
Dia desses um amigo deste grupo nos presenteou o link de um vídeo sobre a BMW, um bom documentário, de cerca de uma hora de duração, produzido pela CNBC, “BMW, a driving obsession”. Como o próprio título sugere, fala da principal característica da marca bávara, que é sua obsessão por oferecer uma dirigibilidade ímpar em todos os modelos de sua gama.
Foi, porém, o trecho que cita a compra da Rolls-Royce, ocorrida em 1998, o que me despertou especial interesse, uma seqüência de lances incríveis, com diversos ingredientes típicos de um bom romance, ações de bastidores, traição, chantagens etc., que decidi trazer até vocês.
Rolls-Royce e Bentley, juntas em 1931
A Bentley lutava contra perdas operacionais desde o início de sua existência, em 1919, fundada por William Owen Bentley. ou W.O. Bentley, como era mais conhecido. O milionário Woolf Barnato assumiu seu controle em 1926 e bem que tentou tirá-la dessa situação. Enquanto a presidiu, empenhou parte de sua fortuna pessoal no negócio e graças à sua influência e posição socioeconômica privilegiada, também obteve vultosos empréstimos bancários para mantê-la operando. Sendo um verdadeiro autoentusiasta, deu seqüência às participações dos carros de sua empresa na corrida 24 Horas de Le Mans, vencendo quatro vezes consecutivas, de 1927 a 1930. A primeira vitória, em 1924, nas mãos de John Duff e Frank Clement, foi o que o estimulou a financiar a Bentley, que dois anos depois acabou comprando. A reputação de veículos de alto desempenho e alma esportiva, que a acompanha até hoje, veio daí.
Antes de 1946, carrocerias feitas nos coachbuilders |
Mas o crash da bolsa de Nova York de 1929 também afetou os fabricantes de veículos exclusivos. Sem fundos e tampouco crédito, a produção da Bentley parou. Barnato viu seu sonho entrar em recuperação judicial (chamava-se concordata antes) e após alguns meses o liquidante colocou a Bentley à venda. O candidato mais provável na época era a Napier, que já fabricara veículos, mas estava concentrada fazendo motores aeronáuticos.