google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

Este post foi escrito a quatro mãos e seis cabeças. Normalmente, quando nos deparamos com algo novo, que requeira novos estudos, ou mais complexo, decidimos postar em grupo. Foi a forma que encontramos de dar maior abrangência e mais visões a esses temas, ao mesmo tempo tentar enriquecê-los com mais experiências.

Como entrar num assunto controverso quanto à questão do peso versus a fenomenal estabilidade do Nissan GT-R, analisar a explicação do engenheiro-chefe do projeto, Kazutoshi Mizuno e emitir nossa opinião a você, leitor?




Essa semana houve muita discussão após o post do Paulo Keller, sobre o Aztek. Na semana passada, eu havia escrito sobre o Rageous, que foi execrado pela maioria.
Ambos foram alvo de críticas sobre estilo, como se um carro ser feio para algumas pessoas, ou para a maioria, significa realmente que ele é feio.
Sendo repetitivo e antigo, lembro da frase " A beleza está nos olhos de quem vê". E essa é uma das maiores verdades da humanidade.
Se nâo fosse assim, como explicar alguém escolher um Xsara Picasso pela aparência, ou o New (old agora) Beetle? Ou pior ainda, a Saab morrer porque não vendia. Não vendia porque era feio? Ou era bonito demais e apenas poucos entendiam assim?
Não há respostas, e deixo aqui as fotos do Flajole Forerunner Coupe 1955, um custom-car feito por Bill Flajole, de quem nunca ouvi falar, sobre chassis completo do Jaguar XK120.
Esse exemplar único foi leiloado em agosto passado, em Monterey, Califórnia, onde alguém que gostou da coisa pagou US$ 188.500,00.
Realmente, gosto é algo indiscutível.
JJ

Esse é um fato triste, mas que acontece com quem curte carros antigos e faz suas tarefas mecânicas: um bloco de motor com cilindro quebrado. Nas fotos abaixo, um Maverick V-8 de um amigo, quando recebemos ele e depois a surpresa ao abrir o motor para reparo. Claro, sabiamos que tinha problema, e neste caso não foi possível reparar porque o estrago foi bem grande. Mas serve para ilustrar a encrenca muito bem.




Mas ainda bem que foi apenas num 302, um bloco relativamente ainda fácil de se conseguir, e mais ainda, possivel de ser adquirido um novo, zero-km, importado.
Mas, e se fosse algo exótico, raro, difícil de ser conseguido? O que fazer, e se for possível, como fazer para reparar?
Há uns tempos comprei de um amigo um dos motores mais fantásticos jamais feito, um Ford 351 Cleveland. Aqui fica a nota em resposta a todos que me acusam de não gostar de Ford! Gosto sim, e muito! Tudo muito bom, tudo muito legal a não ser por um detalhe: o motor tinha o cilindro número 1 encamisado. Ok, tinha zebra ali. Levei o bloco à minha retifica de confiança (aliás, algo que TODO entusiasta que mexe com carro antigo tem que ter: uma retifica de confiança, que é como nosso anjo da guarda para os momentos de apuro!) No Rio, eu tinha uma retifica de estimação, que infelizmente faliu! Mas aqui em Brasília tenho outra, que me atura com minhas maluquices e tarefas impossíveis ou quase, sempre com boa vontade e disposição para encarar os desafios que proponho. Aos amigos da Retífica Mineira, obrigado pelo apoio. Sem vocês, esta e muitas outras bagunças não seriam assim tão possíveis e divertidas!
A incrível saga do Ogro do cerrado e seu 351C com bloco quebrado!
Primeiro, o que vemos quando retiramos a camisa postiça instalada no bloco:



Depois a cura do problema: uma camisa de Opala 4 cilindros medida externa 0,020".



O bloco ja tinha sido aberto para receber uma camisa std, mas como o bloco tinha desgaste e precisava ser retificado a .0,020" em todos os demais cilindros, decidimos usar uma sobremedida porque após a usinagem, a parede restante seria algo mais grossa e resistente do que com uma medida std. Ou seja, retificamos o bloco um pouco mais largo novamente. Vale observar que neste caso é imperioso que o colarinho, a base de apoio da nova camisa seja feita na base inferior do cilindro, e não no topo como normalmente é feito. Usa-se desta forma para evitar um eventual vazamento de agua no bloco pela parte de baixo. E antes de se prensar a camisa, se aplica Araldite lento de forma generosa no cilindro, na area quebrada, e na base onde a camisa assenta. No caso se uma trinca, o epóxi pode preencher o rachado ajudando muito na vedação. Nocaso do quebrado, ele não vai vedar o buraco, mas faz que seja muito mais difícil água vazar entre a camisa postiça e o bloco. Na imagem, o ato de prensar a camisa nova no bloco. Claro que justamente no dia "D", a super hiper mega Blaster, prensa de 60 toneladas eletrica que é usada para prensar camisas, quebrou e tivemos que fazer o serviço numa prensa normal. Só para pôr um pouco mais de emoção na nossa fanfarra.



Aqui o resultado: a camisa era mais longa que o cilindro e ainda se pode ver o colarinho superior que é normalmente usado em operação de encamisamento normal. A sobra vai ser desbastada na operação de retífica do cilindro mais à frente.


Aqui podemos ver a operação de centragem da coluna da maquina no cilindro a ser retificado. Pode-se notar que os outros cilindros já foram retificados.


Depois de retificado


Pronto para a operação de brunimento, com a placa de brunimento já instalada e torqueada.



E o brunimento em si, com o líquido de lubrificação do corte sendo liberado durante a operação.



E para que não fique dúvidas quanto à seriedade e firmeza de propósitos na execução dos serviços, em respeito a tão nobre motor, peças novas, de primeira qualidade, pistões Sealed Power e, no caso das bielas, todos os parafusos originais substituídos por outros, ARP, como medida adicional de segurança!



Há um certo tempo, vimos aqui um texto sobre livros importantes para uma cultura automotiva básica. O MAO deu ótimas dicas, e aqui coloco mais alguns bons para quem se interessar. Afinal, livros nunca são demais. O tempo é que é de menos.

Rally - Reinhard Klein - 1998.

O fotógrafo Klein se associou a alguns jornalistas especializados para fazer esse livro, uma base de conhecimento para os fãs de ralis. Neste, são detalhados os cenários das diversas provas do mundial, explicando os tipos de pisos, as regras do campeonato ao longo dos anos, a história do mundial, as categorias de carros, as provas mais importantes, pilotos, navegadores, equipes. Ou seja, um resumo muito completo para quem quer uma visão geral do mais empolgante esporte a motor. Tem umas 400 páginas e fotos aos montes. Um tijolo.

Rally Cars - Reinhard Klein - 2000.

Usando a mesma receita do anterior, mas com foco apenas nos carros. Klein montou um compêndio de 600 páginas, e o que temos é a Bíblia para quem gosta de ralis. Mais que um tijolo, é uma parede. O livro retrata todos os carros de todas as marcas que já competiram no Campeonato Mundial de Rali desde seu início até 1999. Há texto e fotos em profusão, e só mesmo alguém muito pesquisador para juntar tudo e transformar em livro.

Para ficar melhor ainda, há textos de umas duas dezenas de pilotos, falando sobre o carro favorito deles. É um trabalho excepcional, e está chegando a hora de uma edição atualizada, com mais umas 100 páginas. Na época do lançamento, custava menos de 30 dólares. Hoje, quando aparece um usado, pedem uns 500.

Automobile Design: Great Designers and Their Work - Ronald Barker e Anthony Harding - 1970.

Um resumo da vida e obra de alguns dos maiores criadores de carros de todos os tempos. Tempos em que carros eram basicamente pensados por um homem só, e muitas vezes, quase totalmente construídos por eles próprios. As grandes feras retratadas são: Amedeé Boleé pai e filho, Hans Ledwinka, Frederick Lanchester, Gabriel Voisin, Mark Birkgit, Ferdinand Porsche, Alec Issigonis, Colin Chapman, Henry Leland, Vittorio Jano e Harry Miller. Impossível comentar sobre esses mestres aqui, o conteúdo é vasto, mas o livro é de tamanho razoável para ser levado para todo lado, e tem várias boas fotos e desenhos.

Os textos são de vários autores, os dois citados foram os donos da ideia e organizadores. Como foi editado há 40 anos, haviam alguns ainda vivos, e os escritores contam como foi encontrar por exemplo, Gabriel Voisin e entrevistá-lo. Um achado arqueológico do amigo Bill Egan, aquele sumido de nosso blog, e a quem muito agradeço. Nota: hoje há um na Amazon por menos de 19 dólares, uma barbada !


Driving Ambition - The Official Inside History of McLaren F1 - Doug Nye, Gordon Murray e Ron Dennis - 1999


Se você tem problemas respiratórios e de sudorese exagerada quando vê qualquer foto ou filme de um McLaren F1, junte seus trocados, quebre o porquinho e compre esse livro. Você não irá se arrepender. Emprestei-o para um grande amigo, e foi difícil ele devolver. Não porque ele estivesse me enrolando. É porque ele passou por momentos de paixão completa por essa obra, que tem um texto perfeito, e fotos mais ainda. Não dá para explicar, só mesmo vendo. Era barato no lançamento, e por sorte encontrei usado a bom preço, muito menor do que se pede hoje, sempre acima de 100 dólares, sendo o normal acima de 300.

Ferrari F40, da série Supercars, editora Mallard Press - Mark Hughes - 1990.


Esse é daqueles livros grandes, porém de pouca espessura, que parecem estar na categoria dos livros para entusiastas iniciantes, ou crianças. Isso é o que parece. O carro é esmiuçado por um jornalista de muitos anos de experiência nas principais revistas inglesas. Há dezenas de fotos, e muitos desenhos dos sistemas do carro, tirados dos manuais de manutenção da fábrica. Maravilhoso é pouco para elogiarmos esse livro que parece ter poucas pretensões, mas explica muito melhor do que algumas obras muito mais caras. Uma bela obra sobre meu Ferrari preferido.

Aqui, temos dois livros, dos mesmos autores:

Great American Automobiles of the 50`s e Great American Automobiles of the 60`s - Richard M. Langworth, Chris Poole and the Auto Editors of Consumer Guide.


Essa editora realiza um trabalho ótimo, criando livros interessantes. Esses dois são uma referência bem completa de tudo que foi feito na terra do Tio Sam nessas duas décadas de ouro do design automobilístico. Quem é fissurado em carros americanos encontra aqui muita informação em pouco espaço. Os carros estão separados por marca, então, há um intercalamento de modelos mais novos com os mais velhos. Esse ponto incomoda um pouco, mas mesmo assim, vale a pena. Fácil de ser encontrado por bons preços.

Mighty Muscle Cars - by the Auto Editors of Consumer Guide - 2005.




Um livro pequeno, daqueles que pegamos na mão já achando que será algo fraquinho e esquecível. Não foi o caso. Separado por marcas, cobre American Motors, Buick, Chevrolet, Dodge, Ford, Mercury, Oldsmobile, Plymouth e Pontiac, em 325 páginas de fotos maravilhosas, e muitas reproduções de anúncios da melhor época da história do automóvel: a era dos Muscle Cars americanos. Carros de rua e pista são retratados, com imagens incríveis.

Drive On! - A Social History of the Motor Car - L.J.K. Setright - 2002.


Leonard Setright é muito conhecido pelas opiniões fortes. Explica claramente nesse livro, porque o homem quer e precisa desperadamente de um carro próprio. Disse ele que o transporte coletivo é algo desagradável, pois se viaja junto de pessoas desconhecidas, não se vai pelo caminho melhor, não se chega exatamente onde se precisa, nem na hora que se precisa. Além do habitual desconforto. Magistral é pouco para descrever as explicações de como o mundo chegou a ser o que é em função das inovações que o automóvel trouxe.

My Life Full of Cars - Paul Frère - 2000.


O belga Frère foi jornalista, piloto e colaborador no desenvolvimento de carros para diversas fábricas, desde 1945 até 2008, quando faleceu. Nessa obra, conta sua história, muito rica e diversa. Vale lembrar que ele não foi piloto de fim de semana. Venceu Le Mans em 1960, foi piloto oficial da Ferrari, Gordini, participou de equipes de fábrica para estabelecer recordes de durabilidade, entre várias outras atividades.

Um Século de Ford - Russ Banham - 2003


No centenário da empresa, a Ford encomendou à Editora Tehabi Books, um resumo de sua trajetória. O exemplar fotografado é em português, e foi editado em todas as línguas faladas nos países em que a Ford tem fábricas. Não foi vendido no mercado, apenas entregue como lembrança a todos os funcionários. Sorte de quem tem amigos na empresa, que, apesar de enorme, ainda tem a mão e o olho do dono. Ainda bem.

Voitures de Rêve - Jean-Rodolphe Piccard - 1980


Um dos primeiros livros importados que folheei, e graças ao meu pai, tenho até hoje.

Uma exposição fotográfica de todos os carros de sonho, que depois passaram a ser chamados de "conceito". Excepcional ver as fotos do primeiro Countach, do Alfa Carabo, do Buick Y-Job de 1939,considerado o primeiro carro de sonho, mas que foi precedido pelo Cadillac Aerodynamic Coupe, de 1933. O texto é curto, mas bem-feito, com declarações dos principais designers da época, como Giugiaro, Bertone e Pininfarina.


Into the Red - Twenty-one classic cars that shaped a century of motor sport - Nick Mason e Mark Hales - 1998.


Mason é baterista do Pink Floyd, e Hales é jornalista, com experiência na Classic&Sports Car, Top Gear Magazine e Autosport.

A coleção de Nick Mason é quase exclusivamente constituída por carros de corrida. A ideia de ambos foi ótima. Levaram 21 carros para Donington e Silverstone, fotografaram e gravaram o som deles em diversas situações. Um CD acompanha o livro, que já teve reedições com mais conteúdo. Entusiástico 100%.


50 Years of Chrysler's Hottest Cars - Nick Wright - 1999

Wright é autor e fotógrafo desde os anos 50. Começou na música. e passou aos carros. Tem vários livros totalmente ilustrados por ele, e resolveu colocar sua paixão pelos Mopar em texto nessa obra. Uma resenha muito bem escrita da marca americana que tem os mais sensíveis seguidores, entre eles, vários aqui nesse blog.

Fotos de fora dos EUA incluem um Charger 68 vermelho na Inglaterra, em frente a um castelo, um cenário pouco habitual, e alguns modelos australianos.

Para o prefácio, convidou Bob Lutz, que começa seu texto assim:

"Trinta e cinco anos no negócio automobilístico me ensinaram que há basicamente dois tipos de pessoas no mundo: motoristas e entusiastas que dirigem."

Só podemos dizer : amém.

Estes são apenas alguns bons livros, que recomendo a quem gosta desse tipo de literatura.
Há muitos mais, e aceitamos sugestões.

JJ