google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Sorrell Booke, o chefe Hogg
Uma das características bem bacana e únicas do AUTOentusiastas é a diversidade dos leitores e autores que se espalham pelos diferentes cantos do Brasil e mundo de forma que vez ou outra temos um banho de cultura geral misturado com uma pitada de automóvel.
Hora do almoço em Utah (hoje Saint Patrick's day, ou dia de São Patrício, tinha que sair) e vejo parado no restaurante mais uma manifestação de um membro do orgulhoso clã de Rednecks. Redneck é um termo que utlizamos aqui no velho oeste para descrever um caipira. Traduzindo seria "pescoço vermelho" que é algo que acontece quando você trabalha na roça o dia todo com aquele sol e a parte traseira do seu pescoço fica vermelha no final do dia. Claro, é um termo ofensivo e geralmente usado por outros grupos étnicos de forma derrogatória para descrever a raça branca. Apesar que hoje em dia virou algo normal e até legal.
Outra forma carinhosa de se chamar um caipira por essas bandas é Hickie. Hickie é o termo que se usa para chupão (aquele beijo com sucção extrema que causa marcas avermelhadas e roxas na pele dependendo da pressão aplicada). Mas esse termo é muito pouco usado.
Claro, na costa leste usa-se Cracker (especialmente Flórida e Geórgia) e também temos Hillbilly em lugares como Virginia onde se produz o inigualável wiskey da montanha também conhecido como Moon Shine (brilho da lua) ou Mountain Dew (orvalho da montanha e por isso batiza o refrigerante da Pepsi também), nomes esses utilizados para não usar o termo wiskey que não era muito querido pelas autoridades. Graças ao Moon Shine e a lei seca temos hoje a Nascar, mas isso é assunto para outra ocasião.

Muitos de vocês que cresceram na década de 70 e 80 se lembram de um seriado na TV chamado The Dukes of Hazzard (Os gatões, no Brasil). Um dos principais personagens era um Dodge Charger 1969 pintado de laranja com o número 01 na porta, uma bandeira dos Confederados no teto e batizado de General Lee (raro, pois geralmente carros tem nomes femininos na língua inglesa).

Daisy Duke
Esse seriado era muito interessante para quem gosta de carros, tinha várias perseguições com a polícia local do fictício condado de Hazzard localizado na Geórgia (não existe Hazzard na Geórgia). O seriado contava a estória dos primos Luke e Bo Duke que eram os herdeiros de uma família produtora de whiskey ilegal e foram pegos transportando a iguaria. Como resultado, estavam na condicional mas ainda dirigiam rápido sempre entrando em confusão com o corrupto político e "dono" da cidade, o chefe Hogg e seu cunhado xerife Roscoe P. Coltrane (James Best). Naturalmente o show foi um sucesso por ser algo bem relaxando: era ridículo mas tinha uma boas tiradas, além da personagem Daisy Duke que sempre estava de shorts jeans bem curtos, marcou época e toda uma geração. No Brasil era mostrado na TV Globo à noite quando o seriado era novo.
Um dos principais personagens do seriado era o carro General Lee. Como sabem, General Lee era o grande general dos Confederados (exército do sul escravista americano). O seriado causou problemas entre os grupos raciais nos Estados Unidos porque, entre outras coisas, o carro General Lee tinha uma bandeira dos confederados no teto. Grupos como o Klu Klux Klan usam a bandeira no sul assim como os grupos racistas extremistas.
Uma das curiosidades do seriado era o ator Sorrell Booke que fazia o papel do Chefe Hogg, um redneck ignorante, corrupto e ganancioso. Sorrell era extremamente culto (formado em Yale e na Universidade de Columbia) e falava 5 idiomas na vida real sendo fluente em japonês e por causa disso serviu como contra-inteligência na guerra da Coreia. Nada mau para o chefe de Hazzard.
Claro, para se criar uma pickup digna do General Lee é preciso se começar com uma Dodge Ram e foi isso que o dono fez. Depois pintou a Ram de laranja, colocou o 01 nas portas, escreveu General Lee no capô e fez o vidro traseiro com a bandeira do exército confederado. Mas, claro, como todo bom redneck tem que haver a cereja do bolo, aquela grande sacada que deixa o redneck orgulhoso para mostrar aos outros meros mortais como ele é uma criatura de inteligência superior. No caso, as Dodge Ram a diesel vem com o motor Cummins. Portanto, o venerável redneck não perdou e escreveu ladenado a terceira luz de freio "Still Cummin". Naturalmente não vou traduzir o trocadilho porque é algo impublicável, porém vocês podem perguntar ao pessoal da Bayer que devem saber do que se trata...
A cereja do bolo do redneck inscrita no teto ladeando a 3a. luz de freio
Observem na Ram que a placa é de Utah e essa especificamente (Ski Utah) tem esse design desde 2008, o que prova que essa pickup foi feita por um redneck e depois vendida para outro que a dirige com orgulho e Still Cummin'.
CS

Outro dia, levando meus filhos para almoçar no McDonald's, me peguei matutando um assunto que me incomoda muito. E me lembrei disso ao comer um Big Mac.

Não sei quem de vocês já percebeu isso, mas o Big Mac não tem nada de Big mais. Não tenho como provar isso, mas a impressão que passa é que, ao passar dos anos, ele foi ficando cada vez menor e mais pobre.

E isso não é exclusividade da rede americana: o venerando Bob's é pior ainda. Quem, como eu, foi criado no Rio de Janeiro certamente se lembra da montanha de carne e pão macio, recheados de muito, mas muito molho e alface e cebola picados, que era o Big Bob. Comíamos o lanche de pé, mas era tão bom, tão tenro e suculento e grande, que ainda assim a gente adorava. Era bom para CARAMBA, acreditem.

Veja um sanduíche desses hoje: uma lamentável coisinha insossa, pequena e decadente. Pão mal ajambrado, carne sem suco ou gosto, um pouquinho de molho sem graça. Comer um Big Bob era algo que se fazia com coragem e vontade, prestando atenção, porque molho transbordava para todo lado. Era uma delícia, um prazer simples perdido para sempre.

E por que isto aconteceu? Eu tenho uma teoria, and I think it's a Duesy!

Uma empresa, a cada ano que passa, tem que crescer. Não me pergunte por que, mas é regra. Quem não cresce (leia-se aumenta o lucro) a cada ano é exemplo de empresa estagnada, ineficiente, supostamente um local triste onde ninguém lê "VOCÊ S.A". Ninguém quer isso, não, feio, tabu! Mas como aumentar todo ano num mercado que cresce pouco, e seu produto, bem, é o mesmo sempre? Um dia, alguém teve a maravilhosa ideia de tirar 0,05 grama de alface do sanduba, o que equivalia a, sei lá, à milionésima parte de um centavo de economia. Multiplicado pelo mundaréu de Big Mac que se faz por dia nos shopping centers de todo o mundo... Milhões de dinheiros de lucro. E, olha só, nenhum consumidor nem percebeu!

Até aí tudo bem, até que o mesmo procedimento foi usado para o molho especial secreto (maionese com catchup, como sempre), e depois para os dois hambúrgueres, para o queijo, a alface, a cebola e até o pobre picles. Depois, sem mais ingredientes para mutilar, esqueceram-se que já tinham tirado alface uma vez há uns anos atrás, e tiraram mais um pouco. Mas agora, os objetivos de lucro eram bem maiores, e então, além de tirar logo uma grama inteira duma vez, foram lá e decidiram comprar alface de qualidade "B", e deu muito certo, porque de novo ninguém percebeu! As pesquisas de opinião não mostravam ninguém reclamando do peso da alface! E as vendas continuam aumentando, e o lucro sobre elas também, então está tudo certo.

Agora multiplique esse comportamento por 30 anos, e podemos entender por que quando estava na faculdade eu adorava aquela gordurosa e suculenta montanha de carne e pão, e hoje, bem... Tenho que comer aquele ridículo e caro sanduichinho safado para minhas crianças ganharem um boneco de plástico chinês vagabundo do Avatar.

E o que isto tem a ver com carros, diria o impaciente leitor? Tudo! Esta teoria foi formulada porque eu conheço como funcionam os fabricantes de automóvel modernos. Eles têm enormes departamentos cujo objetivo único é fazer "otimização de valor" do produto, o que traduzido para o português significa "sacanear o comprador". A lógica é a mesma explicada acima: seis meses depois do lançamento, depois que todo mundo já conhece e gostou do carro, o cara vai lá e tira um parafuso, um “pqp”, um pedaço de carpete, qualquer coisa. Os caras são como urubus mesmo, procurando uma forma de dar menos ao cliente sem que ele possa perceber, e obviamente sem mudar o preço do carro.

Todo fabricante tem estes departamentos, e eles trabalham com um budget reverso: os objetivos são contabilizados como lucro antes de acontecer, o que aumenta sobremaneira a pressão nos pobres funcionários. É por causa disso que quando você trocou seu carro por outro igual, mais novo, sentiu falta de um “pqp”, de uma soleira de porta de plástico, e percebeu que o tecido dos bancos, antes felpudo e gordo, é no carro mais novo algo que parece ter sido confeccionado a partir de pelo de rato trançado.

Pouco a pouco, a qualidade do produto decai como um todo. Mas como gente continua comprando, e cada caso é analisado separadamente, a empresa não percebe o mal que faz. Re-fraseando: não se importa com o mal que faz. Realmente, não podíamos esperar menos: ganhar dinheiro é só o que importa, e quando a grana vira Deus, o fim e o objetivo supremo, é isto que recebemos em troca. Fazer algo corretamente? Tentar melhorar algo? Para quê? Piorar dá mais dinheiro!!!!

Antigamente, se dizia que se devia esperar um ano para comprar um novo produto, para evitar problemas ainda não resolvidos. Ainda é verdade, mas aos seis meses já se tem os depenadores em ação. O que fazer então? Olha, tenta reclamar com o bispo...

MAO
PS: Um amigo me chamou a atenção de que as reclamações dos compradores de carros novos são ouvidas sim, ficam num banco de dados que é usado como referência para novos projetos. Normalmente, se veta itens que tenham qualquer reclamação de cliente, porque reclamações são na verdade, raras para itens do tipo que coisa que descrevi no post.

Então nada de Bispo; reclamem sim com os fabricantes sempre que perceberem algo deste tipo, seja por e-mail, seja pela pesquisa que é sempre enviada via correio para os compradores. Ajuda e é importante para mudar este nefasto comportamento.

E o amigo CZ lembrou de outra coisa: os japoneses não tem este tipo de departamento em suas empresas. Nisto, são claramente melhores que a indústria mais antiga.
Hoje o assunto é engenharia civil.
Vou falar de um dispositivo muito simples, que é a boia da sua caixa d'água.
A boia da caixa d'água tem três componentes básicos:
Um flutuador, que se mantém na superfície da água;
Uma haste, na qual o flutuador está fixo;
Um registro, que controla o fluxo de água conforme a inclinação da haste.

A boia funciona de uma maneira simples.
O flutuador sente a altura do nível da água na caixa d'água, e movimenta a haste. Conforme a haste se move, ela altera a vazão de água através da atuação do registro.
Então no nosso sistema o flutuador é o sensor, o registro é o atuador e a diferença entre o nível atual e o nível de caixa cheia. é o erro.

"Estourei" a minha primeira caixa aos 20 anos de idade. Eu já tinha feito a proeza de estourar um diferencial aos 19 anos (deixei uma planetária de 11 dentes praticamente banguela), mas não uma caixa inteira.
Naquela época eu poderia muito bem mandar consertar o câmbio e deixar por isso mesmo, mas preferi comprar um novo, o que diminuiria o "tempo de internação" do carro na oficina e de quebra ainda deixaria nas minhas mãos uma caixa quebrada, para que eu pudesse desmontá-la e com isso aprender um pouco mais.
Procurei um especialista em câmbios e combinei que eu lhe daria o quebrado se ele me ensinasse como é que aquela coisa funcionava. Dito e feito, o cara me ensinou a desmontar a caixa e mostrou como é que funcionavam os pares de engrenagens, sincronizadores, garfos, a posição correta de montagem da coroa e pinhão do diferencial, entre outras informações preciosas.
Relembrei de todas as lições ao ver a apresentação da Efficient Dual Clutch Gearbox da Renault, que vocês podem conferir no link abaixo. É realmente muito legal e também ajuda a doutrinar os leigos com velhas lições: "seu carro é tão forte quando o ponto mais fraco de sua transmissão".
FB