google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)


Estou andando com um Passat CC desde ontem. Apesar de não gostar de carrocerias com vidros baixinhos, este VW é mesmo sensacional. Ter à disposição 300 cv a 6.600 rpm, vindos de um V-6 de 3,6 litros, potência essa distribuída em quatro rodas a que deram pneus de 235 mm de seção, num carro de 4,8 metros que pesa apenas 1.632 kg, e acoplando esse motor a um transeixo 6-marchas automatizado de duas embreagens, só poderia dar um belo resultado. O fato de ser carro alemão, de Autobahn, já é uma credencial e tanto.

Só é preciso ficar atento à buraqueira, já que pneu de perfil 40 (o aro é 18) foi feito para lugares onde os responsáveis pelas vias são realmente responsáveis. Pelo menos os pneus, Continental ContiSeal, possuem proteção contra perfuração por objetos de até 5 mm de diâmetro. Mas o problema é a parede lateral de cerca de 95 mm de altura. Têm-se que ficar esperto.

Um assunto sempre recorrente em preparação é uma vez que aumentamos a potência, o que fazer com o sistema de lubrificação.
No meu tão querido small block Chevy, tem um truque muito simples que faz alguma diferença em se tratando de aumentar o fluxo de óleo: fazer um pocket porting, um serviço de retrabalho de duto na capa do mancal traseiro onde se prende a bomba de óleo, na câmara que recebe o óleo pressurizado e o conduz ao resto das galerias que lubrificam o motor. Abaixo o antes e o depois.
Por acaso essas fotos foram tiradas quando do fechamento do motor do Chevette V-6 de um amigo. A capa do mancal traseiro do V-6 das Blazer é idêntica a dos Chevy V-8. Na primeira, o antes, na segunda foto, o depois.

É uma coisa simples e rápida de ser feita, que faz alguma diferença. Nos Chevys outra mudança simples de se fazer é usar uma bomba de óleo do 454. O ganho de fluxo é real, mas a maior vantagem, somente percebida em motores muito elaborados, é relacionada com o fato das engrenagens da bomba original do V-8 pequeno ter 7 dentes e a do bloco grande ter 12, menores, que faz com que se percebam menos os pulsos inerentes ao trabalho da bomba que é acionada pela porção traseira da árvore comando de válvulas, pela ponta da árvore do distribuidor. E essa menor pulsação faz com que se tenha uma menor variação na árovre do distribuidor, que pode ser percebida em aplicações extremas.

Mas o que me leva a escrever esse post é que estes dias estou trabalhando em dois motores de dois amigos e como ambos têm performance em mente, sempre tenho a preocupação com maior durabilidade e confiabilidade dos motores.

No caso, ambos 318 Mopar. Nestes motores, Dodge bloco pequeno, o sistema de lubrificação garante paz de espírito em uso normal e até mesmo em situações eventuais de performance. Mas no caso de uso severo ou altas rotações constantes, é melhor ser prevenido que remediar depois.

Em todos os manuais de preparação desses motores, inclusive nas bíblias da Mopar Performance, tratam sempre de duas modificações, uma o encamisamento da galeria superior esquerda do motor, um procedimento exclusivo a motores de pista que NUNCA mais poderão usar tuchos hidráulicos, e em sistemas de cárter seco. Ambos completamente separados da realidade cotidiana dos motores nossos de todo dia. Então me lembrei do detalhe do mancal traseiro do Chevy e fui ver se tinha algo na mesma linha a ser feita no Dodge. Claro que tem, e tão fácil e eficaz quanto. Incrível como ainda ninguém divulgou.

Na foto abaixo, o esquema das galerias na parte traseira do motor. O óleo que vem da bomba, vai ao compartimento do filtro e volta filtrado e pressurizado para lubrificar o motor. Todos os dutos têm cerca de meia polegada de diâmetro.

Acontece que a capa do mancal e a bomba de óleo, surpreendentemente, têm os dutos de passagem de óleo bem mais estreitos. Isso, mais finos, com cerca de 11 milímetros, e na bomba, o duto é feito na fundição da peça e não é usinado.


Ou seja, você usa uma bomba cuja saída é de cerca de 11 mm ou menos, que joga essa saída em um duto com cerca de 11 mm também, mas isso tudo vai a um motor em que todos os dutos de lubrificação tem cerca de meia polegada de diâmetro, quase13 milíimetros. No mínimo temos uma boa perda de velocidade aqui. Então, decidi que seria no mínimo desejável alargar os furos de todos os dutos, de descarga da bomba e da capa do mancal traseiro para meia polegada de diâmetro.

Abaixo, o resultado.


Fica evidente ainda que um bom adoçamento de arestas, como o feito no motor Chevrolet, é possível e desejável, e vai ser feito ainda antes do fechamento dos motores.

Simples, fácil e barato.
Para quem conhece o MAO, sabe que esse título corresponde a uma afirmação dele. É que quando pensei em fazer esse post eu estava quase concordando.

Tá certo que a indútria automobilística tem que se reinventar. Mas a Aston Martin, que pelo MAO já morreu desde que deixou de fabricar o Vantage, vai vender um carrinho de uma das empresas que mais faz carros para a massa.

A Toyota vai fornecer de 1.000 a 2.000 unidades de iQ por ano para Aston Martin, que vai transformá-los em mini Astons, colocando uma grande grade cromada e revestindo o interior em couro, para assim vendê-los como Aston Martins. Mais precisamente como Aston Martin Cygnet.

Fiquei matutando sobre essa notícia estranha, para não dizer ridícula, desde que ela foi divulgada no final de junho. Hoje cheguei à conclusão do por quê dessa loucura ligando esse fato a outras notícias recentes.

Como o cerco aos grandes vilões e responsáveis pelo apocalipse em que a Terra vai se tornar se nada for feito, os carros, os novos limites de emissões de gases e de consumo de combustível serão muito mais rígidos num futuro próximo. A grande pergunta é como os fabricantes menores e independentes, de carros esportivos, que consomem muito combustível e poluem bastante irão continuar produzindo essas máquinas que nos causam tanto entusiasmo. Fazendo veículos híbridos ou elétricos é que não vai ser. Pelo menos por enquanto. O custo de desenvolvimento é elevado e a esportividade fica comprometida.

Porém existe uma brecha nas novas leis. O consumo de combustível e o nível de emissões dos carros produzidos por um fabricante serão calculados pela média entre os modelos vendidos por esse fabricante. Então se alguém quiser fazer uma carro beberrão e que polua bastante, tem que vender uma quantidade suficiente de carrinhos econômicos e que poluam pouco para compensar os excessos de seus esportivos. Ferrari, que é da Fiat está ok. Lamborghini que é da VW também está ok. Mas e a Porsche, a Aston Martin e outros fabricantes menores?

Qual é um dos carros mais econômicos e menos poluentes do mundo, e que tem um estilo interessante e uma qualidade excelente? Adivinhou? O Toyota iQ. Então para cada Vantage, DB9 ou DBS vendido, a Aston Martin terá que vender uma meia-dúzia de Cygnets. Quem sabe até dar eles de presente. Dá pra imaginar a propaganda: compre um DBS e ganhe 6 Cygnet.

Faz sentido também porque a VW e a Porsche estão duelando pra ver quem compra quem. A Porsche precisa dos créditos de consumo e emissões da VW. A Koenigsegg, além de ser sueca, também deve estar de olho nos créditos da Saab.

Bem, mas apesar disso vou discordar do MAO e dizer que a Aston Martin não está morta. Além de vender o bibelô eco-chique, como vocês já sabem, a Aston Martin também vai lançar o One-77. Pra quem ainda não tinha reparado, trata-se de um supercarro com volume extremamente limitado.

Sabe-se lá qual estudo a Aston Martin fez, mas ela encontrou exatamente 77 clientes potenciais para um modelo feito artesanalmente e que custará algo próximo de 2 milhões de dólares. Daí o nome One-77.


O MAO acha que a Aston Martin morreu porque seus carros não são feitos mais à mão por artesãos e por pessoas com paixão. Pois é, mas não foi isso que eu ví no filmes abaixo. O One-77 junta a tradição da manufatura britânica com a tecnologia atual. Desse modo a estrutura do carro feita com fibra de carbono será recoberta com uma carroceria feita por paineis de alunínio moldados à mão. No vídeos para sentir que o carro está sendo feito para restabelecer essa aura da Aston Martin, que talvez tenha se perdido nos tempos em que teve a Ford como dona.

Repare na belíssima estrutura espacial e na amarração da dianteira, no posicionamento do motor central dianteiro, quase invadindo a cabine, e nas suspensões inboard. Tudo coisa fina.


Leia também dois textos do MAO sobre a Astom Martin:
ASTON MARTIN IS DEAD
FELIZ ANIVERSÁRIO AO ÚLTIMO ASTON

P.S.: desculpem pelo vídeo em inglês.
O flagrante acima é do Paulo Keller, conseguido através de uma de suas andanças pelos EUA. Ele me mandou essa foto há alguns dias, pois sabe que eu sou fissurado, apaixonado e mesmo tarado por esses monstros indestrutíveis que são os Toyota Land Cruiser de primeira geração (o nosso saudoso Toyota Bandeirante).

O primo do Paulo, o Arnaldo Keller, é um desses caras que adora provocar a gente com ironia e sarcasmo. O Arnaldo foi proprietário de um Toyota Bandeirante picape, 1979, caçamba de madeira e "motor do Nelson Ned". Disse ele que quando tinha raiva de algum empregado ele colocava o sujeito para dirigir o Bandeirante, para maltratar mesmo. Foi o primeiro caso de assédio moral no ambiente de trabalho registrado em Pirassununga...

Eu também não sou santo e adoro provocar o Alexandre Garcia, que não gosta dos japoneses. Não me lembro onde foi que eu ouvi um ditado chauvinista que enaltecia o americanismo da Chevrolet dizendo "American as mom, apple pie and Chevy" (americano como mamãe, torta de maçã e Chevrolet).

Pelo menos pra mim, a Toyota é uma empresa tão integrada ao cotidiano dos EUA que eu me recuso a enxergar um carro desse fabricante como japonês. Para mim, a grande maioria dos Toyotas são americanos. É por essas e outras que eu adoro cutucar o AG e sempre que posso digo "American as mom, apple pie and TOYOTA".

Para entender isso, é preciso voltar um pouco no tempo: o primeiro motor produzido pela Toyota em 1935 foi o "Tipo A", com seis cilindros em linha e 3,4 litros. Era um clone do motor Chevrolet Stovebolt de 3 mancais (fabricado pela General Motors de 1929 a 1936), um verdadeiro plágio mecânico, já que praticamente todas as suas peças eram intercambiáveis com as do motor Chevy.

Foto: Jason Vogel

Toyota Tipo A 1935: cópia descarada do Chevrolet Stovebolt 1929.

Foi ali que começou a fama dos japoneses que "nada criavam, mas tudo aperfeiçoavam": o Toyota Tipo A rendia 62 hp, ou 62,9 cv (2 hp a mais que o Chevrolet), resultado superior conseguido graças a um coletor de admissão redesenhado. Diz a lenda que a Toyota primeiro considerou a "clonagem" do Ford V-8 Flathead, mas desistiu depois de calcular os custos de produção do bloco com duas bancadas de cilindros.

O Jason Vogel (editor do caderno "Carro Etc." do jornal O Globo) certa vez me disse que o carro de uso pessoal da família Toyoda no Japão era um Chevrolet, sendo portanto natural que o motor Toyota Tipo A fosse um exercício de engenharia reversa da Toyota. Disse ainda que no museu da Toyota o plágio mecânico é assumido numa boa. Seria o caso, portanto, da General Motors pedir royalties retroativos...

O fato é que até mesmo o padrão de furação das rodas do Toyota Land Cruiser/Bandeirante é o mesmo dos utilitários Chevrolet. Eu descobri isso na prática uma vez que fiz uma viagem com o meu Toyota Bandeirante e tive dois pneus furados: um velho estepe de Chevrolet Brasil serviu de quebra-galho até o borracheiro mais próximo.

O motor Tipo A deu origem ao motor Toyota "Tipo B" em 1937, coma mesma cilindrada, mas bloco de 4 mancais, baseado no Chevrolet Stovebolt também de 1937. Foi fabricado até 1955, quando cedeu lugar ao motor Toyota "Tipo F".

O Tipo F era outro clone Chevrolet, desta vez do Chevrolet 235, introduzido em 1950. Este motor foi utilizado pela Toyota japonesa até 1974 e chegou ao Brasil em maio de 1959, quando o primeiro Land Cruiser FJ-25 foi montado no bairro do Ipiranga, em São Paulo (a fábrica de São Bernardo do Campo só seria inaugurada em novembro de 1962). Foram importados até 1961, sendo então substituídos pelos motores Mercedes-Benz OM-324, uma maneira simples de aumentar a nacionalização dos componentes.

O Toyota Bandeirante, quem diria, nasceu com um "seizão" Chevrolet...

Os Toyota Land Cruiser chegaram aos EUA em 1957, pouco depois do Toyota Crown, o primeiro carro japonês exportado para aquele mercado. O 4x4 japonês fez tanto sucesso no mercado americano que foi exportado para lá até 1983, praticamente até o final de sua produção (encerrada um ano depois no Japão). Em 1964 chegava ao mercado canadense e a demanda era tão alta que a Toyota foi obrigada a construir uma nova fábrica na Indonésia em 1970, pois a fábrica japonesa simplesmente não dava conta de atender os mercados da Europa, Ásia e Oceania.

O Land Cruiser foi, portanto, o primeiro cartão de visitas da Toyota no mundo.

O fato é que o tempo foi passando e as peças de reposição para o motor Toyota Tipo F foram ficando cada vez mais difíceis de serem encontradas. Foi então que alguém se lembrou dessa história da compatibilidade entre os Land Cruiser e a mecânica Chevrolet. Algum primo americano do Alexandre Garcia deve ter colocado o cérebro para funcionar, ligou os pontos e colocou o primeiro Chevrolet small block no subidor de paredes japonês. Estava pronto o primeiro "Bandeirante V-8".

Foto: 4Wheel & Off-Road

Bandeirante small block Chevy: o AG ainda vai montar um pra mim...

Resumo da ópera: na minha singela opinião, só se copia o que é realmente bom. É celebre a frase de Charles Caleb Colton que diz "A imitação é a forma mais sincera de bajulação". Aos meus olhos, a Toyota já nasceu Chevrolet. A nacionalidade americana da Toyota não depende do "jus soli", mas sim do seu "jus sanguinis". Existe uma bow-tie implícita em cada produto Toyota, gostem os americanos ou não.

A reviravolta dessa história se deu em 1985, quando a NUMMI (New United Motor Manufacturing, Inc) passou a fabricar o Toyota Sprinter (uma versão mais luxuosa do Corolla E80) na fábrica de Fremont, Califórnia. Daquela fábrica saíam dois irmãos mestiços, o próprio Toyota Sprinter e o Chevrolet Nova.

Em 1989 surgia a divisão GEO da Chevrolet, extinta em 1997. Seu principal produto, o Prizm, sobreviveu até 2002, não sendo portanto extinto como a marca Geo: em 1998 ganhou gravatinha e tornou-se um legítimo Chevrolet, tal qual o Nova de 1985.

É isso mesmo: o Corolla, o segundo cartão de visitas da Toyota no mundo agora tinha uma bow-tie explícita. O que mais faltava acontecer?

Não é o Corollinha 1998 de Indaiatuba. Este é 100% americano.

Hoje a Toyota se dá ao luxo de fabricar praticamente tudo o que agrada os americanos: grandalhões como o Camry e o Avalon, picapes como a Tacoma e a Tundra e SUVs diversos, com destaque para o nostálgico FJ Cruiser. Podem me chamar de herege, o homem das blasfêmias, mas a Toyota é hoje tudo o que a Chevrolet deveria ser. A atual situação não me permite chegar a outra conclusão.

E para aqueles que acham que isso é o fim dos tempos, o prenúncio do apocalipse, a Toyota ainda teve a cara de pau de colocar o Camry e a Tundra na mais americana das competições automobilísticas: a Nascar.

Bill Bagwell não gostou: ele é empregado da GM há 23 anos...

Não sei quanto a vocês, mas eu fiquei extasiado ao ver o Camry No. 22 de Dave Blaney correndo em Indianápolis com aquele enorme CATERPILLAR estampado nos quatro cantos do carro. Foi mesmo uma coisa do outro mundo, tão inimaginável quanto ver um presidente americano negro, de sobrenome "Hussein".

"American as mom, apple pie and Chevy". O tal ditado me faz lembrar de "American Pie", canção de Don McLean que estourou nas rádios americanas em 1972 citando diversos ícones dos EUA. Há um trecho da música que diz, em referência a Elvis Presley:

"Now for ten years we’ve been on our own
And moss grows fat on a rollin’ stone,
But that’s not how it used to be."

Elvis foi um ícone americano, tal qual a General Motors. Ambos eram pedras rolantes que estacionaram e criaram musgo. É triste, mas that’s not how it used to be...

O refrão da mesma canção todos conhecem:

"So bye-bye, miss american pie.
Drove my Chevy to the levee,
But the levee was dry..."

Não se surpreendam se daqui a alguns anos alguém escrever uma música tão intimamente ligada aos EUA citando um Toyota e não um Chevrolet. A ousadia dos japoneses é tão grande que ninguém sequer duvida que eles possam criar um legítimo muscle-car para suprir o espaço deixado pelo AMC Javelin, o companheiro de aventuras de Challenger, Camaro e Mustang.

Alguém duvida? Nunca diga nunca, nunca cuspa para o alto! Afinal de contas, existem poucas coisas tão americanas quanto a Nascar, a torta de maçã e a Toyota.

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