Automobilismo perde o genial e humano Brian Hart, “autoentusiasta” de carteirinha e verdadeiro hedonista do esporte.
Dakar 2014 começa em Rosário; Michael Schumacher continua em estado de coma em Grenoble.
Não foi a melhor transição de calendário para o
automobilismo de competição: no último domingo de 2013 Michael
Schumacher sofreu lesões cerebrais em conseqüência de acidente enquanto esquiava
em Meribel e no primeiro domingo de 2014 o inglês Brian Hart faleceu, aos 77
anos. Personagem dos mais tranqüilos nos paddocks da F-1, com ele desfrutei
inúmeras oportunidades de aprendizado, bom papo e muito vinho, em particular
durante a temporada em que ele cuidou dos motores da equipe Minardi, em 1997.
Apaixonado pelo automobilismo, Hart aprendeu engenharia
durante o período em que trabalhou para a De Havilland, empresa aeronáutica
britânica onde surgiram vários outros nomes de relevo para o automobilismo
mundial, em particular o inglês. Entre eles Maurice Phillipe (que viria a
participar do projeto Copersucar) e Mike Costin, o “Cos” da empresa Cosworth.
Piloto com o pé direito pesado e de capacete recheado por inteligência e
conhecimento mecânico acima da média, o esguio e calvo Brian se destacou na F-2
dos bons tempos tanto ao volante — venceu em Nürburgring, em 1969 —, quanto
como fabricante de motores. Além de suas versões para os motores Ford BDA e FVA,
ele construiu um modelo sob encomenda para Ted Toleman, motor que fez Brian
Henton e Derek Warwick dominarem a temporada de 1980. Este resultado
impulsionou Toleman — então proprietário da maior transportadora de carros
novos da Inglaterra —, a embarcar num projeto mais ousado: uma equipe de F-1
mais tarde rebatizada em Benetton, Renault e, mais recentemente, Lotus.
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Hart (esq.) ao lado de um TG184 usado por Senna durante evento em Donington (foto Google) |