google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
O recente post "À prova de..." terminou com a chamada: "Será que daria para inventar um jeito de dirigir à prova de incompetentes?"
Pois não é que já tem gente pensando nisso? E não é de hoje! O Sr. Masuyuki Narusi, um inventor japonês de 74 anos, fabrica artesanalmente um sistema especial de pedais acelerador/freio há mais de 20 anos. Ele acredita que as pessoas têm uma tendência natural de pressionar algum pedal, qualquer que seja, num momento de pânico. E com alguma chance de apertar o pedal errado. Segundo ele, os fabricantes de automóveis dizem que isso é um erro do motorista. Mas ele questiona se o sistema atual, de dois pedais, não é um projeto ruim. E eu concordo com ele que há margem para melhorias.
Em 2009, só no Japão houve 6.700 acidentes de trânsito onde se acredita que tenha havido erro dos motoristas ao pressionarem o pedal do acelerador em vez do pedal do freio. E por mais que possamos achar  que isso se trate de incompetência ou inabilidade dos motoristas, o fato é que acidentes desse tipo acontecem. E se acontecem, o sistema de pedais acelerador/freio pode ser melhorado para evitá-los. 
O Sr. Narusi, depois de passar por dois episódios onde ele mesmo se atrapalhou com os pedais, projetou um sistema conjugado à prova de erros, ou melhor, à prova da tendência natural dos motoristas. No seu sistema, o pé direito aciona o pedal do freio da maneira tradicional como conhecemos. Mas o acelerador é acionado com um movimento do pé, apoiado no calcanhar, para a lateral. O contato com o pedal é feito pela lateral externa do pé. Em caso de pânico não há como errar o pedal, o pedal do freio será sempre acionado e do acelerador, aliviado.
Fonte: The New York Times
O novo sistema, embora simples, esbarra no nosso condicionamento e costume com o sistema atual. Seria necessário que os motoristas se adaptassem a operá-lo, o que não deve ser muito fácil para todos e pode haver alguma resistência. Imagine se algum fabricante se habilitaria a ser o primeiro a correr o risco de rejeição ao lançar o novo sistema no mercado. Mas mesmo assim eu admiro o Sr. Naruse por mostrar que há outras soluções possíveis. Basta alguém comprar a briga.
Uma indicação de que o condicionamento com o sistema atual pode ser vencido é que ele mesmo não foi sempre assim. Eu nunca tive motivação para dirigir um Ford modelo T. O seu acelerador é em uma alavanca no volante, com pedais para troca de marchas, marcha à ré e freios. Confuso para todos nós que dirigimos com total automatismo. Tenho a impressão que esse automatismo me levaria a cometer um erro e não gostaria de danificar nada em um carro de coleção.
Apesar do vídeo abaixo estar em inglês - me desculpem por isso - ele mostra o acionamento do novo sistema.
Parabéns, Sr. Naruse!
PK


Especialmente nas manhãs de quarta-feira eu tento não deixar de encontrar o Ralf, dono de um quiosque da Holandesa, onde tomo café da manhã regularmente. Ele adora carros e todos os dias trocamos informações, ideias e um bom papo logo cedo. Às quartas ele compra o JT e, além do café com queijo quente feito na chapa, ele divide comigo o Jornal do Carro para olharmos as novidades.
Ontem eu me deparei com duas propagandas, muito comuns recentemente, mas que sempre me causam dúvidas sobre sua eficácia. Uma do Focus e outra do Livina. Ambos excelentes carros e com ótima relação custo-benefício. Não apresentam nenhuma percepção negativa quanto ao pós-vendas e são premiados e recomendados por várias revistas e jornais. O Focus, segundo sua propaganda, é o carro que mais vence comparativos dentro da sua categoria. E o Grand Livina é insuperável na relação custo-benefício.
Resolvi dar uma olhada nos números de vendas dos modelos dos anúncios e alguns de seus concorrentes. Encontrei o seguinte:
média mensal dos últimos 12 meses - unidades/mês
- Livina: 700
- Fit: 3.500
- Meriva: 2.500
- Idea: 2.200

- Grand Livina: 170
- Zafira: 760

- Focus Sedan: 800
- Corolla: 4.500

- Focus Hatch: 1.600
- Astra Hatch: 2.500
Pois é, os números de vendas não refletem as avaliações positivas e os prêmios ganhos. Ou seja, o consumidor não está nem aí esse tipo de anúncio. Não é isso que vende carro. É uma coisa muito estranha, pois eu recomendaria facilmente tanto o Focus quanto o Livina. Mas o que vale é a percepção geral sobre os modelos, algo um pouco tangível, relacionado à percepção dos consumidores sobre a marca e ao desejo neles despertado. E como se desperta esse desejo? Isso dá um papo bom, mas não nesse post. Há também a falta de coragem dos consumidores para se desgarrar do grande rebanho.
Além disso, algumas marcas cometem erros fatais, que podem comprometer a imagem de seus modelos por toda sua vida. No caso do Livina, acho que a Nissan fez um excelente carro, com muitos atributos, especialmente relacionados à qualidade japonesa, mas com zero de emoção e envolvimento. Ou seja, não caiu no gosto do povo.
Já no caso do Focus, a Ford insistiu em lançar esse novo modelo sem motores flex. Apostou que o consumidor desse segmento não é tão avarento a ponto de querer economizar uns trocados nos abatecimentos. Ledo engano. Pode até ser que essa classe de consumidor não seja tão avarenta, mas quando todo o rebanho está na direção do flex, não adianta querer ser diferente, independentemente do rebanho estar indo para a direção certa ou não.
Outro ponto que também não me convence é essa enxurrada de prêmios das principais revistas. Os fabricantes adoram anunciar que seus carros ganharam prêmios aqui e ali. Mas são tantas premiações diferentes, com critérios diferentes e tão parecidas nos nomes - melhor compra, melhor modelo, melhor isso, melhor aquilo - que o consumidor já nem sabe o que é relevante ou não. E se fossem realmente relevantes, os mais premiados sempre deveriam ser os campeões de vendas. O mercado não funciona assim.
Também chego a me irritar ao abrir a edição de alguma revista que esteja divulgando o seu prêmio tão especial e ver várias propagandas dos campeões de cada categoria já enfatizando o prêmio recebido naquela edição. É, mas isso funciona assim. E não é só no Brasil. Certo? Errado? Não sei. Apenas me lembrei de uma citação:
"Lá fora, além do que está certo e do que está errado, existe um campo imenso. Nos encontraremos ali."
Mevlana Jelaluddin Rumi, século XIII
De qualquer modo, esses prêmios não significam absolutamente nada para mim.
Em outros países ao menos existem entidades independentes que fazem análises criteriosas sobre satisfação dos consumidores com uma base estatística apropriada, como a JD Power, por exemplo.
Por isso, quando alguém me pergunta que carro comprar eu já rebato com a seguinte pergunta: qual carro você gosta? Então é esse que eu lhe indico. Não tenho paciência para explicar por que o Focus é melhor que seus concorrentes, uma vez que isso não faz diferença alguma para quem pergunta.

No último fim de semana de julho, houve um agradável encontro de carros antigos no parque Chico Mendes, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. O parque é bem agradável e a qualidade dos carros expostos estava muito boa. Os carros que senti vontade de comentar a respeito foram:
Um dos Alfa Romeo que mais gosto, na versão Spyder: o 2600. Praticamente uma versão de seis cilindros do clássico Alfa dos anos 60/70, é raro aqui no Brasil, e este foi o primeiro que vi por aqui.
VW-Porsche 914, Peugeot 404 Conversível, e lá no fundo um raríssimo Simca Aronde Océane, marrom escuro com couro creme, resplandecente em sua carroceria Facel. Todos os três belíssimos e interessantes.
Acima, Porsche 911, velho amor impossível...
Maserati Merak, um Bora com o V-6 e o painel de instrumentos do Citroën SM. Num profundo verde, hipnotizante.
Em São Caetano, terra do Chevrolet aqui no Brasil, e num evento patrocinado pela marca, não podiam faltar os Chevys, e deles o que mais gostei foram estas duas Bel Air peruas de madeira, lindíssimas, e um Corvette pronto para percorrer a Rota 66 como no velho seriado de televisão.
Agradabilíssimo evento, parabéns aos organizadores!
MAO
Outro dia estava mexendo em papéis e documentos guardados e achei a minha primeira carteira de habilitação. Muitos leitores não têm ideia de como era o cobiçado documento, portanto aí está.
Vejam a data do exame prestado: 17 de dezembro de 1960. Isso quer dizer que daqui a quatro meses completo 50 anos de habilitado. Dificil acreditar.
Como faço 68 anos em novembro, estou me aproximando dos 70 anos, quando começarão dificuldades burrocráticas (com dois "r" mesmo), como algumas locadoras se recusarem ou fazerem cara feia para me alugar automóvel ou conseguir sem dificuldade segurar carro meu se eu for relacionado como motorista.
É, passa rápido demais tudo, mas ainda tenho muito chão pela frente. É o que eu sinto e é o que o espelho me diz todo dia....
BS