google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

Anos atrás, no lançamento do Maserati V-8 que foi no circuito de Interlagos, eu estava ansioso para que chegasse a minha vez de guiar esse carro maravilhoso. Mas a prioridade ficou para o Amaury Júnior e sua equipe de TV, e lá foi ele guiar um Spider amarelo.
Muito galante, ele chamou uma das belas atendentes, colocou-a no banco do carona e, de capota arriada, lá foram eles pra pista. Evito ser preconceituoso, principalmente porque já tive várias surpresas na vida, mas, vem cá, o Amaury não leva a menor pinta de piloto. Talvez eu tenha achado isso naquela hora porque eu estava meio emputecido por aquele camarada lá que não tem nada a ver com carro ter essa regalia só porque tinha TV nas costas.
Talvez eu tenha achado isso por ter visto ele se ajeitar no banco do motorista e vê-lo regular sua posição de maneira totalmente escôncia, com os braços mais esticados do que os do Homem Borracha e se achando o maioral. Mas, tudo bem, vá lá, eu espero.
Então, para minha surpresa, lá veio o Maserati amarelo pela Reta dos Boxes e ao vê-lo frear escutei um belíssimo punta-tacco reduzindo sucessivamente várias marchas, tudo certinho, na finesse. "Ca-ra-ca! E não é que o cara pilota legal!", exclamei. Caraca o caramba.
Quando fui guiar o carro vi que o amarelo tinha o Cambiocorsa, que faz uso das brabuletas na coluna de direção. Então, é pé no freio e dedos esquerdos na brabuleta, que o punta-tacco sai como o piloto de testes da Maserati acha que deve sair, ou seja, perfeito. Me senti enganado. Eu, que sou bom nisso, tenho jeito pra coisa, me esmerei em fazer a coisa direito, agora ser equiparado a um esperto qualquer.
Agora a moda é launch control, ou seja, controle de largada. O camarada aperta lá um botão (o L.C. da foto), clica a brabuleta engatando 1a marcha, acelera no talo -- o motor sobe só até o giro ideal, que não é o máximo -- e para largar é só tirar o pé do freio. E pronto! O carro simplesmente larga da maneira mais rápida possível.
Tudo bem, é a tecnologia a serviço do homem e tal, mas, torno a me sentir enganado. Com essas e outras os bons pilotos perdem algumas cartas da manga, aquelas manhas que os fazem dar um couro nos outros, mesmo tendo um carro inferior. Esse é um orgulho, afinal, merecido.
O filminho foi feito há anos pelo Fábio, dono do Cobra preto -- um QSH de suspensão traseira independente --, quando estávamos fazendo uma matéria para a Quatro Rodas, um comparativo entre as três melhores réplicas de Cobra feitas no Brasil. Esse aí foi o melhor em tudo. Era a tomada de tempo para numa só largada fazermos o 0 a 100 e os primeiros 402 metros. Foi feita com Correvit, um aparelho computadorizado. Então, basta o carro se adiantar um centímetro que o cronômetro já dispara.
O motor era um 302 preparado que rendia uns 380 cv. O carro pesava 1.080 kg, com 52% deles na traseira, pneus novos e ruins da Yokohama (preferi de longe os Michelin de outro Cobra). O câmbio Tremec de 5 marchas tinha a 1a muito curta -- condizente para um carro com uma relação peso-potência  mais alta -- o que dificultava a boa largada, pois provocava patinagem em excesso e obrigava que se jogasse a 2a antes de esticar a 1a até seu máximo. Tentei até largar direto em 2a, mas para isso ela era longa demais. Nessa largada fiz o 0 a 100 em 5,4 seg, enquanto que outros dois jornalistas da Quatro Rodas fizeram 5,9 seg e incríveis 9 seg. Cada um largou umas 3 ou 4 vezes. Esse meu tempo, então, passou a ser o segundo melhor de todos os testes feitos até então pela revista, só superado pelos 4,9 seg do Bob Sharp num Ferrari F40, um recorde ainda não batido, e quero ver quem bate sem esse botãozinho aí. Depois um Corvette 2008, de 7 litros e 505 cv, fez 5,2 seg.
Bom, é claro que com isso tirei meu sarro, porque também gosto de encher o saco dos outros. Que graça teria fazermos esse mesmo teste se esse Cobra tivesse o maldito botãozinho de controle de largada e umas brabuletas pra mudar as marchas?

Esse seria o nome do Mercedes-Benz T80, ou Rekordwagen de acordo com Porsche. O piloto Hans Stuck, em 1937, iniciou o projeto de seus sonhos, construir o carro de recorde de velocidade mais rápido do mundo. Para isso, contou com a genialidade de Ferdinand Porsche para o projeto mecânico e a experiência de Josef Mikcl para criar uma carroceria aerodinamicamente avançada para que a marca de 750 km/h fosse atingida.
O T80 era realmente grande, favorecendo em teoria uma boa estabilidade direcional em alta velocidade com seus oito metros de comprimento. A estrutura do chassi era simples em teoria, baseada no uso duas longarinas principais com amarrações transversais, muito reforçada para suportar todo o conjunto motriz utilizado. Para gerar a tração e estabilidade desejadas, Porsche criou o carro com três eixos, sendo dois traseiros motrizes.
O motor utilizado era, como de praxe em carros de recorde de velocidade da época, derivado da aviação. O motor era um Daimler-Benz V-12 de 44,5-litros e algo perto dos 3.000 cv de potência, usado nos caças Messerschmitt Bf-109. A técnica da injeção de uma mistura de água e metanol diretamente nos cilindros era utilizada para elevar o rendimento o motor. Curiosamente, para um carro, o motor possuia uma construção invertida, com o cabeçote para baixo e o virabrequim para cima. Isso era comum nos aviões, pois permitia o motor ser montado mais baixo, não prejudicando a visão do piloto.
O carro foi terminado em 1939, com total apoio de Hitler, que viu uma excelente possibilidade de marketing para o Partido, pois seria um carro com toda tecnologia alemã, piloto alemão e em terras alemãs. Hitler queria o carro pintado nas cores do Partido, e seria chamado de Schwarz Vogel, ou Pássaro Negro em tradução.
Com a guerra, o evento marcado para janeiro de 1940 foi cancelado e o carro escondido na Áustria, por onde ficou algum tempo e depois foi levado para os cuidados da Mercedes e seu museu.
MB
É impressionate como o novo Camaro é um dos carros mais falados da atualidade. Também não é pra menos, diante de tantos conceitos, séries especiais e preparações. Apenas algumas "versões" estão na lista abaixo para ilustrar a camaromania. De todos esses o meu preferido é o Hennessey HPE700.

INDIANAPOLIS 500 PACE CAR

Foto: divulgação 

Num país onde o automobilismo é desenvolvido como nos EUA e tem muita audiência, os pace cars têm uma visibilidade enorme. A GM sabe bem disso e se aproveita fazendo edições limitadas de pace cars das corridas mais importnates como a Indianapolis 500. Serão 200 unidades iguais ao pace car da prova que se realiza no dia 30 de maio de 2010. O carro-base para esse modelo é o SS com o 6,2-L V-8. O que mais chama a atenção no modelo é o laranjão metálico - inferno Orange - com as faixas brancas - White Diamond. A grade dianteira também é exclusiva.

HENNESSEY HPE700

Foto: divulgação

A preparadora Hennessey simplesmente enfiou um motor LS9, o V-8 6,2-L com compressor, do Corvette ZR1. Só que nesse Camaro são 735 cv e mais de 100 kgfm (no Corvette são 647 cv). Serão feitas apenas 24 unidades.

HENNESSEY HPE800 e HPE1000

Foto: divulgação

Esse Sr. Hennessey é um maluco mesmo. Se o motor do ZR1 já fez do Camaro um canhão, imagine esse motor com sua cilindrada aumentada de 6,2 para 6,8 litros (415 pol³) e o compressor, que ficou anêmico, substituído por dois turbos. São quase 830 cv. Para os que não se contentaram ainda a Hennessey está trabalhando num 427 pol³ com mais de 1.000 cv.

CAMARO GS RACECAR CONCEPT

Foto: divulgação

Apresentado em 2008, o GS é um Camaro pronto para as pistas. Foi inspirado no Camaro número 6 da equipe Penske que venceu o campeonato Trans Am de 1969 pilotado pelo americano Mark Donohue. Esse racer é um Camaro de produção equipado com o LS3 V-8 6,2-L montado sobre coxins rígidos, caixa manual de 6 marchas Tremec, carroceria fechada com solda, capô, tampa do porta-malas, portas e para-lamas em fibra de carbono e outras alterações.

CAMARO VR

Foto: divulgação

Um cruzamento de Camaro com Lamborghini apresentado por uma empresa inglesa e que deve ser vendido lá na Inglaterra em 2010. Além do visual exagerado e das rodas R22, o motor V-8 6,2-L deve ser sobrealimentado gerando mais de 600 cv. A foto foi feita por computação gráfica e nenhum carro real foi apresentado até o momento.

CAMARO JAY LENO

Foto: divulgação

Esse Jay Leno, além de ser rico e de ter uma belíssima coleção de carros, ainda ganha carros especiais da GM. Fora as alterações estéticas, muito boas por sinal, o carro do Sr. Leno tem um V-6 3,6-L com dois turbos e 431 cv de potência, contra os 308 cv do motor original sem sobrealimentação. A proposta é oferecer a mesma potência de um V-8 com a economia do V-6.

DALE EARNHARDT JR. CONCEPT

Foto: divulgação

Mostrado no SEMA de 2008, esse conceito foi feito com ideias do piloto da Nascar que tem um Camaro 1972 preparado. O motor é o mesmo V-8 6,2-L do Camaro SS só que adaptado para etanol com mistura até E85 (mantendo 15% de gasolina, que dispensa o uso do sistema de partida a frio).

SÉRIE LIMITADA SYNERGY GREEN

Fotos: divulgação

No SEMA de 2009 a GM apresentou o conceito Synergy em uma nova cor verde. Agora em 2010 a GM lançou uma série limitada chamada Synergy green pintada com esse novo verde e faixas longitudinais paralelas Rally Cyber grey, além de alguns equipamentos adicionais a um preço mais atraente.

CALLAWAY SC572

Foto: Edmunds.com

Conhecido por seus Corvettes especiais, Reeves Callaway, dono da Callaway Cars, que existe desde 1977, criou um Camaro de alta performance para ser usado no dia a dia. O SC572 é uma máquina refinada, homologada para uso nas ruas, com garantia de 3 anos ou 36.000 milhas (58.000 km) e vendido em alguns concessionários Chevrolet. O motor V-8 6.2-L, o LS3, com compressor Eaton, tem potência máxima de 580 cv.

CAMARO TRANS-AM

Foto: divulgação

Algumas empresas de preparação já apresentaram Camaros transformados em Pontiacs Trans AM. A maioria delas com imagens feitas em computador. Mas a tradicional Lingenfelter foi mais ousada e fez um Trans Am 455 (7,5-L) com 664 cv inspirado no Pontiac 1971 branco com interior azul.

DANZ CAMARO CONCEPT

Foto: carpictures.com

Estragar um Camaro 1969 para fazer algo assim mostra que uma paixão muito forte pode levar uma pessoa à loucura. Mas essa aberração tem uma explicação até que razoável. Quando o tal Danz viu o Camaro Concept em 2006 ele achou que a GM pudesse não produzi-lo. Então, para não correr esse risco, ele fez a atualização do seu próprio Camaro...

PK
Chrysler Airflow: fluxo de ar, o nome diz tudo sobre a prioridade do modelo, em 1934, quando ninguém pensava nisso.

Citroën DS, o máximo de inovação em 1955.

Convair B-36 Peacemaker. Dez motores e complexidade inimaginável.

Concorde, a mais bela máquina voadora.

Honda NS 500. Campeã do mundo sem sofrer nenhuma ameaça.
Yamaha V-Max. Impossível não notá-la ou escutá-la.

Cada vez que o assunto é carros antigos, escutamos o termo "clássico".
Sempre que alguém tenta vender um carro antigo, gosta de pensar que está oferecendo um clássico. Afinal, esse termo valoriza o produto.
Considerado chique, o designador foi adicionado ao Monza topo de linha, o bicolorido Monza Classic, que foi objeto de desejo de muitos. Vários anos depois de seu desaparecimento, o Corsa antigo foi rebatizado de Chevrolet Classic, já que o Corsa mais novo herdou o nome. Então, o "Classic", passou de um carro-médio topo de linha, para um básico, e isso na mesma empresa. Que diferença alguns anos fazem! Coisas do estranho mercado brasileiro. Visto o sucesso do pequeno sedã da GM, o nome deve trazer uma sorte grande. Ou seria o nome aceitável porque o carro tem reais qualidades? Bom, isso é assunto para outros textos, não para este.
Mas o que é um clássico, ou, porque muitos carros com características diferenciadas podem ou não ser considerados clássicos?
Na verdade, a Fiva, Federação Internacional de Veículos Antigos (http://www.fiva.org/), explica bem detalhadamente o que é um veículo histórico, mas não se debruça sobre a designação "clássico".
O veículo histórico deve atender às seguintes prerrogativas:
- no mínimo 30 anos de idade;
- preservado e mantido em condição correta;
- não utilizado como veículo de transporte diário;
- fazer parte da herança cultural e técnica.
Como se percebe, é fácil interpretar de diversas maneiras. O que seria uso diário? Se eu fosse trabalhar durante um mês inteiro com um Bugatti Royale, ele deixaria de ser um clássico?
Definições são criadas por pessoas, e pessoas são diferentes entre si. Muitas vezes de forma radical.
Para tentar entender o que é um clássico, podemos imaginar algumas características que os diferenciem da maioria dos carros:
- quantidade de unidades produzidas;
- preço;
- desenho elaborado por estilistas renomados;
- exclusividade de acabamentos internos e externos, como cores e materiais;
- marca desaparecida ou rara;
- desenho diferente dos concorrentes, fora do lugar-comum;
- histórico atribulado de desenvolvimento e/ou de sobrevivência.
Mesmo considerando vários quesitos práticos, há carros que são muito caros e não são clássicos, ou foram produzidos em pequena quantidade e também não o são. Um exemplo típico são as réplicas, ou carros "fora de série", melhor explicados como sendo de pequena produção, feitos em pequenas fábricas. Comuns no Reino Unido, já o foram aqui no Brasil também, e hoje são poucos. Seriam as réplicas e os carros de pequeno número produzido clássicos ainda não reconhecidos?
Mas tudo isso é algo definido pelos homens, e alguns carros vão além de categorias que se definidas tecnicamente.
Existem automóveis e outros tipos de veículos que parecem ter vida própria, tendo sido trazidos ao mundo em forma de projeto, apenas por necessidade de manufatura. Seriam como uma entidade imaterial mecânica que um dia se apresentou na mente de algum abençoado, que se pôs a trabalhar para convertê-la em matéria.
Alguns que me parecem ser dessa espécie são o Citroën DS, o Corvette Stingray 1963, o Batmobile de George Barris (da série de TV da década de 60), o Mini de Issigonis, o Ford T, o Fusca. Além desses óbvios e que todos conhecem, outros menos populares, como os grandes carros da década de 30, Packard, Duesenberg, Delahaye, Pierce-Arrow, Chrysler Airflow.
Fora do mundo dos carros, algumas motos, como a Yamaha V-Max de 1987, a Honda CBX 1000 de seis cilindros, a NS 500 de Freddie Spencer em 1983. E óbvio, aviões como o Concorde, o P-51 Mustang, Supermarine Spitfire, Convair B-36, Boeing B-52.
Boeing B-52 Stratofortress, mais de 20 mil km de autonomia. Com reabastecimento aéreo, o limite era apenas o cansaço da tripulação.
Estes são apenas alguns exemplos. Todos eles, veículos com características excepcionais, mesmo que seja apenas a mais subjetiva e pessoal delas, o desenho, o estilo.
Para entendermos o termo clássico, seria então melhor pensarmos em algo que apresente soluções inovadoras e que seja único. Pensem na forma de carroceria do Fusca, na longevidade da arquitetura de um Porsche 356/911, que provém do mesmo Fusca, ou na genialidade da suspensão do Citroën 2CV, por exemplo. Inconfundíveis, não? E o que dizer de um motor como o V-8 Chevrolet small block, ou o Chrysler Hemi? Seriam o coração de clássicos, bastando estarem debaixo do capô de qualquer carro para os fazer especiais e memoráveis?
Ferdinand Anton "Ferry" Ernst Porsche entre duas das várias obras-primas que seu pai gerou, e que ele sabiamente apoiou e fez crescer.
Chevrolet V-8 bloco pequeno: o motor mais produzido da história.
Como quero deixar claro, acredito que clássicos são veículos que podem ser antigos, mas que sempre aparentam não envelhecer. São sempre considerados belas obras do gênio humano, seja onde estiverem, e independem de terem ou não sido sucedidos por algo similar.
Um clássico fala ao coração e nos tira o fôlego, e isso não vem de classificações de comitês de especialistas.

Honda CBX 1000: uma moto construída ao redor do som de um motor.
JJ