google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

Após visitar a coleção de Og Pozzoli, mostrada pelo Paulo Keller em seu post, vários carros ficam em nossa cabeça, clamando para que busquemos mais informações.
Um dos que mais me chamou atenção foi o enorme Buick Century de 1941, preto e dourado, cujo modelo de carroceria duas portas é chamado de Sedanet ou Sedanette, de 6 lugares, ao passo que o habitual sedan, como estamos acostumados a falar, é o de quatro portas. O carro é esse da foto abaixo.
Pesquisando mais, encontramos que o modelo é o 66S, da série 60 Century. Como este de Og Pozzoli, foram feitos apenas 5.547 unidades, dos 374.196 veículos produzidos pelas fábricas Buick nesse ano.
Essa carroceria, com entre-eixos de 126 polegadas (3,20 m), e peso em ordem de marcha de 1.885 kg, é bastante impressionante, apesar de nem ser tão pesado assim, se compararmos com um SUV qualquer dos dias de hoje, e mesmo alguns sedãs grandes.
O motor é uma atração a parte, enorme, oito cilindros em linha, de 5,247 litros, dois carburadores, montagem chamada de Compound Carburetion, que funcionavam de forma progressiva, com o segundo sendo acionado apenas com o acelerador em fim de curso.
Com embreagem, pesava próximo de 400 kg, e entregava 165 hp a 3.800 rpm, com 38,4 kgfm de torque a 2.200 rpm, taxa de compressão de 7 para 1. Era o motor mais potente fabricado por uma empresa americana, neste ano.
Na terceira marcha direta, 1:1, alcançava pouco mais de 105 mph, uns 168 km/h no plano. Com as variações normais de produção, onde alguns carros sempre saíam melhores do que outros (como ocorre hoje), havia exemplares que chegavam bem próximo dos 200 km/h, em condições favoráveis. Era um canhão, acelerando dos 8 até os 96,5 km/h em 11,8 segundos. Tudo muito impressionante naquela época pré-guerra para os americanos.
Custava US$ 1.241 quando novo, e hoje valem muito mais, pela raridade principalmente, mas também pelo que representaram na época.
O mais curioso e desproporcional para nossa realidade de hoje é mesmo o motor, chamado de Fireball. Vejam na foto abaixo, um virabrequim deste ao lado de um cabeçote de motor Chevrolet V-8 small block. Mal dá para acreditar que é uma peça de um motor de carro, não de caminhão.
Nesse site, uma lista de todos os modelos da linha 1941 da Buick, composta por seis séries com cinco entreeixos diferentes, para um total de 26 modelos.
Fora as variações de cores, que eram 25 e mais 8 de dois tons (sem custo extra !), além de diferenças de acabamentos internos e externos.
Essas cores podem ser vistas aqui, para absoluto deleite de quem se entedia com o quase universal preto e prata que somos bombardeados a todo instante, e arrepios de quem trabalha em fábrica de carros, onde impera o mais profundo desejo de fazer tudo da forma mais simples e com as menores variações possíveis.
Há um site sobre restauração de um Century 1941 Sedanet. Vale a pena ver os detalhes da reforma do motor. O trabalho aparenta estar parado há um bom tempo, mas mesmo assim, as informações são interessantes para quem, como eu, sente necessidade de saber mais sobre carros que não conhecíamos, e de repente, se tornam uma imagem recorrente, após termos ficado frente a frente com eles.
JJ
"Os leitores mais atentos devem ter observado algumas histórias recentes nos jornais e revistas. Sim, a saga da Toyota continua. A mídia e conseqüentemente o público parecem estar histéricos com relação ao debacle provocado pelos recalls da Toyota, que têm dominado as manchetes. Mas recalls têm ocorrido o tempo todo ao longo dos anos. Realmente, se os alarmistas juntassem o número de recalls da Ford (acima de 14 milhões, catastróficos) e os da Ford e da GM ao longo dos anos, perceberiam que a Toyota não se encontraria num mero segundo ou terceiro lugar, mas sim no sexto lugar no ranking geral. Será que um pedal que trava acelerando ou um tapete que trava o pedal do acelerador seria capaz de gerar uma manchete mais emocionante do que uma anunciando risco de incêndio? Aparentemente, sim. E até mais. Eu não estou querendo minimizar a questão que envolve a Toyota, que sem dúvida é um sério problema de segurança, mas já tivemos coisas piores. Será que é a associação com o nome Toyota que está causando tanta polêmica? A velha e boa Toyota. Um nome sério no qual os consumidores podem confiar. Carros para muitos consumidores, sem loucuras, sem egos exacerbados, sem opiniões desencontradas de estilo, simplesmente bons, bem-projetados e impecavelmente engenheirados e manufaturados. Não pense em automóvel, mas voce deseja algo decente e confiável? Compre um Toyota. Eles não dão problemas. Para muitos proprietários de Toyota, o problema de segurança em seus meios de transporte transformou seu anônimo carteiro num serial killer. Bem, o que pode ser feito? Claramente a Toyota está fazendo todo o possível para sanar o problema. Contudo, o altíssimo custo com que vem arcando por isso e o inestimável desgaste para a imagem de sua marca num curto período, demandará muito tempo para ser recuperado. Além disso, há um sentimento geral de traição (até mesmo a postura de reverência típica dos japoneses, tomada por Akio Toyoda, pedindo desculpas, tem sido criticada). Para que tudo isso seja esquecido, algo muito maior deverá ser feito. Talvez com maiores investimentos em procedimentos e instalações de testes para atender ao (até recente) crescimento de demanda? Talvez um acordo pró-ativo com o NHTSA, com esforços e sem rancores, para eliminar as preocupações com segurança? Ao mesmo tempo, um sem número de motoristas inescrupulosos, que têm nitidamente se envolvido em acidentes relacionados com o excesso de velocidade dirigindo Toyotas, encontram não somente uma desculpa, mas também um pretexto para culpar a rica Toyota. Tal comportamento é inadmissível, uma vez que somente poucso realmente sofreram danos em decorrência de falhas de engenharia. As únicas vantagens em tudo isto são o aumento de do interesse do público na qualidade e durabilidade dos veículos e um critério mais apurado na escolha de fornecedores de peças e componentes por parte dos fabricantes. Não devemos nos esquecer que a Toyota, na realidade, não fabrica os tapetes e os pedais de aceleradores em questão, mas admitidamente deve adotar procedimentos de testes mais rígidos para aprovação de peças e componentes, a fim de não estar mais presente em futuras manchetes desabonadoras. Dá mesma forma deverão proceder os demais fabricantes, pois mediante os interesses de público e mídia,a alguém mais poderá estar sob os refletores num futuro bem próximo."
Tudo que está escrito acima é tradução da nota do editor Adam Gavine, impresso na edição de março de 2010 da revista Automotive Testing, uma das mais, senão a mais conceituada revista que trata de assuntos relacionados a testes de desenvolvimento e validação de veículos no mundo.
Esse editorial coincide exatamente com a minha opinião sob vários aspectos. Primeiramente, que se está fazendo uma tempestade num copo d´água, pois já houve recalls muito mais sérios no passado, sem a repercussão destes. E em segundo lugar, porque a Toyota tem grande culpa nesses episódios, pois atirou-se de corpo e alma na missão de se tornar a maior fabricante de veículos do mundo, a custa de reduções de custo e lançamentos a curto prazo, queimando etapas de testes reais, acreditando em testes virtuais como sendo verdades absolutas, sem tomar o devido cuidado com as consequências.
Certamente, testes virtuais foram assumidos como de máxima credibilidade a fim de se ganhar tempo e dinheiro, evitando-se assim a necessidade de construção de mais protótipos. E aí está o resultado.
Há muito tempo me bato na necessidade de testes físicos, não acreditando que somente os testes virtuais são suficientes para se validar uma peça, um componente ou um veículo completo. Hardwares e softwares ajudam a abreviar tempos de projeto, desenvolvimento e validação, mas não os substituem por completo. E mais, devem ser utilizados com muito critério.
Sempre argumentei que se não conseguimos prever fisicamente todas as alternativas de uso de um produto, como podemos sonhar que virtualmente o conseguiremos? Testes físicos são indispensáveis para se validar um produto. Jamais podemos queimar etapas, assumindo riscos absurdos e desnecessários.
Espero que estes fatos sirvam de aprendizado para muitos daqueles big bosses da indústria automobilística que jamais poderiam entender de tudo, como muitas vezes pensam que entendem, para tomarem mais cuidado em suas decisões, não apostando todas as suas fichas em histórias mirabolantes de engenheiros e técnicos que muitas vezes nem experiência suficiente têm para garantir o resultado de seus experimentos milagrosos.
Que aqueles que, como eu, não concordam com essas decisões, carentes de base, gritem mais alto na hora de justificar o dinheiro a ser gasto em determinados testes. Para que desta forma tenhamos realmente veículos mais confiáveis à disposição dos consumidores.
Várias vezes ouvi que deveria assumir riscos para vencer, mas ainda prefiro assumir que automóvel é algo muito sério para ser projetado, desenvolvido, validado e manufaturado, pura e simplesmente através de algoritmos matemáticos. Automóvel é feito para o mundo real. Necessita de realidade para se tornar realidade.
Ao deixar o Fiat Cinquecento Dualogic, de teste, no estacionamento do Hotel Holiday Inn, que a Volkswagen providenciou para os jornalistas que fossem ao Gol Fest, no sambódromo paulistano, foi colocado o prisma de teto número 500.
O Gol Fest marcou a passagem do 30° aniversário do VW Gol e consistiu de animada festa para todas as idades na passarela do samba.
Não sou matemático, mas acho que as chances de um Fiat 500, no Brasil, receber o prisma n° 500 num dos milhares de estacionamentos em São Paulo, são as mesmas de acertar uma quina gorda na Mega Sena. Fica o registro.
BS
Impala 1963 sedã
Esse assunto é particularmente interessante para mim porque gosto muito do Impala. Meu avô, que sempre foi Mopar, adquiriu uma vez um Impala 4-portas 1963 hardtop na mesma cor e idêntico ao dessa foto. Ficou com esse Impala por vários anos.
Lembro que quando era menino, costumava andar com meu avô em seus Dodge.Muitas vezes, na região dos Jardins onde morava, meu avô costumava parar no começo de uma certa ladeira de paralelepipedos e dizia: "Vou te mostra o que é um Dodge", e subia ladeira acima com pé embaixo queimando os pneus.
Com o Impala, era diferente e tudo bem civilizado. Ele dizia que o carro seria meu quando crescesse, o que infelizmente não aconteceu. Mas eu tinha uma certa conexão até física com aquele carro. Certa vez, quando tinha bem pouca idade, sai com meu avô e seu chofer para ir ao supermercado. Fiquei no carro sozinho. Me encantei com o isqueiro do carro que eu apertei. Quando o isqueiro subiu, retirei-o e observei a bela cor alaranjada e resolvi colocar o meu dedo, que queimou bem forte. Até hoje não tenho digitais em um dedo indicador, apenas as marcas do isqueiro do Impala. Isso é uma verdadeira tatuagem de entusiasta.
Eis que recebo o relato do amigo Ricardo Monteiro de Castro Melo, aquele do Stingray 1973, sobre a lenda do Impala de Ituiutaba.
A história, divido aqui com vocês:
Nesta semana, uma lenda aqui da aldeia foi revelada.
Trata-se de um indivíduo que nos anos 60 comprou um Impala zero-km para impressionar uma garota com quem ele almejava se relacionar. Conseguiu atar namoro com a moça mas quis o destino que ela tivesse preferência por outro indivíduo e então após o término do relacionamento o sujeito, desiludido, guardou o carro na garagem (que cabia apenas o carro) e lacrou a porta, nunca mais usou o carro, não deixava ninguém vê-lo e nem sequer tocava no assunto.
Contam os mais velhos que ele conquistou muitos desafetos devidos aos rompantes de mau humor quando alguém lhe perguntava qualquer coisa a respeito do carro. O carro ficou guardado por pouco mais de 40 anos. O indivíduo, que se chamava Hélio Guimarães, morreu há poucos meses, doente e solteiro. Ao longo da sua vida solitária e de usurário (agiota e proprietário de vários imóveis comerciais na cidade e região) teve um caso com uma mulher e deste relacionamento corriqueiro nasceu uma filha que tardiamente foi reconhecida.
Nesta semana a moça mandou arrancar a porta da garagem, retirou o carro e mandou lavá-lo - e para surpresa geral o estado de conservação do carro está impecável, tudo original desde pneus e tudo o mais que puderem imaginar.
Após lavar o carro, a nova proprietária guardou-o num cômodo comercial que dista 50 metros do meu laboratório e por felicidade pude documentar a retirada do carro da plataforma (não funcionaram o motor) e ainda ajudei a empurrá-lo para manobrar. Vejam as fotos.
Em tempo, a lenda continua, já ouvi dizer que a filha não pretende vender o carro e que já recusou uma proposta de 100.000 reais.
Por definição, uma lenda é: uma narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos tempos. Essas fotos, no entanto, não foram produzidas em Photoshop.
O fato é que talvez nada disso seja verdade, ainda que outro amigo, o Bruno Kussler Marques, tenha-me dito o seguinte:
Sou de Uberlândia (coisa de 140 km de distância de Ituiutaba) e já tinha ouvido falar da história desse carro, mas nunca tinha visto as fotos. Faz bastante sentido o estado de conservação do carro, afinal aqui é quente, seco e relativamente alto.
Alguém sabe mais sobre essa lenda?