google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Fotos: Audi, BMW, Bosch, Christian Weiss, Walt Disney Pictures



Estamos em 2023. Nossos carros são diferentes do que tínhamos 10 anos atrás. O conceito de transporte que temos no sistema viário contemporâneo é o de direção cooperativa, baseado na capacidade dos automóveis e outros sistemas de transporte se comunicarem com outros veículos e também com os meios de infraestrutura.

Inicialmente esta tecnologia foi puxada pela demanda em aprimoramento de sistemas de segurança, que pretendia fornecer aos viajantes sobre rodas informações suficientes e de maneira antecipada de modo a permitir um planejamento ou reação às diferentes e dinâmicas situações de trânsito.

O conceito evoluiu e passou a comportar outros benefícios, como, por exemplo, o atual sistema de localização, em que de modo síncrono e anônimo os veículos em circulação anunciam a sua posição, oferecendo aos sistemas de controle de trafego condições ideais para temporização de semáforos, abertura ou fechamento de posições em postos de pedágio, capacidade disponível de vagas de estacionamento, ou até mesmo informando ao posto de serviços mais próximo da chegada de um novo cliente necessitando reabastecimento.

Carros em rede

Fotos: autor

E um belo dia, me vi com três BMW série 3 na garagem. Coleção? Não. Coincidência. Colecionadores, seja do que for, tendem a ser “limítrofes”. De um modo geral,  por conta do interesse único, específico, mirado, que beira o fanatismo, freqüentam a tênue fronteira que separa as pessoas normais das radicais, monocórdias, chatas, “over”. Eu, hein...

Mas os BMW estão lá, ou melhor aqui. Não os coleciono, os tenho. O 320i, sedã 1986 (modelo E30 no código da marca de Munique) foi comprado em 2001, a Touring 328i 1997 (E36) em 2004 e, finalmente, um meio raro cupê 325 Ci 2001 (E46) chegou em janeiro deste ano. E visto que aqui no AUTOentusiastas vivemos uma onda de exibicionismo explícito, onde o Arnaldo conta sobre seu Porsche 914, o Bob fala de seu Passat TS, o Portuga exalta sua F-1000, o (invejoso...) MAO festeja sua BMW Touring 328, o Josias descreve seu Daihatsu Charade, resolvi entrar na onda e contar a minha história, ou melhor, as minhas histórias. Pois como disse são três...


Primeira história: BMW 320i

Em Nova York, no terraço de seu apartamento em Manhattan, a amiga Marta me mostra a paisagem. Estamos em agosto, verão quente, e no horizonte ainda estavam as Torres Gêmeas que apenas quinze dias depois (!!!) virariam pó. O computador da sala mostra fotos do skyline feitas do tal terraço do 40º andar, feitas em horas e estações diferentes. Paisagem com neve, paisagem com sol, paisagem de manhã, paisagem de noite... Interessante. E entre as fotos aparece de gaiato a imagem de um Porsche 911S Targa laranja. “Era meu, — diz Marta —  vendi pois usava pouco. Aqui em Nova York garagem é caro. Era de 1972, mas estava novinho.” 

O 911 S Targa da amiga Marta

E o BMW que foi do Helmut?, perguntei. “Ah, vendendo também. Manter carro no Brasil não vale a pena para mim. Estou indo cada vez menos e quando eu chego a bateria está sempre arriada. É mais prático alugar...”.

Marta chegou a Nova York para trabalhar no mercado financeiro nos anos 1990. Pensou que iria voltar logo mas foi ficando, ficando e... ficou! Com o tempo passou a se livrar das suas coisas paulistanas: móveis, apartamento, carro (que, como mencionado, comprara do amigo em comum, o Helmut). Só não se livrou dos amigos.




Carrera Panamericana 2013 tem Memo Rojas como atração especial. Tricampeão de Daytona quer repetir vitória do pai em 1988







No Distrito Federal (do México) o trânsito é caótico, os carros de mortais comuns não impressionam fanáticos por uma boa gasolina verde e a cidade hoje estava tomada por policiais de tropas de choque, conseqüência de mais um protesto. Nem por isso a "Pana" tem menos encanto aqui no México: o fato que o Studebaker Commander vencedor das edições de 2009/10/11 aparece novamente entre os favoritos e foi escolhido para a estréia de Memo Rojas na competição mais tradicional do automobilismo local, mostra bem a importância da Carrera Panamericana, evento que se realiza pelo 26º ano consecutivo. Tricampeão da 24 Horas de Le Mans, Rojas traz no currículo algo ainda mais caro para os entusiastas da prova: 25 anos atrás, em 1988, o vencedor foi um certo Guillermo Rojas. Tido como o piloto mexicano mais bem sucedido no estrangeiro, Memo desconversa quando um fã lhe pergunta se está sob pressão para repetir o feito do pai:

O Studebaker de Guillermo Rojas, vencedor em 1988
Fotos: Divulgação, Regress Press, Bob Alder, Craig Pitman, ABCVA, Felipe Madeira.


Sempre me pergunto como um bem de consumo tão cotidiano como o automóvel pode ser ao mesmo tempo tão único e fascinante.

Bem, antes de criar mais confusão com os leitores, quero dizer que está claro para mim que o carro não é como uma TV, um celular ou uma máquina de lavar roupas, bens de consumo bem mais difundidos, cotidianos e acessíveis, principalmente no caso das famílias do nosso país e reconheço que o poder aquisitivo da população brasileira não permite atingir a massificação do uso do automóvel como ocorre, por exemplo, nos Estados Unidos.

Mesmo assim, vejo o automóvel como uma coisa muito presente em nossas vidas, na rotina da cidade, nas histórias das famílias, nas conquistas pessoais, nos momentos-chave da vida nas viagens e nos sonhos. Corriqueiro muitas vezes, especial em tantas outras.