google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
No dia 26 de agosto o Mini completou 50 anos!

Em 1956 a BMC (British Motor Corporation) incumbiu o projetista Alec Issigonis de fazer um carro atendendo aos seguintes requisitos: tamanho reduzido, acomodar quatro passageiros, excelente dirigibilidade e baixo consumo de combustível.

Desse desafio nasceu o brilhante Mini, que se manteve fiel ao seu projeto original até 2000 ,quando sua produção foi encerrada com mais de 5,4 milhões de unidades produzidas. Em 2001 o Mini retornou como MINI, feito pela BMW, detentora da marca.

O Mini original foi o responsável por popularizar a disposição de motor dianteiro transversal com tração dianteira adotada na grande maioria dos carros compactos até hoje devido à sua eficiência na utilização do espaço na dianteira.
Na verdade, o Mini merecia um post mais longo e detalhado. Mas não quis deixar passar a importante data.

No desenho abaixo de 1958, do próprio Alec Issigonis, podemos ver o radiador montado no para-lama direito para ganhar espaço no comprimento total do carro.



Já no modelo de produção o motor foi invertido de lado juntamente com o radiador, agora no para-lama esquerdo.



O Mini e o MINI no Autoentusiastas:
Mini bits and pieces part one (Bill Egan)
Mini bits and pieces part two (Bill Egan)
MINI Cooper S (Bob Sharp, Arnaldo Keller, Juvenal Jorge e Paulo Kelller)
Reencontrando um velho amigo (Gino Brasil)


No post do JLV alguns leitores perguntaram sobre o Koizyztraña. Para os que não sabem, o Koizystraña (homofonia de "coisa estranha") foi um projeto de veículo off-road, ou semi-off-road como definido pelo próprio JLV, feito sobre chassis e mecânica do Landau para o Salão do Automóvel de 1981.
A matéria abaixo, do JLV na Motor 3, nos conta uma parte da história. Mas continuamos sem saber que fim levou o "Koiza". Vamos ver se o JLV nos conta o que aconteceu.

CARRO É CARETA

Por Jason Vogel

Pense rápido: qual o carro favorito da garotada de hoje? O sonho de consumo adolescente? Quando minha mulher me fez esta pergunta, matutei, matutei e não encontrei resposta. Há 20 anos, seria fácil: XR3... GTI... Voltando ainda mais no tempo, chegaríamos à geração que passou no vestibular só por causa do Fusca prometido pelo pai abonado. Mas e em 2009? Alguém pode citar um Civic Si, vá lá, mas é algo muito diluído. A verdade é essa: os meninos de hoje (com honrosas exceções) já não amam os automóveis.

E o tuning? É o anti-automóvel. O auto-imovel. Rodas gigantes, som de trio elétrico, telões de DVD, mas nada que represente prazer ao dirigir. Essa substituição da mecânica pelos gadgets, percebida no meu achômetro daqui, já foi rescenseada e tabelada no Japão. Um estudo mostrou que a imensa maioria da juventude de lá já não vê qualquer graça em carro. Perdeu a aura. Virou coisa careta. Bacana mesmo é o celular que canta e sapateia. O iPod que mais pode.

Junte-se a isso a transformação do automóvel em vilão de todos os males. A percepção dos fabricantes de tudo o que importa agora é provar que seus carros são mais verdes, seja lá como for (quem vai gerar tanta energia para carregar as baterias? Pensamos depois...). Estamos acompanhando o começo da caça às bruxas da combustão interna. O nascimento do senso comum de que o futuro está em versões para o século XXI do Detroit Electric 1907.

Daqui pra frente, o que vai contar é a bateria com maior autonomia, no carro mais limpo, que emitir menos ruído e trouxer engenhocas extras para facilitar a vida do dono. Aquele que acelera e freia sozinho, mantendo distância segura dos outros automóveis e formando um trenzinho automático no trânsito. Tudo, claro, vigiado por chip e satélite, evitando certos arroubos.

Alguém há de lembrar que, passada a marolinha da economia, vendem-se carros como nunca no Brasil. Mas que carros são estes? Cada vez mais homogêneos, assistidos e anestesiados, vêm perdendo seu componente lúdico para se tornarem meros utensílios práticos, como máquina de lavar ou geladeira. O máximo de fetiche que carregam são o estepe à mostra e uns penduricalhos pretos de plástico, nostalgia de aventuras não vividas. Acreditem, leitores deste blog: há gente que sabe não sabe qual o fabricante do próprio automóvel. Sou testemunha e dou fé.

Lamento informar que estamos no fim da era dos Autoentusiastas. Aos poucos seremos marginalizados, como já ocorre com os fumantes. Haverá clichês do tipo: eu bebo mas não faço pipi no seu pé, mas você dirige e joga fumaça na minha cara. Nossos queridos carros serão vistos como bestas perigosas, a serem controladas.

Consciente disso, vou curtindo tudo enquanto posso – mesmo que sejam os seis quilômetros do trabalho até a garagem de casa. Nesse breve trecho, posso dirigir com o ouvido, deixando subir a rotação do motorzinho 1300 do meu Volks 1969. Atrasar a troca de marcha um tiquinho, para, então, em dois breves movimentos, cléc-cléc (ahhhh...), engrenar a quarta. Sentir o liso do baquelite escorregando na palma das mãos. Frear, reduzir e depois dar gás milimetricamente no curvão de 360 graus que termina sob o viaduto. Uma volúpia de sons, cheiros e vibrações. Momentos de uma relação íntima de homem e máquina, em que vou agradecendo cada minuto ao Professor Porsche e a seus colegas, que nos legaram tantos projetos geniais.

E pensar que tem gente que não entende um prazer assim. Pobrezinhos...



Jason Vogel, 39 anos, dirige carro velho por amor e carro novo por obrigação profissional. É editor dos cadernos de automóveis dos jornais O Globo, Extra, Diário de SP e Expresso. De vez em quando se descobre apaixonado por algum lançamento, como o Fusion V6 AWD.

COLECIONAR OU NÃO COLECIONAR, EIS A QUESTÃO...

por Alexander Gromow

Um mundo de coisas, sem limites tampouco fronteiras, do saco plástico de supermercado até Rolls-Royce... Um exemplo deste mundo são os colecionadores de automóveis antigos, eu sou um deles. Talvez um tipo particular, pois não tenho dezenas de carros e talvez, por isto mesmo, eu me denominar colecionador seja um tipo de licença poética.

Há poesia no ato de colecionar? Talvez, mas o que leva alguém a se tornar um colecionador é algo intrigante que tem um sem número de possíveis causas. Até psicólogos debatem sobre os motivadores que induzem ao ato de colecionar. Vistos "do lado de fora" os colecionadores podem até ser classificados de verdadeiros malucos. Pessoas que se entregam ao ato de colecionar de uma maneira inexplicável para quem não foi infeccionado por este "mal", que, ao que tudo indica, também é contagioso.
Do lado de dentro, no íntimo de um colecionador há um turbilhão de emoções bastante capazes para atos de bravura e de loucura.

Quando eu estava procurando peças para uma reforma em meu Fusca, que ainda não tinha data para começar, ocorreu um fato que pode exemplificar este estado de espírito. Depois deste relato quem sabe vocês poderão chegar a uma conclusão própria. A busca era por uma peça do sistema de torneira de reserva de gasolina do Fusca 1955, que não tem marcador de combustível. A torneira, quando deixada na posição correta reserva cinco litros de combustível que, via de regra, permite chegar até um posto de gasolina próximo.

Avisei em casa que ia até a Avenida do Cursino - no bairro do Ipiranga, em São Paulo-,e isto despertou a curiosidade de minha esposa. Era sábado pela manhã e ela se prontificou a me acompanhar. Expliquei que não seria um passeio necessariamente agradável, mas os meus avisos não foram suficientes para demovê-la.

Lá fomos nós, a procura levou quatro horas, no final das quais ela disse: "Eu confesso não ter explicação para o que presenciei. Você contou a mesma história mais de trinta vezes. Agüentou gozação, gente dizendo que tinha a peça, mas não venderia para você, ouvindo histórias de pessoas que não se conformam por ter vendido seus Fuscas. Você só descansou quando uma boa alma decidiu vender a peça, que, aliás, ficará escondida em baixo do carro e só você irá saber que ela está lá. Eu não posso definir qual é o motivador que leva uma pessoa como você, com a sua formação e vivência a este tipo de atitude".

Aí surgem as possíveis explicações. Talvez seja a vontade de ter algo que seja o mais perfeito possível, o mais próximo do original, o mais... Será que a razão é a busca do tal de "o mais"? Isto parece um “caso agudo de perfeccionismo mórbido”.
Bem, mas o meu carro já faz parte da família, está conosco desde 1970, apesar de ter sido fabricado em 1955. Já é um caso de amor, será? Gostar de um carro é uma coisa saudável? E os colecionadores que gostam de sua coleção de "saquinhos de enjôo de aviões", são igualmente sãos?

Acho que está surgindo mais um fator: ao lado do perfeccionismo pode existir uma leve e gostosa mania. Dizem que mania é coisa de gente que tem um parafuso solto. Acho bom não voltar a falar de parafuso, que aquele deu um trabalhão para encontrar.
Na enorme tribo dos colecionadores existem os do tipo "enrustido" que colecionam para si e de uma maneira egoísta não dividem a sua coleção com ninguém. São do tipo introspectivo. Por outro lado existem outros que colecionam para se diferenciar dos demais. Mostram o que têm e fazem questão de ter objetos absolutamente impecáveis, ou, ao menos, melhores do que os de sua "concorrência".

Acho que os pacientes do que sofrem do desafiador mal da coleção devem ser analisados caso a caso, pois esta fauna é muito diversificada e existem “avis-raras” de todos os tipos.

O importante nisto tudo é que graças a estes “malucos-beleza” estamos mantendo vários objetos que são importantes para a preservação de nossa história e que suprem, no caso de nosso querido Brasil, a falta de museus e de entidades que se dediquem, de uma maneira organizada, ao “preservacionismo”. Neste contexto, eu lembro que não há nem em São Bernardo do Campo, a pátria do carro brasileiro, tampouco em São Paulo, uma das maiores cidades do mundo, um museu público do Automóvel.

Lembro-me da romântica iniciativa da qual participei ativamente, quando colecionadores de São Paulo descobriram o Tendal da Lapa, então abandonado, e fizeram um mutirão para limpá-lo com vistas a fundar o Museu do Automóvel de São Paulo. O então prefeito Jânio Quadros estava favorável à idéia, mas seu mandato estava por terminar e sua sucessora Luiza Erundina, então PT, nos enxotou de lá sem mais nem menos...

É por isto mesmo que eu digo, talvez sem a necessária isenção, mas com muita convicção: "Salve os colecionadores e suas manias! Salve as horas de estudos e pesquisas. Salve os investimentos que às vezes parecem injustificados, mas que permitem que as metas sejam atingidas!"

Exorto a você para que, mesmo não entendendo os motivos de um colecionador, ajude a este pessoal quando puder, pois assim certamente todos estaremos preservando algo para o futuro.



Alexander Gromow – Engenheiro Eletrotécnico, nascido em 1947 na Alemanha e brasileiro por opção desde 1949, ex-presidente do Fusca Clube do Brasil. Autor de livros e artigos sobre VW. Participou do lançamento do Dia Nacional do Fusca e apresentou o projeto do Dia Municipal do Fusca em São Paulo. Lançou o Dia Mundial do Fusca em Bad Camberg, na Alemanha. Historiador, palestrante e ativista de movimentos de preservação do Fusca e de carros antigos em geral. Mantém a coluna Volkswagen World no Portal MAXICAR.