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(Foto: Paulo Keller) |
E assim se passaram quase dois anos com o XK120
vivendo na fazenda. Nos fins de semana, feriados e férias saíamos para passear.
Quer coisa melhor para um carro esporte velho de guerra e ainda gozando de
plena saúde? Bom descanso num fresco barracão de fazenda, cabos da bateria
desconectados, lençol velho cobrindo suas linhas curvas, e volta e meia
aparecendo um animado rapazote para o descobrir, lavar, polir, olhar níveis da
água, óleo de cárter, fluido de freio, pressão dos pneus, e o levar para
passear, correndo sob sol forte ou intermináveis noites frias.
Nada de trânsito, nada de montes de carros ao seu redor, e só volta e meia um racha com algum ignorante que ousasse desafiá-lo. Era sair dali do barracão, esquentar o massudo seis-cilindros, fazendo com que os onze litros de óleo do cárter lhe circulassem pelas veias, e seguir por uma estradinha de pedregulhos para logo sair para a vazia estrada de asfalto.
Nada de trânsito, nada de montes de carros ao seu redor, e só volta e meia um racha com algum ignorante que ousasse desafiá-lo. Era sair dali do barracão, esquentar o massudo seis-cilindros, fazendo com que os onze litros de óleo do cárter lhe circulassem pelas veias, e seguir por uma estradinha de pedregulhos para logo sair para a vazia estrada de asfalto.
Rodar com ele pela estradinha de pedregulho, lembro bem, era rodar bem devagar para a poeira não subir, era cuidadosamente desviar de cocô de vaca, era ir devagar mesmo. As árvores da avenida da fazenda se refletiam no brilhoso longo capô. Nessas, crescia a ansiedade pela saída ao asfalto, como se cada árvore que passasse contasse um ponto a mais no nível de ansiedade.