google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

Uns cinco anos atrás coincidiu de na mesma semana eu ter guiado dois carros bem fortes e com praticamente a mesma relação peso-potência.
Um era um Cobra QSH – excelente réplica, a melhor que já guiei, com suspensão traseira independente de duplo A – que estava com um motor Ford 302 preparado que rendia ao redor de 380 cv. O outro carro era um Mustang 1995, preparado pelo Malanga, da Brabus. O Mustang tinha dois turbos e a potência variava de acordo com o que o Malanga comandava pelo laptop que carregava no colo, enquanto ele ia literalmente de co-piloto ao meu lado. Ele ali, segundo ele, podia colocar de 700 cv a 1.400 cv à minha disposição. Como é que fazia isso? Sei lá. Só sei que apareciam montes de gráficos na tela do laptop e aquilo estava mais pra coisa da Nasa. Ele subia a lenta, baixava a lenta, enriquecia a mistura, empobrecia, aumentava a pressão do turbo, etc e tal.
Como estávamos na cidade, ele achou que 700 cv pra mim tava bom. Pra mim também, já que nem isso dava pra jogar no chão em 1a, 2a e 3a marchas.
Acontece que o Mustang era blindado, e uma blindagem antiga, pesadona, então ele pesava coisa de 1.900 kg – e, segundo a ficha técnica, com 46% dele na traseira. Já o Cobra pesava 1.050 kg (eu mesmo o pesara), com 52% no eixo traseiro.
Então, grosso modo, o Mustang e o Cobra estavam com a mesma relação peso-potência, 2,7 kg:cv – e me liguei nisso.
A primeira coisa que se imagina é que ambos arrancariam juntos, já que a aceleração basicamente depende dessa relação, mas não foi isso que aconteceu. Não coloquei os dois juntos, mas os guiei com as sensações frescas e isso bastou para compará-los.
O Cobra pulava na frente. Tracionava mais por dois motivos: tinha maior porcentagem da massa sobre os pneus tracionantes e era mais leve. Sendo mais leve, os pneus eram menos exigidos e assim patinavam menos. Semanas atrás mostrei um filminho desse Cobra fazendo 5,4 seg no 0 a 100 km/h.
Bom, até aí tudo bem, caso resolvido.
E aí toquei a imaginar mais coisas, pois eu havia acelerado aquele Cobra a até uns 220 km/h e senti que ele não iria a muito mais que isso, não por causa do câmbio mal escalonado, não, porque a caixa Tremec de 5 marchas, apesar das duas primeiras marchas estarem muito curtas para o conjunto, as marchas longas caíam bem. O fator limitante era o motor que não dava conta de levar o ar no peito, já que o Cobra é ruizão de penetração aerodinâmica – é um design do final dos anos 40 e sem muita preocupação com isso, mesmo para os padrões da época. Talvez, então, ele fosse a uns 240 ou 250 km/h, não mais.
Aceitemos aí 250 km/h para o Cobra. Tendo o câmbio bem escalonado, conclui-se que o Cobra precisa de 380 cv para atingir essa velocidade.
O Mustang 1994 também não me parece um primor nesse quesito, mesmo assim na certa seu arrasto aerodinâmico é inferior ao do Cobra, mas, por favor, suponha comigo que os dois tenham o mesmo arrasto. O.K.? Sendo assim, conclui-se que o Mustang também usaria 380 cv para atingir os mesmos 250 km/h. Isso mesmo, tá certo. Mas acontece que ele ainda teria 320 cv sobrando no motor, o que é potência bastante para o levar aos 306 km/h.
Como calculei isso? Simples, aprendendo com o Bob Sharp. Ele me passou a formulinha mágica:
V2 = V1 x raiz cúbica de P2/P1
Onde:
V2 é a velocidade com a potência maior (P2)
V1 é com a potência menor (P1)
Conferindo:
V2 = 250 x raiz cúbica de 700/380
V2 = 250 x 1,226
V2 = 306,5 km/h
Essa fórmula não tem erro, desde que a relação da transmissão esteja correta para o caso, ou seja, que não esteja nem curta nem longa.
Então, imaginando uma filmagem do racha desses dois – filmagem que eu quis fazer, mas quem mandava na grana achou isso desinteressante, achando mais interessante comentários acerca de mais ou menos faixas esportivas em carros débeis – voltando a imaginar, o Cobra pularia na frente e assim se manteria até mais ou menos os 200 km/h, quando então o Mustang iria encostando, até que o Cobra, ao atingir os 250 km/h, não mais ganharia velocidade. Mas Mustang continuaria acelerando, acelerando e acelerando, mesmo sendo pesadão como é, e lhe botaria 56 km/h a mais, distanciando-se cerca de 1 km a cada minuto.
Então, aceleração é peso-potência, e velocidade final é potência-arrasto. O peso não importa muito na velocidade final, mas sim a aerodinâmica e a potência bruta.
Era só isso o que eu queria mostrar com a filmagem, eu queria enfatizar, deixar isso claro. Pena que ainda não deu. Quem sabe em breve a gente começa a fazer essas coisas?
E sobre a formulinha mágica do Bob, ela serve pra tudo quanto é carro.
Por exemplo, o autoentusiasta leitor tem um Chevettinho Júnior que comprou de uma velhinha – Chevettinho Júnior com rendinhas no vidro traseiro e cachorrinho de pelúcia com pescoço de mola que balança a cabeça –, carrinho de 50 cv que a véia usava pra ir ao bingo e tomar umas biritas com as amigas.
Aí o autoentusiasta, uma figura sempre cheia de ideias e sôfrega por emoções fortes, uma figura compulsiva que já acorda pensando besteira, gama no coitado do Chevettinho Júnior que nunca usou a 4a marcha, muito menos a 5a – que é uma marcha muito perigosa segundo a véia – e o autoentusiasta bom de lábia convence a véia a trocar o Chevettinho Júnior por um carro muito mais moderno, um Monza Classic, por exemplo. “Minha senhora, carro com tração traseira já era. É muito inseguro, vai contra as reações naturais do motorista mediano, ou seja, do motorista medíocre, tapado. Não que a senhora o seja, mas sabe como é, sei que a senhora toma umas e outras e seus reflexos podem retardar. Aí já viu... Um Monzão é da hora! Pu... carro macio!”
E aí o autoentusiasta já tem tudo armado e na certa tem um ogro maluco que nem a nossa turma aqui tem o AG, o Ogro do Planalto, que é o carrasco suado em pessoa, um cara que basta lhe darem marreta, machado e arame que ele bota “V-alguma coisa” em qualquer carro que vai parar na oficina dele. E o autoentusiasta procura o ogro maluco dele lá e mete um V-6 de Blazer no Chevettinho Júnior. Bota um diferencial mais longo e.... e.... com os 170 cv do V-6 – 120 cv a mais – o autoentusiasta fica encanado tentando calcular a quanto chegaria o Chevettinho Júnior ex-da-véia.
Vamos lá (a máxima do carro da véia é de 141 km/h, segundo a revista Oficina Mecânica da época):
V2 = 141 x raiz cúbica de 170/50
V2 = 141 x 1,5
V2 = 212 km/h
Pronto!
Agora o leitor autoentusiasta pode pensar em coisas mais úteis. Já leu o besteirol do dia, porque eu tô aqui pra isso.
Foto: auto123.com
 
 Hoje, no Grande Prêmio da Inglaterra, em Silverstone, eram incontáveis as faixas e painéis da gasolina Shell V-Power e me ocorreu informar ao leitor do AUTOentusiastas que a gasolina vendida com esse nome aqui é diferente  da de lá, e da Argentina, quanto ao número de octanas. A octana, ou iso-octana, é um hidrocarboneto de alto poder antidetonante.
A V-Power "resto do mundo" é de 99 octanas RON, 1 octana mais do que a gasolina Super Plus europeia, enquanto a do Brasil é apenas gasolina comum aditivada, de 95 octanas RON.
Quem quiser gasolina de 98 octanas da bandeira da concha pode pedir a V-Power Racing, que  há quase dois anos substituiu a Fórmula Shell Premium. A octanagem não se alterou.
BS
Foto: do autor, ao volante
Se há coisa que não sou é ecochato. Desses que vive falando em sustentabilidade ou contabilizando quanto de carbono foi emitido num evento e quantas árvores deveriam ter sido plantadas para compensar o "ataque" ao meio ambiente. Que acham que emissões de dióxido de carbono, o "temível" CO2, significa poluição, ou seja, o ar que exalamos polui. E o que o automóvel é o grande vilão do século passado e deste.
Mas sou contra a sujeira, até em banheiro público. Sempre me pergunto por que muitos não dão descarga após usar a privada ou o mictório ou por que não acertam o cesto de papel de enxugar mãos. Uma das causas é educação, ou melhor, falta dela.
Outro dia meu neto que mal fala estava com um pedaço de papel na mão balbuciando "lixo, lixo", procurando o cesto. Caso de herança genética? Pode ser.
Mas o foco deste post é a foto aí em cima. Dirigia-me dias atrás ao Autódromo Municipal José Carlos Pace, em Interlagos, zona sul de São Paulo, quando alcancei uma picape Nissan Frontier que soltava enorme quantidade de fumaça preta pelo escapamento. Para isso sou crítico e chato muito antes de existir ecochato, de se falar tanto em meio ambiente, de se banalizar algo que é tão importante.
Ninguém tem direito de sujar o local ou ambiente onde vive, pois não está sozinho. Quem roda com um veículo emporcalhando a rua ou o ar tem que ser punido de alguma forma, para aprender na marra a viver numa coletividade.
A inspeção ambiental que existe no Rio de Janeiro há dez anos e em São Paulo há três pode ser uma chateação, perda de tempo, exagera ao inspecionar carros com menos de três anos, mas a Frontier da foto tinha jeito de ter no máximo um ano de uso. Por isso, se há pessoas que desrespeitam seus semelhantses, tem que haver inspeção, sim.
Só que só inspeção não basta. Suponhamos que em vez de eu no meu carro fosse um agente de trânsito num carro policial. Ele pararia a picape fumacenta, autuaria o motorista e providenciaria junto ao órgão responsável uma inspeção de funcionamento do motor. Reprovado, teria prazo para corrigir o problema. Repetindo-se a reprovação, o veículo seria deslicenciado e circularia somente com autorização especial,  em papel, segundo uma sistemática a ser criada, até emitir dentro do padrão.
Alguns desvios de comportamento exigem punição severa, ou eles  se perpetuarão. Defendo, por exemplo, que trafegar no acostamento passe da infração gravíssima que é hoje a infração hedionda: primeira vez, um ano sem dirigir. Segunda vez, perda definitiva da habilitação. Quero ver se continuaria a haver "ispertos" nos congestionamentos rodoviários trafegando tranquilamente pelo acostamento.
Do mesmo modo, ante a possibilidade de ter o carro deslicenciado, não poder trafegar em rodovias e nem no período noturno, duvido que alguém descuidasse do funcionamento correto do motor.
Corrigir e coçar, é só começar.
BS

A Fiat apresentou ontem em Turim a mais nova versão do seu exitoso Cinquecento lançado há três anos:  motor TwinAir é um dois-cilindros turbo 4-válvulas de 875 cm³, diâmetro dos cilindros 80,5 mm e curso dos pistões 86 mm (quase as medidas do E.torQ 1,8 16V, 80,5 x 85,8 mm). O pequeno motor desenvolve 85 cv a 5.500 rpm e 14,8 mkgf a 1.900 rpm, com taxa de compressão de 10:1. O motor incorpora a tecnolgia MultiAir de levantamento de válvulas de admissão total e continuamente variável já utilizado no Alfa Romeo MiTo 1,4-litro.
O resultado é aceleração 0-100 km/h em 11 segundos e velocidade máxima de 173 km/h com consumo de 20,4 km/l na cidade, 27 km/l na estrada e 24,4 km/l, combinado, isso com sistema desliga/liga. Com este, mais câmbio Dualogic, o consumo cai para 21,7, 27,7 e 25 km/l, respectivamente.
O sistema de gerenciamento do motor possui uma função ECO que limita potência e torque e leva a uma redução de 30% no consumo. A emissão de CO2 nesse caso fica em 96 g/km com câmbio manual e desliga/liga e 92 g/km se dotado de caixa Dualogic.

O motor TwinAir em duas vistas. Note à esquerda, parte inferior, a contra-árvore de balanceamento.
O motor conta com árvore contra-rotativa de balanceamento e provavelmente tem vibração bem contida. Mas é um ponto a verificar.
As vendas da versão começam em setembro e a FPT, empresa do Grupo Fiat que fabrica o motor clama ser este o motor a gasolina mais eco-favorável do mundo.
BS
(Atualizado em 9/07/10 às 22h05, fotos do motor)