google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Com relação ao post sobre espelho esquerdo convexo de 11 de maio último, informo a quem mora em São Paulo e redondezas que a Auto Vidros Bandeira, Alameda dos Maracatins, 726, em Moema, também faz a mudança de espelho plano para convexo. Preços começam em R$ 50,00. O telefone é 5055-0999.
Permitam-me mais uma vez recomendar o uso de espelho convexo no lado do motorista, o que contribui enormemente para a segurança ao eliminar o ponto cego no lado esquerdo.
BS








O Clemente, meu amigo de infância, há anos que mora em Londres, onde trabalha como consultor de artes plásticas, crítico, marchand etc. Enquanto lá ele manja pra burro de arte, eu aqui continuo arteiro. Então, como nesta 4a.-feira ele voou de volta a Londres, eu aqui mostro um pouco dos passeios que demos no sábado passado, como despedida, quando fomos à Americar Veículos brincar com duas das réplicas que eles fabricam.
Nas boas puxadas do GT40 o Clemente gritava gargalhando: "Isso aqui é melhor que um passeio no Louvre!" Melhor não sei se é, mas que a emoção é diferente, é. Os filminhos – fajutos, como sempre são os meus – estão aí porque sei que o amigo leitor gosta de boas puxadas, e essas estão até que mais ou menos.





Vue Red Line, modelo 2004: diferente.
A Saturn está morta. E não se trata apenas de figura de linguagem, como nos textos do Marco Antônio Oliveira, quando ele mata alguma marca.
O site da extinta divisão da General Motors mostra moldelos 2009, tem links para a área de serviços, para carros usados e para eventuais substitutos dentro da GM. Alguns substitutos são um pouco fora do orçamento de quem comprava os Saturn mais baratos, como sugerir um Cadillac para quem anda de Saturn L-series, por exemplo.
A data certa da morte pouco importa. Mas em 5 de junho de 2009 foi anunciado que estava em andamento uma tentativa de negociação da marca entre a General Motors e Roger Penske. Esta é a última notícia no excelente site de Informações para a Imprensa da General Motors, de onde tiramos as fotos que ilustram esse texto. Em setembro de 2009 era anunciado que não haveria negócio, e a marca iniciava sua desativação.
Este lacônico fim pode ter sido causado principalmente pelo direcionamento que foi dado uns anos atrás, de modificar os produtos GM para que eles atendessem o gosto da maioria dos compradores. A GM sofria muito, principalmente nos interiores de seus modelos, em quase todas as divisões. Muitos eram, além de efetivamente mal-acabados, de gosto e aparência duvidosos.
O direcionamento de maior luxo, conteúdo e aparência mais agradável à maioria (sempre ela!) talvez não tenha funcionado para a Saturn, uma divisão criada com o objetivo de ser uma GM diferente.
Painel de instrumentos do Vue. Sem excessos.
Desde a primeira fábrica em Spring Hill, cidade com vinte e três mil habitantes no Tennesse, moderna e com muita natureza em volta, até o uniforme dos vendedores das concessionárias, bermuda e camiseta em locais de clima quente, tudo na Saturn era mais descontraído, mais simples, em comparação ao padrão de desejo do consumidor americano médio.
Pesquisas de satisfação mostravam que os carros nem eram muito bons, principalmente nos primeiros anos, de 1990 a 1995, mas o serviço do concessionário deixava o cliente satisfeito. Algumas inovações de engenharia desenvolvidas pela General Motors eram trazidas para o mercado através da divisão Saturn, que não seriam possíveis dentro de uma Buick, por exemplo. Uma delas foi o SC2 de 1999, um cupêcom porta traseira "suicida", sem coluna "B" (central), como em algumas picapes de cabine extendida. Esse conceito foi empregado também no Ion, sucessor do SC2.
SC2, lançado em 1999.
Saturn Ion Quad.
Se pode parecer simples, imagine que nessa época já haviam leis de impacto lateral que os carros novos deveriam atender. Em um carro sem a coluna "B", onde se fixam as portas traseiras, isso não é nada fácil.
Uma outra inovação, e que deveria ser adotada por mais empresas, foram os painéis externos das portas em plástico. Já falamos deles aqui, e não existe melhor solução para evitar o prejuízo daqueles ridículos amassados de batidas de portas do vizinho. Infelizmente, solução morta mesmo dentro da General Motors, hoje. Um desperdício de tecnologia e conhecimento adquirido, e o fim de um diferenciador de mercado.
Apesar de ser considerada como uma marca de pouco valor e não muito desejável, produziu ao menos um carro bastante interessante, com desempenho muito bom, que nem é um cupê ou sedã, por isso mesmo notável. Trata-se do Vue Red Line.
De 2004 a 2007, em uma parceria com a Honda para fornecimento de trens de força, a GM fabricou o pequeno utilitário esportivo Vue como os motores V-6 de 3,5 litros, batizado de L66, com 253 cv, acoplados a uma caixa automática de 5 marchas, também da Honda.

A linha Red Line era o nome utilizado para os modelos de tendência esportiva, que, somados aos carros bastante básicos da Saturn, resultavam em soluções atraentes. O negócio com a Honda era bem fora dos padrões GM, e aproveitou-se a única marca fora desse padrão para fazer a experiência. Elogiados quase que unanimemente, ninguém poderia dizer que um motor Honda não iria melhorar a imagem do carro.
Custava 28 mil dólares no lançamento, bastante caro, mas era um produto diferenciado nessa faixa de utilitários esportivos de pequeno porte. Com tração integral opcional, acionada automaticamente pela perda de aderência da tração dianteira, o Vue Red Line é excelente para dirigir, e hoje, a menos de 10 mil dólares por um bom exemplar, uma grande barbada para quem gosta desse tipo de caixote de carregara tralhas com um desempenho e dinâmica decentes.
Sobre o desenho, ou o estilo, esse Saturn e todos os outros sempre foram polêmicos. Coerente com a proposta da marca, de ser simples e sem frescuras, eu o classificaria como mais um carro inconfundível, daqueles com "carronalidade".
Pode ser considerado uma semi-reencarnação (ou seria reencarração?) do GMC Typhoon, sem a desvantagem da carroceria com apenas 2 portas, mas com desempenho menos alucinante, já que o Typhoon (Blazer) e o Syclone (S-10) eram quase absurdos para um caminhãozinho.
O Vue vai a 60 mph (96,5 km/h) em 7 segundos e uns trocados e faz o quarto de milha em pouco mais de 15 s. O comportamento e a estabilidade, segundo as avaliações de revistas, estava muito mais próximo de sedãs esportivos do que o normal dos SUVs.
A direção rápida era a característica mais diferente em relação às "peruonas" de família. Para nós, essa é a característica que mais o faz carro de entusiasta, pois em utilitários normais, a direção é sempre muito desmultiplicada, levando a um excesso de voltas de batente a batente, tudo projetado de modo a não permitir que o motorista balance o carro de forma rápida de um lado a outro, passando uma maior sensação de segurança contra capotagens. Um caso típico de antientusiasmo que não acontece no Vue Red Line.
Em 2008 o Vue mudou completamente, ficando quase idêntico ao Chevrolet Captiva que temos aqui no Brasil, excessivamente luxuoso para um Saturn. Passou a ser mais um Chevrolet com emblemas diferentes.
Perda de identidade da marca Saturn, que sem dúvida contribuiu para o seu desaparecimento.
JJ
Com mais de um século de evolução, o conceito de automóvel pouco mudou. Desde os tempos das carruagens até hoje todos os automóveis de massa possuem quatro rodas. E é através dos pneus que os carros fazem a interface com o planeta Terra.
Porém, apesar de toda evolução tecnológica dos automóveis, os pneus tem evoluído de maneira muito tímida. Inventado em 1846, a primeira evolução significativa só ocorreu em 1946 com o surgimento dos pneus radiais. Em 1958 surgiram os primeiros run-flat, que rodam sem estar cheios de ar, e em 1968 nasceram os pneus de perfil baixo.
Como sabemos, o pneu é um componente vital que influencia toda a dinâmica do automóvel. Um pneu descalibrado pode alterar significativamente o comportamento dinâmico e o consumo de combustível. A escolha de um pneu pode definir o resultado de uma corrida ou definir a pole position, como o Bob nos contou no post "Cantando na chuva".
Ou seja, chassi ótimo com pneu errado é igual a carro ruim. As evoluções mais recentes estão no composto da borracha, ou em tudo que não é borracha que é adicionado à sua fórmula. O desafio é diminuir a resistência ao rolamento sem diminuir a aderência, um grande paradoxo a ser vencido.
Em posts recentes falamos sobre geometria de suspensão: "Ângulos e seus efeitos" do Bob Sharp e "Cambagem positiva" do Milton Belli. O assunto é bom e não há como deixar o pneu de fora da equação.
Então um americano dono de uma revenda de automóveis, ao observar a cambagem excessiva das rodas traseiras de um carro completamente carregado, resolveu desenvolver um pneu com perfil assimétrico. Ou seja, um pneu com paredes laterais com alturas diferentes entre o lado externo (mais alto) e o lado interno, criando assim o que ele chamou de camber tire, ou pneu com cambagem. Nesse caso com cambagem negativa.
Foto: Automobile

Um dos efeitos da cambagem negativa é a melhoria significativa na estabilidade em curvas. Mas, por outro lado, quanto mais acentuada a cambagem, mais diferente é o desgaste da banda entre o lado interno e o externo do pneu, uma vez que o contato com o solo diminui no lado externo. Então normalmente se utiliza ângulos discretos de cambagem e se melhora a estabilidade direcional em linha reta com a convergência. Porém a convergência também tem desvantagens, pois gera aumento da fricção (escorregamento) do pneu com o solo mesmo em linha reta, aumentando o desgaste e o consumo de combustível. 
No Mille Economy a Fiat reduziu ao máximo tanto a cambagem quanto a convergência justamente para diminuir o consumo de combustível.
Com o pneu com cambagem não é necessário nenhuma convergência nas rodas e a cambagem é obtida através do próprio desenho do pneu, com a vantagem da banda ficar sempre paralela ao solo melhorando a aderência, principalmente em curvas, e diminuindo o desgaste irregular da banda.
Além disso também diminui o consumo e, de acordo com testes com protótipos, o trabalho da suspensão melhorou, deixando o veículo testado bem mais confortável. Com o desenho assimétrico, durante curvas fortes também se diminui a tendência do pneu a dobrar forçando o seu desprendimento da roda, o chamado destalonamento.
A Goodyear já está testando pneus com cambagem na Nascar em circuitos ovais e com curvas em nível em substituição a ajustes de cambagem assimétricos na suspensão, que também são feitos na Indy.
A novidade foi patenteada e continua sendo desenvolvida. Para atingir uma escala comercial, seu inventor quer licenciá-la para algum grande fabricante que ajude a finalizar o desenvolvimento.
Depois há o trabalho de convencimento dos fabricantes de automóveis para adotar o pneu com cambagem em carros de passeio.
Pode ser que esse seja o próximo grande passo no desenvolvimento de pneus.
PK