google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Toda essa conversa aqui no Blog sobre as 24 Horas de Le Mans me fez lembrar que, há exatamente 39 anos, a Porsche ganhava a famosa prova francesa pela primeira vez.

A empresa não era estranha à vitória na prova, tendo ganhado o primeiro lugar várias vezes antes deste dia, mas sempre nas categorias inferiores. Até 13 de junho de 1970, a vitória incontestável, o primeiro lugar na classificação geral, a honra de ser o carro que mais distância percorreu ao cabo de 24 horas, era desconhecido pela companhia.

E o carro que tornou isto possível é o que, em minha opinião, é o mais fantástico carro de competição já criado, aquele que o saudoso engenheiro/piloto Mark Donohue viria a chamar de “The perfect race-car”: o Porsche 917.

Falar do 917 é difícil por ser um assunto extremamente interessante, mas extenso. Na verdade, uma série de livros já foram escritos sobre o tema, e portanto não vou pretender me alongar aqui; para quem se interessar ao final do post indico dois livros básicos para se aprofundar no assunto. Não, vou apenas tentar fazer vocês entenderem algumas das coisas que o fazem grandioso, memorável e inesquecível.

Para começo da conversa, o que deve se entender é que o 917 é o ápice de uma era. Entre 1965 e 1969, a Porsche se lançou numa campanha impressionante de competições, lançando um carro de competição por ano, do Carrera 6 de seis cilindros de 1966 ao 917 de doze, passando pelos 907, 907L, 910 e o famoso 908 de oito cilindros e três litros. Todos eles com motor contraposto refrigerado a ar.

Foi uma verdadeira blitzkrieg tecnológica, um crescendo de potência, velocidade, dirigibilidade e leveza que, ao culminar com o 917, mostrou toda a capacidade técnica da empresa. Com algo em torno de 800 kg, e um doze cilindros contraposto com nunca menos de 550 cv, e evoluindo para três vezes isto ao final de sua carreira, o 917 pretendia e conseguiu o retorno da Alemanha à dominação completa das competições de carro esporte no mundo.


Houve dois motores para esta campanha. Um deles foi um financiamento pouco conhecido da VW. O gigante de Wolfsburg pagava uma quantia de dinheiro considerável para que a Porsche competisse. Em troca, uma única exigência: que os motores sempre fossem refrigerados a ar. Nesta época já havia quem desse como obsoleto este sistema de refrigeração, e para a VW ter alguém vencendo competições de alto nível com motores refrigerados a ar era de uma utilidade óbvia.

A outra força motriz dessa campanha foi o conflito entre os Porsche e Piëch para o controle da empresa. Os dois clãs descendentes do velho Professor Porsche, encabeçado por Ferry do lado dos Porsche, e por sua irmã Louise Piëch (sobrenome vindo de seu casamento com o advogado Anton) do outro, se digladiavam constantemente durante os anos 60. Este embate encontrou seu clímax na mesma época em que a Porsche ganhava Le Mans pela primeira vez. Depois de 1971, todos os membros da família abandonaram as operações cotidianas da empresa familiar, por decisão conjunta de Ferry e Louise.

O mais forte combatente nessa batalha fraterna foi sem sombra de dúvida Ferdinand Piëch. Os mais antigos na empresa sabiam que herdara de seu avô mais que o primeiro nome: a mesma vontade férrea e que não podia ser contestada, a mesma facilidade de lidar com assuntos técnicos, por mais complicados que fossem. Piëch escolheu o departamento de competições como seu território, e foi pela vontade de mostrar seu valor que o 917 veio ao mundo.

O 917 acabou por dominar tão completamente as competições de carro esporte que acabou legislado para fora delas. Banido então para a categoria Can-Am, onde não havia limite algum para o propulsor, e onde dominavam McLarens com motores Chevrolet big-block de alumínio e mais de 850 cv, teve seu flat-12 turbinado (a primeira vez que a Porsche adotava o caracol que a tornaria ainda mais famosa) para alcançar mais de 1.500 cv e dominar tão completamente a categoria, que também foi legislado para fora dela!



Este carro de até 1.500 cv, o 917/30 (acima), fora desenvolvido com Mark Donohue, e foi praticamente seu último carro, já que morreu tragicamente logo após.

Mas a mais emblemática história do 917 é aquela de seu nascimento. Explica-se: àquela época, para homologar um carro esporte da categoria do 917, era necessário que fossem construídos 25 carros. Mas, na verdade, competições sendo como são, construir 25 carros de corrida antes de competir era o mesmo que ter que desmontá-los novamente, para realizar as inevitáveis modificações. Ninguém o fazia...a FIA se contentava em ver peças suficientes para construir 25 carros (as vezes, menos que isso) e ter a promessa raramente cumprida que seriam feitos, e todo mundo ficava contente. Mas a FIA, em 1969, estava sendo severamente criticada pela falta de seriedade desses métodos, e então acabou por recusar a homologação do 917.

Sabendo disso, Piëch pensou em ir aos tribunais. Seus concorrentes todos não tiveram tal tratamento. Mas Piëch sendo Piëch, resolveu fazer diferente. Pediu que os representantes da FIA voltassem em três semanas. Quando voltaram, pouco mais de 40 anos atrás, no dia 21 de abril de 1969, foram surpreendidos por esta imagem:

Em três semanas, Piëch havia feito 25 carros esporte de competição. Todos iguaizinhos, todos em branco, numerados (o primeiro sendo ‘917’) e o melhor: todos prontos para competir.

Piëch, incapaz de conter a alegria de seu feito, ofereceu aos oficiais da FIA: em qual deles querem dar uma volta? Sim, todos funcionavam perfeitamente. Um feito histórico; nunca tantos carros de competição complexos foram construidos em tão pouco tempo.

A mensagem era clara: nada pode segurar a Porsche (leia-se a Porsche de Piëch) quando ela se propõe a fazer algo. Não tem como não admirar o sujeito, por mais ditatorial que tenha se tornado mais tarde em sua longa carreira.

Depois do 917, a Porsche ganharia Le Mans outras vezes. Mas o carro ficou como o ápice de uma era. Uma era onde motores contrapostos refrigerados a ar eram sempre presentes nos Porsches de competição, uma era em que a criatividade dos descendentes de Ferdinand Porsche geravam coisas tão imortais quanto o 911. Em pouco tempo, a Porsche faria carros refrigerados a água, e seria administrada como uma empresa qualquer, por profissionais muitas vezes sem paixão alguma.

Pensando nesse glorioso carro, gritando seu berro de doze cilindros refrigerados a ar pela antiga reta de Mulsanne (sem chicanes) a quase 400 km/h, nas famosas cores da Gulf Racing, me lembro de mais um motivo para não mais acompanhar competições.

Torcer para carros movidos a diesel em Le Mans? Obrigado, mas não, obrigado.

MAO

Para saber mais:

Porsche: Excellence was expected – K.Ludvigsen

The unfair advantage – Mark Donohue

Finalmente aconteceu. Depois de cinco vitórias seguidas da Audi, o Peugeot 908 HDi de número 9 conseguiu vencer em casa depois de 24 horas, 382 voltas e 5.206 km do circuito de Le Mans.


A última vitória da Peugeot aconteceu em 1993 com o modelo 905 Evo 1B, e curiosamente, como aconteceu este ano, pilotado por um dos filhos de Jack Brabham. Em 1993 foi Geoff Brabham, e este ano foi a vez de David, juntamente com Marc Gené e Alexander Wurz, todos ex-F1. Para completar a noite francesa, o segundo lugar ficou com outro 908 de número 8, em uma dobradinha histórica.


O R15 alemão mostrou-se ainda vulnerável e sem a máxima eficiência aerodinâmica, pois os pilotos reclamaram muito durante a corrida de falta de downforce na frente do carro. Tom Kristensen, com o Audi número 1, teve que se contentar com o terceiro lugar, sendo o único Audi em condições de disputar a corrida, uma vez que o carro número 2 sofreu um forte acidente após uma falha mecânica e o carro número 3 teve muitos problemas e terminou em 17°.

Ótimo resultado para o Lola-Aston Martin número 007 que terminou em quarto lugar, o primeiro carro movido a gasolina da classificação final. Durante toda a corrida os Aston estiveram entre os primeiros colocados, mas problemas com o carro 008 e 009 os colocaram mais atrás no resultado final.


Pela LMP2, vitória do Porsche RS Spyder da equipe Essex, que disputou a primeira metade da corrida a liderança na categoria com o outro RS Spyder, mas teve dificuldades e o Lola-Judd terminou em segundo.


Foi triste ver o grid da GT1, com apenas seis carros, sendo quatro Corvettes C6R, um Aston Martin DBR9 e um Lamborghini Murcielago que nem largou. Como era de se esperar, Corvette venceu absoluta na categoria, ainda indefinida para o próximo ano, por conta do ridículo número de participantes.


Pela GT2, festa brasileira com Jaime Melo Jr. no F430 de número 82 da equipe Risi Competizione. É a segunda vitória seguida de Melo na categoria GT2 das 24 Horas. Os 911 não mostraram a resistência que é a marca registrada da Porsche, e foram vencidos por nove Ferraris na classificação final.



O resultado completo pode ser visto aqui.










De vez em quando eles voltam a aparecer como assombrações benéficas. Há umas 3 semanas, no mesmo dia, vi dois deles, sendo um branco, e perfeito.
Agora, depois de vários dias sem nem mesmo lembrar desse carro que me atormenta, aparece essa foto, mostrando que também na terra essa beleza magistral já fez suas estrepolias, sem sucesso digno de nota.
Mas que ele é belo, disso eu não duvido.

JJ
Sexta-feira fui conhecer a LAN montada pelo pessoal da GPLBR no Hotel Novo Mundo, no Rio. A GPLBR é uma liga de pilotos virtuais que correm regularmente on-line usando o simulador rFactor (http://www.rfactor.net/), um dos preferidos pelo pessoal, pois permite usar modificações feitas por terceiros, ou seja, novas pistas, novos carros.


Aproveitando o feriado, reservaram um salão no hotel e montaram a LAN, em comemoração ao 11° aniversário da liga. Veio gente de tudo quanto é canto do Brasil, e até do exterior. Uma profusão de telas de LCD dos mais diversos tamanhos, vários bancos concha montados em cockpits especialmente fabricados para corridas em simuladores, volantes e pedais das mais diversas marcas, acho que todos com 'force feedback', que transmite ao piloto parte do que acontece na pista. Sentei no cockpit do Lotfi (que tive o prazer de conhecer momentos antes, num almoço com o pessoal) para experimentar. O dele é o que aparece na foto com 3 telas, que dá um campo visual sensacional.


Ouço de muitos entusiastas que simulador não tem graça porque a gente não sente as forças atuando. É uma meia verdade, nada como sentir a aceleração em um carro forte, as curvas, a freiada. Mas acreditem, é uma diversão e tanto. O grau de realismo é grande, as velocidades em curvas, o jeito que o carro desgarra, tudo muito parecido com a vida real. Junte a possibilidade de mexer em vários acertos do carro (ou seja, podemos brincar de mecânico também) e o recurso de jogar conectado pela internet e o circo está armado. Já participei de algumas corridas usando outro simulador e me diverti bastante, agora não vejo a hora de instalar o tal simulador e começar a correr com o pessoal. Eles mantém um servidor para corridas, e, segundo amigos, praticamente todo dia à noite tem gente disposta a um pega.