Nesse fim de semana, o Mundial de Fórmula-1 encerrou o ano, com
Button já campeão na corrida passada, e com
Rubinho terminando em terceiro, já que
Vettel venceu a corrida em Abu
Dhabi.
Mas isso não é o ponto que quero ressaltar, pois já era de se esperar e não foi novidade. O que marcou mesmo nessa corrida final foi a total demonstração de como a F-1 é assumidamente qualquer coisa menos
esporte de corrida de automóvel.
Não há como negar que os carros são o máximo existente em tecnologia e desempenho. Seria mera burrice dizer o contrário, e não é isso que quero dizer. O problema não são os carros, é a Fórmula-1.
Com a grande divulgação de
mídia,
ações de marketing e os valores
estratosféricos de dinheiro envolvido no campeonato, o que tornou-se prioridade é a imagem dos patrocinadores. Tudo bem, isso não é novidade nenhuma também, todos sabem, mas a forma como foi feito agora é que marcou.
Descaradamente o circuito de Abu
Dhabi foi concebido para o
show business e não para ser um autódromo. Não há nenhum ponto no traçado que seja interessante, nenhuma curva que seja desafiadora ou mesmo algum ponto
característico. Talvez a saída dos
boxes, que é um túnel que passa por baixo de um hotel.
Simplesmente ridículo, só faltou a cancela e o terminal para validar o
tíquete de estacionamento antes de sair.
Durante a transmissão da corrida, foi falado pelo Galvão que foram gastos US$ 50 bilhões para a construção da pista. O valor é bem alto, se realmente for isso, é o maior desperdício de dinheiro em um autódromo já feito. Imaginem o que não poderia ser feito com isso. Um outro Nürburgring de 20k m? Recuperar Interlagos antigo?
O que aconteceu com as pistas como
Spa-Francorchamps? Será que com o passar do tempo elas perderam a graça? Não. Apenas não são favoráveis ao marketing e à transmissão de televisão. As pistas desafiadoras não fazem sentido no
show atual. Falam da segurança dos circuitos antigos, que não são mais adequados aos carros atuais. Estranho, pois vinte anos atrás os carros eram bem piores em termos de segurança e as pistas só evoluíram, não regrediram.
Parafraseando o grande Bird Clemente, "
se tirarem os chifres do touro, ninguém vai assistir à tourada." Não digo que os pilotos devem correr com carros sem segurança e sem capacete, mas que o risco faz parte do esporte. Ninguém corre de automóvel pensando que nunca vai sofrer nada.

Em Abu
Dhabi a largada foi dada no fim da tarde (horário local) e com o passar das voltas, o sol foi se pondo e as luzes artificiais foram sendo acesas. Para quê? Somente para atrapalhar os pilotos, com sol na cara e depois com a passagem de uma iluminação para a outra.
A estrutura do hotel principal mais parece um parque de diversões que muda de cor,
ótima para o Natal ou o Carnaval. Qual o sentido disso em um autódromo? É bonito de se ver, é, mas não como a principal
atração da pista. Ninguém fica olhando a roda gigante de
Le Mans, pois estão todos mais interessados em ver a
freada da
Mulsanne ou a
sequência das curvas "
Porsche". Mas em Abu
Dhabi, o hotel colorido era mais interessante, já que todas as curvas são lentas, quadradas e sem graça.
Realmente, depois dessa última corrida, eu digo depois de bastante tempo tentando acreditar que haveria uma salvação para a categoria, mas a Fórmula-1 morreu, e no lugar dela está o show de propaganda de investidores, modeletes e playboys que não sabem o que é um pistão, mas estão nos boxes vendo tudo de perto e achando o máximo.
Ainda me pergunto, será que quem está no meio, digo, o pessoal técnico das equipes, não sente um mal-estar por viver nesse circo? Eu sentiria.