google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Ao longo dos anos em que tenho interesse por carros, sempre me deparei com uma constante: os Volkswagen sempre são muito menos desejáveis do que os Ford, principalmente do ponto de vista do design. Isso sempre considerado o panorama mundial das duas marcas, mas principalmente aqui no Brasil.
Mas como a única coisa imutável no mundo é que tudo muda sempre, isso não é mais totalmente verdade. Vou me ater apenas a dois modelos nacionais, para fazer as coisas mais simples. Ka e Gol.
O Gol sempre foi brasileiro, desde 1980 desenhado e produzido aqui, para mercado local e alguma exportação, nunca para países de Primeiro Mundo, em que sempre houveram opções melhores e mais baratas, até mesmo da própria VW. O Ford Ka veio a mercado primeiramente na Europa, e depois no Brasil. O desenho desse modelo foi alvo de críticas de todos os órgãos de imprensa dita especializada e até alguma de fora da área. Acho que só faltou ser mal-falado em sermões de padres.
O fato é que o brasileiro normal pouco entendia o design desse pequeno, e quando se falava de um Gol, poucos eram os que criticavam.
Meu ponto de vista é simples para entender essa diferença. Enquanto o Gol era um carro que qualquer pessoa com um curso de desenho poderia ter criado, o Ka era uma criação inspirada, uma novidade nunca vista e, até hoje, inconfundível. Obra de pessoas com aquele tipo de ideia que temos em condições diversas, como tomando banho, por exemplo, ou em algum sonho ou pesadelo. O Gol sempre foi criado e desenhado no expediente fabril, das 8 às 17 h.
Como sempre, coisas que funcionam no mundo todo, no Brasil dão problema. Assim, há alguns anos a Ford Brasil resolveu mexer no Ka, para atender às reclamações sobre seu design, reclamações estas feitas por pessoas que não conheciam design! Pensemos assim: Mona Lisa está passada, restauremos o quadro de Leonardo da Vinci, e vamos aproveitar para mudar algumas coisas na querida Mona. Mudemos o cabelo, a roupa, um botox nas bochechas e pronto, agora ficou legal. Foi a mesma coisa com o cultuado Ka.
Conheço muita gente que gostou, a maioria delas não são do ramo, e então agradou-se a maioria, descaracterizando-se um modelo histórico. Só no Brasil, claro. Na Europa, continuou igual por muito tempo, pois lá sim é um carro "cult". Um urbano ágil, moderno e de gente avançada.
E passemos a 2008 no Brasil. Novo Ka e novo Gol. Um Ka maior, com espaço para pessoas sentarem-se no banco traseiro, e um Gol com motor transversal, o primeiro desde o lançamento há 28 anos. Mudanças grandes para as duas marcas, e muitas opiniões divididas.
O Ka atual foi desenhado aqui, e só existe no Brasil. O novo Ka europeu é totalmente diverso e nem poderiam ter o mesmo nome, acho eu. Trata-se de um aproveitamento local de várias peças do Ka anterior, algumas delas visíveis, como portas e para-brisa. Isso já define que muitos componentes da carroceria são os mesmos que já existiam, como toda a estrutura à volta dessas duas peças. Sem falar de partes mecânicas e que não são objeto desse texto.
O Gol é todo novo, mas também aproveita bastante do Fox, que por sua vez já era baseado no Pólo em alguns componentes.
Os resultados são totalmente diversos. Enquanto o Ka parece mesmo um grande remendo, quase uma reforma de baixo custo, um popular "puxadinho", o Gol ficou muito bom. Os conceitos foram opostos em alguns pontos, como faróis. Ka tem um monstro que emite luz, subindo pelo capô e que o faz parecer um ser vivo que está sendo estrangulado e prestes a colocar os bofes para fora. O Gol tem faróis bem menores, parcialmente cobertos pelo capô, criando uma sobrancelha que o faz ter uma cara invocada. A grade dianteira é bem larga e baixa, e o efeito é muito simples e bonito. Já no Ka, a grade tem laterais verticais aumentando a altura visual, que, somada aos faróis enormes, diminuem a largura do carro, e o faz aparentar um certo estrabismo. Como as rodas-pneus são pequenos, quando se olha mais ou menos na posição 3/4 de dianteira, o volume dessas parece ser menor do que dos faróis. Muito ruim mesmo, mas não exclusivo do Ka. Outras fábricas também já cometeram esse erro, como a GM com o Celta atual, apenas como exemplo.
Indo para a parte traseira, a meu ver sempre a mais difícil para o designer ser criativo, continuam as diferenças absurdas. O Ka ganhou uma porta (tampa com janela é porta em automóveis) que desce bastante, cortando o para-choque, com uma largura muito pequena, e que abaixa visualmente a traseira toda. Lanternas foram colocadas horizontalmente, e têm uma curvatura que não combinam com nada. O Gol tem um vidro vigia pequeno, com um formato bastante interessante, e uma pequena extensão acima do mesmo que também faz o carro parecer mais esportivo e alto do que é.
Para terminar, as laterais. Ka tem uma confusão de linhas que acredito não ser necessário comentar. Gol tem um probleminha, os cantos superiores dos quadros dos vidros são muito arredondados, só objecionáveis nas cores claras. As escuras disfarçam esse detalhe. De resto, é muito bom, com uma linha de cintura em cunha, nascendo na mesma borda do capô que o faz ficar com aquela cara de bravo que já comentei.
São opiniões pessoais, e reconheço com respeito que posso estar dizendo mundos de bobagens para muitas pessoas que enxergam esses modelos de outra forma, mas minha conclusão é que a Ford errou demais com o Ka brasileiro, e a VW finalmente fez um Gol que pode ser adjetivado como bonito.
Uma tremenda inversão no que vinha acontecendo há décadas.
JJ
Cena idílica de comercial. Um Honda FCX Clarity vem calmamente desfilando por uma avenida à beira-mar, e, após 240 milhas (386 km), entra em um posto para reabastecer. Mas, em vez de se abastecer com gasolina, álcool ou diesel, este carro é abastecido com o mais limpo hidrogênio.

É a realização dos sonhos do carro limpo. Um carro que utiliza hidrogênio estocado com oxigênio do ar, recombinados numa moderna célula a combustível, gerando eletricidade para os motores elétricos de tração e deixando sair apenas água pelo escapamento. Enfim, um carro que emite zero de carbono para a liberdade de se locomover sem o peso na consciência ecológica. Simplesmente sublime.

Porém, o haveria algo por trás desta cena? Seria o hidrogênio um combustível tão perfeito? Seria a célula a combustível o milagre para continuarmos a usufruir das facilidades da vida moderna sem interferir com o meio ambiente?

Veremos que entre a imagem e a realidade há uma enorme diferença que a propaganda não explica.

Comecemos pelo hidrogênio.

Quando extraímos petróleo de um poço, não estamos extraindo apenas uma substância escura e pegajosa. Estamos extraindo muita energia impregnada naquele óleo bruto. Por isso o petróleo é uma matriz energética, uma fonte de energia. A mais importante nesta fase da História.

O hidrogênio molecular não existe em estoques concentrados e de alta pureza que possamos explorar diretamente. Ao contrário, ele precisa ser obtido através da eletrólise da água, ou como mais comumente o obtemos atualmente, pela reforma de gás natural (metano).

Mas para o obtermos, precisamos inserir energia no processo. Mais energia do que o hidrogênio será capaz de fornecer depois. A energia que está no hidrogênio combustível foi gerada por uma outra fonte qualquer, havendo perdas na conversão.
Desta forma, o hidrogênio não é uma fonte de energia, mas apenas um meio intermediário de armazená-la antes dela ser consumida.

O hidrogênio é uma substância de alto poder energético por unidade de massa. Ele oferece 120 megajoules de energia por quilograma de gás, contra 43,5 MJ/kg de uma gasolina premium, de 98 octanas RON.

No entanto, o hidrogênio é uma substância de baixíssima densidade. Sob a forma líquida, em temperatura próxima do zero absoluto, para uma mesma quantidade de energia fornecida , o hidrogênio necessita três vezes e meia o volume de gasolina. Na forma de gás à pressão de 700 bars, ele precisa de cinco vezes o volume de gasolina para oferecer a mesma quantidade de energia.

Um carro que tenha um tanque de 60 litros de gasolina precisaria de um tanque de 300 litros para estocar hidrogênio para a mesma quantidade de energia. Esta é a razão pela qual raramente se produz carros com motores de ciclo Otto que queimam hidrogênio. A BMW produz um modelo, o Hydrogen 7 bicombustível gasolina-hidrogênio, lançado no final de 2006, mas que vende bem pouco por ser pouco atraente (260 cv num motor V12 de 6 litros) e por não haver rede convincente de fornecimento de hidrogênio.

O Honda FCX tem em suas especificações a indicação de que seu tanque é abastecido com 4,1 kg a 5.000 lbf/pol² (345 bars), o que equivale em energia a 15 litros de gasolina premium. A conta já começa a não fechar.

As 240 milhas de autonomia do Honda FCX Clarity seriam percorridas por um carro normal com tanque de 60 litros de gasolina, indicando que o Honda FCX é 300% mais eficiente que um carro a gasolina.

Uma demonstração de que algo não está certo nestas contas está no exercício de tecnologia de um avião movido a hidrogênio, levado à cabo pela Airbus, chamado de Cryoplane.
Não só o projeto do avião foi estudado, mas todas as situações criadas em torno dele.


Este avião era movido por hidrogênio líquido, em temperatura próxima ao zero absoluto, da mesma forma que o foguete Saturn V que havia levado o homem à Lua.
O aspecto mais marcante do Cryoplane era uma “corcova” sobre quase toda a fuselagem para a instalação de tanques de hidrogênio combustível. O hidrogênio combustível, para a mesma quantidade de energia, tem 1/4 da densidade do querosene usado atualmente e exige tanques cilíndricos, não podendo ser aproveitado o espaço da estrutura das asas como o querosene. Esta “corcova“ cria novos problemas de projeto, já que afeta o centro de gravidade e aumenta o arrasto aerodinâmico da aeronave. Não teria de ser assim, caso o hidrogênio não fosse tão volumoso.

O tanque do FCX Clarity se demonstra pequeno em volume diante dos do Cryoplane, em comparação ao de um automóvel a gasolina, contra os tanques de um jato movido a querosene.

O hidrogênio oferece ainda toda uma série de dificuldades para seu armazenamento e manipulação. Ele é o gás que possui a molécula de menor tamanho e de maior velocidade em um meio gasoso. Reservatórios totalmente estanques para gases comuns vazam hidrogênio. O pequeno tamanho da molécula e sua alta velocidade fazem com que ele penetre fundo na estrutura cristalina do metal, vazando como se o reservatório fosse um pote de barro. Sistemas de vedação também são sacrificados. Portanto, todo sistema de armazenagem, reabastecimento e manipulação necessitam de materiais e desenhos especiais para conter este gás. Isto implica em custos que dificilmente diminuirão num futuro próximo.

É outra conta que não fecha.

O uso de materiais nobres nos carros elevarão seus preços, dificultando sua adoção como no ramo dos carros populares.

Agora iremos à pior de todas as contas. Segundo o Dr. Ray Ridley, presidente da Ridley Engineering Inc., o ciclo energético do hidrogênio para uso automotivo seria:

- Transformação de energia térmica (petróleo, carrão, nuclear, renovável) em energia elétrica – rendimento de 33%;
- Geração de hidrogênio através da eletricidade – rendimento de 50%;
- Compressão, transporte e armazenamento – rendimento de 90% (?);
- Célula a combustível e agregados – rendimento de 50%;
- Tração elétrica – rendimento de 80%
- Total – 5,9 % de rendimento.

Em comparação, um carro elétrico teria a seguinte cadeia:

- Transformação de energia térmica (petróleo, carvão, nuclear, renovável) em energia elétrica – rendimento de 33%;
- Transmissão elétrica – rendimento de 93%;
- Bateria – rendimento de 85 %;
- Tração elétrica – rendimento de 80%
- Total – 21 % de rendimento.

Por estes números é possível ver que a cadeia energética de um carro elétrico é pelo menos três vezes e meia mais eficiente que a do carro com célula a combustível.

Para aqueles que não param de fazer as contas em carbono, o carro com célula a combustível se revela mais emissor de CO2 do que um carro a gasolina convencional, apesar de não sair um miligrama deste gás pelo cano de descarga.

Definitivamente, as contas com os carros a hidrogênio não fecham.

Se essas contas não fecham, então por que tanta movimentação em torno do carro com célula a combustível?

A história do carro movido a célula a combustível iniciou com a Electrovan, um protótipo da GM de 1966. Havia a promessa de que esta tecnologia chegaria aos carros em não mais que 20 anos.
A Mercedes criou alguns protótipos da série Necar durante a década de 90 e início deste século. Em 2002 o Necar 5 percorreu mais de 3.000 milhas (4.800 km), cruzando os Estados Unidos como demonstrador da nova tecnologia, anunciada como viável “em muito pouco tempo”.
Em 2008, o Honda FCX Clarity é lançado como uma série limitada de 200 carros, a serem oferecidos em leasing (sem direito de opção de compra no final do contrato, situação muito similar ao do EV1) para consumidores escolhidos a dedo.

A atriz Jamie Lee Curtis foi a segunda pessoa a receber seu FCX Clarity.
Em eventos anteriores, o então presidente Bush e o governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger inauguraram postos de reabastecimento de hidrogênio e até simularam reabastecer carros a hidrogênio, prometendo criar uma rede de postos para estes carros.

Inequívocos atos de publicidade sem fundamento real para concretizar o uso da tecnologia.

Cada vez que anunciam algum avanço na tecnologia da célula a combustível ou é lançado algum novo protótipo de carro movido a hidrogênio, os fabricantes anunciam que ela estará disponível para breve ou para mais alguns anos.

A rolagem contínua do tempo previsto para que esta tecnologia esteja disponível nos lembra a figura do burro sendo enganado por uma varinha e uma cenoura.

Talvez o carro a hidrogênio seja apenas um disfarce, demonstrando que a indústria automobilística não está parada na busca de uma solução definitiva para um carro que não queime combustíveis como os atuais, um teatro ensaiado para chamar nossa atenção enquanto uma altternativa realmente viável não esteja ao alcance.

A tecnologia da célula a combustível certamente é importante em aplicações estáticas, como fonte de energia de emergência para prédios e hospitais, em naves e satélites espaciais, porém seus números não se mostram adequados para aplicações de mobilidade terrestre.

Acho que até dá para dizer que, para os automóveis, o hidrogênio é o combustível do amanhã, lembrando que o amanhã é um dia que nunca chega.

AAD

O Paulo Keller esta semana nos lembrou do aniversário de 40 anos do Porsche 914.

Falar sobre aniversários, 40 anos, Porsche e 914 disparou uma série de sinos em minha cabeça, referentes a coincidências bem interessantes.

A primeira delas é que 1969 também foi o ano de nascimento do MAO, que portanto também começa sua vida ao completar quarenta este ano, em 18 de setembro.

A segunda é que no dia 18 de setembro de 1969, enquanto minha mãe tinha um dia deveras difícil em São Paulo, a 3.000 km daqui, num longínquo bairro de Stuttgart chamado Zuffenhausen, onde se situava a Porsche, uma equipe de mecânicos também tinha um dia difícil, dando os toques finais a um 914 muito especial, sob a impiedosa batuta de um jovem príncipe da empresa, que conseguiria no futuro fama própria: Ferdinand Piëch.

E toda essa balbúrdia se dava porque exatamente 60 anos antes daquele dia, em 19 de setembro de 1909, nascera ali mesmo naquela cidade o primeiro filho do Prof. Dr. Ing. h.c. Ferdinand Porsche, que receberia o nome de Ferdinand “Ferry” Porsche II. Ferry, no pós-guerra, partindo da empresa de projetos que seu pai fundara, resolveu começar a produzir carros esporte com seu nome, e o resto é história. Ferry tinha exatamente 60 anos a mais que o MAO e, portanto, se vivo, completaria 100 anos em setembro próximo.

Piëch coordenava a finalização do presente de aniversário de seu tio a pedido de seu primo, e filho do aniversariante, Peter Porsche. Foi um dos raros momentos de trégua na batalha que se travava pelo controle da empresa, o embate que hoje é conhecido pelo nome de “The crash-test of the clans”.

Esta batalha entre Piëchs (liderados por Louise, irmã de Ferry e casada com Anton Piëch) e Porsches terminou por abolir a participação de qualquer membro da família na empresa que possuíam, e obrigou o jovem Piëch a perseguir uma carreira fora da empresa, que sabemos ser altamente bem-sucedida. Além disso, cortou abruptamente a carreira de designer de automóveis do talentosíssimo Ferdinand Alexander "Butzi" Porsche, criador do 904 e do imortal 911.

Mas nada disso importava naquela manhã de 19 de setembro de 1969. Era um dia de festa em Zuffenhausen e o velho mas ainda muito ativo Ferry festejava seus 60 anos entre amigos, parentes e funcionários.

E que presente ele ganhou...Usando o excelente e recém-nascido 914 como base, o carro de Ferry ganhava um motor de oito cilindros refrigerado a ar saído do 908 de competição! Este motor fora desenvolvido, para manter os custos baixos, utilizando-se como base o seis-cilindros do 911 e cabeçotes DOHC modulares que seriam também usados no poderoso 917 de doze cilindros. Deslocando 3 litros e equipado com injeção mecânica Bosch, costumava corriqueiramente debitar 350 cv nos 908 de competição, produzindo um urro gutural no processo que derrubava passarinhos dos fios, fazia cachorros fugir ganindo e as criancinhas correrem para as saias de suas respectivas mamães.
No carro de Ferry, batizado de 914/8, o oito contraposto foi acalmado com comandos mais mansos, a intratável injeção substituída por quatro Weber 48, e filtros de ar e escapamentos desenhados para manter a fúria sonora daquele monstro em níveis passáveis. Ainda assim, produzia 260 cv.

Sim, o carro era para ser usado nas ruas, e assim o foi por 14 mil km, até que pressões politicamente corretas fizeram aquele velhinho de 60 anos parar de aterrorizar a pacata Stuttgart. O carro foi direto para o museu da companhia, onde permanece até hoje com os mesmos 14k km no hodômetro.

O outro 914/8 que existiu na verdade pré-datou o de Ferry, e foi o pivô da idéia do presente. Pintado de vermelho, era um brinquedo criado pelo jovem Piëch usar no então novíssimo campo de provas de Weissach. Usava o motor de corrida intacto, com reputados 350 cv (ou 300, nas raras vezes em que se montavam silenciadores). Ah, ser jovem e parte da realeza automotiva nos anos 60... Pelo que sei, o 914/8 vermelho ainda pertence ao seu dono e criador.

A Porsche pensava seriamente em fazer o 914/8 em série, mas todo o imbroglio depois da morte de Nordhoff (descrito pelo Keller em seu post) acabou por dar uma vida confusa e mal-ajambrada ao excelente carrinho, e matar definitivamente o oito. Uma pena que o espírito da aventura VW-Porsche tenha morrido com Nordhoff. O 914 merecia mais de seus pais, mas separação é sempre hard on the kids... Mas ele acabou por se sair muito bem, apesar de tudo.

O 914 permanece sendo o Porsche com o qual eu tenho maior intimidade, graças ao meu bom amigo Egan, que tem um belíssimo exemplar de 4 cilindros vermelhinho (exatamente como esse aí embaixo) em sua eclética e agradável garagem, que frequento regularmente. Tenho para mim que um dia ele me venderá o carro, mas nunca tive coragem de comentar isso, ou mesmo pedir que faça um preço, para não quebrar a fantasia. Infelizmente Porsches, mesmo os mais humildes, habitam um mundo ao qual não faço parte.

Mas quem sabe até setembro não crio coragem...

MAO
David MacNeil é um americano patriota. Através de sua marca WeatherTech, vende vários artigos que ele mesmo produz. Quem lê revistas americanas de automóveis, certamente já viu seus anúncios monstruosos de até 8 páginas, mostrando vários produtos, desde os básicos tapetes de assoalho, até pára-barros, calhas de chuva, defletores de ar e outros, para várias marcas americanas e estrangeiras. Ao menos nas fotos tudo aparenta ser de extrema qualidade e funcionalidade.

Mas David é também aquele tipo de cara que a maioria aqui inveja no bom sentido. Coleciona carros, é corredor amador, tendo ganho diversas corridas de carros de turismo, nos campeonatos organizados pelo SCCA (Sports Car Club of America). Só para se ter uma ideia do entusiasmo, ele venceu as 5 provas em que participou em 2008, além disso, é ainda piloto de avião, com certificação de piloto de linha aérea. Se quisesse, era só se candidatar a uma vaga em empresa aérea e ganhar dinheiro voando, sem se preocupar em manter uma empresa, algo grandioso.

Porém, MacNeil tem muito orgulho de sua empresa de tapetes de borracha. E também um patriotismo especial por seu País.

Ultimamente, nas propagandas da WeatherTech, ele veicula uma declaração onde explica seu processo de produção, desde o aço usado para fazer os moldes de seus produtos, passando pelas máquinas, pelo material de manuseio de estoque, pelos seus funcionários, que também aparecem nos anúncios, e dá uma chacoalhada boa nas empresas que visam o lucro acima de tudo.

O texto está também no site da empresa, e para adiantar o trabalho dos nossos leitores, reproduzimos aqui.

Espero que o patriotismo desse cidadão nos faça pensar mais no nosso sofrido Brasil, e no quanto precisamos nos dedicar para ter uma vida decente. Boa leitura.