Acho que sempre tive muita sorte na vida, pelos pais que eu tive e me ensinaram muito, bem como as pessoas inspiradoras que conheci por causa deles, entre eles o Bob Sharp.
Portanto eu vou dividir com vocês uma lembrança muito boa de menino que tenho do Bob. Meu Pai sempre me disse que para ser grande na vida era preciso dois ingredientes muito importantes: trabalho honesto duro e humildade. Infelizmente, confundimos dentro da nossa cultura humildade com humilhação por serem palavras relativamente parecidas porém com sentido completamente diferente. O Bob é um cara fora de série porque ele tem essas duas qualidades. Era muito legal a atenção que ele sempre dava a todos os meninos, que como eu, ouviam as suas conversas e experiências com total admiração. Acho que dei certo também porque apreendi com os grandes como o Bob Sharp.
Devido à família do meu Pai ter acesso a certas coisas desde cedo, ele apreendeu a dirigir com 8 anos de idade, bem antes de imigrar para o Brasil. Porém ele apreendeu a dirigir de uma forma bem diferente do normal: através do chauffeur do meu avô, um ex-piloto inglês de Grand Prix (leia-se F-1). Naturalmente, meu pai entende um pouco sobre dirigir automóveis, bem como pilotar, e me ensinou também desde cedo.
Mas por que contei isso sobre meu pai? Bem, uma certa vez quando tinha por volta de 12 anos de idade tive uma grande sorte de ser levado por ninguém menos que o Bob Sharp para uma volta de arrepiar por Interlagos antigo num carro que pertencia ao departamento de competições da VW, no qual o Bob trabalhava. Minha mãe, claro, ficou preocupada, mas meu pai me chamou ao lado antes para me dar uma recomendação: "Filho, observe como o Bob segura no volante, como ele senta no carro, e como ele entra nas curvas, que é tudo que tentei sempre te explicar. Esse sabe muito, um verdadeiro piloto." Palavra do meu pai e ele estava mais do que certo.
Claro não esqueci disso nunca. Mas além dessa experiência fantástica de andar com um grande piloto vencedor por Interlagos, teria outras oportunidades de conversar com o Bob. Na época o Bob não era pai ainda mas era de uma atenção e gentileza sem igual com os meninos entusiastas como eu. Ele tinha uma super -paciência para explicar e semear ainda mais o entusiasmo na garotada.
Ainda, um dia mostrei ao Bob um livro de fotos sobre corridas no Brasil e no exterior. O Bob estava com outros dois pilotos e um era o ex-diretor do Grande Prêmio do Brasil. Eu, menino, só fiquei olhando eles se divertirem com o livro até que o Bob achou uma foto dele, essa que vocês estão vendo aí. Não teve dúvida, me autografou a foto:
"Ao Nando ---> Bob Sharp 29-07-1974 12 horas de Goiânia Primeiro Lugar"
Desnecessário dizer que tenho esse livro até hoje e sempre o carreguei por todos os lugares do mundo onde morei.
Mas tem mais, depois do Bob Sharp ter assinado esse livro deu uma sorte tremenda. Outros pilotos também iriam assiná-lo, a citar: Alain Prost, Riccardo Patrese, Michele Alboreto, Keke Rosberg, Nelson Piquet, Nigel Mansell, Chico Landi, Ari Vatanen, para citar alguns de memória. Sim, conheci a todos e tenho uma boa lembrança de ter jogado pingue-pongue com o Nigel Mansell, um cara também muito legal mesmo.
É legal quando você tem pessoas que te marcam, sempre lembra delas. Ano passado fui procurar no Google sobre o Bob Sharp para ver se ele ainda escrevia. Lembro muito bem da época que era adolescente e ele escreveu o teste do Ferrari F40, que a Fiat brasileira ganhou pelos Uno Mille vendidos, e que o Bob fez para a Quatro Rodas. E então descobri o AUTOentusiastas. Logo contatei o site e o Paulo e Arnaldo Keller mandaram meu e-mail para o Bob. E aqui estou em outro país degustando o AUTOentusiastas.
Mas o que eu queria dizer mesmo era obrigado para o Bob Sharp por ser um cara de muito bom coração e por ter sido bem atencioso comigo quando era menino. Hoje, com 37 anos e um entusiasta já formado, agradeço à vida por ter conhecido alguém tão bacana e inspirador como o Bob. O Bob é realmente um cara que merece sempre tudo de bom por sempre ter sido um homem muito bom, além de um vencedor na vida. São pessoas assim que me inspiram e quero ensinar isso aos meus filhos, além claro, segurar no volante de um carro esporte devidamente como o Bob Sharp faz.