google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

fotos: GM Media.

Nesta segunda, 22 de março, a Saab retomou a produção, após sete semanas de recesso, tempo esse utilizado nos procedimentos necessários após a independência da GM.
É um ciclo que se encerra, iniciado em 1990 quando a marca americana, outrora a maior empresa do mundo, colocou seu capital para iniciar o controle da marca sueca.
O chefe da Spyker, nova proprietária da Saab, Victor Muller, está trabalhando de maneira séria para que o negócio não seja um furo n'água. Já declarou que a Saab precisa buscar novos mercados, e foi específico em dizer "Brasil", entre alguns outros países.
Muller participará com o presidente executivo sueco, Jan-Ake Jonsson, da Mille Miglia de 2010, de 5 a 7 de maio, com um modelo 93 (noventa e três) de 1957, um carro tornado clássico principalmente pelas atuações de Erik Carlsson no campeonato mundial de rali.
Muito entusiasmante saber que um executivo de topo consegue enxergar a importância que o cliente Saab dá à história da empresa, e essa participação é um eficiente símbolo desse conhecimento.
Nas fotos vemos o pessoal de produção da planta de Trollhattan, iniciando uma nova fase, como está bem marcado por escrito no carro e na placa. O modelo é o 9-5 (nove-cinco) novo, o carro grande da empresa, fundamental para trazer dinheiro para dentro de casa. A corrida-piloto do 9-5 havia sido iniciada em 2009, sendo interrompida no período dessas semanas da passagem de administração da GM para a Spyker.
Devemos ressaltar que esse carro foi desenvolvido a partir de componentes globais da GM, então, por muito tempo ainda as duas empresas estarão ligadas tecnicamente.
O anúncio da busca de novos mercados é animador, já que temos aqui no Brasil algumas marcas pouco tradicionais, e que vendem bem. Quem sabe uma parte do público com interesse em sair do lugar comum não resolva prestigiar a marca sueca?
Com marketing, rede de assistência técnica e propaganda eficiente e educativa, a Saab poderá aproveitar a boa fase brasileira, desde que seja rápida e séria.
Só esperamos que não venham com bordões irreais de propagandistas, como empregado por algumas que se dizem "melhores do mundo" e não passam de marcas na mais absoluta média do mercado.
Que seja uma real retomada da produção e vendas, com toda a equipe Saab trabalhando firme e evoluindo, em novos projetos que não mais dependerão da General Motors e suas "plataformas globais".
JJ

O que debilita mais rapidamente do que trabalhar, pensar,sentir sem uma necessidade interna, sem uma profunda escolha pessoal, sem alegria, como um autômato do dever? É a receita para a decadência de mente e espírito.” – Friedrich Nietsche

Nunca julgo como cada pessoa se vira para ganhar a vida. Simplesmente não é da minha conta. Mas eu não consigo imaginar como milhões de jovens hoje em dia decidem suas profissões baseados apenas em questões práticas de emprego e dinheiro. Dinheiro, fama e glória não são ruins em si, mas ainda acredito que são ótimos apenas se como resultado do que realmente é importante na vida: a dedicação de uma pessoa à sua vocação.

A vida é mais que o que se tem e os nossos momentos de lazer inconsequente. Existe algo dentro de nós que nos move para frente, que age em cada pessoa de uma forma única, um chamado que deve ser respondido se uma pessoa quer ter a satisfação e a realização pessoal que formam a real felicidade, aquela que aplaca a eterna ansiedade da existência. É algo que não tem absolutamente nada a ver com dinheiro, fama e glória, mas é muito melhor. Um engenheiro tem que projetar algo e ver isto funcionar, um médico tem que salvar uma vida, um bombeiro tem que entrar com coragem em um prédio envolvido em chamas, e sair de lá vivo e com seu dever cumprido. Só assim se amansa a voz dentro de você, preenche-se aquele vazio incômodo na boca do estômago, e tranquiliza-se a existência. Mesmo se nada de material venha disso, que ninguém leia o que o escritor escreve, que o pobre bombeiro tenha um salário miserável, o chamado ainda assim tem que ser atendido. Inevitável para uma pessoa ser realmente feliz.

Um efeito sensacional vem disso. Uma pessoa que atende a este chamado cria coisas não para ele, mas para o mundo lá fora. Médicos, policiais e bombeiros salvam vidas, engenheiros deixam carros e prédios e pontes; escritores ensinam e inspiram. O mundo fica melhor e progride. Todo mundo ganha.




A primeira vez que vi um Lamborghini Countach foi no estacionamento em frente à Glass House, o prédio todo recoberto de vidro que é o centro da Ford mundial em Dearborn, vizinho a Detroit – mais ou menos o que São Bernardo e São Caetano são em relação a São Paulo. Era 1974, o Countach ainda não havia entrado em produção seriada e o carro até então só havia sido visto publicamente primeiro em Genebra em 1971 e novamente em 1973 no mesmo Salão, quando era chamado de LP400, L de longitudinale, P de posteriore e 400, os 4 litros de cilindrada do motor.

O Lambo Countach sempre chamou atenção adoidada onde quer que aparecesse, naquele tempo ainda mais - e aí estava um sem-número de executivos com as mais curiosas expressões de espanto e incredulidade em seus rostos. Sendo americanos e geralmente preocupados com margens de lucro, só falavam do custo absurdo de um motor V-12 de 48 válvulas e quatro comandos, colocado entre eixos num chassi espacial revestido com uma carroçaria em alumínio.

Pareciam inclusive não perceber que estavam na calçada e o Lambo na rua, uns 10 cm mais abaixo, seu teto na altura aproximada de seus joelhos - e não viam como alguém poderia enfrentar o desconforto de ter de se contorcer o suficiente para entrar nele. Com horário muito apertado e não conseguindo ver direito o Countach de tanta gente a seu redor, tive de ir embora.
Treze anos mais tarde, estava com minha mulher Vera na Itália, perto de Sant’Agata Bolognese. Marcaramos com o chefe de Relações com a Imprensa e fomos conhecer a fábrica, claro, esperando talvez que pudéssemos andar num Countach, mesmo que fosse do lado. Tivemos muita sorte, a fábrica estava tranquila, o diretor de engenharia gostou do papo, o piloto de provas da companhia nos deu dicas do carro e acabamos saindo com o Lambo 5.2 QV para uma autostrada bem ali pertinho. Foi por relativamente pouco tempo, umas quatro horas, mas rodamos o que pudemos e aproveitamos o tempo de colheita de enormes rolos de feno para fazer as fotos.

Todo italiano sabe que os membros da Polizia Stradale têm uma maneira própria de lidar com excesso de velocidade: se o carro visto andando muito forte for algo realmente de sangue azul, deixe pra lá: o cara é rico, deve saber o que está fazendo e, bolas, o carro é uma fábula. Se estiver com um carro pequeno, ou simplesmente muito comum, vá atrás dele e lhe dê uma senhora multa para deixar de ser besta.
Sempre andamos bastante conservadoramente com um carro que não conhecemos, e uma característica do Countach nos deixou inicialmente preocupados: ele passarinha bastante até os 140 (limite rodoviário), 150. Ele é muito largo, as faixas de rolamento não são tanto, e de repente havia uma série de italianos querendo ver o Countach de perto – perto demais. O jeito foi despachar os vizinhos indesejados, pelo menos por um quilômetro ou um pouco mais. Beleza: depois dos 160 ele firma e segue absolutamente reto.

Uns 100 quilômetros depois, já bem acostumados com o carro, aceleramos por um longo aclive e daí para um declive – e lá em baixo, talvez meio quilômetro à frente, ia um Alfa Romeo 90 V-6 da polizia, cruzando provavelmente no limite de 140 da estrada. Tiramos o pé dos 220, 230 e entramos nos freios, mas quase exatamente ao mesmo tempo vimos o policial que dirigia pôr o braço para fora e fazer movimentos para que passássemos. A fumaça saindo do cano de descarga do Alfa mostrava que seu condutor estava de pé em baixo. Eles já sabiam que estávamos em excesso, ordens são ordens, o Countach em quarta quase nos jogou pra dentro do compartimento do motor, chegamos muito perto dos 8.000 giros da faixa vermelha e passamos a quinta por acaso no momento da ultrapassagem, o V-12 Quattrovalvole berrando como ele só.

Foi fantástico: os dois policiais estavam excitadíssimos, o condutor guiando com as duas mãos no volante e seu pé direito obviamente querendo atravessar o painel de piso. Mais fantástico ainda foi o policial da direita, gesticulando com os dois braços.

Mas era hora de voltar, um retorno estava logo à frente, pegamos a autostrada do outro lado devagar e agradecemos com os braços aos policiais que estavam parados no acostamento fazendo a mesma coisa conosco.

Só na Itália.
José Luiz Vieira




Atualizado às 20h00 de 24 de março de 2010. Adicionadas as fotos de autoria de JLV e Vera Vieira.


No próximo dia 16 inicia-se o tradicional evento de Águas de Lindóia, o XV Encontro Paulista de Autos Antigos, que é feito na Praça Adhemar de Barros, de frente ao Hotel Monte Real, no centro da cidade.

Como chegar, saindo de São Paulo:

1) Pela Bandeirantes:
- Rodovia dos Bandeirantes (SP-348), sentido interior
- Acesso à Rodovia Anhanguera (SP-330) próximo à Campinas
- Acesso à Rodovia Dom Pedro I (SP-065) logo a seguir
- Acesso à Rodovia Governador Adhemar Pereira de Barros (SP-340)
- Saída logo antes de Mogi Mirim para a SP-148 sentido Itapira/Lindóia
- Chegando em Lindóia, seguir placas para Águas de Lindóia, pela Rodovia Eng. Constâncio Cintra (SP-360).

2) Pela Fernão Dias:
- Rodovia Fernão Dias (BR-381)
- Acesso à Rodovia Pedro Astenori Marigliani (SP-008) até Socorro
- Acesso à Rodovia Octávio de Oliveira Santos (SP-147) até Lindóia, pela SP-360.