google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

E ele conseguiu de novo. Helinho Castroneves entrou para a história hoje com a terceira vitória na 500 Milhas de Indianápolis, feito alcançado até então por apenas cinco pilotos, todos americanos.

A corrida foi o marco final do drama pessoal que o piloto passou, com os processos e acusações de irregularidades fiscais nos Estados Unidos. Helio não se conteve, assim como todos que estavam ao seu redor, e caiu de joelhos em meio a lágrimas de alegria. Foi mesmo a sua consagração de superação pessoal.

Faltando pouco menos de 40 voltas, os dois carros da Penske que lideravam a prova precisariam parar mais uma vez para reabastecer, mas foi com uma bela pancada entre os brasileiros Vitor Meira e Raphael Matos que a bandeira amarela veio e foi o suficiente para economizar o combustível necessário para cruzar a linha de chegada em primeiro após 200 voltas.

Após a volta da vitória, Helinho parou seu carro no meio da reta principal, e a contragosto dos fiscais que o empurravam pra ficar no carro e levá-lo até o Círculo da Vitória, jogou o volante longe e correu para o alambrado, junto com boa parte da equipe Penske, para mostrar que o Spider Man continua vivo.

Parabéns Helinho, essa é sua e ninguém tira!



O polêmico post de 20/5 sobre o trágico acidente em Curitiba acabou levantando a questão dos vidros escurecidos.
Muitos leitores deste blog e de outras publicações sabem da minha cruzada contra essa mania nacional de mandar aplicar películas escurecedoras nos vidros do automóvel deixando-os com transparência muito inferior à mínima regulamentar.
Sempre me pergunto o por quê desse hábito tão difundido que reduz drasticamente a visibilidade do motorista, que seus defensores garantem não trazer problema algum, mas que na realidade traz.
A transparência dos vidros é especificada por resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), começando com uma de novembro de 1998 (n° 73) que determinava 75% para o para-brisa, 70% para os laterais do motorista e 50% para os demais. Mas foi substituída pela de outubro de 2007 (n° 254), que baixou a porcentagem do para-brisa para 70%, manteve inalterados os laterais do motorista e reduziu a dos restantes para 28%.
Mas isso raramente é fiscalizado e o Contran alega que só será possível quando estiver homologado um aparelho fabricado no Paraná que mede a transmitância luminosa do conjunto vidro mais película. Só que esse processo de homologação se arrasta incompreensivelmente há um ano e meio no Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), como se não houvesse o menor interesse em fiscalizar o abuso.
A rigor, tal aparelho é desnecessário. Basta o agente fiscalizador ler a transparência impressa no vidro. Se for 75% (praticamente todos hoje), a película só pode ser de 94%, resultando na combinação vidro mais película de 70%. Qualquer outra porcentagem da chancela da película instalada significa irregularidade.
Não é preciso ser oftalmologista para afirmar que olhar através de um vidro de 70% alternando com outro bem menos transparente é totalmente impróprio, especialmente dirigindo. Algo como colocar óculos de sol ao olhar para os lados e tirá-los para olhar à frente.
Carece de toda lógica e bom senso o motorista não ter a melhor visibilidade possível. Por que, então, tanta gente manda "filmar" o carro? Acho que deve ser por uma ou mais das razões abaixo:
  • Moda
  • Busca por privacidade
  • Proteção contra assalto (embora seja possível olhar dentro do veículo pelo para-brisa)
  • Evitar estilhaçamento dos vidros laterais temperados
  • Embelezar o carro
  • Evitar multas por uso do celular ou não-uso do cinto de segurança
  • Não constranger o vendedor que, delicadamente, ofereceu as películas grátis
  • Proteger a pele dos raios solares
  • Manter o interior mais fresco quando estacionado sob sol
  • Conservar o interior

O fato é que nenhum dos pontos acima justifica um motorista se privar de boa visibilidade no seu posto de comando, fora que é irregular.

BS


O Paulo Keller perguntou a todos qual foi o carro que irremediavelmente comprometeu nossos cérebros ao ponto da mania por automóveis não ter mais cura. Isso é bem típico do Paulo, eu me recordo de uma vez em que ele pediu a todos nós aqui do blog para que fizéssemos uma retrospectiva dos carros e experiências automotivas que mais nos marcaram.

Assim como o Paulo, cresci rodeado de Matchbox, daqueles antigos mesmo, que você podia pisar em cima ou atirar na cabeça do irmão mais novo sem que ele se quebrasse (esses Matchbox novos são um desgosto para mim). Isso no meu mundinho pequeno de quintais e playgrounds. No mundo de gente grande eu curtia os VW Passat: meu pai tinha um LS azul metálico e meu tio Luís tinha um TS amarelo, morria de paixão pelos dois carros. Mas não foi o Passat que me tornou um entusiasta.

Não me lembro ao certo em qual dos Passats isso ocorreu, mas foi pela janela traseira de um deles que eu vi o carro que persegue meus sonhos até hoje. O carro que realmente tocou meu coração, que virou meu cérebro do avesso: o Mercedes W116 (1972 - 1980).

Eu lembro muito bem que eu ficava doido quando via um deles na rua. Não podia nem ver a estrela de 3 pontas em cima do capô que já ficava louco. Meu pai logo percebeu o meu alvoroço por Mercedes e já foi tentando me desanimar: "Esquece isso filho, isso é carro de embaixada. Além de ser caro, muito caro."


Mas de nada adiantava meu pai falar, os anos passavam e eu cada vez mais doido em Mercedes. Era difícil achar miniaturas do W116 e eu tinha que me contentar com miniaturas dos Mercedes R107 (a SL/SLC de 1971 a 1989). Um vizinho do condomínio percebeu o fascínio que eu tinha pelos Mercedes e comentou: "Todo ano eu vou visitar minha família no Líbano, em Beirute Mercedes é igual Fusca aqui no Brasil."

Não demorou muito e encontrei uma oficina em São Bernardo do Campo que só trabalhava com Mercedes. Pra mim era como se fosse um paraíso: Mercedes de todos os anos, todos os modelos, todos os motores e todos os tipos de acabamento imagináveis.

Em pouco tempo fiz amizade com o pessoal da oficina e pude conhecer aquela atmosfera típica dos Mercedes mais antigos: o rádio Becker, o cheiro do interior, o volante enorme, detalhes íntimos dos motores, transmissões, suspensões, freios... Até detalhezinhos bestas me encantavam, como o "Made in West Germany" gravado em todas as pecinhas.

O dono da oficina, Marcos, já me dava as dicas: "Os mais fáceis de se manter são os 280 de seis cilindros, pois vieram em grandes quantidades para cá, existe até desmanche especializado em Mercedes. E a maioria usa carburador, é difícil trabalhar com as injeções Bosch Jetronic dos motores V8."


Marcos falava por experiência própria: era o feliz proprietário de um 350 SEL com câmbio automático e rodas BBS RS de aro 16, uma coisa de maluco naquela época. O ronco do V8 nos kickdowns era indescritível, mesmo sendo o menor motor V8 da linha. Eu sonhava mesmo era com o 450 SEL 6.9, de preferência em uma autobahn alemã, para explorar todo o potencial dos 282 hp.

Em meados dos anos 90 o Marcos ficou sabendo de um leilão da Receita Federal, com vários Mercedes apreendidos. Os carros estavam em exposição em um galpão em São Paulo e lá fomos nós dar uma olhada no que estava sendo oferecido. Tinha Mercedes de tudo quanto é jeito, mas eu gamei mesmo foi num 350 SE azul, com câmbio manual de 4 marchas.

Infelizmente o Mercedes foi arrematado por um lance muito acima do que eu poderia bancar. O Marcos fechou a oficina há alguns anos e já faz um bom tempo que os W116 não são vistos pelas ruas com frequência. Vez ou outra vejo um rodando por aí, momento em que faço questão de parar ao lado no primeiro farol fechado, só para cumprimentar o proprietário.

O Mercedes W116 apareceu em diversos filmes, mas creio que sua aparição mais memorável foi em Ronin, de 1998. Jean Reno aparece no filme usando e abusando da suspensão hidropneumática do 450 SEL 6.9 e dos pneus 215/70 HR 14 (estamos falando dos anos 70!).



Essa atmosfera dos Mercedes antigos é uma coisa que não existe mais em Mercedes nenhum. O Mercedes W126 (sucessor do W116, fabricado até 1991) conseguiu manter boa parte da aura do W116, mas acabou ali. Há exatamente 18 anos Mercedes não tem mais cheiro de Mercedes , tem é um cheiro esquisito de plástico e coisas menos refinadas.

Acabou-se aquele pedaço setentista de Sindelfingen que vinha como equipamento de série em todos os W116, tão bom quanto ouvir Bert Kaempfert no velho rádio Becker. Os Mercedes mais novos se parecem mais com Kraftwerk tocando em um Ipod: continuam bons, mas jamais serão o que foram nos anos 70.
Carro de verdade tem motor com comando de válvulas acionado por corrente.
Foto abaixo, BMW V-8 do M3.

JJ