google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

É incrível como o ser humano tem a capacidade de florear histórias diversas, desde uma simples briga de vizinhos até escândalos nacionais. Mas o colega Alexandre Garcia disse certa vez que "se
a versão dos fatos é mais legal que os fatos, danem-se os fatos e viva a versão!".

Quando eu ainda era um moleque nos anos 80 fui ao Playcenter e vi pela primeira vez no cinema 3D o filme "C'était un rendez-vous" (em português: "Era um encontro"). Fiquei fascinado com a velocidade que o carro alcançava nas ruas de Paris, mas não fazia nem ideia do que se tratava, só me lembrava do maravilhoso som do motor e dos pneus cantando.

Anos depois, já com as facilidades da internet, fiquei sabendo que o filme fora supostamente gravado em 1978 pelo cineasta francês Claude Lelouch, com uma câmera montada no capô de um Ferrari 275 GTB, guiado por um piloto de Fórmula 1. Uma historinha bacana, que dizia até que Lelouch fora preso e que o Ferrari chegou a espantosos 324 km/h na avenida Champs-Élysées.


Definitivamente, uma mentira de perna longa. Demorou um bocado, mas a verdade veio à tona: o filme foi gravado às 5h30 de uma manhã de 1976 por Lelouch, a bordo de um Mercedes 450 SEL 6.9 (sim, o maravilhoso W116). O som do Ferrari foi "dublado" por Lelouch, a partir de seu próprio 275 GTB.

A grande verdade é essa: nada de V-12 Ferrari com 5 marchas, a performance foi de V-8 Mercedes, com câmbio automático de 3 marchas. Não há nem o que se falar em 324 km/h, já que a velocidade máxima do Mercedes é de 235 km/h.


Mas que graça teria a sonoplastia original, apesar do delicioso som do V-8 Mercedes? Como disse o AG, a versão mais legal é a mentirosa mesmo. Não tem como assistir o filme depois de vários anos e achar que foi um Mercedes que fez aquilo, por mais que eu goste do W116. Na minha cabeça, "C'était un rendez-vous" sempre terá o Ferrari 275 GTB como o astro principal, ainda que implícito.

O filme foi o precursor de outros filmes semelhantes, como a série "Getaway in Stockholm". É de se admirar a coragem irresponsável de Lelouch, pois demorou muito tempo para que aparecesse algo semelhante. Irresponsável sim, mas ainda assim genial.

Para quem nunca viu, segue o vídeo:



Na primeira foto, o único exemplar do BMW 2800 Spicup, lançado no Salão de Genebra de 1969. Na segunda foto, um Alfa Romeo Montreal, cujo protótipo foi apresentado no mesmo evento dois anos antes, e colocado em produção em 1970.

Ambos desenhos de Gandini/Bertone. O BMW é equipado com o motor de seis cilindros em linha de 2,8 litros, enquanto que o Alfa possui um V-8 de 2,6 litros.
Triste com o já esperado grande acontecimento do dia, não vou comentar; só dividir com vocês um vídeozinho que fez meu dia feliz. Enjoy!
Fonte: Jalopnik

Nesse último final de semana o Rio de Janeiro sediou uma etapa do campeonato brasileiro de motovelocidade. Estive no autódromo no sábado para dar uma olhada nos treinos, ver como é o esquema, como é montado o circo.

O que vi lá é digno de post em nosso blog, não pelo profissionalismo, não pelo avanço técnico, muito menos por causa da estrutura, mas sim pelo romantismo e pela garra.

Existem algumas equipes com apoio de fábrica, patrocínio de multinacional, equipamentos parelhos ao usado no mundial de Superbike, contudo isso é uma grata exceção. Nas categorias menores, 125, 250 e 600 Hornet o que se via era uma força de vontade muito grande de acelerar, contra tudo e contra todos. Grande parte dos pilotos estava acampada em barracas de camping dentro dos boxes e traziam consigo, além da moto e equipamento de segurança, apenas uma gorda caixa de ferramentas. Mecânicos e pilotos sentados no chão, buscando o último acerto no bólido de menos de 50cv. Quem já acompanhou uma etapa do paulista de kart sabe a diferença, pilotos de 13 anos com massagista particular, pilha de motores, chassis e pneus.

Ao puxar papo com um dos pilotos, uma história deliciosa, o cara começou a treinar em um loteamento asfaltado em Parati, onde vive. Achava-se imbatível por entender que ninguém poderia ser mais rápido que ele no loteamento. Foi para Interlagos durante o primeiro treino vê um sujeito com a mesma moto colocando por fora dele. Incrédulo pensou “se ele me consegue também consigo” e foi andando na referencia do piloto da frente. Na próxima curva a moto começou a desgarrar alternadamente de frente e de traseira, nosso piloto do loteamento pensou – “Não é possível! Será que vou ter que fazer todas as curvas assim?”

A história do loteamento me lembrou claramente dos livros e dos textos dos pioneiros do automobilismo brasileiro, como o Emerson colocando o Gordini da mãe de lado na Praça Villaboin em Higienópolis.

Foi muito bom ver aquilo. Saí de lá com um certo pesar por gostar tanto de autómoveis.