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Há muitos anos vi no SBT uma matéria sobre o que faz o excesso de população, no caso de ratos. Começava com um número reduzido ocupado determinado espaço ordenadamente. Depois havia mais ratos e se notava alguma alteração de comportamento, uma certa hostilidade. Na terceira parte da matéria, uma quantidade enorme de ratos no mesmo espaço. Resultado: convívio impossível, um rato querendo acabar com outro.
Pensei nisso ao atravessar a rua na esquina daqui de casa coisa de dois meses atrás. Vi esse Peugeot estacionado sobre duas faixas de pedestres e na curva, sendo que no local carros vinham da transversal e podiam dobrar à direita.
Fiz a foto só para ter um exemplo de mau comportamento, mas a motorista não gostou, perguntou seu eu não tinha mais o que fazer, ao que respondi polidamente.
O que tráfego denso, complicado e sem planejamento é capaz de fazer! Uma motorista assumir uma postura totalmente anti-social ao procurar resolver o seu problema. Não estava nem aí se os pedestres tivessem que desviar para efetuar a travessia da rua ou se motoristas tivessem que calcular a trajetória para fazer uma simples conversão à direita.
Sempre digo que essas coisas só acontecem porque o policiamento eficaz, educativo, pertence ao passado. Hoje o que interessa à autoridade de trânsito é ficar de olho - eletronicamente, claro - na velocidade e, no caso de São Paulo, no cumprimento da restricão à circulação segundo o esquema da algarismo final da placa. No país todo, olho em quem está se comunicando por telefone. Aí é olho mesmo, não tem câmera para isso.
Sabe o leitor o que é misoneísmo? É o medo, o pavor da novidade. Para muitos, e não é só no Brasil, o telefone celular é obra do demônio, capaz de causar as maiores tragédias, perdas de muitas vidas humanas. Mas no fundo, no fundo não é nada disso, é uma proveitosa fonte de arrecadação para prefeituras sedentas de dinheiro. Os três - velocidade, restrição à circulação e falar ao celular enquanto dirige -- devem representar tranquilamente mais de 90% da multas em São Paulo (60% no resto do país).
Eu duvido que, se a fiscalização de trânsito não se concentrasse nesses três pontos, essa moça do Peugeot fizesse o que fez.
BS