google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

O post do Bob sobre sua experiência em competições com os radiais Dunlop SP calhou com a chegada em casa de um livro antigo que há muito queria ler: "Automobile Tires" de L.J.K. Setright, escrito em 1972. Trata-se de uma deliciosa explicação "para leigos" de como funciona um pneu, que além de ser até hoje atual, se aprofunda o suficiente para que até um especialista aprenda coisa ou outra.
Sinto muita falta de Setright a respeito de pneus. Ele sempre me mantinha atualizado nas últimas novidades por sua coluna na revista CAR inglesa, e desde que ela parou, me sinto perdido quando escolho um pneu moderno...
Mas voltando ao livro, o mais legal é que, sendo o ele contemporâneo do Dunlop SP, encontrei duas fotos deste pneu no capítulo "Tread design" (desenho da banda de rodagem), que reproduzo aqui com tradução do texto. De particular interesse é a explicação do nome "aquajet" que o Bob gostou: na verdade é um sistema de grande engenhosidade para ajuda a drenar água de debaixo do pneu. Olhem que interessante:


"Peculiar ao SP Sport é o aquajet, um túnel conectando o canal de escoamento água externo da rodagem com a borda do pneu, para criar uma drenagem positiva pela lateral sem interromper a continuidade da nervura mais externa. A foto insertada mostra a abertura de saída de um aquajet, em maior escala."


"Esta foto foi tirada através de uma placa de vidro com um flash de 2 nanosegundos, enquanto o carro passa sobre a placa a 30 mph (48,3 km/h) através de um filme de 2 mm de água colorida. O pneu é o radial Dunlop SP68, de quem a água pode ser vista fluindo e sendo descarregada na espuma atrás da área de contato com o solo. Na foto original, colorida, a água pode ser vista ocupando todos os canais e aberturas na rodagem, mas mesmo aqui, em preto e branco, é evidente o completo contato da superfície do vidro com a borracha preta da rodagem."
MAO
Nos tempos modernos não somos mais seres humanos. Agora somos seres consumo. Explicando melhor, somos o que consumimos. Alguns discordam de mim e insistem que consumimos o que somos. Não é verdade!

Se nesse mundo automotivo tem algo que gosto de fazer é observar as propagandas de carros. Já participei de alguns processos criativos e é quase tudo a mesma coisa, sempre. Primeiro se planeja um posicionamento de produto. Algo que mostra a que o produto veio. Com isso se identifica o público alvo do novo produto. Aí se faz algumas pesquisas e debates com grupos de consumidores. Então alguém tem um insight, ou seja, uma ideia brilhante, que deve cativar os consumidores e fazê-los comprar o novo produto.

Os argumentos usados nas propagandas podem ser racionais, como uma longa lista de equipamentos, ou emocionais, como uma imagem de utilização do produto. O meu lado engenheiro adora a abordagem racional, mas o meu lado mais sensível gosta muito da criatividade de algumas idéias. Posso dizer que existe algo conflitante aí.

Esses dias assisti a propaganda do novíssimo Peugeot Hoggar. Achei-a muito interessante a ponto de pensar sobre como foi o seu processo criativo. Alguém, de um nível bem alto na Peugeot, possivelmente um francês que não sabe nada sobre o mercado brasileiro deve ter feito algumas perguntas.

Francês: Para que serve uma picape tão pequenina?
Subordinado: Para transportar carga.
Francês: Então as pessoas usam essas picapes para trabalho.
Subordinando: Que nada, aqui no Brasil não compramos carros por questões racionais.
Francês: Então é para lazer.
Subordinado: É, mais ou menos.
Francês: Como mais ou menos?
Subordinado: É que as pessoas compram achando que vão fazer muitas coisas. Mas na verdade fazem muito pouco.

Então, as pessoas, no caso de um carro como esse, compram uma imagem projetada sobre aquilo que gostariam de fazer, ou que gostariam que os outros pensassem que elas fazem. Nas pesquisas com os clientes de outras picapes pequenas, como Strada, Montana e Saveiro, alguém deve ter percebido que a grande maioria desses clientes nem deve usar a caçamba. Gostariam muito de mergulhar, cavalgar, pular de paraquedas ou fazer rapel.

Na verdade elas querem um carrinho descolado. Para parecerem descoladas, ou por serem descoladas e querem mostrar isso. Mesmo que isso implique em conviver com alguns inconvenientes de uma picape.

Isso acontece comigo e provavelmente com vocês. Ando de Corolla, mas me projeto numa imagem de um Charger preto com um blower saindo pelo capô e chamas saindo pelos escapes laterais. Razão e emoção dificilmente andam juntas.




Nota: para quem não viu ainda nesse link está a avaliação do Hoggar feita pelo Bob Sharp.

PK
Hoje passei por um quarteirão e todos os carros estacionados em ambos os lados da rua eram prata ou preto.
Me lembrei então de um pequeno folheto que tenho em minha cada vez mais bagunçada biblioteca, que chamo de "espalhoteca" pois há itens em vários cantos de casa. Escaneei as cores, tetos de vinil, calotas e rodas para ajudar nossos leitores a imaginar o que é a possibilidade de escolher como seu carro deve ser.
Os itens são da linha Buick de 1987.
Abaixo, as cores disponíveis:

Aqui, os padrões de tetos de vinil:

E as duas imagens abaixo mostram as calotas e rodas para cada modelo:

Uma grande confusão poderia se formar na cabeça do cliente pouco decidido.
Hoje, mesmo com as crises locais e internacionais, ainda há muitas fábricas que disponibilizam uma quantidade muito grande de padrões de acabamento para seus modelos, certos de que é o único modo de agradar a clientes exigentes.
Exceto pelos tetos de vinil, que são dispensáveis em carros modernos, a possibilidade de escolher mais cores é desejável, e espero que aqui no Brasil cheguemos próximos disso, um dia.
JJ
Foto: Vemag S.A.
Clique em cima para ampliar
Pedro Max Droese: foi esse o nome que o Euclides Denadai (último à direita, seta sobre a cabeça) me informou ser o do sujeito do meio da foto, também com um seta indicativa. O Euclides era o instrutor-chefe da Escola Mecânica Vemag, na fábrica, no bairro do Ipiranga, subdistrito Vila Carioca. Como a Volkswagen absorveu a Vemag em agosto de 1967 (na realidade, o negócio foi feito um ano antes), muitos funcionários da Vemag passaram a ser da VW. O Euclides foi um deles e até hoje está no treinamento mecânico da VW, já nos seus 80 anos. Grande amigo!
E já era amigo quando fiz o curso de mecânica Vemag no final de 1964, tanto que ficávamos de papo após as aulas, trocando ideias, era muito bom. Foi numa dessas conversas que ele me deu a foto acima depois de dizer que um tal sujeito fora o melhor que já tinha aparecido por ali. Um gaúcho de Pelotas. Guardei  seu nome na cabeça imediatamente, fui abençoado com uma boa memória: Pedro Max Droese.
Início de 1965. Estava no meu posto de trabalho de subchefe de oficina na Auto Central, concessionária Vemag no Rio de Janeiro, em Botafogo, quando me aparece pela frente um sujeito perguntando se tinha vaga para mecânico. Olhei para ele e disse, "Tem sim, Pedro Max Droese, quando quer começar?"
O coitado ficou vermelho tipo branquela insolado, não sabia se falava alguma coisa ou se ficava quieto, deixei-o realmente embaraçado. Para aliviá-lo contei a história do curso, do Euclides, da foto. Começou a trabalhar imediatamente e ali começou uma grande amizade.
Que competência! Que seriedade! Que profissional! Hoje está com 77 anos, mais dez que eu, e aniversaria em 12 de novembro, dois dias antes de mim. Por que me lembrei dele? Por causa da Copa do Mundo de Futebol. Apaixonado, fanático? Nada disso
O Pedro não dava a menor atenção a futebol. Quando, anos depois, ele era chefe de oficina na concessionária VW onde eu era sócio, a Cota, durante os jogos à tarde (como na Copa de 1974, na Alemanha) ela aproveitava e ficava mexendo na sua velha e fiel Norton 500.
Vim morar em São Paulo em agosto de 1978 e perdi todo contato com ele. Só o veria de novo no dia 12 de março de 2005, quando ele apareceu para o funeral de minha mãe, no Rio. Tinha vindo de longe, de Tubarão, SC. Mas estava no Rio por outros motivos, não foi para o enterro.
Mas semana passada me telefonou alguém que se identificou como Pedro Max. Voz de jovem, uns 30,  40 anos no máximo. Duvidei que fosse ele, mas à medida que o papo se estendia, mais pontos iam batendo. E não é que era ele mesmo? Ficamos de papo quase uma hora. Foi tão bom!
Ele tem um galpão em Tubarão e mexe nos carros de uma pequena clientela -- mais amigos do que clientes. Mais que amigos, felizardos de poder contar com uma mão de obra e um caráter desse quilate.
BS