google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

Esse caso é típico de se descrever com a frase "tinha que ser coisa de americano". Outro dia comentei sobre um barco de corrida com motor Miller, e lembrei de outra forma de esporte náutico que também merece umas linhas.

As corridas náuticas possuem diversas subdivisões, classificadas principalmente pelo tipo de casco e motorização. A mais interessante e diferente é a classe dos hidroplanos, que são barcos com cascos planos e que não ficam submersos na água, mas sim "planando" sobre ela.

Explico: quanto mais o casco estiver submerso, maior é a resistência ao movimento e com a velocidade, a resistência da água no fundo do casco faz com que o barco fique sempre na superfície, apenas tocando levemente a água, apoiado basicamente em três pontos, uma pequena parte dos dois flutuadores dianteiros e o hélice central traseiro. Com isso, a resistência por atrito é muito reduzida e as velocidades podem ser mais elevadas.


Dentro da categoria dos hidroplanos, que existem desde os ano 50, a motorização é a principal divisão das categorias. Antigamente era usados motores aeronáuticos a pistão, como os Merlin e os Allison V-12. A partir dos anos 80, adotou-se na categoria top, conhecida como Unlimited Class (Classe Ilimitada), as turbinas com árvore de propulsão, utilizadas em helicópteros. A mais empregada por muitos anos foi a Lycoming T55, que era usada originalmente no helicóptero de transporte militar Chinook, da Boeing.


A turbina é montada no centro do barco, atrás da cabine blindada e fechada com um canopy igual ao utilizados em aviões de caça, e a árvore é ligada em um único hélice central, que trabalha semi-submerso, ou seja, apenas metade dele fica na água.

As corridas são feitas em grandes lagos, com retas longas e sempre em traçados circulares, como nas pistas ovais. Com uma turbina de 5.000 cv, os hidroplanos chegam a mais de 300 km/h no fim das retas. E não pensem que as corridas são chatas e sem graça, pois as disputas são acirradas e até toques entre os barcos acontecem nas curvas.


Para manter os barcos na superfície, grandes aerofólios são usados, e curiosamente em alguns barcos os dianteiros são móveis, comandados pelo piloto para manter o bico do barco o mais estável possível, ou seja, nem muito alto pois o barco pode decolar, e nem muito baixo, pois o arrasto com a água retiraria muita velocidade.


Hoje em dia é muito difícil ver na TV uma corrida, pelo menos nos canais que tenho acesso, não vejo há alguns anos, mas se acharem, vale a pena assistir.


Saiba mais: American Boat Racing Association
Graham Nearn, a pessoa responsável por manter o Lotus Seven vivo até hoje, veio a falecer sábado passado, dia 24 de outubro.

Nearn, dono da concessionária Lotus chamada Caterham Cars desde 1959, e um grande entusiasta do Seven, comprou os direitos de fabricação do carro em 1973, quando Colin Chapman desistiu de fazê-lo. O renomeado Caterham Seven permanece até hoje, e a empresa que o produz é saudável e feliz com seu mercado restrito mais fiel.

Ao perpetuar o passado, Nearn criou um ícone moderno, e a ele todos os entusiastas do mundo devem agradecimento eterno. O Seven é o ícone sagrado da velocidade e prazer ao volante acima de tudo, inclusive do status.

Acredito que todo mundo que lê este blog deve conhecer o Caterham Seven. Se não, cliquem aqui para uma perfeita descrição de um amigo meu sobre o carro, e depois, vejam a linha atual no site da Caterham, clicando nessas letras de cor diferente aqui.

O AUTOentusiastas dá as suas condolências a família de Nearn, e lamenta sua passagem, mas permanece certo de que uma pessoa que deixa um legado tão eterno quanto o Seven, nunca morrerá de verdade.

Que o Seven, e com ele a lembrança de Nearn, nunca venha a desaparecer. Este é o meu voto neste momento de tristeza.


MAO
Rapidinha...
Acabei de assistir o novo comercial de TV do Ford Focus que termina com a frase "Ford Focus, o carro para quem gosta de carro". Essa propaganda completa a outra que está nas revistas mostrando que o Focus é o modelo que mais ganha comparativos nas revistas.
Tenho a impressão que nem com essas propagandas as vendas do Focus aumentarão.
Hoje visitei alguns concessionários e surgiu o assunto de carros usados. Eles me disseram que na venda de um carro zero com um carro usado na troca se esse usado não for flex o preço pago por ele é muito baixo. Na hora me lembrei do Focus.
Incrível como para um carro vender bem não basta ser bom, mesmo com o atestado de todas as revistas especializadas. Também não adianta ter uma plataforma moderna, ou uma vasta lista de equipamentos, ou um preço competitivo. O mercado é cruel. Espero que a Ford lance a versão flex o quanto antes para que possamos ver mais Focus nas ruas.
Por outro lado, os entusiastas terão Focus usados com bons preços nos próximos anos.
Outra...
...que me deixou um tanto perpléxo foi a Autoesporte de novembro. Na edição de assinantes existe uma sobrecapa por cima da capa. As duas são quase iguais. A capa original dá destaque para o "novo" Fox e um comparativo com Agile, Sandero e Punto com uma foto pequena desses três modelos e uma grande do Fox. Já na sobrecapa, que tem o mesmo layout da original, a pequena foto dos concorrentes do Fox foi suprimida e a chamada é "Novo Fox supera novo Fox".
Mais acima está uma indicação "sobrecapa publicitária". Nunca vi isso antes!
E o que mais me irrita em comparativos em geral são as notas. Nesse caso específico a média do Fox foi 8,4 e a dos outros três foi 8,3, 8,2 e 8,1. Ou seja, empate técnico!
Neste domingo fui num passeio que tenho sempre reservado na minha agenda, o Domingo Aéreo, sempre realizado no Campo de Marte, zona norte de São Paulo. Participo deste evento desde o primeiro, há mais de 15 anos, e em todos estes anos, acho que não perdi mais que 3 edições.

Porém, esta edição parecia diferente já há algum tempo. Não houve a divulgação costumeira. Mesmo amigos meus, ligados à área aeronáutica não sabiam de nada a até poucos dias atrás, quando confirmamos através da agenda do site da Esquadrilha da Fumaça.

No domingo desde cedo parecia que eu tinha levantado pelo lado esquerdo. Havia programado ir para lá logo cedo, como sempre fiz, mas só consegui ir para lá depois do almoço. Conhecendo o evento, sei que as melhores oportunidades de fotografar ocorrem bem cedo, quando a maioria das pessoas ainda está brigando pra se levantar.

A sensação desagradável aumentou quando cheguei de carro. Normalmente o local fica um inferno de carros e fervilha de pessoas. Desta vez, as ruas estavam livres. Lá dentro, no pátio da base militar, havia, se muito, a terça parte do que eu costumei ver nesse evento em anos anteriores. Certamente a falta de divulgação fez sua parte.

Mesmo com uma multidão menor, era impossível tirar boas fotos das aeronaves em exposição, então desisti da ideia e fui apreciar o resto. Tinha os tradicionais estandes de escolas de pilotos e mecânicos, os estandes dos militares que mostravam os serviços comunitários prestados em locais remotos de Brasil, e os estandes de bugigangas superfaturadas. Como todo ano, não resisto e sempre compro algo na barraca de material oficial da Esquadrilha da Fumaça. Sai caro, mas o material ali é sempre de primeira qualidade.

Comecei fotografando a passagem do F5.

Desculpem a falta de qualidade das fotos, mas nem todo mundo com a câmera na mão tem os dotes do PK. Além disso, o dia nublado, que pouco destaca as cores das aeronaves, combinava com a sensação daquele evento.



Logo em seguida, tivemos a exibição da Esquadrilha da Fumaça. Nem há muito que comentar.

Quem já assistiu a uma exibição da Esquadrilha sabe bem a sensação deliciosa que é vê-los pilotando. Acho que conto nos dedos os motoristas que tiram de seus carros o que os onze pilotos regulares da Esquadrilha fazem em blackout visual total. Isso é digno de nota.

Seguem as melhores fotos que consegui tirar. Com o zoom da máquina no máximo, fica difícil encontrar e enquadrar os aviões passando em alta velocidade, e sem um monopé, como a dos fotógrafos da F1, fica difícil ter firmeza nas mãos. Perdi a maioria das fotos...





























A exibição da Esquadrilha da Fumaça é sempre o ponto alto do Domingo Aéreo. Uma vez terminada, é a hora que a maioria do público vai embora, e é a oportunidade para se fotografar.

Depois dela, fui ao hangar de manutenção do PAMA (Parque de Material Aeronáutico, da FAB), onde os F5 brasileiros são reformados. Foi ali que minhas sensações se confirmaram.

Logo na entrada, onde geralmente um conjunto de estandes sempre era montado, desta vez estava livre. Onde sempre havia exposições de aeromodelismo, plastimodelismo e dioramas, e onde ano passado tive o prazer de oncontrar alunos de engenharia aeronáutica da Escola de Engenharia de São Carlos, por onde me formei, expondo seus aeromodelos campeões no concurso mundial da SAE, desta vez não havia mais nada este ano. Apenas uma área reservada onde o canil da Polícia Militar fez algumas demonstrações de adestramento.

Das atividades do PAMA, que sempre eram muito bem exibidas nesse evento, desta vez, quase nada. Até painéis que eles exibiram anos seguidos, mostrando peças estruturais dos F5 desgastadas pela fadiga, pela vibração e pelo atrito com outras peças e rebites, sequer estavam à vista.

Do pouco que havia para se ver, um F5 em estado avançado de reforma, e um dos F5F adquiridos da Jordânia e que chegaram aqui no ano passado, no começo do processo.

Não se impressionem com o aspecto embaçado da pintura do F5 jordaniano. Ela é proposital para dificultar sua visualização sobre o deserto.





Das oficinas do PAMA, a visão era esta. A arrumação desta vez era diferente, como quem arruma para deixar tudo guardado, e não arrumado para uma exposição e que voltará ao normal no dia seguinte.





Ao lado do setor de oficinas, estava esta porta, provavelmente de algum almoxarifado. Notem o plástico preto e amarelo amarrado na maçaneta, indicando interdição da sala. Não era um bom sinal.

Na foto seguinte, os "picomãs" de sujeira denunciavam o tempo que aquela porta não era aberta, e o descaso com a limpeza. É de se estranhar, já que em outras edições, este hangar permanecia impecavelmente limpo, mesmo para uma oficina.





Retornando por onde entrei, outra cena triste.

Na parede, há agora apenas a armação que no ano passado sustentava um quadro com um pensamento memorável, visto numa foto minha do ano anterior.

Se este quadro ali estava para motivar os gênios que ali existiam, a falta de inteligência e interesses menos nobres certamente tomaram seu lugar.





Ao sair do hangar do PAMA, fui fotografar as aeronaves em exposição, mas várias delas já haviam sido recolhidas. Naquele momento, um Bandeirante EMB-111 de busca e salvamento marítimo estava sendo retirado, e não tive condições de fotografá-lo.

Aqui está o C-115 Buffalo. Aeronave estranha, de desenho canhestro, mas insubstituível para a FAB. A FAB operou este modelo por muitos anos, e conforme suas unidades atingiam o fim da vida útil ou eram perdidas em acidentes, aviões usados deste modelo eram procurados e comprados pelo mundo.



O substituto do Buffalo é o CASA 295 espanhol, aqui denominada de C-105 Amazonas pela FAB.
Esta é uma aeronave que tem bom conceito entre seus outros operadores. É uma espécie de mini-Hércules. Apesar de poder operar em pistas semi-preparadas, o Amazonas não consegue operar em pistas de terreno alagadiço e aberto na mata fechada na base do facão e do machado, como o Buffalo fazia. Como não há no mercado mundial uma aeronave de projeto moderno com as especificações do Buffalo, o Amazonas foi a aeronave que mais atendia as especificações.

Agora, para ir onde o Buffalo pousava na picada aberta na mata, o C-105 vai ter de esperar a preparação adequada de uma pista.



Este é o helicóptero Pantera, operado pela aviação do exército. As unidades brasileiras foram produzidas pela Helibrás sob licença da Eurocopter, a partir do modelo original SA 365 Dauphin 2.



Este modelo, o Bell UH-1 Iroquois, mais conhecido como Huey, é a imagem mais marcante da Guerra do Vietnam. Foi projetado há mais de 50 anos, mas a excelência do projeto original permitiu grande variedade de adaptações, modificações e atualizações, sendo ainda uma aeronave moderna. Esta versatilidade garantiu clientes e fabricantes sob licença pelo mundo todo.

Uma versão blindada deste helicóptero é usada pela polícia do Rio de Janeiro em combate aos traficantes, sendo conhecida pelos jornais pelo nome de "Caveirão".



Esta é uma das maiores atrações do Domingo Aéreo, tanto para crianças pequenas como para as crianças crescidas. A fila para sentar no cockpit de um legítimo F5 é enorme. Pode-se esperar por mais de duas horas sob sol forte ou de chuva para ter o prazer de sentar no assento ejetável tempo suficiente apenas para uma olhada no painel, ter a sensação de assumir o manche e bater uma foto.

Masoquismo puro. Só que eu já fiz isso várias vezes. Coisa de entusiasta.

Este não é o F5E padrão. Reparem na cabine fechada logo atrás. Este é um dos F5B adquiridos pela FAB junto com os primeiros F5E para treinamento e conversão de pilotos.

Estas aeronaves estão desativadas há anos nos páteos do PAMA, já tendo sido oferecidas no mercado mundial sem demonstração de interesse de compra, sequer por civis.

As primeiras versões do F5 eram derivadas do T-38 Talon, treinador avançado a jato, usado nas academias aéreas americanas e em pesquisa de vôo e treinamento de astronautas pela NASA. Já a partir do modelo F5E, o avião foi inteiramente redesenhado, inclusive recebendo o desenho de "garrafa de coca-cola" na fuselagem, obedecendo a chamada "regra da área", recém descoberta pelos estudos americanos em aerodnâmica.

Esta diferença faz com que as peças dos F5B sejam incompatíveis com as dos F5E, e o custo operacional para mantê-las vaondo não se justificava. Daí a desativação deste modelo, e pelo pouco interesse que se tem na aeronave, ela pode ser aberta para a "brincadeira" com o público.



Já fora do Campo de Marte, aproveitei para visitar rapidamente a Praça Heróis da Força Expedicionária Brasileira. Lá há alguns marcos que lembram os feitos brasileiros na 2a Guerra Mundial. No local também funciona um posto de recrutamento militar.

Quem quiser saber mais sobre a história do Brasil na 2a Guerra, há dois documentários recentes, um chamado "A cobra fumou", sobre a FEB, e outro, chamado "Senta a Pua", sobre o Primeiro Grupo de Caça. Vale a pena assistir.






No final do passeio, ficou a sensação amarga de fim de festa.

Para quem participa deste evento desde a primeira edição, vê-se que desta vez muita coisa mudou ali. E para pior. O evento não foi tão bem realizado quanto em anos anteriores, e, pelo que se viu, o parque parece caminhar rumo à desativação.

É bom frisar que o Campo de Marte localiza-se numa área nobre da cidade, e sempre foi alvo de politicagens, interessadas na especulação imobiliária do local. Há menos de um ano, nosso digníssimo Presidente da República em um discurso se comprometeu a devolver o terreno da base militar para o município.

Entretanto, no projeto para o trem-bala, especula-se como sendo ali o local para a estação de parada na cidade, sendo que este projeto caríssimo agora está integrado às propostas de modernização com que o Brasil se comprometeu para conseguir aqui as edições da Copa do Mundo e das Olimpíadas.

Certamente, um evento ali que agradasse a população criaria uma visão negativa da opinião pública sobre este projeto. Não dá pra dizer que uma coisa tem a ver com a outra, mas fica a pulga atrás da orelha...

E desculpem o off-topic. Como acredito que quase todo entusiasta por automóveis tem também entusiasmo por aviação, acho que os leitores me darão um desconto.

AAD