Com rodas próprias, o modelo estático do Sogna |
Um japonês, um sonho aos 13 anos, e um nome: sogna, sonhe, em italiano.
Confusão? Não para Ryoji Yamazaki, que desde a adolescência direcionou seus estudos para a arte, sempre se lembrando de seu sonho em ser um estilista ou designer e ver materializado um carro de sua criação. O objetivo estava traçado.
Em 1991, conseguiu terminar o protótipo estático, e para somar importância à sua idéia, o expôs em Genebra, o salão suíço cuja abrangência européia é notável, já que está em território neutro.
No Japão, a Art & Tech de Yamazaki foi fundada em 1989, cerca de três anos depois do designer começar a definir como seria seu carro, e após o Salão de Genebra os contatos de interessados em construir o carro para vender começaram a aparecer.
Facilitando o acesso aos interessados, Yamazaki havia estabeleceu também uma empresa em Turim, na Itália, chamada Nichelino, com fundos de seus negócios no Japão, uma escola de artes, a Art Center Yamazaki e uma empresa de importação e exportação. Como se nota, verbas não pareciam ser problema.
Quando era estudante, seus estudos em Tóquio e seu trabalho paralelo no departamento de pesquisas da Universidade de Kyoto o levaram a viagens à Europa, conhecendo museus, monumentos e pessoas que tinham experiência nessa arte que se soma a ciência de desenhar carros, antes que as idéias sejam passadas aos engenheiros e projetistas, profissionais que existem para viabilizar a materialização utilizável dos sonhos.
Desse ângulo, faz imaginar uma nave espacial que pousou sobre uma banheira |
O preço divulgado na época seria claramente proibitivo e contribuiu, sem dúvida, para o desaparecimento do carro e da empresa. Falava-se em US$ 1,6 milhão.
O Sogna foi construído sobre uma mecânica Lamborghini Countach, naquela época ainda o mais notável e popular representante daquela categoria de carros que muita gente acha inútil: os chocantes visualmente, aqueles que olhamos e dizemos " Uau!" de várias maneiras, algumas chulas, reações humanas emocionais que, na minha opinião, devem ser a razão de vida de estilistas com sangue nas veias.
Muitos detalhes do desenho são interessantes, um deles é o teto e para-brisa integrados, transparentes, que hoje são quase normais em carros europeus de marcas de vanguarda estilística, como Citroën.
As fendas ao redor do capô dianteiro, que terminam em aberturas acima e a frente das rodas dianteiras, é algo de efeito aerodinâmico que deveria ser verificado caso o carro fosse desenvolvido para produção.
Os vidros das portas tem uma curvatura única, abrindo um canal para refrigeração do motor, e tornando o carro bastante futurístico no seu visual.
O fato de um protótipo que rodava ter sido feito e apresentado em Essen em dezembro de 1991 trouxe à tona as fotos desse carro, ainda hoje existente, com as rodas do Countach, e as suspensões, duplos braços em forma de "A" superpostos nos quatro cantos, sendo amortecedores e molas duplos na traseira. Esse exemplar único tinha velocidade divulgada de mais de 300 km/h, devido aos 460 cv do V-12 Countach. A intenção é que o carro, bem desenvolvido, deveria atingir 325 km/h, uns 25 a mais que o italiano.
O contorno das caixas de roda traseiras rende uma homenagem a Marcello Gandini e sua mais famosa obra. Pode ser até chamado de cópia, mas não há como negar que o Sogna tem carronalidade própria.
A área escura na traseira é o vidro vigia, que em produção teria também uma câmera para incrementar a visibilidade. Abaixo dela, uma região com uma grande fresta para vazar ar quente do motor.
Foto do início de 2012 do carro à venda no Japão |
Rodas do Countach no único exemplar funcional |
O chassis era tubular de aço, e o peso em ordem de marcha, 1.400 kg, para entreeixos de 2.450 mm, o mesmo do Countach, mostrando que o protótipo rodante foi feito sobre o assoalho do carro da marca do touro, corroborando o fato de em alguns lugares que pesquisamos encontrarmos o nome Lamborghini Sogna para o carro. Muitos viram um novo modelo da fábrica italiana no Sogna, mas o fato é que nada disso se concretizou.
Yamazaki realizou seu sonho, ainda que de forma restrita. No começo de 2012, o carro apareceu à venda em um site do Japão, e não houve mais notícias sobre ele.
JJ
Fotos: Supercars.net e enman.co.jp
Fotos: Supercars.net e enman.co.jp
Aquela penúltima foto, pelo desenho das lanternas, me lembrou algum protótipo de supercarro da Peugeot.
ResponderExcluirPara 1989, é um desenho muito inovador. Só não gostei muito da traseira. De que material é feito a carroceria?
ResponderExcluirH
H,
Excluirnão consegui descobrir. Se você souber, me avise que complemento o texto.
Obrigado.
Procurei, procurei e procurei e achei apenas uma vaga informação a respeito da carroceria neste site, que na verdade, é um fórum.
Excluirhttp://www.ultimatecarpage.com/forum/showthread.php?t=40725
Apenas esta frase:
"The entire body has been made of aluminum."
Acho que ele era inteiro em alumínio, pelo qmenos é o que está escrito aí. Mas acho que as pontas, o pára-choques, são de outro material. Têm curvaturas excessivas demais pra ser em alumínio, creio que só com material como a fibra de vidro ou fibra de carbono que é possível fazer isso. Mas isso é só um chute, não dá pra saber direito. E o carro era razoavelmente leve pros padrões de motorização, 1400 kg.
Abraços.
Humberto "Jaspion".
Esqueci de botar a minha assinatura.
ExcluirH
Bem futurista! Me amarro no design de supercarros da década de 90, apesar deste exemplar não ser dos mais bonitos. Parece o carro do Topgear 3000, para SNES.
ResponderExcluirJJ, muito interessante a ousadia e originalidade dessa proposta. Realmente diferenciado !!!
ResponderExcluirMas mesmo olhando com olhos dos anos 80, que vivi bem, acho que o visual ficou carregado, principalmente na linha de cintura. Ficou ousado sim, marcante inclusive, mas não ficou bonito, ao menos em minha opinião.
Helcio,
Excluiro mais importante, na minha opinião, é causar reação, mesmo que alguns achem horrível. De estilo insosso o mundo está cheio.
Ô Juvenal, que carrinho mais sem graça você escolheu para comentar, hehehe...
ResponderExcluirCélio,
Excluiré importante ir formando um banco de dados, mesmo que alguns carros não sejam unanimidades.
Sugestões para posts futuros:
ResponderExcluirCizeta Moroder
BMW Nazca
Lorenzo,
Excluirjá estão anotados na minha carcomida caderneta.
Obrigadão.
Achei o carro tão feio, mas tão feio que não consegui ter vontade de ler.
ResponderExcluirEu sempre preguei pra mim mesmo que o desenho deve ser a última coisa que tem que entusiasmar alguém a gostar de um carro, ter interesse, pensar em comprar etc etc, mas após ver as fotos do carro do post tudo sobre o que eu pensava sobre design caiu por terra.
ResponderExcluirAchei o carro tão feio e sem graça que não consegui ter vontade de ler.
Reiter,
Excluiro que seria do azul se todos gostassem do amarelo ?
Eu gostei do carro.
ResponderExcluirTalvez não hoje, nem por esse preço.
Mas no começo dos anos 90 seria simplesmente o máximo. Vindo diretamente do futuro, dos tão sonhados e imaginados anos 2000.
Aquelas "rodas próprias" estão mais pra calota estilo Lamborghini Reventón, do que pra rodas de verdade.
ResponderExcluirAchei um carro legal, com o design carregado como o de muitos outros protótipos da década de 90, mas se tivesse sido produzido, com certeza seria um sonho dos adolescentes da época - os mesmos que hoje em dia metem pau em tudo e se acham especialistas só porque podem colocar comentários em um blog.
ResponderExcluirFernando,
Excluirgostei muito de seu comentário.
Muita gente que não consegue fazer nada sempre critica o que outros fazem.
Pô, o cara investe os tubos numa base de Lamborghini e num design de carroceria próprio, mas economiza ao colocar as rodas? Num momento, as originais da Lamborghini (muito bonitas, mas não fazem sentido num carro de outra marca) e no outro momento, algo que parecem calotas pintadas na cor da carroceria.
ResponderExcluirJuvenal Jorge,
ResponderExcluirQue tal mudar um pouco e comentar sobre um carro simples como o Ford Falcon?
Não o Falcon de hoje fabricado na Austrália, mas aquele da década de sessenta e que também foi fabricado na Argentina até 1991.
Grato!