google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

Só um lembrete: a Carreata da Solidariedade de Moema e neste domingo, dia 30 de maio.
Como vocês podem ver abaixo, a concentração é na Al. Jauaperi, esquina com a Av. dos Eucaliptos, em frente à Igreja Nossa Senhora da Esperança, de onde os carros partem para duas carreatas distintas pelo bairro, uma seguindo pelo lado conhecido como "Pássaros", a outra, pelo lado conhecido como "Índios", tomando a Av. Ibirapuera como divisor.
Os carros e os voluntários seguem pelas ruas colhendo doações, sejam entregues pelas pessoas nas ruas, pelos porteiros de prédios que já separaram suas doações, ou até mesmo jogadas pelas janela.
Se você tem um carro antigo, ou simplesmente quer ajudar, encontre-nos lá na concentração, a partir das 9h da manhã do dia 30 de maio. Se quiser fazer sua doação de roupas ou de alimentos não perecíveis, vá à concentração, ou nos aguarde pelas ruas do bairro. As entidades ajudadas agradecem.
Os AUTOentusiastas estarão presentes, e esperamos vocês lá!
MAO
As pessoas que me conhecem bem já sabem que sou fã de carros mais antigos que tiveram um início de vida interessante, mas que hoje estão no mais completo abandono. Caindo aos pedaços. Calhambeques com fogo saindo do motor e fumaça da traseira. Carros sem freios. Carros sem motor! Caixa de câmbio? Cadê? Será que tem?
Bem, como todos os nossos carros aqui em casa.
Qualquer pessoa pode ter um carro completamente restaurado, em perfeitas condições. Carro 100-pontos. Carro de Pebble Beach. Claro, ter que ser qualificado para isso. Quem tem carro assim tem que ter muito dinheiro e a disposição de gastá-lo. Mas, afinal de contas, que graça tem um carro desses?
Sempre me atraem os carros que são realmente uma vergonha. Cacos. Desgraças. Carros tão ruins que as pessoas querem tapar os olhos. E de vez em quando tapar o nariz também.
Depois dessa conversa toda, apresento-lhes um carro bem ao meu gosto. Um Facel Vega Excellence escondido numa garagem em Norco, Califórnia. Acredito que o ano deve ser 60 ou 61, por aí. Talvez preto. Talvez não. Digamos que a cor é “escura”. Com ferrugem, claro. Na época, o carro mais extravagante e caro da linha Facel. De quatro portas clamshell, tipo concha, as traseiras “suicidas”. E hoje dia esperando num canto de garagem com dezenas de carros mais ou menos assim. Esperando o quê? Ninguém sabe.
O propósito desse artigo não é descrever a história da gloriosa marca francesa Facel Vega. É suficiente dizer que nos anos 50 e até 1965 a Facel Metallon fabricou os carros mais exclusivos e finos da França. E para os fregueses mais interessantes. Stirling Moss tinha um. Peter Sellers, outro. E Ringo Starr. Ava Gardner. Dean Martin. Maurice Chevalier. Le roi du Maroc. O escritor e filósofo francês nascido na Argélia, Albert Camus, morreu num ao sair da estrada a alta velocidade e bater num poste ou árvore, não me lembro exatamente.
Quem quer saber mais pode pesquisar o livro “Facel Vega: Excellence, HK500, Facelia”, por Jean Daninos, o fundador e diretor da empresa Facel. Também o livro definitivo da marca, “Facel Vega – Grande Luxe Sportif”, por Martin Buckley.
E esse carro nas fotos? O motor é Chrysler V-8. Provavelmente 383, mas talvez 413. Menos provável 361. Não importa. Pelo menos tem motor. Câmbio Torque Flite. Grade de alumínio fundido. Possivel que as rodas raiadas não vieram originalmente com o carro. Mais provável rodas de aço com calotas. E os pneus atuais vieram de uma picape ou utilitário esporte. Fora disso, notem-se os bancos com estrutura de alumínio fundido. Imagine-se o custo disso, especialmente para uma peca invisível!
Sabiam que o painel parecia de madeira, mas não era? Era de metal pintado com aparência de madeira por um funcionário na fábrica que só fazia isso. Com pincel! Incrível. E por isso ainda está intacto hoje, uns 50 anos após ter sido produzido.
As pessoas de outros países pensam que todos os carros aqui na Califórnia são do tipo 100-pontos. Claro, muitos são. Mas é bom saber que há exceções. Muitas, inclusive. E que pesquisando bem podemos descobrir carros assim em vários lugares por aqui. Como dizemos, carros “congelados no tempo”.
Bem, um carro assim nos leva a perguntar: o que fazer com ele? Na condição atual é evidente que não ser pode usá-lo na rua. E uma restauração completa iria levar anos e, pelo menos aqui, custaria centenas milhares de dólares. Isso para um carro com atual valor máximo de, digamos, 60~90 mil dólares. O investimento não compensa. Pelo menos este carro fica num lugar fechado, escuro e seco. Com isso, ele não degrada. E como disse antes, fica esperando.
RP
Escrevendo, como sempre, de Huntington Beach, Califórnia

Anos atrás, no lançamento do Maserati V-8 que foi no circuito de Interlagos, eu estava ansioso para que chegasse a minha vez de guiar esse carro maravilhoso. Mas a prioridade ficou para o Amaury Júnior e sua equipe de TV, e lá foi ele guiar um Spider amarelo.
Muito galante, ele chamou uma das belas atendentes, colocou-a no banco do carona e, de capota arriada, lá foram eles pra pista. Evito ser preconceituoso, principalmente porque já tive várias surpresas na vida, mas, vem cá, o Amaury não leva a menor pinta de piloto. Talvez eu tenha achado isso naquela hora porque eu estava meio emputecido por aquele camarada lá que não tem nada a ver com carro ter essa regalia só porque tinha TV nas costas.
Talvez eu tenha achado isso por ter visto ele se ajeitar no banco do motorista e vê-lo regular sua posição de maneira totalmente escôncia, com os braços mais esticados do que os do Homem Borracha e se achando o maioral. Mas, tudo bem, vá lá, eu espero.
Então, para minha surpresa, lá veio o Maserati amarelo pela Reta dos Boxes e ao vê-lo frear escutei um belíssimo punta-tacco reduzindo sucessivamente várias marchas, tudo certinho, na finesse. "Ca-ra-ca! E não é que o cara pilota legal!", exclamei. Caraca o caramba.
Quando fui guiar o carro vi que o amarelo tinha o Cambiocorsa, que faz uso das brabuletas na coluna de direção. Então, é pé no freio e dedos esquerdos na brabuleta, que o punta-tacco sai como o piloto de testes da Maserati acha que deve sair, ou seja, perfeito. Me senti enganado. Eu, que sou bom nisso, tenho jeito pra coisa, me esmerei em fazer a coisa direito, agora ser equiparado a um esperto qualquer.
Agora a moda é launch control, ou seja, controle de largada. O camarada aperta lá um botão (o L.C. da foto), clica a brabuleta engatando 1a marcha, acelera no talo -- o motor sobe só até o giro ideal, que não é o máximo -- e para largar é só tirar o pé do freio. E pronto! O carro simplesmente larga da maneira mais rápida possível.
Tudo bem, é a tecnologia a serviço do homem e tal, mas, torno a me sentir enganado. Com essas e outras os bons pilotos perdem algumas cartas da manga, aquelas manhas que os fazem dar um couro nos outros, mesmo tendo um carro inferior. Esse é um orgulho, afinal, merecido.
O filminho foi feito há anos pelo Fábio, dono do Cobra preto -- um QSH de suspensão traseira independente --, quando estávamos fazendo uma matéria para a Quatro Rodas, um comparativo entre as três melhores réplicas de Cobra feitas no Brasil. Esse aí foi o melhor em tudo. Era a tomada de tempo para numa só largada fazermos o 0 a 100 e os primeiros 402 metros. Foi feita com Correvit, um aparelho computadorizado. Então, basta o carro se adiantar um centímetro que o cronômetro já dispara.
O motor era um 302 preparado que rendia uns 380 cv. O carro pesava 1.080 kg, com 52% deles na traseira, pneus novos e ruins da Yokohama (preferi de longe os Michelin de outro Cobra). O câmbio Tremec de 5 marchas tinha a 1a muito curta -- condizente para um carro com uma relação peso-potência  mais alta -- o que dificultava a boa largada, pois provocava patinagem em excesso e obrigava que se jogasse a 2a antes de esticar a 1a até seu máximo. Tentei até largar direto em 2a, mas para isso ela era longa demais. Nessa largada fiz o 0 a 100 em 5,4 seg, enquanto que outros dois jornalistas da Quatro Rodas fizeram 5,9 seg e incríveis 9 seg. Cada um largou umas 3 ou 4 vezes. Esse meu tempo, então, passou a ser o segundo melhor de todos os testes feitos até então pela revista, só superado pelos 4,9 seg do Bob Sharp num Ferrari F40, um recorde ainda não batido, e quero ver quem bate sem esse botãozinho aí. Depois um Corvette 2008, de 7 litros e 505 cv, fez 5,2 seg.
Bom, é claro que com isso tirei meu sarro, porque também gosto de encher o saco dos outros. Que graça teria fazermos esse mesmo teste se esse Cobra tivesse o maldito botãozinho de controle de largada e umas brabuletas pra mudar as marchas?

Esse seria o nome do Mercedes-Benz T80, ou Rekordwagen de acordo com Porsche. O piloto Hans Stuck, em 1937, iniciou o projeto de seus sonhos, construir o carro de recorde de velocidade mais rápido do mundo. Para isso, contou com a genialidade de Ferdinand Porsche para o projeto mecânico e a experiência de Josef Mikcl para criar uma carroceria aerodinamicamente avançada para que a marca de 750 km/h fosse atingida.
O T80 era realmente grande, favorecendo em teoria uma boa estabilidade direcional em alta velocidade com seus oito metros de comprimento. A estrutura do chassi era simples em teoria, baseada no uso duas longarinas principais com amarrações transversais, muito reforçada para suportar todo o conjunto motriz utilizado. Para gerar a tração e estabilidade desejadas, Porsche criou o carro com três eixos, sendo dois traseiros motrizes.
O motor utilizado era, como de praxe em carros de recorde de velocidade da época, derivado da aviação. O motor era um Daimler-Benz V-12 de 44,5-litros e algo perto dos 3.000 cv de potência, usado nos caças Messerschmitt Bf-109. A técnica da injeção de uma mistura de água e metanol diretamente nos cilindros era utilizada para elevar o rendimento o motor. Curiosamente, para um carro, o motor possuia uma construção invertida, com o cabeçote para baixo e o virabrequim para cima. Isso era comum nos aviões, pois permitia o motor ser montado mais baixo, não prejudicando a visão do piloto.
O carro foi terminado em 1939, com total apoio de Hitler, que viu uma excelente possibilidade de marketing para o Partido, pois seria um carro com toda tecnologia alemã, piloto alemão e em terras alemãs. Hitler queria o carro pintado nas cores do Partido, e seria chamado de Schwarz Vogel, ou Pássaro Negro em tradução.
Com a guerra, o evento marcado para janeiro de 1940 foi cancelado e o carro escondido na Áustria, por onde ficou algum tempo e depois foi levado para os cuidados da Mercedes e seu museu.
MB