por baixo de nós rápido, como se estivéssemos em um tapete mágico. O som tocando baixinho no rádio, o sol se levantando, a paisagem lateral borrada pela velocidade. Dois adornos de capô do Chevrolet '57 apontando para frente, tal qual lanças cromadas olhando para destino final da viagem, que está lá na frente, longe, invisível ainda, mas mais perto a cada segundo, a cada instante.

É uma oportunidade para acertar e organizar os pensamentos na cabeça, de relaxar sem nenhum compromisso a não ser chegar a algum lugar. É onde tudo fica claro, onde as preocupações ficam para trás, cuspidas para longe pelo escapamento junto o que restou da mais pura, cheirosa e volátil gasolina que colocamos no tanque antes de sair. Ah, gasolina, ó doce elixir da velocidade... Não existe nada como ela! Óleo diesel é viscoso, pegajoso, fedido, e se cair no chão, ali fica emplastrando tudo. A gasolina é tão etérea e suave que desaparece no ar como um sonho...E num carro como este ’57, sente-se a presença dela sempre.

A cada marco de quilometragem, algum fardo que carrego cai pelas beiradas da estrada, e, em pouco tempo, já me sinto leve e livre de todo o peso do dia a dia. É onde me sinto completo e calmo, é onde o mundo se resume apenas ao movimento, ao ir a algum lugar, onde sou capitão de meu navio e senhor do meu próprio destino.
A felicidade está mais próxima do que imaginam os que a perseguem cegamente. A felicidade completa e tranquila que estas fotos nos mostram está me esperando neste instante em que paro para escrever estas linhas, e também o espera agora, no momento em que você as lê. Ela está lá fora. Esperando por nós. Na Estrada.
MAO
Fotos: Fernando Chinelli
P.S.: Minha antiga coluna no BCWS se chamava “Na Estrada”, e sempre quis explicar o por quê, mas nunca o fiz. Bom, acabei de fazê-lo, oito anos depois do encerramento da dita cuja. Antes tarde do que nunca...