google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

Outro lugar que visitamos foi o evento de carros antigos de corrida, o Monterey Historics que acontece em Laguna Seca, perto de Monterey na Califórnia. O autódromo é tomado por mais de 300 carros clássicos, onde se encontra de tudo, desde carros do pré-guerra até protótipos de Le Mans dos anos 90.

A organização do evento é impressionante, na estrada há placas de indicação do caminho para o evento, com separação de cada tipo de acesso (visitantes e participantes) para evitar trânsitos desnecessários, o que na verdade não resolveu muito pois eram muitos os carros e a estradinha que leva a Laguna Seca é pista simples na sua maioria. No estacionamento do evento já vemos diversos Lotus, Corvettes (realmente comuns por lá), Ferraris e Lamborghinis. O autódromo é bem interessante, pois o acesso aos paddocks é direto, basta atravessar a ponte que passa por cima do fim do retão. É possível dar a volta na pista toda por ruas que beiram o traçado.

Ford GT40 da Equipe Fittipaldi

Ferraris Testa Rossa de alguns milhões de dólares

Logo cedo acontecem os treinos, e durante toda a manhã os carros das categorias que correrão no dia (são separadas entre sábado e domingo por conta da grande quantidade de carros em diversas categorias). Durante a tarde, acontecem as provas, todas com dez voltas de duração, independente da categoria.

O paddock, que na verdade é um grande espaço aberto onde ficam todos os carros e caminhões das equipes, não segue uma ordem muito lógica, pois lado a lado estão carros de épocas totalmente diferentes, o que é um charme a mais, ao meu ver. Onde mais poderíamos ver um Alfa GTA sendo preparado ao lado de um Bentley Blower, ou um Porsche 935 ao lado de um ERA pré-guerra?

Porsche 917k

Disputas pra valer, sem aliviar!

Como na maioria dos eventos que fomos, o acesso é livre. Não há cordão de isolamento, salvo os boxes e pit-lane, e todos os participantes são muito simpáticos e receptivos. Conversamos com diversas pessoas das equipes, que respondem todas as dúvidas sobre os carros, bem diferente daqui, onde geralmente mal se pode olhar os carros de perto. Além de receptivos, todos são bem humorados. Durante as corridas, por diversas vezes os anúncios no sistema de som do autódromo faziam brincadeiras com os participantes. Uma das melhores do dia foi "Senhor Valentino Balboni, por favor retire seu Lamborghini azul e branco do local ou ele será guinchado", fazendo uma brincadeira com o famoso piloto de testes da Lamborghini que estava presente, com um dos novos Gallardo LP 550-2 que leva seu nome em uma série especial.

As corridas em si são um ponto fora da realidade. Não importa a categoria, andar devagar e com cuidado não está no roteiro. Desde os carros dos anos 20 até os mais modernos, acelerar era a ordem do dia. É difícil descrever como é ver uma corrida dessas, pois ficamos imaginando como seria no passado, quando os carros eram as máquinas do momento.

Nomes conhecidos pilotavam carros históricos, como Derek Bell e David Donohue. Mas o impressionante foi um certo senhor, com seus 80 anos de idade, acelerando um Lola Mk-1. Um tal de Moss, que andava pelo paddock, muito bem humorado, com seus óculos de aviador, capacete coquinho e suspensórios (de época).

Sir Stirling Moss e seu Lola

Porsche 962C

A largada da categoria dos protótipos dos anos 70 foi algo que não sairá da mente de muitos por muito tempo, minha inclusive. Porsches 917s, 910s, 908s, Alfa 33-2, Ferrari 512S e outros largaram como se fosse uma prova do Campeonato de Marcas dos anos 70. O Paraíso deve fazer esse som. Quero voltar lá, várias vezes...

Nada mais lindo do que isso.

BMW Batmobile CSL

Mais informações no site do evento:
Rolex Monterey Historics
Quando ocorreu a Revolução Industrial, a Inglaterra viu surgir um movimento contrário à modernidade tecnológica, que enxergava problemas a curto, médio e longo prazo. Movimento liderado por Ned Ludd, cujos seguidores eram conhecido por luditas. A confusão foi grande, e não é assunto para nosso blog.
Não que eu seja um neo-ludita, mas algumas coisas modernas me incomodam.
A idéia de qualquer-coisa-by-wire é uma delas.

Surgido na aviação militar, com o General Dynamics F-16, e depois na comercial, nos Airbus, os comandos por fios para componentes mecânicos me arrepiam. Não tudo, claro, pois um vidro elétrico, ou um retrovisor não assustam ninguém. Mas os nerds estão querendo mexer em coisa séria, sistemas que comandam itens de segurança. Notadamente freios e direção.

Só de imaginar o quanto de matéria-prima que se economiza ao retirar de um carro uma coluna de direção, já deixa os financistas das fábricas salivando. E obviamente, eles apoiam essas novidades. As vantagem são grandes. Menos componentes pesados, substituídos por fios e conectores, servo-motores e uma central eletrônica.

Desvantagem principais: a confiabilidade deve ser absoluta. Poderia-se até parar por aqui com esse assunto, concluindo que engenheiros servem para isso mesmo, fazer coisas que funcionem e não quebrem. Mas a vida não é tão simples e bela.
Qualquer peça com um mínimo de complexidade tem muita gente e processos envolvidos, e sempre - vejam bem, sempre - existe a possibilidade de algo sair errado.

Pioneira na aplicação do ABS, a Mercedes-Benz manteve a tradição de inovar nessa área e utilizou o brake-by-wire da Bosch nos classe SL desde 2001, classe E no ano seguinte e no CLS, além do McLaren-Mercedes SLR. Após dois recalls que afetararam cerca de 2 milhões de carros em todo mundo, o sistema Sensotronic foi descontinuado em 2006. Esse sistema possui uma linha hidráulica de segurança, sem assistência de um servo, e segundo a fábrica, o risco de acidente era mínimo.
O motivo dos problemas eram bolhas no acumulador de alta pressão e também falhas no software, ou seja no programa de comando de trabalho. A consequência era apenas e tão somente freio off-line, como naquelas vezes em que nosso computador da empresa cai fora da rede e nos deixa com as calças na mão.
Bom, vamos lá. Um sistema de computador, fios, conectores, sensores de velocidade das rodas, motores elétricos, trabalhando também com um programa de ABS, mais um sistema hidráulico de segurança. Simples, não ?

Ironias a parte, em 2007 foi apresentado o sistema de freio criado pela Siemens VDO (Continental atualmente) chamado de EWB - Electronic Wedge Brake (freio eletrônico por cunha), que está ilustrado abaixo. A intenção é que entre em aplicação comercial já em 2010.


Simples imaginar que o grande desafio é ter certeza que o motor elétrico, que gira um eixo que empurra uma cunha, vai funcionar SEMPRE. E que o programa de computador que comanda a velocidade e força com que esse motor gira e empurra, vai estar perfeito, sem os famosos "bugs", que podem ser explicados como buracos ou incertezas no programa. E agora com o atrativo de frear em menos distância, 15% menos sobre gelo, por exemplo.

Não dá mesmo para acreditar. Depois de uma tentativa que não deu certo, na época em que os Mercedes tiveram o ponto mais baixo de satisfação com a qualidade, a direção da empresa corajosamente resolveu mudar, e determinaram a retirada de muitos itens e funções eletrônicas de seus modelos, divulgado na época como cerca de 600 delas. As reclamações diminuíram, e a qualidade voltou a melhorar.
E se volta a insistir com soluções mirabolantes para freios, e a mesma coisa para sistema de direção também vem por aí.

Devo estar ficando velho.

JJ
Quando um dos maiores escritores de todos os tempos adota o blog como forma de comunicação com seus leitores, e publica um livro sobre isso, sentimo-nos mais tranquilos, sabendo que estamos fazendo a coisa certa.
Se o assunto de um dos posts for automóvel, melhor ainda. Com toda erudição e clareza de José Saramago, um texto postado por ele nessa sexta-feira, dentro da semana de aniversário do AUTOentusiastas.
Será que ele nos conhece ?
Leiam aqui nesse link, e voltem para comentar.

JJ
OS FRUTOS TROPICAIS

Por José Mahar Rezende

Os inícios da indústria brasileira de automóveis foram em cima de projetos e desenhos meio ultrapassados ou fora do padrão da época, verdadeiros enteados da produção desse tempo. Exemplos fortes dessa teoria foram o Volkswagen, o Aero, o Simca e o DKW-Vemag.

Por partes:

Volkswagen

Nos anos 50 o Fusca tinha já um discreto sucesso nos mercados europeus e mesmo por aqui, montados por um grupo brasileiro, mas nada que se comparasse ao furor de vendas que aconteceu nos anos 60 e principalmente nos anos 70.