google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Foto: 500blog.blogspot.com
O post de ontem do MB sobre a vitória do Audi TDI R15 Plus diesel em Paul Ricard me pôs a pensar -- mais uma vez -- sobre uma questão que incomoda muita gente e, claro, a mim também: o brasileiro não poder ter carro a diesel. Tudo porque o governo não deixa. A alegação é que diesel é para transporte de passageiros e carga e fim de conversa. Que seu preço é bem menor que o da gasolina por isso mesmo.
Tenho dito que o Brasil, por definição, "é uma ilha cercada de diesel por todos os lados" -- bem, não a leste, onde há um oceano, mas o resto é tudo. Em todos os outros países pode-se ter carro a diesel à vontade.
O presidente da Delphi, Gábor Deák, disse num simpósio algo que nunca esqueci. A Declaração Universal dos Direitos do Homem, da ONU, da qual o Brasil é signatário, diz em seu art. 27 inciso I: "Todo homem tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e participar do progresso cientíico e de fruir de seus benefícios". Portanto, uma flagrande desobediência do Brasil a um princípio básico expresso num documento que assinou: o brasileiro não poder ter carro a diesel. Como um Fiat Cinquecento com o motor  1,3 de 90 cv da foto.  Consumo? 20 km/l na cidade e 30,3 km/l na estrada. Não pode fruir desse progresso, nem dos seus benefícios. Mas fruir do progresso do etanol, pode...
A coisa começou em 1976, quando o então Conselho Nacional do Petróleo, diante de crise do petróleo iniciada três anos antes, determinou a proibição por motivo do perfil de consumo do Brasil ser acentuado em diesel e ser preciso conter sua importação, pois o preço do petróleo quadruplicara em três meses e importávamos 80% do que consumíamos. Assim, diesel só em veículos com carga útil de 1.000 kg para cima ou então de tração 4x4 mais reduzida.
Só que a crise foi embora, veio a segunda em 1979, que se foi também, mas a proibição persistiu. Não por lei, mas por uma Portaria, a de n° 23/94, baixada por um órgão que não existe mais, o Departamento Nacional de Combustíveis, sucedido pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Mas a portaria valendo...
Há os que alegam que o motor Diesel é sujo no sentido de poluir, que faz muita fumaça: tolice, é coisa do passado. Para isso existem os limites de emissões, aqui e em todo o mundo.
O governo dos EUA estabeleceu recentemente consumo médio de fabricante 16,6 km/l até o ano 2016 (hoje é de 11,7 km/l) e já se espera aumento da frota a diesel, apontada com uma das saídas para se chegar àquele consumo. Mas no Brasil não pode...
BS 



O circuito de Paul Ricard foi o palco da primeira vitória, logo na sua estreia diga-se de passagem, do novo Audi TDi R15 Plus, carro que compete na categoria LMP1 da Le Mans Series.

O R15 atualizado sofreu modificações principalmente na parte aerodinâmica, com um novo bico que lembra uma arraia, e novos detalhes pouco visíveis mas muito importantes no assoalho e no fluxo de ar pelas passagens internas da carroceria.


Um único carro foi inscrito, pilotado por Allan McNish e "Dindo" Capello, e venceu com cinco voltas de vantagem sobre o Lola-Aston Martin 009.


O principal rival do R15 esperava-se ser o Peugeot 908 particular da equipe Oreca (nenhum carro foi inscrito pela equipe oficial da Peugeot), mas teve problemas nos macacos pneumáticos e perderam quase vinte minutos nos boxes.

Pela GT2, o Porsche 911 da equipe Felbermayr Proton venceu com certa folga.


Novamente parece que a briga na LMP1 vai ser boa entre Audi e Peugeot com os carros movidos a diesel, e o Lola-Aston Martin vem chegando junto na disputa. Quem será que leva a taça de Le Mans esse ano?

Após visitar a coleção de Og Pozzoli, mostrada pelo Paulo Keller em seu post, vários carros ficam em nossa cabeça, clamando para que busquemos mais informações.
Um dos que mais me chamou atenção foi o enorme Buick Century de 1941, preto e dourado, cujo modelo de carroceria duas portas é chamado de Sedanet ou Sedanette, de 6 lugares, ao passo que o habitual sedan, como estamos acostumados a falar, é o de quatro portas. O carro é esse da foto abaixo.
Pesquisando mais, encontramos que o modelo é o 66S, da série 60 Century. Como este de Og Pozzoli, foram feitos apenas 5.547 unidades, dos 374.196 veículos produzidos pelas fábricas Buick nesse ano.
Essa carroceria, com entre-eixos de 126 polegadas (3,20 m), e peso em ordem de marcha de 1.885 kg, é bastante impressionante, apesar de nem ser tão pesado assim, se compararmos com um SUV qualquer dos dias de hoje, e mesmo alguns sedãs grandes.
O motor é uma atração a parte, enorme, oito cilindros em linha, de 5,247 litros, dois carburadores, montagem chamada de Compound Carburetion, que funcionavam de forma progressiva, com o segundo sendo acionado apenas com o acelerador em fim de curso.
Com embreagem, pesava próximo de 400 kg, e entregava 165 hp a 3.800 rpm, com 38,4 kgfm de torque a 2.200 rpm, taxa de compressão de 7 para 1. Era o motor mais potente fabricado por uma empresa americana, neste ano.
Na terceira marcha direta, 1:1, alcançava pouco mais de 105 mph, uns 168 km/h no plano. Com as variações normais de produção, onde alguns carros sempre saíam melhores do que outros (como ocorre hoje), havia exemplares que chegavam bem próximo dos 200 km/h, em condições favoráveis. Era um canhão, acelerando dos 8 até os 96,5 km/h em 11,8 segundos. Tudo muito impressionante naquela época pré-guerra para os americanos.
Custava US$ 1.241 quando novo, e hoje valem muito mais, pela raridade principalmente, mas também pelo que representaram na época.
O mais curioso e desproporcional para nossa realidade de hoje é mesmo o motor, chamado de Fireball. Vejam na foto abaixo, um virabrequim deste ao lado de um cabeçote de motor Chevrolet V-8 small block. Mal dá para acreditar que é uma peça de um motor de carro, não de caminhão.
Nesse site, uma lista de todos os modelos da linha 1941 da Buick, composta por seis séries com cinco entreeixos diferentes, para um total de 26 modelos.
Fora as variações de cores, que eram 25 e mais 8 de dois tons (sem custo extra !), além de diferenças de acabamentos internos e externos.
Essas cores podem ser vistas aqui, para absoluto deleite de quem se entedia com o quase universal preto e prata que somos bombardeados a todo instante, e arrepios de quem trabalha em fábrica de carros, onde impera o mais profundo desejo de fazer tudo da forma mais simples e com as menores variações possíveis.
Há um site sobre restauração de um Century 1941 Sedanet. Vale a pena ver os detalhes da reforma do motor. O trabalho aparenta estar parado há um bom tempo, mas mesmo assim, as informações são interessantes para quem, como eu, sente necessidade de saber mais sobre carros que não conhecíamos, e de repente, se tornam uma imagem recorrente, após termos ficado frente a frente com eles.
JJ
"Os leitores mais atentos devem ter observado algumas histórias recentes nos jornais e revistas. Sim, a saga da Toyota continua. A mídia e conseqüentemente o público parecem estar histéricos com relação ao debacle provocado pelos recalls da Toyota, que têm dominado as manchetes. Mas recalls têm ocorrido o tempo todo ao longo dos anos. Realmente, se os alarmistas juntassem o número de recalls da Ford (acima de 14 milhões, catastróficos) e os da Ford e da GM ao longo dos anos, perceberiam que a Toyota não se encontraria num mero segundo ou terceiro lugar, mas sim no sexto lugar no ranking geral. Será que um pedal que trava acelerando ou um tapete que trava o pedal do acelerador seria capaz de gerar uma manchete mais emocionante do que uma anunciando risco de incêndio? Aparentemente, sim. E até mais. Eu não estou querendo minimizar a questão que envolve a Toyota, que sem dúvida é um sério problema de segurança, mas já tivemos coisas piores. Será que é a associação com o nome Toyota que está causando tanta polêmica? A velha e boa Toyota. Um nome sério no qual os consumidores podem confiar. Carros para muitos consumidores, sem loucuras, sem egos exacerbados, sem opiniões desencontradas de estilo, simplesmente bons, bem-projetados e impecavelmente engenheirados e manufaturados. Não pense em automóvel, mas voce deseja algo decente e confiável? Compre um Toyota. Eles não dão problemas. Para muitos proprietários de Toyota, o problema de segurança em seus meios de transporte transformou seu anônimo carteiro num serial killer. Bem, o que pode ser feito? Claramente a Toyota está fazendo todo o possível para sanar o problema. Contudo, o altíssimo custo com que vem arcando por isso e o inestimável desgaste para a imagem de sua marca num curto período, demandará muito tempo para ser recuperado. Além disso, há um sentimento geral de traição (até mesmo a postura de reverência típica dos japoneses, tomada por Akio Toyoda, pedindo desculpas, tem sido criticada). Para que tudo isso seja esquecido, algo muito maior deverá ser feito. Talvez com maiores investimentos em procedimentos e instalações de testes para atender ao (até recente) crescimento de demanda? Talvez um acordo pró-ativo com o NHTSA, com esforços e sem rancores, para eliminar as preocupações com segurança? Ao mesmo tempo, um sem número de motoristas inescrupulosos, que têm nitidamente se envolvido em acidentes relacionados com o excesso de velocidade dirigindo Toyotas, encontram não somente uma desculpa, mas também um pretexto para culpar a rica Toyota. Tal comportamento é inadmissível, uma vez que somente poucso realmente sofreram danos em decorrência de falhas de engenharia. As únicas vantagens em tudo isto são o aumento de do interesse do público na qualidade e durabilidade dos veículos e um critério mais apurado na escolha de fornecedores de peças e componentes por parte dos fabricantes. Não devemos nos esquecer que a Toyota, na realidade, não fabrica os tapetes e os pedais de aceleradores em questão, mas admitidamente deve adotar procedimentos de testes mais rígidos para aprovação de peças e componentes, a fim de não estar mais presente em futuras manchetes desabonadoras. Dá mesma forma deverão proceder os demais fabricantes, pois mediante os interesses de público e mídia,a alguém mais poderá estar sob os refletores num futuro bem próximo."
Tudo que está escrito acima é tradução da nota do editor Adam Gavine, impresso na edição de março de 2010 da revista Automotive Testing, uma das mais, senão a mais conceituada revista que trata de assuntos relacionados a testes de desenvolvimento e validação de veículos no mundo.
Esse editorial coincide exatamente com a minha opinião sob vários aspectos. Primeiramente, que se está fazendo uma tempestade num copo d´água, pois já houve recalls muito mais sérios no passado, sem a repercussão destes. E em segundo lugar, porque a Toyota tem grande culpa nesses episódios, pois atirou-se de corpo e alma na missão de se tornar a maior fabricante de veículos do mundo, a custa de reduções de custo e lançamentos a curto prazo, queimando etapas de testes reais, acreditando em testes virtuais como sendo verdades absolutas, sem tomar o devido cuidado com as consequências.
Certamente, testes virtuais foram assumidos como de máxima credibilidade a fim de se ganhar tempo e dinheiro, evitando-se assim a necessidade de construção de mais protótipos. E aí está o resultado.
Há muito tempo me bato na necessidade de testes físicos, não acreditando que somente os testes virtuais são suficientes para se validar uma peça, um componente ou um veículo completo. Hardwares e softwares ajudam a abreviar tempos de projeto, desenvolvimento e validação, mas não os substituem por completo. E mais, devem ser utilizados com muito critério.
Sempre argumentei que se não conseguimos prever fisicamente todas as alternativas de uso de um produto, como podemos sonhar que virtualmente o conseguiremos? Testes físicos são indispensáveis para se validar um produto. Jamais podemos queimar etapas, assumindo riscos absurdos e desnecessários.
Espero que estes fatos sirvam de aprendizado para muitos daqueles big bosses da indústria automobilística que jamais poderiam entender de tudo, como muitas vezes pensam que entendem, para tomarem mais cuidado em suas decisões, não apostando todas as suas fichas em histórias mirabolantes de engenheiros e técnicos que muitas vezes nem experiência suficiente têm para garantir o resultado de seus experimentos milagrosos.
Que aqueles que, como eu, não concordam com essas decisões, carentes de base, gritem mais alto na hora de justificar o dinheiro a ser gasto em determinados testes. Para que desta forma tenhamos realmente veículos mais confiáveis à disposição dos consumidores.
Várias vezes ouvi que deveria assumir riscos para vencer, mas ainda prefiro assumir que automóvel é algo muito sério para ser projetado, desenvolvido, validado e manufaturado, pura e simplesmente através de algoritmos matemáticos. Automóvel é feito para o mundo real. Necessita de realidade para se tornar realidade.