
Em entrevista concedida ao Estado de São Paulo o Sr. Jaime Ardila, presidente da GM do Brasil, explica que por aqui tudo está sob controle. Acho que vale comentar alguns pontos da entrevista.
Nada a declarar sobre a nova fábrica no Rio Grande do Sul. No meio da crise, que aqui é bem menor, ninguém quer se comprometer com nada. Vamos ver como as coisas andarão daqui pra frente.
Infelizmente a GMB, apesar de ter a capacidade de fazer um carro do zero, ainda depende da coordenação da matriz "para não haver sobreposição de trabalho". Enquanto isso faz-se adaptações de baixo custo para o mercado local. Uma pena. Vamos ver como o Viva, um projeto local, se sairá.
Quando perguntado se o brasileiro vê o carro de maneira diferente dos outros, a resposta foi que não. Eu discordo e acho que o brasileiro tem uma ligação maior com o bem material e com a representação social do automóvel. De maneira geral, carros são sempre uma compra importante e um instrumento de imagem. Mas não vejo um apego muito grande ao bem nos Estados Unidos, Europa e Japão. Muito menos na Argentina. No Brasil não é difícil de encontrar pessoas que têm o carro como primeira necessidade, antes mesmo do que a moradia própria.
Quanto a preferências por acessórios, em que ele coloca que os brasileiros gostam de motores, rendimento e tecnologia e os americanos, de interiores. Discordo novamente. Se fosse assim não venderíamos tantos carros básicos e teríamos motores muito mais desenvolvidos. Brasileiro típico gosta de luzinhas e computador de bordo e "tiptronic" para mostrar para o vizinho. Ele também fala que brasileiro gosta de rodas, porém a grande maioria dos carros usa calotas. As rodas tem uma porção importante no visual de um carro. Além disso, a mudança de desenho de rodas é barata e fácil de fazer. Como os ciclos de vida dos produtos aqui no Brasil são mais longos, a troca de rodas a cada 2 anos dá um bom impacto no visual e é barato.
O Brasil é o terceiro maior mercado da GM, depois dos Estados Unidos e China. Acho que por isso deveríamos ter mais atenção e produtos mais modernos.
Quanto a liderança, ele diz que prestígio é mais importante. Pois é, a GM já teve muito mais prestígio e relevância no Brasil. Hoje perdeu essa imagem para as japonesas nos segmentos mais altos e não está respondendo à altura.
De qualquer jeito, todos os entusiastas do mundo amam a GM e querem ver muitos Camaros, Corvettes, Cadillacs CTS, GTOs, etc. De preferência no Brasil também. A GM tem uma aura de entusiasmo inalcançável por nenhum outro fabricante. É uma pena que nesse momento difícil essa aura não seja suficiente.
Mas eu continuo torcendo para que essa crise seja superada e os carros dos sonhos da GM se tornem viáveis e desejáveis no mundo mais real.
Segue abaixo entrevista publicada no Estado de S. Paulo.




Lavoisier ficaria orgulhoso.