
Yamaha V-Max. Impossível não notá-la ou escutá-la.
Cada vez que o assunto é carros antigos, escutamos o termo "clássico".
Sempre que alguém tenta vender um carro antigo, gosta de pensar que está oferecendo um clássico. Afinal, esse termo valoriza o produto.
Considerado chique, o designador foi adicionado ao Monza topo de linha, o bicolorido Monza Classic, que foi objeto de desejo de muitos. Vários anos depois de seu desaparecimento, o Corsa antigo foi rebatizado de Chevrolet Classic, já que o Corsa mais novo herdou o nome. Então, o "Classic", passou de um carro-médio topo de linha, para um básico, e isso na mesma empresa. Que diferença alguns anos fazem! Coisas do estranho mercado brasileiro. Visto o sucesso do pequeno sedã da GM, o nome deve trazer uma sorte grande. Ou seria o nome aceitável porque o carro tem reais qualidades? Bom, isso é assunto para outros textos, não para este.
Mas o que é um clássico, ou, porque muitos carros com características diferenciadas podem ou não ser considerados clássicos?
Na verdade, a Fiva, Federação Internacional de Veículos Antigos (http://www.fiva.org/), explica bem detalhadamente o que é um veículo histórico, mas não se debruça sobre a designação "clássico".
O veículo histórico deve atender às seguintes prerrogativas:
- no mínimo 30 anos de idade;
- preservado e mantido em condição correta;
- não utilizado como veículo de transporte diário;
- fazer parte da herança cultural e técnica.
- preservado e mantido em condição correta;
- não utilizado como veículo de transporte diário;
- fazer parte da herança cultural e técnica.
Como se percebe, é fácil interpretar de diversas maneiras. O que seria uso diário? Se eu fosse trabalhar durante um mês inteiro com um Bugatti Royale, ele deixaria de ser um clássico?
Definições são criadas por pessoas, e pessoas são diferentes entre si. Muitas vezes de forma radical.
Para tentar entender o que é um clássico, podemos imaginar algumas características que os diferenciem da maioria dos carros:
- quantidade de unidades produzidas;
- preço;
- desenho elaborado por estilistas renomados;
- exclusividade de acabamentos internos e externos, como cores e materiais;
- marca desaparecida ou rara;
- desenho diferente dos concorrentes, fora do lugar-comum;
- histórico atribulado de desenvolvimento e/ou de sobrevivência.
- preço;
- desenho elaborado por estilistas renomados;
- exclusividade de acabamentos internos e externos, como cores e materiais;
- marca desaparecida ou rara;
- desenho diferente dos concorrentes, fora do lugar-comum;
- histórico atribulado de desenvolvimento e/ou de sobrevivência.
Mesmo considerando vários quesitos práticos, há carros que são muito caros e não são clássicos, ou foram produzidos em pequena quantidade e também não o são. Um exemplo típico são as réplicas, ou carros "fora de série", melhor explicados como sendo de pequena produção, feitos em pequenas fábricas. Comuns no Reino Unido, já o foram aqui no Brasil também, e hoje são poucos. Seriam as réplicas e os carros de pequeno número produzido clássicos ainda não reconhecidos?
Mas tudo isso é algo definido pelos homens, e alguns carros vão além de categorias que se definidas tecnicamente.
Existem automóveis e outros tipos de veículos que parecem ter vida própria, tendo sido trazidos ao mundo em forma de projeto, apenas por necessidade de manufatura. Seriam como uma entidade imaterial mecânica que um dia se apresentou na mente de algum abençoado, que se pôs a trabalhar para convertê-la em matéria.
Alguns que me parecem ser dessa espécie são o Citroën DS, o Corvette Stingray 1963, o Batmobile de George Barris (da série de TV da década de 60), o Mini de Issigonis, o Ford T, o Fusca. Além desses óbvios e que todos conhecem, outros menos populares, como os grandes carros da década de 30, Packard, Duesenberg, Delahaye, Pierce-Arrow, Chrysler Airflow.
Fora do mundo dos carros, algumas motos, como a Yamaha V-Max de 1987, a Honda CBX 1000 de seis cilindros, a NS 500 de Freddie Spencer em 1983. E óbvio, aviões como o Concorde, o P-51 Mustang, Supermarine Spitfire, Convair B-36, Boeing B-52.

Boeing B-52 Stratofortress, mais de 20 mil km de autonomia. Com reabastecimento aéreo, o limite era apenas o cansaço da tripulação.
Estes são apenas alguns exemplos. Todos eles, veículos com características excepcionais, mesmo que seja apenas a mais subjetiva e pessoal delas, o desenho, o estilo.
Para entendermos o termo clássico, seria então melhor pensarmos em algo que apresente soluções inovadoras e que seja único. Pensem na forma de carroceria do Fusca, na longevidade da arquitetura de um Porsche 356/911, que provém do mesmo Fusca, ou na genialidade da suspensão do Citroën 2CV, por exemplo. Inconfundíveis, não? E o que dizer de um motor como o V-8 Chevrolet small block, ou o Chrysler Hemi? Seriam o coração de clássicos, bastando estarem debaixo do capô de qualquer carro para os fazer especiais e memoráveis?


Como quero deixar claro, acredito que clássicos são veículos que podem ser antigos, mas que sempre aparentam não envelhecer. São sempre considerados belas obras do gênio humano, seja onde estiverem, e independem de terem ou não sido sucedidos por algo similar.
Um clássico fala ao coração e nos tira o fôlego, e isso não vem de classificações de comitês de especialistas.

Honda CBX 1000: uma moto construída ao redor do som de um motor.
JJ