Foto: do autor, ao volante
Se há coisa que não sou é ecochato. Desses que vive falando em sustentabilidade ou contabilizando quanto de carbono foi emitido num evento e quantas árvores deveriam ter sido plantadas para compensar o "ataque" ao meio ambiente. Que acham que emissões de dióxido de carbono, o "temível" CO2, significa poluição, ou seja, o ar que exalamos polui. E o que o automóvel é o grande vilão do século passado e deste.
Mas sou contra a sujeira, até em banheiro público. Sempre me pergunto por que muitos não dão descarga após usar a privada ou o mictório ou por que não acertam o cesto de papel de enxugar mãos. Uma das causas é educação, ou melhor, falta dela.
Outro dia meu neto que mal fala estava com um pedaço de papel na mão balbuciando "lixo, lixo", procurando o cesto. Caso de herança genética? Pode ser.
Mas o foco deste post é a foto aí em cima. Dirigia-me dias atrás ao Autódromo Municipal José Carlos Pace, em Interlagos, zona sul de São Paulo, quando alcancei uma picape Nissan Frontier que soltava enorme quantidade de fumaça preta pelo escapamento. Para isso sou crítico e chato muito antes de existir ecochato, de se falar tanto em meio ambiente, de se banalizar algo que é tão importante.
Ninguém tem direito de sujar o local ou ambiente onde vive, pois não está sozinho. Quem roda com um veículo emporcalhando a rua ou o ar tem que ser punido de alguma forma, para aprender na marra a viver numa coletividade.
A inspeção ambiental que existe no Rio de Janeiro há dez anos e em São Paulo há três pode ser uma chateação, perda de tempo, exagera ao inspecionar carros com menos de três anos, mas a Frontier da foto tinha jeito de ter no máximo um ano de uso. Por isso, se há pessoas que desrespeitam seus semelhantses, tem que haver inspeção, sim.
Só que só inspeção não basta. Suponhamos que em vez de eu no meu carro fosse um agente de trânsito num carro policial. Ele pararia a picape fumacenta, autuaria o motorista e providenciaria junto ao órgão responsável uma inspeção de funcionamento do motor. Reprovado, teria prazo para corrigir o problema. Repetindo-se a reprovação, o veículo seria deslicenciado e circularia somente com autorização especial, em papel, segundo uma sistemática a ser criada, até emitir dentro do padrão.
Alguns desvios de comportamento exigem punição severa, ou eles se perpetuarão. Defendo, por exemplo, que trafegar no acostamento passe da infração gravíssima que é hoje a infração hedionda: primeira vez, um ano sem dirigir. Segunda vez, perda definitiva da habilitação. Quero ver se continuaria a haver "ispertos" nos congestionamentos rodoviários trafegando tranquilamente pelo acostamento.
Do mesmo modo, ante a possibilidade de ter o carro deslicenciado, não poder trafegar em rodovias e nem no período noturno, duvido que alguém descuidasse do funcionamento correto do motor.
Corrigir e coçar, é só começar.
BS