google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Sábado passado retornei de uma viagenzinha básica de 3 mil quilômetros para entregar uns motores de uns amigos e pegar mais alguns outros e mais umas pecinhas. A segunda que faço esse ano. Numa viagem dessas, longas, o que mais sobra é tempo e espaço para a imaginação viajar junto conosco. Fiz essa (e todas as outras viagens do gênero) na minha picape Dodge Ram. Uma das coisas que me vieram à mente é que como, sem obedecer a nenhuma estratégia ou planejamento prévio, em mais de uma vez acabei comprando e usando veículos Dodge, que sempre me serviram muito bem.
O primeiro e inesquecivel carro, que tenho até hoje, quase 27 anos depois da compra, meu Dart cupê 76 está da forma que eu sempre quis e sonhei. O velho e cansado 318 que me aturou por mais de 100 mil quilometros foi trocado por um 360, o câmbio original close ratio foi trocado por um cambio híbrido, carcaça de Dart e miolo de F-1000, e o eixo traseiro Braseixos original foi trocado por um Dana 44, mais longo e com um blocante. Instalei subframe connectors e o motor foi carinhosamente preparado.
Hoje é o que sempre sonhei em ter no início, quando o comprei. Pela sempre incômoda falta de tempo, tem ficado muito mais parado que andando, mas é sempre um prazer tirar ele do galpão e, numa manhã ensolarada de domingo, esticar até à cidade mais próxima e retornar, sem muita pressa, sem muito compromisso, apenas pelo prazer de dirigir meu velho carro. No interior, nada modificado, exceto o conta-giros Autometer Monster de 5 polegadas de diâmetro pendurado na coluna esquerda do para-brisa.



Com o passar do tempo e com mais alguns carros na garagem, descobri que não tinha mais como ficar sem uma picape. Isso em 1991, grana meio curta, e nada de picape que coubesse no bolso. Até que eu achei uma D100 abandonada. Olha a estrelinha de 5 pontas brilhando de novo. Lá fui eu embarcar de novo na canoa Mopar. Catei a D100 e depois de uns tempos no estaleiro, estava andando de nova, como nunca deveria ter parado de andar. Mesmos toques pessoais de sempre, mas nada que alterasse demais a velha picape. Companheira de muitas viagens, me ajudando a carregar muita coisa pelo país afora.
Na rígida aplicação do termo, uma picape de homem. Eixo rígido atrás e na frente, 4 feixes de molas, freio sem servo, direção mecânica. Nada que lembrasse finesse, conforto ou facilidade de dirigir. Mas confiável ao extremo. Uma boa compania de viagem. Mas de preferência em viagens não muito longas, mais de 400 quilômetros é algo impossível de se fazer de uma só vez.



Então, minha atual viatura. Outro daqueles acasos que eu não consigo acreditar que tenha sido assim tão fácil quanto pareceu. Teve alguma ajuda de alguém em algum lugar. Em 1994 eu estava viajando em férias didáticas aos Estados Unidos para aprender um pouco mais com os caras lá de cima e por acaso entrei em uma concessionária Dodge e vi pela primeira vez ao vivo uma Dodge Ram das mais modernas.
Era o ano do lançamento, o carro era zero, novo e deslumbrante e tudo, motor, câmbio e carroceria eram novidades absolutas naquele ano. Ao ver uma modelo 2500 V10 pirei. Pensei o quão legal seria ter uma aqui e poder rodar com ela país afora. Poder levar e trazer coisas legais e que me agradam sem me preocupar com distâncias, falta de conforto e outras coisas no gênero.
Logo depois de um breve devaneio, me belisquei para acordar e voltar à minha realidade, porque sabia melhor que aquilo tudo era caminhão demais pro meu montinho de areia. A espera só foi de 6 anos e meio. Nem senti o tempo passar e tinha uma minha, só minha, 2500, V-10, automática e 4x2. Do jeito que eu queria (ou quase, se pudesse escolher, queria com câmbio manual de 5 velocidades). Como foi o primeiro carro realmente moderno que comprei, me fez rever muitos conceitos. E apesar de não ser nova, zero-km, era praticamente idêntica ao modelo à venda no ano da compra, início de 2001.
Já estava morando em Brasilia e sabia da impossibilidade de fazer longas viagens na D100 e já procurava uma substituta que coubesse no bolso e pudesse manter bem. De uma só vez, todos os problemas resolvidos. Nesses anos, já rodei algo próximo a 65 mil quilômetros nela, grande parte disso em estrada, passeando daqui para lá e de lá para cá. Incrível como o conjunto é legal, como o veículo passa tranquilidade e segurança em uso normal, quer vazio, quer carregado.


Ou seja, tudo o que eu sempre apreciei na D100, mas num pacote amigável ao motorista, que merece um mínimo de conforto durante longos trajetos, sem abrir mão de um bom desempenho e muito menos ainda da confiabilidade mecânica. O mesmo prazer, a mesma alegria que tinha ao começar a usar a D100 tenho nela, e da mesma forma que quando comprei a D100, lá em 1991, me sinto muito feliz e satisfeito com minha picapona, minha companheira de longas viagens.

Mas é uma picape, e picapes às vezes, especialmente as grandes, são algo incômodas, difíceis de estacionar em centros urbanos, shoppings centers, e só carregam eu e mais 2 pessoas, tendo em vista que tenho mulher e um casal de filhos, complica usar ela. Precisava de um carro normal para usar com a família. Especialmente para passear pelos bons e aprazíveis pontos de lazer e turismo que temos aqui no Planalto Central. Claro, eu queria um carro tão legal, que me motivasse e me alegrasse tanto quanto o velho Dart, mas sabia que isso não existia mais.

O carro, ainda que muito legal e em excelente estado, não se presta mais a uso normal até pela dificuldade de conseguir sempre peças necessárias à sua boa manutenção, e das inerentes limitações de um projeto de praticamente 40 anos. Algo tinha que ser feito, eu precisava mesmo de um carro novo. Tá, mas o que comprar? Ah, sim, tem que caber no bolso e o 300C Hemi não passava nesse quesito. Vamos pular esse. Mas qual? O quê? E em que estado, já que seria obrigatoriamente um veículo usado, e veículos malconservados costumam ser uma dor de cabeça eterna? O que fazer? E como evitar um carro prata, que tanto desgosto? Então, eis que do nada um amigo me oferece um carro que eu olhava até com uma boa dose de simpatia, mas nunca imaginava realmente ter.

E mais eu queria em algum sonho distante uma com motor 5.9, o maior disponível e não o tão mais comum 5.2. Tive que tomar uma decisão dificílima, a cor era um verde escuro maravilhoso, que, além de eu gostar muito, combinava com o patriot blue da Ram e era verde como o Dart. Inacreditavelmente não tinha as rodas e os filetes dourados comuns a quase todas, era nova, impecável, pouquíssimo uso e, o melhor, ainda cabia no meu bolso. Bom, nessa altura, por mais que eu quisesse e, claro que eu não queria nem um pouco resistir, catei o jipão. Peguei um avião, fui para São Paulo buscar ela, na confiança, sem nunca sequer ter dirigido uma antes, e de lá fui direto a Pindamonhangaba num bom encontro de velhos amigos e de lá iria ao Rio, e depois voltaria para o remanso do lar.

Tudo me pareceria possível, menos que o mesmo entusiasmo, o mesmo ronco e a mesma disposição de andar e de agradar o dono que eu via no velho Dart, vi de novo nessa Grand Cherokee. Evidentemente saber que basicamente o mesmo motor de tanto tempo estava ali na minha frente, me levando onde queria, era uma sensação fantástica. Claro, melhor, mais liso, muito mais confiável e econômico.


Nesse ponto, fico obrigado a comentar algo que me entristece, mas ao mesmo tempo não me soa como o fim de uma era. Essa semana sabemos sobre o estado real da Chrysler, concordatária e evidentemente em risco de ter viabilidade econômica futura para poder continuar operando e fazendo seus carros, sempre tão legais e tão emocionantes, e que sempre me foram tão caros e bem vistos.

Me lembro sempre do nosso grito de guerra, Mopar Rules! que sempre me soa tão real e tão pertinente pela minha grande ligação afetiva com seus carros. Hoje, vejo de novo um Challenger novo em produção, vejo que os 300 letter series voltaram a ser o que eram e, mesmo com 4 portas, posso ter um Charger novo com 425 hp e isso vindo de um motor chamado com uma palavra de quatro letras outra vez.

Por isso tudo e por muito mais, com participação da Fiat ou não, falida ou não, morta ou viva, Mopar Rules, Man! E como os gringos dizem, Thanks Ma Mopar!


O Juvenal Jorge citou em seu último post a sina dos carros molestados, ridicularizados e ao meu ver, estragados. É realmente triste ver a que ponto chega a ignorância. Principalmente aqui no Brasil.

O jornalista Jon Mikelonis escreveu um artigo sobre os Fords brasileiros para a revista Ford Muscle, citando o controverso estilo de vida do brasileiro, que descarta tudo o que é velho, dando grande importância só ao que é novo.

Infelizmente essa é a mentalidade do brasileiro: carros com alguns anos de uso logo são chamados de "pau velho" e literalmente descartados. O que importa para o brasileiro é ter carro novo, com plástico nos bancos, para fazer inveja ao vizinho. Ou o que é mais comum, fazer inveja ao cunhado: para alguns, não há nada melhor do que exibir o carro novo naquele almoço familiar dominical.


O coitado do carro antigo, que foi dado como pagamento de entrada do novo, foi tratado apenas como um "pau velho". Em muitos casos o "pau velho" era um carro melhor em tudo, mas tinha que ir embora, pois carro velho não faz mais inveja a ninguém.

Um dos "pau velho" mais legais do mercado é o Chevrolet Omega nacional, fabricado de 1992 a 1998. Para quem não procura alto desempenho as versões de 4 cilindros (com motores de 2 e 2,2 litros) atendem bem as necessidades de quem procura um carro grande e espaçoso, o bastante para 5 adultos e toda sua bagagem.


Quem fizer questão de desempenho ficará feliz com as versões de seis cilindros (3 e 4,1 litros) com torque e potência na medida certa para aproveitar o que o carro tem de melhor: aerodinâmica e suspensão.

Trata-se de um carro concebido para andar nas autobahnen alemãs, sem limite de velocidade. O baixo coeficiente aerodinâmico permite que o Omega sustente altas velocidades com grande facilidade, mas se você for do tipo que anda devagar essa aerodinâmica resulta em ótimo consumo, por trabalhar em conjunto com uma transmissão bem escalonada.

A suspensão combina o sistema McPherson na dianteira com braços semi-arrastados na traseira, resultando em ótimo funcionamento mesmo para os padrões atuais: ainda que o Omega tenha sido projetado para estradas perfeitas, é nas piores estradas que ele se destaca, permitindo trafegar em altas velocidades onde carros comuns normalmente transmitiriam insegurança.


É aqui que eu volto a falar da sina brasileira: por ter se tornado um "pau velho" bem barato, o Omega acaba caindo nas mãos de pessoas sem um mínimo de cultura automobilística, que não sabem sequer a maravilha de automóvel que possuem.

Muitos deles caem na mão da "molecada" (que ainda era pirralha na década de 90) que sem dó nem piedade molestam este grandioso automóvel alemão, começando o estrago justamente pelo que ele tem de melhor: a suspensão.

E tome "suspensão a ar", "suspensão de rosca", "suspensão rebaixada" e outras sandices do tipo, tudo para deixar o carro "mais estiloso". Estes pobres coitados nem fazem idéia da enorme bobagem que fizeram em um excelente carro.


Praticamente 100% dos Omegas molestados (estragados) estão "socados", maneira como a molecada se refere a essa barbaridade. Também existem aqueles que estragam outro grande atributo do Omega, a aerodinâmica, instalando calhas de chuva e "body kits" tão populares nos carros "tunados".

O Omega "A" deixou a linha de produção da General Motors em 1998, ou seja, já são 11 anos sem o Omega nacional. Nesses 11 anos eu pensei que já havia visto tudo em matéria de Omegas molestados, até a tarde desta terça-feira.

O que vocês estão para ver é o cúmulo da ignorância automobilística: um Omega equipado com um motor Toyota 2JZ GTE, original do Toyota Supra.

Realmente não dá pra entender como alguém se orgulha disso. Nem mesmo o desempenho justifica, uma vez que um Chevrolet V8 small block teria um rendimento superior em tudo (e o melhor de tudo, caberia embaixo do capô, deixando a aerodinâmica do carro intacta).

É a sina brasileira, estragar os carros bons que viram "pau velho". Não acontece só com o Omega, acontece com vários outros carros, mas me toca o coração especialmente quando fazem isso com o grande carro da GM, que na minha singela opinião ainda é o melhor carro que já foi fabricado no Brasil.

Por que existe algo assim no mundo dos carros? Por que um ser vivo deste planeta chega a esse ponto? De que maneira será possível criar algo mais ridículo?
Quando vejo esse tipo de mau trato, acredito ser necessária a criação da Sociedade Protetora dos Automóveis, para processar e punir quem faz obras desse gênero.

" A ignorância se alastra a uma velocidade assustadora."
José Saramago.
Carros e aviões sempre foram intimamente relacionados em vários aspectos. São máquinas espetaculares criadas pela mente humana, sempre ávida por limites cada vez mais altos. Há os utilitários, os esportivos, os de corrida. Há os de coleção, os velozes, os muito lentos. Existem também os mal-tratados, os paparicados e os apenas usados.
Mas são máquinas que muitas pessoas apreciam em uma mesma medida. Aqui no Autoentusiastas muitos colaboradores são assim, e sabemos que muitos leitores também.
Aproveitando o assunto, gostaria de lembrar que se aproxima mais um mês de julho, sempre muito aguardado pelos entusiastas aéreos, devido à EAB - Expo Aero Brasil.
Criada pelo Comandante Décio Corrêa, já está na 12ª edição, promovendo a paixão, cultura e mercado aeronáutico, e trazendo todo tipo de aeronave para todos os gostos.
Não perca, de 2 a 5 de julho, no CTA, aeroporto de São José dos Campos, SP.