google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Foto: autoshow.uol.com.br


Semana passada e início desta o assunto cambagem positiva foi bastante discutido e suscitou enorme interesse dos leitores. Gostaria de compartilhar com vocês um pouco do que aprendi esses anos todos tanto por lhes ser útil quanto por ser um tema apaixonante.

O carro de foto é uma Variant II e está aí só para que se veja como a roda dianteira direita está positiva em cambagem. Quando as rodas forem colocadas retas em frente esse excesso de cambagem positiva desaparece. Por que? Porque ele produzido exclusivamente pelo cáster pronunciado.

A foto acima foi publicada no post do Fiat 500, que tivemos a oportunidade de avaliar logo no começo de 2010. Colocamos o carrinho em uma vala de posto de serviços para visualizar detalhes que podem não interessar a muitos leitores, mas que com certeza interessa a alguns, ainda que poucos.

Quem são esses "alguns"? Pode começar pela equipe do blog, que procura sempre ter um contato aprofundado com os veículos que são cedidos para nossa avaliação. Avaliação superficial qualquer um pode fazer, basta ir a uma loja ou concessionário e pedir para conhecer o produto desejado.

Outra vantagem de se procurar minúcias é evitar qualquer tipo de equívoco na descrição técnica do automóvel avaliado. Não são raras as vezes em que a assessoria de imprensa (que tudo deveria saber) não sabe responder questões técnicas mais aprofundadas, seja na apresentação do produto ou na hora de redigir o press release.

Um exemplo claro disso ocorreu agora na apresentação do Peugeot Hoggar (onde não estive presente): pelo menos duas publicações se equivocaram na descrição da suspensão traseira, uma descrevendo o sistema simplesmente como "barra de torção" e a outra afirmando se tratar de um "eixo de torção".

É claro que eu dei um puxão de orelha nos colegas das duas publicações, ainda que qualquer um de nós esteja sujeito a errar. Mas a bronca foi válida, pois mesmo que o fabricante não permita um contato mais aprofundado cabe ao jornalista pressionar a assessoria de imprensa para dirimir qualquer dúvida. Outros colegas o fizeram e publicaram a informação correta.

Como não tive contato com o novo produto da Peugeot e ninguém sabia responder a minha pergunta, tive que recorrer ao Bob Sharp, que matou a charada na hora: a suspensão traseira é independente por braço arrastado, com barra de torção como elemento elástico e amortecedor quase horizontal para frente.

Conheço bem o sistema, mas ainda não me dei por satisfeito: assim que eu estiver com a Hoggar em mãos a primeira coisa que vou fazer é procurar um posto de serviço com vala ou elevador, para ficar um bom tempo embaixo do carro, olhando, analisando e procurando pelo em ovo, tentando imaginar o que cada engenheiro pensou como solução ideal.

Aposto que não sou o único que gosta de fazer isso.

FB

Numa discussão ontem do nosso grupo sobre limpeza preventiva de bicos injetores, resultado de um vídeo em que um reparador discutia o assunto e culpava a imprensa pela difamação do serviço, segundo ele necessário sim (não é mesmo!) falou-se da profilaxia de se usar gasolina aditivada ou colocar aditivo no tanque. Aí me caiu a ficha.
É absolutamente ridículo e anacrônico termos gasolina comum e gasolina comum aditivada, algo que acabou na maioria dos países há quase 20 anos. Todas as gasolinas vendidas mundo desenvolvido afora contêm aditivos detergentes-dispersantes. Até na vizinha Argentina.
Nessa foto, feita em San Carlos de Bariloche no começo de fevereiro, ao volante de uma VW Amarok, com o intuito de obter preços dos combustíveis lá, lê-se, de cima para baixo, gasolina super premium, (98 octanas RON) gasolina premium (95), diesel europeu, diesel normal e gás natural. O diesel europeu é o de teor de enxofre ultrabaixo (ULSD), 50 partes por milhão, que também começa a ser vendido aqui em determinadas capitais e será obrigatório em 2014 em todo o país.
Note-se que na tabela nada há sobre gasolina comum e gasolina aditivada. Mas no enorme país da América do Sul, lá estão, nos postos, a gasolina comum e a gasaolina aditivada. E a que preços!
Nos preços da tabela mostrada, muliplique por 0,45 para saber os preços em reais: vai tomar um susto de ver como estamos sendo explorados. A mais cara custa R$ 1,82 o litro..
A razão de as gasolinas serem aditivadas há tantos anos mundo afora? Manter os motores dentro das especificações originais por mais tempo, o que inclui os bicos injetores. Assim as emissões de gases nocivos  serão as menores possíveis. Fácil e sensato, não? Por que não é assim aqui? Afinal, a gasolina premium e a Podium já são.
Cada vez mais acho que temos uma maldição energética...
BS
Há uns 65 anos, no fim da Segunda Guerra Mundial, houve um americano que levou o seu Cadillac 75 1938 Sedã Conversível a São Paulo. Não se sabe a razão e os detalhes da importação, mas de qualquer jeito o carro esteve no Brasil pelo menos entre 1944 e 1947, rodando pelas ruas e estradas do país.
E do jeito que só americano poderia fazer, era um carrão. Cor creme por fora e um tom marrom por dentro, entre-eixos de 3,59 m, comprimento de 5,60 m e peso de 2.318 kg. Tão grande assim, mas com capacidade oficial de apenas cinco lugares. O preço em 1938 era de US$ 3.940,00, alto na época. Com isso, a produção pelo ano inteiro de 1938 foi de apenas 1.911 unidades.
Esse carro tinha um motor V-8 de válvulas laterais de 346 polegadas cúbicas, ou 5,6 litros. A taxa de compressão era 6,7:1 e com isso rendia 140 cv a 3.400 rpm (potência bruta SAE). Tudo isso sugere que o carro era mais imponente que veloz. A Cadillac também ofereceu um modelo V-16 (90 1938) com a mesma aparência e carroceria, mas com preço ainda mais elevado.
Inclusive, havia dois Cadillacs como esse no Brasil na época. O outro morava no Rio, no Palácio do Catete, e era preto. Imagino que o leitor saiba o que era o Palácio do Catete...
Muitos dos detalhes da vida desse carro em São Paulo foram esquecidos; ainda bem que sobreviveram algumas fotos. Talvez vocês aí reconheçam pelo menos alguns dos lugares das fotos e possam fornecer mais detalhes. As pessoas? Além do dono do carro, desconhecidas.
O dono com o carro. O prédio talvez fizesse parte da Escola  Politécnica de São Paulo, mas não tenho certeza..
Lugar e pessoas desconhecidas.
Tênis em algum lugar, mas as pessoas são desconhecidas.
Em frente ao Monumento Rodoviário, no meio da Serra de Araras, Via Dutra, já  no Estado do Rio de Janeiro (soube que ainda existe, mas está fechado para visitação há mais de 30 anos).
Na serra (provavelmente das Araras) com três pessoas desconhecidas.
Estacionado com cinco pessoas desconhecidas. Lugar desconhecido também.
Provavelmente mais de 5 pessoas, num lugar fora da cidade. Cachorro desconhecido…
O dono, junto ao mar.
O dono em pé, e mais cinco desconhecidos.
Outra pessoa desconhecida, num lugar não identificado.
Carro com carroça.
Interlagos, abril de 1945, com gente desconhecida.
Em frente do Clube dos 200, novembro de 1946.
“Independência”, 24 de novembro de 1946.
E quem era esse dono, esse americano? Era meu pai Richard Parker (1911-2004), nascido em Hollywood, Califórnia e residente de Los Angeles desde 1947 até falecer. E o carro? Ficou no Brasil, e hoje provavelmente está desaparecido.
RP escrevendo de Huntington Beach, Califórnia (e no Brasil na semana que vem!)