Impala 1963 sedãEsse assunto é particularmente interessante para mim porque gosto muito do Impala. Meu avô, que sempre foi Mopar, adquiriu uma vez um Impala 4-portas 1963 hardtop na mesma cor e idêntico ao dessa foto. Ficou com esse Impala por vários anos.
Lembro que quando era menino, costumava andar com meu avô em seus Dodge.Muitas vezes, na região dos Jardins onde morava, meu avô costumava parar no começo de uma certa ladeira de paralelepipedos e dizia: "Vou te mostra o que é um Dodge", e subia ladeira acima com pé embaixo queimando os pneus.
Com o Impala, era diferente e tudo bem civilizado. Ele dizia que o carro seria meu quando crescesse, o que infelizmente não aconteceu. Mas eu tinha uma certa conexão até física com aquele carro. Certa vez, quando tinha bem pouca idade, sai com meu avô e seu chofer para ir ao supermercado. Fiquei no carro sozinho. Me encantei com o isqueiro do carro que eu apertei. Quando o isqueiro subiu, retirei-o e observei a bela cor alaranjada e resolvi colocar o meu dedo, que queimou bem forte. Até hoje não tenho digitais em um dedo indicador, apenas as marcas do isqueiro do Impala. Isso é uma verdadeira tatuagem de entusiasta.
Eis que recebo o relato do amigo Ricardo Monteiro de Castro Melo, aquele do
Stingray 1973, sobre a lenda do Impala de Ituiutaba.
A história, divido aqui com vocês:
Nesta semana, uma lenda aqui da aldeia foi revelada.Trata-se de um indivíduo que nos anos 60 comprou um Impala zero-km para impressionar uma garota com quem ele almejava se relacionar. Conseguiu atar namoro com a moça mas quis o destino que ela tivesse preferência por outro indivíduo e então após o término do relacionamento o sujeito, desiludido, guardou o carro na garagem (que cabia apenas o carro) e lacrou a porta, nunca mais usou o carro, não deixava ninguém vê-lo e nem sequer tocava no assunto.
Contam os mais velhos que ele conquistou muitos desafetos devidos aos rompantes de mau humor quando alguém lhe perguntava qualquer coisa a respeito do carro. O carro ficou guardado por pouco mais de 40 anos. O indivíduo, que se chamava Hélio Guimarães, morreu há poucos meses, doente e solteiro. Ao longo da sua vida solitária e de usurário (agiota e proprietário de vários imóveis comerciais na cidade e região) teve um caso com uma mulher e deste relacionamento corriqueiro nasceu uma filha que tardiamente foi reconhecida.
Nesta semana a moça mandou arrancar a porta da garagem, retirou o carro e mandou lavá-lo - e para surpresa geral o estado de conservação do carro está impecável, tudo original desde pneus e tudo o mais que puderem imaginar.
Após lavar o carro, a nova proprietária guardou-o num cômodo comercial que dista 50 metros do meu laboratório e por felicidade pude documentar a retirada do carro da plataforma (não funcionaram o motor) e ainda ajudei a empurrá-lo para manobrar. Vejam as fotos.
Em tempo, a lenda continua, já ouvi dizer que a filha não pretende vender o carro e que já recusou uma proposta de 100.000 reais.
Por definição, uma lenda é: uma narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos tempos. Essas fotos, no entanto, não foram produzidas em Photoshop.
O fato é que talvez nada disso seja verdade, ainda que outro amigo, o Bruno Kussler Marques, tenha-me dito o seguinte:
Sou de Uberlândia (coisa de 140 km de distância de Ituiutaba) e já tinha ouvido falar da história desse carro, mas nunca tinha visto as fotos. Faz bastante sentido o estado de conservação do carro, afinal aqui é quente, seco e relativamente alto.
Alguém sabe mais sobre essa lenda?