google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Autor do post: Paulo Keller

Um pequeno relato sobre o Volksporsche, que completa 40 anos em 2009.

Em meados de 1960 a VW procurava um sucessor para o defasado Karmann Ghia Type 34 enquanto a Porsche lutava para expandir suas vendas num segmento promissor, abaixo do 911. Então em 1966 Ferry Porsche e o então presidente da VW, Heinrich Nordhoff, fizeram um acordo verbal onde a VW solicitou à Porsche o desenvolvimento um carro esporte com motor central e baixo custo. A versão com motor de 4 cilindros seria vendida como VW e a de 6 cilindros, como Porsche.

Mas em 1968 Nordhoff morreu de repente e Kurt Lotz assumiu sua posição, rompendo o acordo e requisitando todos os direitos de venda do novo carro em desenvolvimento pela Porsche. Depois de muitos confrontos e quase cancelamento do projeto por algumas vezes, as duas empresas concordaram que o carro seria VW-Porsche e seria vendido em parceria entre as duas empresas.


Em abril de 1969 as empresas se uniram formando a VW-Porsche Sales Company para vender os novos modelos 914 e 914/6. Em setembro de 1969 o 914 foi apresentado no Salão de Frankfurt. Entretanto a combinação das duas marcas acabou se tornando um problema para a imagem do carro o qual era referido como “Volksporsche” ou “Porsche do povo”. Especialmente para o modelo 914/6 com o motor 2-litros de 6 cilindros contrapostos do 911 T que, apesar do excelente desempenho, dificilmente era aceito pelos clientes tradicionais da Porsche.



Por outro lado, o 914, com motor 4 cilindros, representou um grande sucesso com a produção de 115.631 unidades até o fim de sua fabricação em 1976, tornando-se o carro esporte mais vendido do seu tempo. A maioria dessa produção foi destinada aos Estados Unidos, onde era comercializado como um Porsche genuíno, sem o prefixo VW.

A produção do 914/6 totalizou apenas 3.338 unidades, o que o torna muito procurado por colecionadores. Ainda existiram 2 unidades do 914/8, com motor 8-cilindros.

Dia desses nosso amigo Milton postou sobre as puxadas de tapete na F-1.


Depois o Juvenal mandou o post sobre o belly tank e me chamou a fazer uma alteração, criando um altered. Aí isso me trouxe lembranças agradáveis. Lembranças que conheci de leitura, porque remontam à época em que nasci. Lembrança de regras que são tão antinaturais que pedem para ser quebradas.


O Bob comentou que os novos Stock estão com o motor praticamente detro do carro de tão recuados. Se recuar motor em carro de corrida em circuito, road race, é bom, imagina em um carro de arrancada.

Isso era algo natural, recuar o motor, tão inerente a drag race como pneus grandes no eixo traseiro e pequenos e finos na frente.


So why not? Porque alguns escrevedores de regra acharam que não deveria ser usado em categorias mais comuns.

Como regras existem para ser quebradas, e como os hot rodders são insatisfeitos e não gostam de se submeter cegamente a regras, algo aconteceu. Não pode recuar o motor? Bom, mas ninguém disse que não se pode avançar os eixos.

Primeiro de forma tímida, como factory experimental.


Teve resultado, foi bom e positivo. Primeiro tudo era muito bem cuidado, muito discreto ou pelo menos o mais próximo disso possível. A suspensão dianteira ainda era a original. Com o tempo, e com a certeza de que estava emplacada a alteração, veio a fanfarra, veio a aclamação pública e a guerra dos gassers aconteceu.

Lógico que com o tempo muitos refinamentos aconteceram e essa alteração foi superada, outros progressos e inovações vieram, mas o impacto visual permanece o mesmo, impossível ficar indiferente.





Como não podia deixar de ser, um eixo rígido de F-75 4x2 repousa em minha garagem, com moderníssimos freios a disco, originais de um opala 75, já devidamente adaptados. Quem sabe o que o futuro reserva.


Convivo com motos há muito tempo para, basicamente, não desgostar de nenhuma. Já tive custom, street, offroad e qualquer coisa com duas rodas me faz feliz. Muitas vezes fui consultado sobre estilos (qual é melhor ou pior) e sei que frustrei muitos que esperavam uma opinião definitiva sobre a "melhor" moto ou a "melhor" categoria de motos. Não respondi simplesmente porque há resposta certa. A melhor moto para você, hoje, pode ser diferente da melhor ontem ou amanhã. Depende dos seus objetivos, sua idade, limitações físicas e uso pretendido. O melhor mesmo é ter algumas na garagem pra poder variar!

Brincadeiras à parte, a ideeia hoje era discutir sobre cross training, muito comum entre esportistas, que consiste em praticar outro esporte para melhorar a performance na modalidade principal. Não são poucos os pilotos de Fórmula 1 que praticam mountain bike ou pilotos de motovelocidade que optam por motocross ou cross-country pra aguçar a sensibilidade às reações da moto em condições de pouca aderência.

Em um país como o Brasil, a experiência no fora-de-estrada ajuda muito, seja em inevitáveis passeios por estrada de terra, seja no rali diário que somos obrigados a encarar com nosso péssimo asfalto, seja urbano ou em estradas malconservadas.

Eu tive a oportunidade de fazer trilhas nos finais de semana com um grupo de amigos e de viajar a Costa Rica para um passeio exclusivamente offroad, a bordo de uma XR400. Eu já tinha feito viagens de moto, mas em estradas asfaltadas, não poderia ser algo tão diferente assim.

Engano meu, CLARO que poderia. E foi. O grupo era muito pequeno, eu, o guia e dois irmãos americanos. Um (45 anos, um pouco acima do peso) morava no subúrbio de Denver e brincava com sua moto de trial em seu enorme quintal para manter os reflexos em dia. O outro irmão, mais novo, era aposentado precoce. Trabalhou muito tempo como bombeiro das Força Aérea Americana na Espanha. Na juventude, ele competiu e ganhou campeonatos regionais de motocross na Flórida. E eu, recém-retornado às motos, com uns 3 meses de experiência de trilhas leves nos arredores de São Paulo. Pra quem não sabe, os EUA mantêm uma base aérea nesse país e a usa em lançamentos de ônibus espaciais, pois é um ponto possível de aterrissagem, dependendo de qual altitude acontece um problema no lançamento (de Cabo Canaveral, Flórida).

Pra dizer o mínimo, foi uma dose cavalar de treinamento na veia. O primeiro dia foi muito longo, pois quanto mais eu caía, mais eu me cansava e caía novamente. Foram cãimbras espalhadas por todo o corpo e, ao final do dia, eu tinha dores onde jamais imaginei que tivesse músculos! Alguns podem se surpreender, mas a dupla americana foi sempre muito prestativa, me ajudaram muito mais do que o razoável, jamais reclamaram do trabalho que eu estava dando e ainda me ensinaram muita coisa. Para derrubar qualquer estereótipo em relação aos americanos...


O passeio incluiu trilha travada e trechos de maior velocidade, um delicioso passeio pelo leito de um largo rio com cascalho, praias e visitas a crateras de vulcões dormentes (a Costa Rica é famosa pela quantidade de vulcões que possui, muitos ativos). Obviamente voltei muito mais piloto do que eu fui e percebia isso claramente ao voltar às atividades de trilheiro de fim de semana no Brasil. Eu disparava na frente dos amigos e nem percebia. Descobri, a duras penas, que conservar energia é o segredo. Menos cansaço, menos erros, menos quedas, mais diversão.

Pra equalizar o grupo, procuramos algum tipo de treinamento pra tornar nossos finais de semana mais prazeirosos. Encontramos dois ótimos instrutores, os baixinhos Soichi e Luiz Mingione (sim, ele mesmo, o brasileiro da Honda que fez o Paris-Dacar com uma XR 250, ou seja, uma Tornado preparada, quando o rali ainda era em continente africano). Curso básico, ensinando desde frear na terra (reduzimos o espaço em 80%!), conduzir a moto em pé até saltos e curvas rápidas. Melhoramos muito, valeu cada centavo. Mais rápidos, seguros e aproveitando muito mais as trilhas na região de Alphaville que antes pareciam tão desafiadoras. Recomendo. Esse ou qualquer outro treinamento equivalente.

No dia-a-dia, circulando de moto, algumas vezes utilizei as técnicas mesmo no asfalto, quando alguma emergência acontecia por problemas no piso ou pelo descuido dos motoristas no trânsito. Mais do que isso, a tranquilidade com que se encara uma atitude atípica da moto pode ser a diferença entre um susto e uma queda.

Lembrei-me particularmente de uma ocasião quando li o texto recente do MAO sobre ABS. Eu tenho uma moto que eventualmente fica parada algum tempo e a bateria obviamente reclama dessa inatividade. Apesar de seus 11 anos, minha BMW R1100S possui injeção, catalisador e ABS. Ao ligar pela manhã, quando a bateria não está em boa forma, a queda na carga faz o ABS entrar em estado de erro e desligar-se. O que eu fazia (e sei que não é recomendável), é desligar a moto em uma descida e religá-la no tranco, evitando essa condição de erro. E o ABS volta a funcionar! Uma certa manhã preguiçosa me esqueci de fazer isso no local habitual. A certa altura, um carro fez uma manobra brusca à minha frente, dobrando em uma entrada sem sinalizar, me fechando. Eu já estava freando, mas reagi no susto e travei a roda de trás. A moto de 230 kg ficou de lado, eu contraestercei instintivamente, aliviei o freio de trás e recuperei a moto com uma tranquilidade que nunca imaginei. Eu tinha feito trilha dias antes. Sem a muleta eletrônica do ABS me tornei um piloto pior e nem percebi, mas o treinamento nas trilhas me permitiu encarar a situação com a calma necessária para não ter danos físicos nem financeiros. Foi só um susto.



Algo parecido aconteceu em algumas montanhas nos Alpes. A técnica mais usada para derreter a neve que cobre o asfalto é derramar sal, que cria uma grossa camada de lama escura em algumas estradas. Mesmo que apenas por algumas centenas de metros, nas maiores altitudes das estradas, encarar esse piso com uma moto esportiva com pneus sem nenhuma pretensão offroad não é das melhores experiências. A brincadeira de andar muito lentamente, explorando o equilíbrio da moto em baixíssimas velocidades, ajuda, e muito.

Treine, aprenda os limites, seu e da máquina, torne-se um condutor melhor. Não espere da eletrônica algo que você pode carregar para sempre consigo.


MM

Na onda da crise que assola a indústria automobilística de todo o planeta, uma foto do espetacular centro de desenvolvimento da maior de todas, a General Motors.
Na imagem, apenas é possível ver parte do Warren Tech Center, em Michigan.

Que dure para sempre.